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Niterói
2022
ESTÁGIO OBSERVACIONAL: RESSIGNIFICANDO O ESPAÇO ESCOLAR
INTRODUÇÃO
ESCOLHAS E INSEGURANÇAS
Logo, a primeira impressão que tive, foi de que era uma turma bem
agitada, porém, não necessariamente empolgados com as aulas. Me sentei ao
fundo da sala de aula, onde poderia ter uma visão mais ampla e observar a
disposição dos alunos. A professora estava reclamando sobre os atrasos e faltas
dos estudantes, principalmente no primeiro tempo de aula, queixa esta que não
ficou só resumida ao primeiro dia que estive acompanhando a turma. Os alunos,
por sua vez, contestavam, dizendo que alguns moravam longe e pegavam
trânsito. Enquanto a discussão acontecia, o restante da turma conversava ou
mexia nos celulares. Era dia da entrega da prova de recuperação, enquanto a
professora distribuía as provas com as notas, pude notar que grande parte deles
tiraram nota abaixo de cinco, mas a expressão que demonstravam não era de
surpresa ou lamentação. Uma das alunas inclusive havia dito que ficou surpresa
com a nota, que apesar de estar abaixo da média, ela não tinha estudado, por
isso, se sentiu feliz com sua nota.
Em uma das aulas que acompanhei, a turma estava muito inquieta, como
de costume, e, quando o professor entrou na sala de aula, chegou pedindo para
organizarem as mesas e que cada um se sentasse em seu lugar e assim,
começa a passar a matéria no quadro, após alguns minutos, retorna novamente
a atenção aos alunos que se agitaram outra vez, ordenando a organização da
sala em fileiras e pedindo para que abrissem os cadernos. Como não houve
efeito, ele se estressa, bate na mesa e, de maneira agressiva, pedem para que
prestem atenção. Após isso, começa a dar a explicação da matéria, fazendo
perguntas para a turma, seguidas da complementação com explicação após as
respostas, os alunos se aquietam, o professor explica contextualizando,
relacionando com coisas do dia a dia que eles têm contato e sobre curiosidades
que eles não sabiam, isso fez com que interagissem mais e prestassem mais
atenção. Diante deste cenário pós pandemia, os problemas já existentes foram
intensificados. Pessoas no mesmo espaço passaram a ter mais dificuldades e
mais conflitos.
Constante Inquietação
- Por que você se senta do outro lado e não aqui? Somos mais legais que os
alunos de lá.
- Mas agora você vai se sentar aqui então, vamos guardar um lugar para você
nas segundas.
Ele me dá uma prova para que eu possa olhar as questões, vejo que é
majoritariamente de múltipla escolha, tirando uma questão que era discursiva. O
professor caminha pela sala olhando para os alunos, até que, uma aluna pediu
para desligar o ventilador e, nessa distração, os alunos já estavam conversando,
trocando informações da prova. E a prova toda foi assim, qualquer distração,
como aluno entregando a prova ou algum chamando o professor para perguntar
algo, alguns grupos de alunos aproveitavam para colar.
Motivações e Desmotivações
Assim que estive na escola pela primeira vez, no primeiro dia de aula um
grupo de alunos veio questionar o que eu fazia e então expliquei. Também
fizeram outras perguntas, como se eu iria falar mal deles, se estava gostado, o
que estava achando, se queria ser professora mesmo e então disseram que eu
era muito corajosa. Queriam saber se eu era da UFF e comentaram que as
segundas eram o pior dia da semana, pois só havia “aula ruim”, e então perguntei
o porquê achavam isso e responderam que o professor não dava aula bem, só
criticava a turma e era mal-humorado. De repente, esse mesmo professor
apareceu para avisar que teria conselho de classe e por isso não daria aula. A
turma comemorou. Naquele dia, não teria mais aula após o intervalo e, mesmo
assim, alguns alunos quiseram ficar um tempo conversando comigo. Contei que
o professor por quem eles não tinham simpatia, eu gostava muito quando
estudava lá, que era um excelente professor. Depois, me perguntaram se eu
daria aula, eu disse que não, pois estava lá só para observar o que acontecia na
sala de aula, as dinâmicas e interações. Então, uma aluna disse que gostaria
que eu pudesse dar aula no lugar do atual professor, porque segundo ela eu
tenho paciência e sou muito legal. Outros alunos concordaram, comentando que
eu seria uma professora muito boazinha. Eu disse que só poderia começar a dar
aula no semestre seguinte e, logo quiseram saber se seria lá nessa mesma
turma e, eu disse que não sabia. A partir dessa conversa inicial, percebi uma
grande facilidade em conquistar a afeição dos alunos, pois imaginei que
demoraria mais tempo para criar algum diálogo, confiança e afeto. Isso me
motivou a querer seguir essa profissão.
A entrevista:
9. Se você pudesse fazer uma escola, que espaços a sua escola teria que
ter?
Seria uma escola com muito espaço, sempre para o conhecimento, com
laboratórios, bibliotecas, espaços para a cultura, mas em geral tentando
mostrar para os alunos algo novo, diferentes da cultura do ambiente de
convívio deles, uma cultura a qual eles não tenham acesso para eles
poderem ver que o mundo é muito maior do que aquele mundinho no qual
ele vive. Eu acho que simplesmente trazer a vida dos alunos para dentro
da escola sem apresentar algo novo para eles, não apresentar uma nova
perspectiva, não é o melhor resultado. Você não vai gostar daquilo que
você não conhece.
13. O que com o tempo foi se tornando mais fácil? E o que foi se tornando
mais difícil?
O tempo torna mais fácil o trabalho em si, a transmissão dos conteúdos
que passam a ser dominados, o entendimento de que existem problemas
que eu não vou poder mudar sozinho e então eu me adapto a eles. Há
também um entendimento maior que vem com o tempo da compreensão
da mente dos alunos, mesmo que isso nem sempre seja uma coisa muito
boa, mas me permite também é aprender a lidar melhor com eles. E o que
fica mais difícil é ver que nem sempre você tem resultados porque em
termos estruturais/governamentais e até sociais o país é organizado para
funcionar de uma certa maneira. E muitas vezes é difícil você não a
ultrapassar. (Eu não sei se eu fui pessimista nessa última resposta, mas
é a minha visão da coisa).
Conclusão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THE WORLD BANK. Ação Urgente é necessária para fazer frente à enorme crise
da Educação na América Latina e no Caribe. 2021. Disponível em: <
https://www.worldbank.org/pt/news/press-release/2021/03/17/hacer-frente-a-la-
crisis-educativa-en-america-latina-y-el-caribe>. Acesso em: 20/07/2021.