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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO - FACED


PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA - SOCIOLOGIA

RELATÓRIO
Após ingressar no programa da Residência Pedagógica, houve o primeiro
encontro em uma reunião no dia 19/11/2022 com os demais residentes. No dia
06/12/2022, houve a primeira reunião dos residentes com seus respectivos preceptores.
Ambos os encontros ocorreram na FACED. Dia 19/12/2022, ocorreu o primeiro
seminário virtual referente a Residência Pedagógica abordando “Medição Formacional
e Formação como Experiência Aprendente: Distinção Fundamentais” com os
professores Roberto Sidnei Macedo e Denise Guerra. Dia 30/01/2023, houve o segundo
seminário virtual sobre “Fundamentos do Humano na Formação de Professores:
Linguagem, Amorosidade e Ética” com a professora Maria Elena Infante-Malachias.
Fui designado para o Colégio Estadual David Mendes Pereira no bairro de São
Marcos em Salvador sob a tutela da professora preceptora Roberta Yoshimura. Meu
primeiro contato com a escola ocorreu durante a Semana Pedagógica – realizada entre
01/02/2023 à 03/02/2023 – no dia 03/02, sexta-feira, onde pude acompanhar, junto aos
meus colegas de residência e da professora preceptora, discussões e resoluções a
respeito da unidade e do ano letivo envolvendo conselho de classe, calendário
estudantil, ensino regular, novas disciplinas do Novo Ensino Médio, carga horária,
avaliações e alguns outros. Houve uma boa recepção por parte da gestão da escola
quanto dos professores e demais funcionários. Após finalizar a Semana Pedagógica, a
professora nos apresentou para toda equipe escolar lá presente e aproveitou para nos
mostrar o espaço físico da escola. Trata-se de uma escola, ao meu ver, de médio porte
com sua estrutura física, no geral, bem conservada. Mesmo sendo uma escola bem
conservada que disponibiliza salas de laboratório e de vídeo climatizadas, as salas do
subsolo são quentes e tem características que, na minha opinião, remetem a presídios
devido as grades que separam uma área de outra.
Minha primeira experiência em sala com a professora preceptora Roberta
Yoshimura ocorreu no turno vespertino do dia 15/02, quarta-feira, com turmas do 2° do
ensino médio A, B e C com a disciplina de Projeto de Vida – disciplina que gera muitos
debates e questionamentos – e do 3° ano do ensino médio A e D com Cidadania e
Democracia e Sociologia, respectivamente. Excepcionalmente, por ser uma quarta-feira
anterior ao carnaval, muitos alunos e professores faltaram, o que nos levou utilizar o
tempo da aula para apresentação dos docentes e discentes em que também debatemos os
Projetos de Vida pessoais. Creio que tivemos uma boa relação inicial com os alunos
através da troca de ideias e histórias durante as apresentações.
Na quarta-feira do dia 01/03, pós recesso de carnaval, a professora Roberta
informou e convidou alunos para uma aula de campo na Assembleia Legislativa do
Estado da Bahia e entregou um texto para ser trabalhado sobre conceitos ligados à
Cidadania e Democracia para o 3° ano A. Para o 3° ano D, a professora apresentou
slides sobre a revolução industrial, revolução francesa, capitalismo e socialismo, além
de passar como atividade para casa uma pesquisa sobre esses temas. Para as turmas do
2° ano A, B e C, foram distribuídas cópias da letra de “Amarelo” de Emicida junto a
exibição do clipe para posteriormente uma análise e debate sobre a música. Participei
com pequenas intervenções complementares e comentários sobre o conteúdo.
Na quarta-feira, dia 08/03, a turma do 3° ano A não teve aula de Cidadania e
Sociedade devido a aula de campo na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia e no
lugar tiveram aula de História devido a uma troca de horários entre os professores. Para
as demais turma, em um pensamento conjunto meu com a professora Roberta,
decidimos passar um filme para ser debatido “Estrelas Além do Tempo” que conta a
história de três cientistas negras que trabalharam na NASA nos anos 1960’s tendo que
lidar com a sociedade machista e racista de época. Infelizmente, por questões técnicas, o
filme não pode ser exibido para todas as turmas. Porém, o debate a respeito do dia da
mulher e sobre as questões práticas da vida da mulher na sociedade atual ocorreu com
êxito tendo participação de muitos alunos, principalmente alunas que trouxeram
exemplos pessoais e familiares. Participei instigando os alunos, principalmente alunas, a
falarem sobre suas experiências e perspectivas sobre o tema.
Dia 15/03, a professora Roberta retomou o assunto de Revolução Industrial e
Revolução Francesa com a turma do 3° ano A em Cidadania e Democracia. O mesmo
conteúdo foi abordado na aula de Sociologia com o 3° D, seguindo a lógica de que há
pouco tempo para se trabalhar todo conteúdo de Sociologia e por se tratar de um
conteúdo que dialoga com ambas as disciplinas. Com as turmas B, C e A do 2° ano, a
professora passou alguns vídeos na aula de Projeto de Vida sobre meritocracia e depois
tentou puxar um debate instigando a participação dos alunos. A maioria estava apática e
não queria participar, porém, com auxílio da professora, alguns alunos comentaram
sobre suas opiniões relacionadas ao tema. Participei com pequenas intervenções
complementares.
No dia 22/03 não houve aula por conta da paralisação nacional a respeito do
Novo Ensino Médio. Contudo, no dia 23/03, professora Roberta informou as mudanças
de horários em que ficou estabelecido que as quartas-feiras só haveriam quatro aulas
sendo 2° C com Projeto de Vida, 3° A com Cidadania e Democracia, 2° B e 2° D com
Projeto de vida.
Dia 28/03, houve uma reunião com os residentes de Sociologia do Colégio
Estadual David Mendes com a professora preceptora Roberta na FACED pela manhã. A
reunião, que acabou tomando a manhã toda, tinha em suas pautas os Planos de Aulas, as
Sequências Didáticas e uma análise geral referente a nossa participação e percepção em
sala da aula. Foi uma reunião bem proveitosa com um clima bem agradável, porém,
infelizmente, me prejudicou um pouco pelo fato de ter perdido duas aulas relativamente
importantes. Porém não havia muita disponibilidade de horário para essa reunião que
era importante.
Dia 29/03, a professora Roberta continuou o assunto do 3° A em Cidadania e
Democracia sobre Revolução Industrial e Capitalismo, assim como verificou as
pesquisas dos alunos sobre o tema como foi pedido na aula passada. Excepcionalmente,
foi um dia com mais faltas do que o normal, então a professora Roberta decidiu
negociar com outros professores em relação aos horários para poder juntar as turmas e
otimizar o tempo. A professora conseguiu avançar um pouco no debate sobre
meritocracia e relações sociais, porém a pouca quantidade de alunos e um clima apático
geral entre eles não rendeu muito em relação ao debate. Nesse dia, os aulos foram
liberados um pouco mais cedo.
No dia 05/04, tendo como base a lei 11.645, a professora Roberta exibiu slides
produzidos por ela sobre os indígenas. A ideia era promover, conhecer e analisar,
mesmo que superficialmente, a cultura indígena e as questões sociais, políticas e
ambientais que permeiam esse tema. No geral, as turmas foram participativas, contudo,
tentamos quebrar algumas ideias baseadas em senso comum e problematizar mais sobre
o tema. Houveram algumas brincadeiras e comentários imaturos ao verem uma imagem
de indígenas nus, mas tanto eu, quanto a professora Roberta, conseguimos contornar as
situações de forma descontraída.
No dia 11/04, a professora coordenadora Marize Carvalho havia marcado uma
reunião com a professora preceptora Roberta e os residentes de Sociologia do Colégio
Estadual David Mendes. Foram discutidos pontos relacionados ao Plano de Ensino,
gestão escolar, prática docente, problemas internos com a coordenação pedagógica e, no
meu caso especificamente, minha realocação para um dia e horário que eu pudesse ter
pelo menos uma turma de Sociologia para contemplar o programa da Residência
Pedagógica de Sociologia. Também ficou estipulado que, devido a questões internas
com a coordenação pedagógica e a gestão escolar, não poderíamos estar em sala de aula
sem a presença da professora Roberta no colégio e, caso ela não possa ir, que seria
negociado com o colégio em conjunto com a professora Marize a atuação em sala de
aula.
Dia 12/04, foi retomado o assunto indígena com a continuação dos slides
produzidos pela professora Roberta que pediu para os alunos copiarem algumas
informações que estavam contidas nos slides e pediu para que os alunos pesquisassem
sobre elementos indígenas que são presentes na vida cotidiana. Demos vários exemplos
como objetos, alimentos e palavras. Também problematizamos de forma descontraída
sobre as antigas abordagens escolares no dia do índio. Nesse dia, presenciei um aluno
praticando um certo bullying com outro, não parecia -em primeiro momento- algo muito
grave, mas que havia potencial para isso. A professora Roberta não estava presente na
sala nesse momento e, enquanto os alunos ainda estavam chegando, um deles estava
fazendo comentários maldosos e piadas sobre características físicas de outro aluno que
estava visivelmente incomodado enquanto parte dos poucos alunos presentes riam e
outros ignoravam. Temendo que minha abordagem poderia causar desconforto e até
agravar o bullying, decide falar de um jeito mais “intimista” e, de certa forma,
“debochado” sobre como isso é o tipo de coisa que não acrescenta nada e que todos
temos características próprias e que não é legal ficar julgando. Exemplifiquei que
poderia ocorrer algo similar com ele, como com outros, ou que isso poderia resultar
numa desavença e até comentei sobre os casos que vem ocorrido por decorrência de
bullying. Senti que ele ficou um pouco sem graça e entendeu a mensagem. Como minha
abordagem foi mais próxima de um amigo dando conselho do que de um professor
repreendendo, creio ter sido assimilada de maneira mais efetiva.
No dia 18/04, ocorreu uma reunião do programa da Residência Pedagógica de
Sociologia com a professora coordenadora Marize Carvalho na FACED pela sobre
nossa experiência até então no programa, assim como tirar dúvidas e orientar os
residentes.
Infelizmente, a aula do dia 20/04, uma quinta-feira, foi cancelada devido a
lavagem dos tanques de água do colégio. Teoricamente, seria meu primeiro dia com os
horários e turmas das quintas-feiras, como ficou estipulado após a última reunião com a
professora Marize Carvalho, coordenadora do projeto de Residência Pedagógica. Com
esse rearranjo, fiquei com 3° D com Sociologia, 3° A com Cidadania e Democracia, 3°
A e C com Sociologia e 2° A com Projeto de Vida.
Dia 24/04, uma segunda-feira, ocorreu o seminário virtual sobre “Programa
Residência Pedagógica e a Política de Formação de Professores” com participação dos
professores Denise Guerra e Hebert Gomes.
Dia 25/04, uma terça-feira, houve uma reunião pela tarde na biblioteca do
Colégio Estadual David Mendes com a participação da professora coordenadora Marize
Carvalho, a professora preceptora Roberta, os residentes de Sociologia e Geografia, três
líderes de sala, parte do corpo docente e parte da gestão escolar para discutir e
esclarecer alguns pontos relacionados ao programa Residência Pedagógica. O ponto
principal da discussão era justamente se seria permitido ou não a nossa presença na sala
de aula, assim como no exercício da docência, sem a presença da professora preceptora.
Porém, por divergências profissionais e pessoais e falta de tempo, não houve muitas
resoluções. Contudo, pelo menos assim entendi, caso a professora preceptora Roberta
não esteja em sala de aula, que a professora coordenadora Marize iria tentar comparecer
no colégio ou negociar nossa ida.
Na quinta-feira, dia 27/04, houve aplicação das avaliações de ciências humanas,
três avaliações conjuntas de múltipla escolha de dez questões cada respectivamente de
Geografia, Filosofia e Sociologia. Auxiliei a professora na aplicação da avaliação,
fiscalização dos alunos e na correção das avaliações do 3° A.
Em geral, sinto que estou desenvolvendo uma boa relação com os alunos. Por
enquanto, eles têm demonstrado respeito e alguns uma mistura de interesse, no sentido
de se interessar pelo que falo, com curiosidade. Alguns alunos gostam de conversar
comigo sobre assuntos variados incluindo, com os devidos limites, pessoais. Creio que
minha figura estética contribua para isso, pois uma das perguntas mais frequentes é
justamente sobre meu gosto musical. Essas conversas rápidas ocorrem nos intervalos
entre aulas. Dentre os exemplos de boa relação está um retrato desenhado por um aluno
do 2° ano durante as primeiras aulas e uma relativa aproximação com uma aluna do 3°
que sofreu AVC e relata não ter muitos amigos, além do fato dela demonstrar ter uma
dificuldade de aprendizado mesmo demonstrando ser uma pessoa esforçada em sala de
aula. Essa aluna gosta muito de conversar com alguns professores, incluindo eu e a
professora Roberta, pelo fato da maioria dos alunos não terem muita paciência com ela.
Outra situação foi uma outra aluna que reclamou de forma descontraída da minha
mudança de horários.
Além da situação do bullying já relatado, a única situação que me gerou
incômodo foi quando a professora Roberta percebeu e me disse que uma determinada
aluna possivelmente estaria “apaixonada” por mim. Inicialmente eu realmente achava
que ela queria, por saber que eu trabalho informalmente com música, que eu a ajudasse
no seu sonho de ter uma carreira musical. Porém conversei com a professora Roberta e a
coordenação pedagógica do colégio para me auxiliarem nessa questão por não saber
como proceder corretamente. Assim que a professora Roberta me relatou isso, comecei
a “fugir” dessa aluna até a professora e a coordenação conversarem com ela. Outra
atitude impulsionada por Roberta foi comentar aleatoriamente sobre minha noiva em
alguns momentos com a esperança de inibir situações similares. Porém, nunca mais tive
contato com essa aluna.

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