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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE BIOLOGIA / FACULDADE DE EDUCAÇÃO

GABRIELLA DA SILVA PEREIRA

ESTÁGIO OBSERVACIONAL: RESSIGNIFICANDO O ESPAÇO ESCOLAR

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO

Niterói

2022
ESTÁGIO OBSERVACIONAL: RESSIGNIFICANDO O ESPAÇO ESCOLAR

INTRODUÇÃO

Este relatório tem o propósito de narrar as experiências vivenciadas


dentro do ambiente escolar ao longo do semestre de 2022.1 em que pude
acompanhar e registrar a rotina e dinâmica de uma turma do 2° ano do ensino
médio do turno da tarde do Colégio Liceu Nilo Peçanha.

A disciplina Pesquisa e Prática de Ensino II, teve como uma de suas


inspirações, o livro “Encontrar Escola – o ato educativo e a experiência da
pesquisa em educação”. Caminhar e escrever, pensar e imaginar, investigar a
impossibilidade de manter uma clara separação entre teoria e prática. A ideia é
fazer com que os alunos de PPE II se lancem nessa aventura de retorno à escola,
voltem a habitar um espaço e tempo escolares definidos, em uma turma do
Ensino Fundamental II ou Ensino Médio e possam, a partir desse território, criar
formas de narrar, registrar, contar, investigar e viver intensamente essa
experiência (AMARAL, 2017).

O acompanhamento da rotina escolar dessa turma foi realizado por meio


da organização de um diário de campo, no qual eram anotadas as observações
realizadas durante esse período dentro de sala de aula. Além disso, houve
organizações de leituras de textos indicados pela professora da universidade,
com o objetivo de sustentar teoricamente a reflexão sobre a experiência vivida
na escola. Ademais, foram propostas outras atividades para auxiliar a
complementação das observações feitas e dos textos lidos, uma delas a
realização de uma entrevista com um professor ou trabalhador da instituição de
ensino no estágio e a outra, a organização de uma atividade
investigativa/reflexiva para realizar com os estudantes, em parceria com algum
dos professores da turma observada, porém, esta última não foi possível aplicar
no meu período de estágio.

O estágio observacional que se dá sem nenhum tipo de regência faz parte


da primeira disciplina do curso em que os licenciandos vão para a escola, para
que se possa resgatar e recriar memórias escolares, havendo a aproximação
com a escola, os alunos, professores, disciplinas, sendo assim, uma prática
formativa importante para futuros docentes (AMARAL, 2017).

ESCOLHAS E INSEGURANÇAS

Cursei todo o meu ensino médio em um colégio situado no centro de


Niterói, cidade em que também fica localizada a Universidade Federal
Fluminense. Lá, tive contato com excelentes professores, fiz ótimos amigos e
criei muitas memórias especiais. Por este motivo, foi o local que decidi iniciar o
meu estágio observacional, na tentativa de me reaproximar e recordar os bons
momentos que passei ali.

O processo para formalizar o estágio foi a primeira etapa, em que se fez


necessário visitar a escola levando documentos e uma carta de apresentação. A
diretora me informou de que eu precisaria ir até os professores e pedir
autorização para acompanhar as aulas de cada um e, aproveitando que já estava
no local, fui até as salas olhar se ainda havia algum professor com quem eu
pudesse falar. Assim que reconheci uma professora da minha época escolar, fui
até ela e indaguei sobre a possibilidade de estar acompanhando suas aulas e,
ela permitiu. Outro dia retornei e consegui a permissão de mais dois professores,
sendo um deles, meu professor de biologia na época de meu ensino. Portanto,
fiquei acompanhando esta turma, durante as tardes de segunda-feira.

Na universidade, nós licenciandos, fomos instruídos a customizar um


caderno que serviria para os registros dos encontros, cenas, histórias,
informações, embates, silêncios, diálogos e sentimentos trazidos com aquela
experiência. Nas páginas do caderno também existem perplexidades e reflexões
sobre os dias passados no estágio. Ele é chamado de “diário de campo”.
Figura 1. Diário de Campo Pessoal

Apesar das dificuldades criativas no início, customizei o caderno utilizando


figuras impressas da minha escolha e papel contact. Como fomos incentivados
a conferir ao caderno uma aparência que nos trouxessem familiaridade e
pertencimento, escolhi as imagens de animais e plantas, pois gosto de estudar
e de estar sempre em contato com a natureza.

Antes de entrar no espaço escolar como estagiária, muitos


questionamentos se passaram pelo meu pensamento, sobre como eu me
sentiria naquele ambiente, se seria acolhedor ou desafiador, se minha presença
seria agradável, como eu teria que proceder naquele primeiro contato, entre
outras incertezas. Além disso, também havia dúvidas sobre o processo de
escrita, sobre como poderia separar o que seria necessário transcrever e o que
seria redundante.

Meu primeiro dia no estágio

No meu primeiro dia acompanhando a turma, estava bem ansiosa, com


mil questionamentos atravessando meus pensamentos. Cheguei na escola já
apreensiva para entrar na sala de aula. Fiquei aguardando a professora na porta
para poder me apresentar para a turma. Enquanto isso, havia burburinhos entre
os alunos que já me viam. Ao entrar, ficaram questionando se eu era aluna nova.
A turma estava inquieta, então a professora pediu silêncio e me apresentou como
estagiária, dizendo que eu acompanharia a turma deles por um tempo. Alguns
sorriam e acenavam para mim.

Logo, a primeira impressão que tive, foi de que era uma turma bem
agitada, porém, não necessariamente empolgados com as aulas. Me sentei ao
fundo da sala de aula, onde poderia ter uma visão mais ampla e observar a
disposição dos alunos. A professora estava reclamando sobre os atrasos e faltas
dos estudantes, principalmente no primeiro tempo de aula, queixa esta que não
ficou só resumida ao primeiro dia que estive acompanhando a turma. Os alunos,
por sua vez, contestavam, dizendo que alguns moravam longe e pegavam
trânsito. Enquanto a discussão acontecia, o restante da turma conversava ou
mexia nos celulares. Era dia da entrega da prova de recuperação, enquanto a
professora distribuía as provas com as notas, pude notar que grande parte deles
tiraram nota abaixo de cinco, mas a expressão que demonstravam não era de
surpresa ou lamentação. Uma das alunas inclusive havia dito que ficou surpresa
com a nota, que apesar de estar abaixo da média, ela não tinha estudado, por
isso, se sentiu feliz com sua nota.

A professora começa a passar exercícios no quadro branco. Enquanto


isso, o barulho estava alto dentro da sala de aula, muita conversa surgindo,
poucos alunos copiavam a matéria no caderno, grande parte só conversava ou
mexia no celular.

Ao final da aula, a professora vem até mim, me pergunta se fiz um bom


relatório, que estava só começando e era isso mesmo, que havia muitos alunos
faltosos e que em sala tinha muita conversa. Após a aula dela, o intervalo iniciou
e, de repente, um dos professores aparece avisando que não teriam mais aula,
pois era dia de conselho de classe. Os alunos então, comemoraram o fato de
não ter mais aula.

Já após estes momentos de observação, pude notar que os estudantes


da turma não estavam muito felizes por estarem ali, na posição de aluno,
sentados numas carteiras, prestando atenção no que o professor tem a dizer.
Todas as crianças e adolescentes precisam descobrir um significado na escola
e ter entusiasmo para aprender, caso contrário, dificilmente irão adquirir novos
saberes e melhorar o desenvolvimento. É importante que os alunos tenham
interesse, curiosidade, que possam interagir e questionar nas aulas.

Segundo análise de Charlot (2000), de acordo com pesquisadores, existe


uma correlação estatística entre a frustação escolar e o berço social dos alunos,
com desigualdade social perante a escola. Sendo essa desigualdade podendo
ser originada através de diversos processos, como as reprovações e a própria
desigualdade interna. Acredito que este fator possa influenciar neste quadro de
desinteresse, porém, também há uma relação intrínseca com o período em que
vivemos atualmente, o pós-pandemia da COVID-19. Em consonância com a
opinião de um dos professores que acompanhei durante o estágio, quando veio
me dar um feedback após as aulas dele que eu acompanhava, afirmando que
nunca tinha visto antes algo dessa magnitude, em todos os anos lecionando na
escola, um pessoal que estava há dois anos fora desse ambiente, que perderam
totalmente o ritmo e o compromisso da vida escolar.

Este professor, que relatou sobre o comportamento dos alunos, salientou


que nos dois anos de pandemia, a escola aprovava todos os alunos
automaticamente e os professores, cada um passava seu conteúdo da forma
que considerava melhor. Desta forma, houve uma descontinuidade no processo
de aprendizagem desses estudantes, que voltaram para a escola
desacostumados com tal ambiente, havendo certas dificuldades no processo de
aprendizagem e no interesse em aprender, já que precisavam deixar de lado
atividades de lazer como estarem conectados às redes sociais para estudar e
prestar atenção nas aulas, existindo assim essa dificuldade e resistência da parte
de maioria deles.

Nova Realidade: Novos Desafios

De acordo com a Human Rights Watch, “As escolas entraram na


pandemia mal preparadas para oferecer educação remota a todos
os estudantes de forma igualitária. Isso se deve ao fracasso de longo prazo dos
governos em remediar a discriminação e as desigualdades em seus sistemas
educacionais ou em garantir serviços governamentais básicos, como
eletricidade estável e acessível nas residências, ou facilitar o acesso à
internet com preços acessíveis.”

No ambiente escolar, pude perceber com total clareza o quanto esses


anos fora da escola interferiram na vida dos estudantes e em seu aprendizado.
Segundo estudo do The World Bank (2021), as perdas de escolaridade
correspondem de 1,3 a 1,7, o que significa que o estudante teria o conhecimento
de mais de uma série anterior a que é correspondente sua idade. Esse prejuízo,
torna o processo de ensino-aprendizagem mais dificultoso, sendo
desestimulador para os alunos que não conseguem ter uma boa compreensão
do que está sendo ensinado.

“Stevie está tendo problemas na sala de aula – um daqueles alunos com


uma situação ruim em casa. Naomi está causando problemas; está esperando
até que possa sair e encontrar um emprego, assim como seus irmãos e irmãs,
seus primos e seus pais fizeram na sua idade. Seus avós também. E depois há
Amir, o inteligente marroquino – a exceção que confirma a regra. O professor,
às vezes, tem que se certificar de que Stevie, Naomi, e mesmo Amir, mantêm
suas mentes na aula. Mas a aula não é sobre eles. É sobre a matéria,
chamando a atenção para as coisas, dando um gosto, insistindo no estudo e na
prática, despertando o interesse. Em seu mundo, também há diferenças; o
estudo e a prática exigem esforço, afinal. Essas diferenças têm um nome:
Stevie, Naomi e Amir. Quando se trata de proporcionar novas oportunidades,
apega-se à sua ingenuidade contra o (suposto) melhor julgamento de outros.
Isso é exigido dele por sua matéria e seus alunos. Igualdade de oportunidades
e igualdade social – essas coisas estão além de seu poder.” – Em defesa da
escola (MASSCHELEIN, 2014, p. 41-42).

Em uma das aulas que acompanhei, a turma estava muito inquieta, como
de costume, e, quando o professor entrou na sala de aula, chegou pedindo para
organizarem as mesas e que cada um se sentasse em seu lugar e assim,
começa a passar a matéria no quadro, após alguns minutos, retorna novamente
a atenção aos alunos que se agitaram outra vez, ordenando a organização da
sala em fileiras e pedindo para que abrissem os cadernos. Como não houve
efeito, ele se estressa, bate na mesa e, de maneira agressiva, pedem para que
prestem atenção. Após isso, começa a dar a explicação da matéria, fazendo
perguntas para a turma, seguidas da complementação com explicação após as
respostas, os alunos se aquietam, o professor explica contextualizando,
relacionando com coisas do dia a dia que eles têm contato e sobre curiosidades
que eles não sabiam, isso fez com que interagissem mais e prestassem mais
atenção. Diante deste cenário pós pandemia, os problemas já existentes foram
intensificados. Pessoas no mesmo espaço passaram a ter mais dificuldades e
mais conflitos.

Apesar de ter sido de forma bem caótica e provavelmente, iniciando com


uma forma de abordagem não tão adequada, os alunos conseguiram enxergar
na explicação uma interconexão com o que veem diariamente, o que fez com
que absorvessem o conteúdo da matéria naquele momento. É muito importante
que isso seja trabalhado com mais frequência nas salas de aula, aproximando
os estudantes daquilo que está sendo ensinado, para que assim possam de fato
entender, aprender e acreditar que a escola é um lugar para descobrir novos
universos intelectuais que podem mudar a visão do mundo. Em concordância
com o livro “Em defesa da escola” de Masschelein (2014): (...) a “eficácia dos
métodos de ensino escolares repousa, especialmente, nos pequenos –
frequentemente muito pequenos – detalhes que despertam a curiosidade dos
jovens, proclamam a existência de novos mundos e incitam os alunos a se
dedicarem a iniciar algo (ou seja, praticar e estudar)". Mas, é importante tomar
cuidado, pois se algum método de ensino escolástico for usado de maneira
leviana, podem causar um efeito inverso ao esperado e gerar insegurança nos
estudantes, como deixando em evidência a incompetência ou ignorância do
aluno.

Constante Inquietação

A professora começa a escrever no quadro, a matéria é advérbios.


Enquanto ela escreve, poucos são os alunos copiando, a maioria apenas
conversa, em alto e bom som e/ ou estão no celular. Logo depois, a professora
se senta para fazer a chamada, em meio à tanto barulho, de repente, uma aluna
grita pedindo para que seus colegas fizessem silêncio na hora da chamada.
Alguns alunos se levantam apenas para fotografar o quadro com a matéria.

A escola está em crise porque é uma tecnologia de época. Ela parece


estar se tornando gradativamente incompatível com as subjetividades das
crianças da atualidade. A escola é uma máquina antiquada, uma tecnologia de
época, e seus componentes e funcionamento são cada vez mais conflitantes
com nossos jovens (SIBILIA, 2012).

De acordo com a opinião cedida por um dos professores que pude


conversar, captar a atenção e o interesse dos alunos pelo que tá sendo ensinado
hoje, inclusive por existir um certo descompasso entre a escola e a vida real lá
fora é a maior dificuldade enfrentada no trabalho em sala de aula. Muitas vezes
a escola não está ligada ao mundo do comércio e profissional que está do lado
de fora. E a estratégia para lidar com isso é a conversa e a paciência.

Uma outra questão problemática são os métodos avaliativos


majoritariamente presentes que também se tornaram obsoletos diante da
realidade em que vivemos. Em um dia estagiando pude acompanhar a aplicação
de uma prova de recuperação e toda dinâmica envolvida:

Estávamos no último tempo de aula, era dia da prova de recuperação de


Biologia. No intervalo de tempo entre a aula anterior e essa, os alunos já faziam
planos sobre o que iriam fazer durante a prova. Estava tudo sendo encenado:
marcação de lugar, grupinhos de alunos pedindo para quem não precisava de
nota ficar para ajudar a passar resposta. Eu, permanecia sentada ao fundo da
sala, pois assim tenho uma visão mais ampla dos alunos, quando um aluno pede
para eu trocar de lugar com ele. Eu apenas me levantei e troquei, quando mais
uma aluna chegou fazendo o mesmo pedido. No fim eu tive que pular umas três
ou quatro cadeiras à frente para eles ficarem no fundo da sala e botarem os
planos em prática. Eu estava lá, observando, achando um pouco de graça,
admito, na organização deles para colarem na prova, quando duas alunas
chegam e me perguntam:

- É errado te pedir a resposta da prova?

- Olha, eu acho que é meio errado kkkkkk


Alguns estavam falando que não queriam ficar para a prova, pois não
precisavam de pontos e reclamaram que na primeira prova o professor deu o
que nem havia passado em aula. Naquele dia eu havia sentado do lado esquerdo
da sala, sendo que nas semanas anteriores eu me sentava mais para o lado
direito, por ter mais lugares disponíveis na parte de trás da sala e então, os
alunos que se sentam do lado esquerdo questionaram:

- Por que você se senta do outro lado e não aqui? Somos mais legais que os
alunos de lá.

- Eu só sento lá porque tem mais lugares disponíveis mesmo!

- Mas agora você vai se sentar aqui então, vamos guardar um lugar para você
nas segundas.

O professor chega na sala, passa as instruções antes da prova:

- Materiais guardados, celulares na bolsa, apenas lápis, borracha e caneta sobre


as mesas. A prova está valendo 10,0 e a pessoa leva o que tirar.

Ele me dá uma prova para que eu possa olhar as questões, vejo que é
majoritariamente de múltipla escolha, tirando uma questão que era discursiva. O
professor caminha pela sala olhando para os alunos, até que, uma aluna pediu
para desligar o ventilador e, nessa distração, os alunos já estavam conversando,
trocando informações da prova. E a prova toda foi assim, qualquer distração,
como aluno entregando a prova ou algum chamando o professor para perguntar
algo, alguns grupos de alunos aproveitavam para colar.

Após analisar a situação ocorrida, penso que todos os esforços aplicados


para a elaboração desse tipo de método avaliativo são descartados e os
objetivos inerentes a essas metodologias não são atingidos. Portanto, é
necessário se pensar em formas mais eficazes para que esses propósitos sejam
alcançados, como outros modelos avaliativos, por exemplo: avaliações em grupo
que promovam a discussão entre os alunos, trabalhos escritos que façam eles
pesquisarem a respeito do assunto e transmiti-los em apresentações orais para
fixação do conteúdo, projetos, dinâmicas práticas, experimentos e entre outros.

E de fato, em concordância com a literatura, o mundo transformou-se


muito desde a época em que a escola foi idealizada e colocada em
funcionamento. Diante das grandes transformações que ocorreram nas últimas
décadas, não é surpresa que as escolas tenham virado algo totalmente chato e
que a obrigação de as frequentar soe como uma espécie de prisão cotidiana
para essas crianças e jovens tão ativos (SIBILIA, 2012).

Em contrapartida, Masschelein (2014) diz que: "A prática e o estudo são


impossíveis sem alguma forma de disciplina, ou seja, sem seguir ou obedecer a
inúmeras regras. (...)Por regras escolares queremos dizer as regras específicas
para um dado método de ensino, tal como ditado, mas também as regras
estabelecidas pelo professor – quer explícitas ou implícitas – com o objetivo de
manter nos alunos ocupados na sala de aula. Essas regras escolares servem
para tornar possível apresentar o mundo de uma maneira atraente: tentam
focalizar a atenção, minimizar a distração e manter (ou, evitar, quando
necessário) o silêncio. Elas também são as pequenas regras pessoais que
orientam os alunos durante o estudo e a prática." Ou seja, ele tenta nos mostrar
que a disciplina na escola traz um conjunto de regras importantes para
apresentar o mundo aos estudantes de uma maneira atraente.

As Mídias Digitais Presente nas Escolas

Em todos esses dias que pude acompanhar a turma do segundo ano do


ensino médio, assim que adentrava a sala de aula, era notável a presença
constante das mídias digitais, todos logados a alguma rede social, em todas as
aulas, uma utilização ilimitada, inclusive em momentos que deveriam estar
prestando atenção na explicação das matérias.

Durante a atividade de entrevista com um professor da turma, uma das


questões eram sobre os estranhamentos no retorno à escola, onde ficou muito
clara a opinião dele sobre perceber um tipo de comportamento imaturo por parte
dos alunos no ambiente de sala de aula. Apesar de já existir uma perda de foco
naturalmente em sala de aula, após a pandemia isso ficou bem mais explícito.
Estavam presentes, durante as aulas, muitas coreografias que grupos de alunos
gravavam para o Tiktok, o uso constante dos celulares para acessar as redes
sociais, interferindo o processo de aprendizagem que já estava prejudicado.
Por outro lado, as mídias possuem enorme potencial pedagógico, se
utilizando através da imagem. É necessário que a escola se aproprie dos meios
tecnológicos. As mídias hoje não só asseguram formas de socialização e
transmissão simbólica, mas também participam como elementos importantes da
prática sociocultural na construção de significados da nossa inteligibilidade do
mundo (GUIMARÃES, 2013). “As novas tecnologias da comunicação e da
informação permeiam o cotidiano, independente do espaço físico, e criam
necessidades de vida e convivência que precisam ser analisadas no espaço
escolar. A televisão, o rádio, a informática, entre outras, fizeram com que os
homens se aproximassem por imagens e sons de mundos antes inimagináveis.
(...) Os sistemas tecnológicos, na sociedade contemporânea, fazem parte do
mundo produtivo e da prática social de todos os cidadãos, exercendo um poder
de onipresença, uma vez que criam formas de organização e transformação de
processos e procedimentos” (Brasil, PCNs, 2000, p.11-12)

Motivações e Desmotivações

Visitar uma escola como expedicionários curiosos, percorrer seus


corredores, ouvir a polifonia de vozes que se combinam, conversar com
estranhos que encontramos na viagem, tudo isso nos permite a chegar um pouco
mais perto do que há de único na experiência do mundo escolar. Tudo isso nos
permite entender a complexa teia de eventos, objetos e palavras que carregam
o funcionamento ordinário e a dinâmica social das escolas com significados
muito específicos (SUÁREZ, 2011).

O professor de Química leva a turma para a sala de vídeo na tentativa de


dinamizar um pouco a aula, através da utilização de slides. Ele diz que é difícil
conseguir horário disponível nessa sala, pois é muito concorrido. Enquanto o
professor dá a aula, poucos alunos estavam prestando atenção ou copiando.
Havia um grupo de alunos jogando cartas, um outro tirando fotos e restante,
totalizando a maioria, conversando. Tinha alunos virados para trás enquanto o
professor explicava a matéria, por isso ele chamava a atenção sutilmente, porém
não adiantava, então, ele conduziu um dos alunos que estava mais inquieto até
a primeira fileira de carteiras. Isso me fez refletir que apesar dos esforços feitos
pelo professor, não surtiu o efeito esperado nos alunos. Ele certamente gastou
mais tempo preparando o material que não costuma ser aplicado no cotidiano
escolar, pois o acesso à essas ferramentas tecnológicas são mais escassas.
Passar por essa experiência, tanto para o professor e quanto para mim, que
estava assistindo a aula, é desmotivador, pois é como se os esforços não
recebessem o devido reconhecimento.

Houve uma situação em que as coisas fugiram do controle, tanto o


professor quanto os alunos se exaltaram. O professor começa a escrever no
quadro, enquanto isso a maior parte dos alunos está conversando. Ele então
pede para abrirem os cadernos e virarem para frente. Até que então uma aluna
disse que não ia copiar agora pois não estava com pressa (em um tom de
deboche). O professor a mandou sair de sala e ela se negou a sair. Por ela ter
rejeitado, ele disse tiraria ponto dela. A menina que estava sentada ao lado dela
perguntou o motivo dele tirar o ponto e ele explicou novamente. Todos os
envolvidos já estavam alterados nesse momento e utilizando um tom mais
agressivo. Um grupo de poucas pessoas começaram a falar para o professor
que ele é sempre ignorante, chega apontando dedo e justificou que a turma
inteira estava conversando por conta do atraso dele. Ele então, saiu da sala e foi
chamar alguém, um inspetor. Ambos chegaram na sala e os estudantes falaram
para o inspetor que o professor é todo ignorante. O professor, por sua vez,
explicou o mau comportamento da turma, que “é o mesmo grupinho causando
problemas e nas outras turmas não tinha esse estresse” e acrescentou que se
pudesse escolher, optaria por não dar aula nesta turma. Então, o inspetor as
conduziu para a direção. Após passados alguns minutos, ele as trouxe de volta
para a sala de aula. O professor então, foi até a direção. Nesse momento os
alunos se alvoroçaram, falaram que ele os trata como se fossem bichos. A aluna
que confrontou o professor o xingou pelas costas. Nesse momento, um pequeno
grupo de três alunos chegaram até mim e disseram que fariam um abaixo-
assinado para que eu desse aula no lugar do professor. Então começaram a
comparar os professores que davam aula naquele dia da semana, dizendo que
apesar de eles não gostarem de alguma das características presentes nos outros
professores, eles não agiam de forma ignorante, nem os tratavam mal.
Após presenciar essa situação impactante, comecei a me questionar
como eu lidaria diante do ocorrido se eu estivesse no lugar do professor. Se seria
capaz de contornar a situação antes que ela tomasse à proporção que foi gerada,
se eu queria dar aulas para estudantes desta faixa etária e, até mesmo se eu
queria dar aulas. O mundo escolar é uma complexa teia de eventos, objetos e
palavras que carregam o funcionamento ordinário e a dinâmica social dos
estabelecimentos de ensino com significados muito específicos (SUÁREZ,
2011).

O cotidiano nas escolas é peculiar, diverso e policromático. Embora se aparente


com outras instituições, um olhar cauteloso sobre a inquietação permanente de
seus habitantes, à diversidade e qualidade de tarefas e trocas que se sucedem,
nos dá uma imagem diferente. A convivência negociada entre pessoas de
diferentes gerações, sexos, culturas e poderes, dão às escolas uma tonalidade
muito particular que, mesmo à primeira vista, os diferencia de outros espaços
sociais (SUÁREZ, 2011).

Assim que estive na escola pela primeira vez, no primeiro dia de aula um
grupo de alunos veio questionar o que eu fazia e então expliquei. Também
fizeram outras perguntas, como se eu iria falar mal deles, se estava gostado, o
que estava achando, se queria ser professora mesmo e então disseram que eu
era muito corajosa. Queriam saber se eu era da UFF e comentaram que as
segundas eram o pior dia da semana, pois só havia “aula ruim”, e então perguntei
o porquê achavam isso e responderam que o professor não dava aula bem, só
criticava a turma e era mal-humorado. De repente, esse mesmo professor
apareceu para avisar que teria conselho de classe e por isso não daria aula. A
turma comemorou. Naquele dia, não teria mais aula após o intervalo e, mesmo
assim, alguns alunos quiseram ficar um tempo conversando comigo. Contei que
o professor por quem eles não tinham simpatia, eu gostava muito quando
estudava lá, que era um excelente professor. Depois, me perguntaram se eu
daria aula, eu disse que não, pois estava lá só para observar o que acontecia na
sala de aula, as dinâmicas e interações. Então, uma aluna disse que gostaria
que eu pudesse dar aula no lugar do atual professor, porque segundo ela eu
tenho paciência e sou muito legal. Outros alunos concordaram, comentando que
eu seria uma professora muito boazinha. Eu disse que só poderia começar a dar
aula no semestre seguinte e, logo quiseram saber se seria lá nessa mesma
turma e, eu disse que não sabia. A partir dessa conversa inicial, percebi uma
grande facilidade em conquistar a afeição dos alunos, pois imaginei que
demoraria mais tempo para criar algum diálogo, confiança e afeto. Isso me
motivou a querer seguir essa profissão.

Se olharmos atentos perceberíamos que outros acontecimentos


presentes no mundo escolar estão relacionados ao afeto e à sensibilidade em
que nela vive, com a troca de sentimentos e significados de seus habitantes. Se
aguçarmos um pouco mais os sentidos, podemos ver e ouvir com processos de
maior generalidade. Perceberíamos que a maior parte dessa variada atividade,
lecionar, está ligada aos problemas pedagógicos da formação subjetiva de novas
direções. Parte significativa das ações humanas surgem na própria dinâmica da
vida escolar (SUÁREZ, 2011).

Entrevista com o Professor

As escolas estão repletas de histórias e os professores, muitas vezes, são


ao mesmo tempo seus narradores, protagonistas e autores. Nessas narrativas
recriam o sentido da experiência escolar. Ao contar histórias sobre suas próprias
práticas pedagógicas, sobre a aprendizagem desses alunos, sobre as
dificuldades que enfrentam nessa escola, sobre as estratégias de ensino que
adotam e os pensamentos que provocaram horas de atividade escolar, os
professores falam sobre si mesmos, sobre suas trajetórias de carreira e as
maneiras pelas quais eles profundam seu trabalho educativo. Conversar com
eles pode significar um convite para mergulhar em histórias que narram
experiências escolas e as percepções sutis de quem as viveu (SUÁREZ, 2011).

A entrevista foi uma atividade investigativa com o objetivo de organizar,


através de algumas perguntas, uma conversa sobre a profissão docente, com a
expectativa de reunir mais informações sobre o contexto formativo e sobre os
atuais desafios e possibilidades que os profissionais da educação enfrentam em
seu campo de atuação, contribuindo assim para a formação docente.
Decidi entrevistar o atual professor de biologia da turma que estive
acompanhando, que também foi meu professor quando estudei nesse colégio,
pois sempre gostei muito das aulas dele, eram bem dinâmicas as explicações,
conseguia tornar o entendimento mais fácil e foi um bom incentivo para minha
escolha de cursar Biologia. O professor também foi bem receptivo e solicito,
apesar de estar impossibilitado de responder pessoalmente, me enviou
mensagem se pondo à disposição para realização da entrevista e, assim que me
retornou com as respostas, pude notar a semelhança e me identificar mais ainda
com toda a história e pensamento dele.

A entrevista:

1. Quem os seus alunos/as acham que você é?


Pergunta difícil, mas acho que os alunos me veem como alguém que
gosta do que faz, empolgado e às vezes com uma devoção exagerada ao
mundo natural (“religiosa”, no sentido científico) porque eu costumo
colocar a preservação e a exaltação da vida a frente de tudo.

2. Qual a sua história de começo de profissão?


Eu, inicialmente, pensava em ser veterinário, mas tinha também as
opções da oceanografia e da biologia (que era a terceira opção), por fim,
a veterinária não me atraiu tanto assim, a oceanografia tinha uma prova
discursiva de matemática na qual jamais passaria. E aí me veio a biologia
que eu aceitei muito bem. Teria que ser algo ligado ao mundo natural.

3. Qual era o “medo” de estar na escola e de ser professor/professora?


Quando eu entrei na faculdade eu queria ser biólogo, mas nunca pensei
em ser professor. O magistério apareceu como um caminho natural a ser
seguido na época, porque todo mundo fazia licenciatura para ganhar
tempo pro bacharelado. Eu custei um pouco a aceitar essa ideia
plenamente, não havia medo, mas na minha cabeça não era o meu
principal objetivo porque eu desejava mais era estar trabalhando
diretamente com preservação de espécies ameaçadas.

4. Quais foram os "estranhamentos'' no retorno à escola?


No retorno à escola os estranhamentos foram de início com relação à
parte sanitária, aos cuidados mesmo que se tinha que ter e ainda hoje
que se tem que ter com relação a COVID; e a percepção de que os dois
anos fora de sala de aula causaram um dano muito grande em todos os
alunos. Eles não apenas perderam conteúdo, perderam a noção do
compromisso com a escola, não houve amadurecimento. É uma perda
difícil de se recuperar e que eu acho que nós vamos levar vários anos
ainda para cobrir essa lacuna, hoje nós temos alunos numa determinada
série que não tem a maturidade para a fase escolar que eles estão
frequentando.

5. Qual a falta que a escola fez para os professores? E para os alunos?


A primeira falta é a do próprio convívio social o com os colegas, pelo
menos na minha escola eu acho muito bom os horários de conversa na
folga do recreio e os intervalos são muito ricos. Eu tenho a sorte de
trabalhar com pessoas de um nível muito bom em termos de pensamento
e de conteúdo. E como, no geral, meu convívio com os alunos é bom e
saudável, eu também me renovo com eles. Para os alunos, esse convívio
social faz muita falta (o isolamento faz com que eles amadureçam menos
e deixem um pouco de lado convívio escolar que é algo que vai influenciá-
los para a vida toda).

6. Se você encontrasse o seu eu do começo, o que você diria?


Pergunta difícil.... Não sei.... Eu diria para continuar no meu rumo de
sempre, estar em favor da natureza e das espécies ameaçadas, e
transmitir isso da melhor maneira para os meus alunos... Ou eu diria talvez
para fugir do magistério porque em termos de importância social,
principalmente dada pelo governo e a sociedade atual, não compensa
muito. Mas alguém tem que lutar.

7. Quem são os seus alunos/as?


Um público muito heterogêneo, desde aqueles que realmente vem de
uma família estruturada, que valoriza a educação e que querem chegar
algum ponto no futuro até aqueles que em grande parte hoje só estão na
escola porque são forçados a isso. Para esses últimos, a escola não
passa de um ambiente de convívio social, mas que eles não têm
preocupação com futuro. Aliás, uma coisa que incomoda muito é ver que
principalmente no jovem da classe baixa, hoje a ideia de futuro deles é
imediatista (é trabalhar para daqui a um mês, receber um salariozinho
ridículo e poder ir para balada, comprar roupinha de marca, ...). Mas eles
não têm uma visão de vida para daqui a 10/15 anos. Isso é um problema
muito sério.

8. Qual é a sua maior dificuldade no trabalho em sala de aula? Quais as


suas estratégias para lidar com elas?
Como eu já falei, é captar a atenção e o interesse dos alunos pelo que tá
sendo ensinado hoje, inclusive porque existe um certo descompasso
entre a escola e a vida real lá fora. Muitas vezes a escola não está ligada
ao mundo do comércio e profissional que está do lado de fora. E a
estratégia para lidar com isso é muita conversa e paciência. Por outro
lado, as relações com o governo são sempre um problema, não se pode
esperar muita coisa boa vinda dos governantes.

9. Se você pudesse fazer uma escola, que espaços a sua escola teria que
ter?
Seria uma escola com muito espaço, sempre para o conhecimento, com
laboratórios, bibliotecas, espaços para a cultura, mas em geral tentando
mostrar para os alunos algo novo, diferentes da cultura do ambiente de
convívio deles, uma cultura a qual eles não tenham acesso para eles
poderem ver que o mundo é muito maior do que aquele mundinho no qual
ele vive. Eu acho que simplesmente trazer a vida dos alunos para dentro
da escola sem apresentar algo novo para eles, não apresentar uma nova
perspectiva, não é o melhor resultado. Você não vai gostar daquilo que
você não conhece.

10. O que te desgasta e o que te mantém seguindo? O que ainda te dá um


brilho nos olhos?
As relações com governo são sempre desgastantes, sem dúvida uma
outra coisa que desgasta também é o desinteresse dos alunos. Hoje,
diante de um mundo onde a mídia e a sociedade em geral não privilegiam
o estudo, o jovem é instado a se preocupar com o mundo fútil (são as
coisinhas de internet, baladas bobas que não dão nenhum grande
resultado futuro...). O convívio social efêmero se torna mais importante do
que um convívio mais a sério pensando no futuro. E o que me deixa com
brilho nos olhos é o fascínio pelo mundo natural, sempre! Eu nunca vou
deixar de pensar nisso, a natureza é a minha religião e a ideia de fazer
com que os alunos amem e respeitem a natureza, e que não seja uns
futuros destruidores do ambiente. Sim, que nós possamos trazer para o
exército dos defensores da natureza sempre novas mentes, a ideia de
fazer um mundo melhor.

11. Qual você acha que é o espaço do estágio na formação?


O estágio é extremamente importante, em especial se ele não é feito
numa escola “especial”. Colégios de aplicação, colégios de primeira linha
geralmente mostram um ambiente escolar que não corresponde a maioria
da realidade, então quando o estagiário vai para uma escola dessas ele
não tem uma noção exata do que vai encontrar no futuro, agora quando
ele vai para uma escola de características “normais” habituais ele acaba
realmente vendo agora como observador como estagiário as dificuldades
que existem em todo o ambiente e ele vê também o quanto ele como
aluno muitas vezes desperdiçava aquele tempo dele e aí ele vai se
preparando para a realidade que vai encontrar. Se bem que muitos dos
alunos que buscam o magistério, já tem uma maturidade mais
desenvolvida.

12. Você acha que tem algum papel na formação de professores?


Eu acho que sim, quando eu consigo captar o interesse de um aluno para
minha área, e aí ele vem para biologia ou para veterinária ou para área
ambiental, de alguma maneira por minha causa, acho que isso daí é uma
é uma grande vitória. Ou mesmo quando eu consigo fazer o aluno ter
interesse pelo estudo e ir buscar algo no futuro a partir do conhecimento
que está sendo passado, não necessariamente sendo biólogos ou algo
assim, mas quando ele eu faço o aluno perceber a importância da escola
na vida futura dele. E eu acredito que, em termos filosóficos/ideológicos,
os meus ex-alunos que vão para magistério não se tornam
tiranos/ditadores em sala de aula, e sim, pessoas que vão transmitir o
amor pelo que eles fazem.

13. O que com o tempo foi se tornando mais fácil? E o que foi se tornando
mais difícil?
O tempo torna mais fácil o trabalho em si, a transmissão dos conteúdos
que passam a ser dominados, o entendimento de que existem problemas
que eu não vou poder mudar sozinho e então eu me adapto a eles. Há
também um entendimento maior que vem com o tempo da compreensão
da mente dos alunos, mesmo que isso nem sempre seja uma coisa muito
boa, mas me permite também é aprender a lidar melhor com eles. E o que
fica mais difícil é ver que nem sempre você tem resultados porque em
termos estruturais/governamentais e até sociais o país é organizado para
funcionar de uma certa maneira. E muitas vezes é difícil você não a
ultrapassar. (Eu não sei se eu fui pessimista nessa última resposta, mas
é a minha visão da coisa).

Conclusão

Conforme o que diz Larrosa (2002): A experiência é o que nos passa, o


que nos acontece, o que nos toca. (...) A cada dia se passam muitas coisas,
porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.

Passado todo esse período em que acompanhei a turma, pude


reconhecer que foi um período de bastante aprendizado e muita reflexão. Tive
um olhar bastante diferente em relação ao meu período de aluna no ensino
médio. Presenciei dilemas entre alunos, confrontos entre alunos e professores,
entre outras inúmeras coisas. E isso, em determinados momentos me despertou
medo a respeito de ter que encarar uma sala de aula no papel de professora,
pois é necessário passar por muitos desafios. Mas o convívio com os
professores, suas visões e algumas formas de ensinar me deram um pouco de
segurança, bem como as palavras dos alunos tentando me confortar, sempre
mencionando que serei boa professora, me trouxeram mais expectativas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Docente. 7° Seminário Brasileiro de Estudos Culturais e Educação, Canoas.
2017.

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In (org) AZEVEDO, J.C.; GENTILI, P; KRUG, A.; SIMON, C. Utopia e Democracia
na Educação Cidadã. Ed. Universidade/ UFRGS, 2000.

GUIMARÃES, L.B. A sala de aula em cena: imagens e narrativas. Leitura:


Teoria&Prática, Campinas, v.31, n. 61, n. 2013.

HUMAN RIGHTS WATCH. World Report 2021. Disponível em: <


https://www.hrw.org/sites/default/files/media_2021/01/2021_hrw_world_report.p
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LARROSA, J. Notas sobre o saber da experiência. Revista Brasileira da


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SUÁREZ, D. H. Relatos de Experiência, Saber Pedagógico y Reconstrucción de


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THE WORLD BANK. Ação Urgente é necessária para fazer frente à enorme crise
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https://www.worldbank.org/pt/news/press-release/2021/03/17/hacer-frente-a-la-
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