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ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO

Acadêmico:
Professora Tutora: Karyne Johann
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso de Licenciatura em História (HID 0408) – Estágio I
06/04/16

RESUMO
Neste estágio veremos as dificuldades observadas enquanto acadêmico do curso de Licenciatura de
História e minhas primeiras impressões em sala de aula, a falta de estrutura e interesse dos alunos
em aprender a relacionar-se com o mundo a sua volta e a falta de controle durante as aulas pelos
professores que lutam por mediatizar conhecimento aos alunos mesmo que esses não estejam
interessados em formar-se como sujeitos críticos. E em alguns casos o descaso começa pela atitude
do professor em não estar preparado para essa formação, deixando a mercê da sociedade essa
formação que talvez nem aconteça, pois os pais que devem apoiar seus filhos muitas vezes nem
aparecem para ver o desenvolvimento dos mesmos.

Palavras-chave: Estágio. Observação. Entrevista.

1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho foram observadas três escolas, sendo estas E.M., e E.E.B. e E.E.B. Plácido
Olímpio de Oliveira onde pude observar como a formação de sujeitos críticos faz o mundo ser visto
e interpretado de várias versões dependendo de quem a interpreta. E a partir disso segui meu
caminho pela formação da docência em história, observando as minhas próprias dificuldades e
medos, a aceitação da escola, e na sala de aula. Saber das dificuldades enfrentadas pelos professores,
pelas tentativas de mediação que muitas vezes não ocorre deixando o professor frustrado e
desinteressado.
Muitas vezes espera-se a troca entre professor e aluno, mas essa não ocorre porque o aluno
quer conversar, usar celular, e o professor fica desnorteado no meio de tanta falta de interesse.
Veremos as entrevistas e a opinião de cada professor sobre o que poderá ser feito para mudar a
situação atual nas salas de aula e na construção de uma sociedade onde todos podem e devem dar
suas opiniões tornando-se não somente sujeitos críticos mas, sim cidadãos críticos e atuantes.
2. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste estágio a área de concentração será as dinâmicas do ensino de história, a partir da
observação da construção do sujeito crítico perante as aulas de história conforme Pereira e Clemens
(2009, p.79 apud OLIVEIRA1997, p.26) “mediação é o processo de intervenção de um elemento
intermediário numa relação; a relação deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento”.
Seguindo este pensamento observaremos como o professor de história mediatiza a
transformação do conhecimento nas aulas de história e os métodos pedagógicos empregados nesta
mediatização, serão critérios que serão adotados para a realização do estágio de observação em
escolas de Ensino fundamental e Médio deste município.
Conhecer a relação entre professor-aluno no emprego da didática conforme descrito no
caderno de estudos da Uniasselvi de Didática e Metodologia do ensino de História “[...] o estudo da
situação instrucional, isto é, do processo de ensino aprendizagem, e nesse sentido ela enfatiza a
relação professor-aluno.” (MARTINS, MARTINO,2011,p.04 apud HAYDT, 2001, p.13 ).
Observar o entendimento da mediatição professor-aluno em relação ao processo de ensinar e
aprender conforme descrito que “o processo de aprender e ensinar objetiva-se, portanto,
primeiramente, na ação do professor que, ao planejar a atividade a ser inserida, faz uso da percepção
que o leva a transcender a realidade.” (PEREIRA, CLEMENS, 2009, p.73).

3. VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

Desde pequena sempre alimentei o sonho de ser professora, e com o passar do tempo esse
sonho ficou adormecido, pois as circunstâncias da vida nos levam por caminhos que nem sempre são
aqueles que sonhamos e como dizem o mundo da volta e aqui estou para realizar este sonho a tanto
adormecido. Aprender cada assunto para depois colocar em prática e assim mediar tudo que foi
aprendido esperando uma resposta positiva de conhecimento é a realização para todo e qualquer
docente.
Mesmo assim foi difícil acostumar-me com a ideia de fazer estágio, pois nessa hora surgem
várias dúvidas e medos de enfrentar uma sala de aula, ou se nossa presença será compreendido pelos
alunos, se seremos bem aceitos pelo corpo docente da escola ou mesmo se a escola nos permitirá
fazer esse estágio.
Não foi fácil, pois várias escolas que procurei não aceitavam estagiários e nem mesmo falar
sobre estágio por telefone, devido a algumas situações ocorridas nas escolas causadas por estagiários
anteriores que acabam por denegrir a imagem que um estagiário de curso a distância causa no corpo
docente da maioria das escolas, mesmo assim foram várias conversas até conseguir o espaço
necessário. Superado esse primeiro momento chegamos ao estágio tão aguardado.
Procurei a escola na qual cursei o ensino médio para lá então realizar o estágio e relembrar
momentos ali vividos, durante os últimos anos do ensino médio, a biblioteca aonde eu me sentia tão
em casa ou na quadra jogando handebol, porém essas lembranças não me foram permitidas já que a
mesma estava recebendo estagiários da nossa turma, então procurei outras que pudessem ceder o
estágio.
Após entrega e conferência de documentos fui autorizada a adentrar ao âmbito da escola,
foram realizados estágios em três escolas distintas de Ensino Fundamental e Médio. Cada escola
procura seguir o cronograma descrito em seu P.P.P. (Projeto Político Pedagógico) onde neste, estão
descritos itens como: tempo de duração de cada aula, quantidade de dias letivos, carga horária dos
professores, missão e visão da instituição, formação da grade curricular e corpo docente, normas e
diretrizes do Ministério da Educação, entre outros, porém, das escolas em que realizei o estágio
somente uma delas permitiu o acesso à este documento sendo o mesmo datado do ano de 2007,
portanto desatualizado, as outras não possuíam P.P.P.
Num geral, foram observados, o espaço físico de cada escola (sala de aula, cozinha, pátio, sala
de professores, biblioteca, sala multimídia, quadra de esportes, diretoria, secretaria, recepção),
número de alunos em cada sala, variando entre 20 a 35 alunos por sala, estas encontram-se
precisando na sua maioria de reformas gerais, ar, reforma de pisos, forro, goteiras.(duas escolas
estaduais, uma municipal) esta última estava em melhor estado de conservação. As escolas utilizam
livros didáticos e sala multimídia (vídeos, informática, data show) para a realização das aulas.
Conversando com os professores todos relataram que os livros não são aqueles sugeridos por
eles no período de escolha dos autores e muitos contém conteúdo ultrapassado ou fraco, citando a
professora (I.F.V,2012) “Os alunos encontram dificuldades na compreensão e entendimento da
matéria, pois os livros fornecidos pelo MEC não atendem o conteúdo que está sendo estudado...”
Com relação aos professores, todos os que foram entrevistados e observados são graduados na
disciplina de história em alguns casos não sendo a única matéria lecionada por eles. Os que fazem
parte do ensino fundamental, são concursados pela Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ) e os que
fazem parte do corpo docente das escolas de ensino médio, são regidos por regime de contrato
(ACT’s) uma vez que o Estado não realiza regularmente concursos para efetivação de professores
sendo preciso prestar nova prova todos os anos, somente os que estão lecionando há muito tempo são
concursados.
Sobre a observação realizada em sala de aula, fui primeiro apresentada ao professor regente
que assim comentou sobre a turma a ser observada, sobre o conteúdo mediado e como é feita a
mediação por ele em sala de aula através de livro didático, vídeos, quadrinhos e tirinhas para fixação
do assunto mas a falta de interesse do aluno é sua maior dificuldade, em todas as observações tantas
de ensino fundamental e médio foram as mesmas reclamações, o professor acaba por ficar estressado
com a falta de interesse as repetidas notas baixas dos alunos, conversas paralelas, celulares em sala
de aula e muita bagunça.
É sem dúvida muito desanimador ver um profissional que estudou, se dedicou anos para
lecionar e quando chega frente há uma sala se decepciona com tamanha falta de compreensão e se
pergunta “como vou conseguir que os alunos se tornem sujeitos críticos de sua própria história?”
Foi possível observar que os alunos de 8ª e 9ª série são os mais agitados, talvez por serem pré-
adolescentes e estarem sofrendo transformações que ainda não são capazes de entender por completo,
e nesses casos o professor acaba por perder o controle da situação em sala de aula e a professora
(I.F.V,2012) comentou:”...quando isso acontece eu paro tudo e converso com eles pra aliviar as
tensões, somente após prossigo com o assunto...”.
Conforme segue as entrevistas foram muito reveladoras pois, demonstraram a realidade de
cada professor e sua forma de ver a educação e seu contexto diário na formação dos alunos para a
realidade crítica, desenvolvendo seu lado de sujeitos pensadores da história, olhando para as diversos
olhares sobre a história e como seu meio influência essa realidade de transformação. Segue as
entrevistas realizadas com os professores observados.
Professores Entrevistados do Ensino Fundamental: Professora L M R, leciona há 11 anos no
ensino fundamental em 3 escolas, 13 turmas e Professora C M S, leciona há 6 anos no ensino
fundamental em 3 escolas e 24 turmas.

Qual a forma de utilização dos meios disponíveis em sala de aula para a compreensão do
assunto explicado? Quais você utiliza?
LMR: - Faço uso de imagens, desenhos, filmes, internet, jornais e livro didático.
CMS: - Utilizo o livro didático, equipamentos multimídia (na sala de aula) e também
a sala de informática.

Quais as regiões do município que a escola atende? Entre elas, alguma comunidade carente?

LMR: - Nossa escola encontra-se na zona sul de Joinville, próximo ao presídio. Não
considero que hajam comunidades carentes, porém apenas algumas famílias são
carentes (poucos).
CMS: - Há sim comunidades carentes, inclusive já trabalhei em uma delas no bairro
Jardim Edilene no período noturno, onde nós professores tínhamos de lidar com
situações diversas.

A escola possui alunos de inclusão? Em sua sala, há algum?


LMR: - Sim. Nas minhas turmas tenho um aluno com dislexia, um com
TDHA( Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade ) e alguns com déficit
de aprendizagem, porém não são todas as turmas.
CMS: - Sim. Existe um aluno com paralisia cerebral.

Quais as maiores dificuldades que o docente enfrenta em sala de aula? Justifique


LMR: - Indisciplina, desinteresse e principalmente a falta de apoio dos pais dos
alunos.
CMS: - São diversas, dentre elas, falta de materiais, capacitação para os professores
trabalharem em sala de aula, apoio e parceria da direção de algumas escolas para a
solução de “situações problemas” e a falta de apoio da direção para com o professor.

Qual o papel do professor de História na formação de sujeitos críticos?


LMR: - Ao ensinarmos História, estabelecendo relação com o passado e o presente
diretamente, estamos estimulando a criticidade de nossos alunos.
CMS: - Na minha opinião, não cabe a mim formar sujeitos críticos, pois, isso é uma

característica da própria personalidade.

Em sala de alua, como deve ser o posicionamento do professor perante as desigualdades


sociais?
LMR: - Deve ser crítica e fazer os alunos perceberem que as desigualdades não
podem ser consideradas normais, mas sim fruto do monopólio de alguns grupos da
sociedade.
CMS: - Ensinando para os alunos valores morais, educacionais, etc.

Com relação aos alunos, o que você identifica como sendo a maior dificuldade de
compreensão do assunto proposto?
LMR: - Falta de atenção e a questão da temporalidade, relacionar o passado com o
presente.
CMS: - História é uma disciplina de bastante leitura, não vejo dificuldades de
compreensão quando o professor explica de forma clara, mas sim os próprios alunos
não gostam de ler e querem as respostas prontas deixando de lado o desafio.

Ainda com relação aos alunos, o que o docente prioriza?


LMR: - Prioriza a aprendizagem, utilizando recursos que favoreçam a compreensão
e o aprendizado.
CMS: - Prioriza a aprendizagem do conteúdo, porém, quando se depara com “certas
situações”, acaba tendo que ensinar alguns “valores”, trazendo este aluno para si,
não deixando de ser uma prioridade.
Professores Entrevistados do Ensino Médio: Professora I F V, leciona há 32 anos no ensino
médio e fundamental em uma escola, 6 turmas e o Professor M A A B , leciona há 2 anos no ensino
médio, em uma escola e 8 turmas de período integral.
Qual a forma de utilização dos meios disponíveis em sala de aula para a compreensão do
assunto explicado? Quais você utiliza?
IFV: - Quadro, giz, livro didático, textos alternativos, sala de vídeo, sala de
informática.
MAAB: - Materiais expositivos, pesquisa em sala informatizada, vídeos, data show
para apresentação de slides.

Quais as regiões do município que a escola atende? Entre elas, alguma comunidade carente?
IFV: - Somente a comunidade em torno do bairro Bom Retiro e alguns alunos
vindos do Jardim Sofia e Jardim Paraíso.
MAAB: - A comunidade que rodeia a nossa escola é composta de diversas regiões
do município, portanto é bastante heterogênea e também há representantes de
comunidades carentes sim.

A escola possui alunos de inclusão? Em sua sala, há algum?


IFV: - Sim, nas 6ª e 8ª séries.
MAAB: - Sim, alunos com deficiência auditiva e física.

Quais as maiores dificuldades que o docente enfrenta em sala de aula? Justifique.


IFV: - Comportamento, alunos desinteressados.
MAAB: - Ocasionalmente a falta de atenção, principalmente o ensino integral
quando Há 9 aulas por dia e principalmente a primeira aula depois do almoço.

Qual o papel do professor de História na formação de sujeitos críticos?

IFV: - O papel do professor é fundamental, já que pode mostrar as transformações


políticas, sociais e econômicas havidas no mundo com o passar do tempo e que tais
transformações foram promovidas por pessoas ou grupos que desejavam tais
mudanças. Somos agentes de toda a transformação.
MAAB: - Na avaliação do que é apresentado para que o estudante aprenda a avaliar
o fato, entender que a “verdade” depende do narrador do fato.

Em sala de alua, como deve ser o posicionamento do professor perante as desigualdades


sociais?
IFV: - O professor deve tentar mostrar os fatores que geram as desigualdades com o
objetivo de incutir nos alunos o desejo de mudar tais realidades.
MAAB: - De incentivar a compreensão do ser humano como agente histórico,
fazendo-os compreender que a aceitação os distingue no tempo com relação ao
passado preconceituoso.
Com relação aos alunos, o que você identifica como sendo a maior dificuldade de
compreensão do assunto proposto?
IFV: - Quando o aluno se sente distante do tema abordado, quando ele insere na
situação que se apresenta como fato histórico.
MAAB: - A falta de experiência e principalmente de compreender para que serve o
estudo realmente.

Ainda com relação aos alunos, o que o docente prioriza?


IFV: - Despertar a curiosidade do aluno pois, entendo que ele queira saber
determinado assunto ou coisa, ele prestará atenção buscado mais informação a
respeito do tema.
MAAB: - A compreensão do propósito do aprendizado.

Assim podemos observar que em geral os professores acreditam na formação de sujeitos


críticos, mas falta o interesse dos alunos em aprender, o interesse dos pais em apoiar seus filhos e a
própria escola na falta de material de apoio.

4. IMPRESSÕES DO ESTÁGIO

Apesar de toda informação e tecnologia dos dias atuais estarem por toda parte, as crianças
(alunos) priorizam outras informações, não levando a sério o contexto já vivido e historicizado.
Após a realização deste estágio concluí que a falta de interesse dos alunos em aprender acaba
por desestimular professor em sua docência e muitas vezes não consegue chegar ao aluno por falta de
apoio de sua família, pois o professor acaba não conhecendo por completo a realidade social do
aluno, tendo em vista essa situação fica cada vez mais difícil formar cidadãos capazes de historicizar,
por outro lado conversando e entrevistando uma professora esta disse que não é responsabilidade dela
formar cidadãos críticos que tanto faz, me faz questionar se realmente essa pessoa estudou e entendeu
a força que tem o docente de História na formação de um aluno, um cidadão, que julgamento terão os
alunos dessa pessoa tão pobre de espírito.
Ás vezes a empolgação e a alegria de estar realizando um sonho e pensando em quantos
cidadãos terão senso crítico me faz acreditar que apesar de todos os percalços vai valer muito apena
concretizar esse sonho.

REFERÊNCIAS
PEREIRA, Eliane Regina. CLEMENS, Juçara. Psicologia Geral do Desenvolvimento,
Indaial: UNIASSELVI, 2009.
MARTINS, Josenei. MARTINO, Batista Marlen. Didática e Metodologia do ensino de
História, Indaial: UNIASSELVI, 2011.
PEREIRA, Eliane Regina. CLEMENS, Juçara. Psicologia da Educação e Aprendizagem,
Indaial: UNIASSELVI, 2009.

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