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Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI

Curso de Psicologia – CCS


Estágio Específico 8º Período – Saúde e Integralidade
Orientadora: Giovana Stuhler Delvan
Acadêmico: Nathan Haniel de Souza

Estudo de Caso – M2

Antes de qualquer procedimento, embasamento teórico, um espaço


adequado para a terapia, cabe ao profissional da psicologia, no caso o
terapeuta cognitivo comportamental, a capacidade “humana” do mesmo em
acolher esse sujeito, sendo o primeiro passo de contato e estabelecimento
dessa relação terapeuta/paciente. Quando falamos em acolhida podemos
referir todo o processo inicial de avaliação psicológica, desde a posição
interessada do terapeuta preocupado com a demanda a sua frente, todo
processo de vínculo e empatia dessa relação e a não redução do paciente a
sua queixa ou patologia (ARAÚJO; SHINOHARA, 2002).
De forma acolhedora, inicia-se uma coleta de dados, dentro dos
parâmetros da abordagem, dessa pessoa, seu histórico de vida, sua queixa
principal e as condicionais (complementares), a frequência, o estudo do seu
repertório, quais os momentos que ativam determinados comportamentos
disfuncionais e, perante a descoberta da origem dessa queixa e da crença
desse sujeito, o psicoterapeuta vai estabelecer estratégias para lidar com
esses comportamentos em vários contextos, sendo que trabalhar em um
formato estruturado e sistematizado, fazendo correlações com os estímulos e
resposta, por exemplo, o diferencial dessa abordagem, buscando uma visão
integral do paciente e os ambientes no qual ele vive.

Caso 1

Prontuário: nº 10966
Nome: Thalita
Idade: 12 anos
Profissão: Estudante
Estado Civil: Solteira
Início do atendimento: 05/09/2016
Término do atendimento: Em andamento
Número de sessões: 5 encontros
Número de faltas: Nenhuma
Estagiário responsável pelas observações: Rafael Serrano Conde

1. Problema(s) apresentado(s)

Apresenta dificuldades significativas de aprendizagem no contexto


escolar, no âmbito da compreensão verbal, organização perceptual, memória
operacional e velocidade de processamento segundo testagem (WISC IV)
realizada com a usuária. Os sintomas iniciaram há cerca de cinco anos,
quando a usuária iniciou suas atividades no ensino fundamental.
No decorrer do processo terapêutico a usuária questionava sua
capacidade cognitiva na realização das tarefas que recebia no contexto
escolar, tanto quanto as atividades passadas no tratamento fonoaudiológico
que, se autodenominando “burra” e “incapaz” de realiza-las. Em
determinados momentos T. relatou que perdia a vontade de continuar
tentando estudar por causa de seus amigos, que insistiam em insulta-la
frente as suas dificuldades escolares, como não conseguia controlar direito
suas emoções, agia de forma agressiva, insultando-os e batendo neles.
Quando a usuária é submetida a alguma avaliação referente as suas
habilidades, os sintomas aparecem consideravelmente, interferindo no seu
desenvolvimento. Esses mesmos sintomas apresentam um grau de melhora
quando ela realiza as atividades em ambientes controlados, com alguma
pessoa de sua confiança onde já fora estabelecido algum vinculo, tornando
um fator de risco e de proteção.
Um dos fatores importante a considerar sobre o desenvolvimento de T.
foi a falta de cuidados da mãe no período gestacional (uso de tabaco e
álcool); Violência cometida pelo pai neste mesmo período, podem indicar
alterações no neurodesenvolvimento da criança.

2. Situação atual de vida

Na primeira vez que a usuária foi questionada a respeito de como se


sente, apresentou dificuldades para expressar seus sentimentos. De forma
simples diz estar bem, mas às vezes fica brava com seus amigos quando
riem dela e que relata ser “burra”, e que não consegue aprender nada.
Atualmente T. diz se sentir bem, tendo bom relacionamento com seus
pais e irmã. No período contrário aos estudos, consegue ter tempo para seu
lazer, onde brinca na rua com seus amigos da escola, tendo bom
relacionamento com eles, demonstrando sinais de satisfação quanto a sua
vida atual.

3. Desenvolvimento

A. História familiar: Sua tem 52 anos. Completou o segundo grau na escola


que hoje é frequentada pela usuária. Relata que veio de uma família com
condições menos favorável economicamente, apresentando clareza na fala,
mas com algumas dificuldades de compreensão. A usuária relata ter um bom
relacionamento com a mãe, mas traz que ela é muito superprotetora
(informação confirmada pela mãe posteriormente). Trabalha como efetiva nos
serviços gerais da prefeitura, em uma Unidade de Básica de Saúde.
O pai de T. tem 46 anos. Analfabeto, vindo de família com dificuldades
econômicas. Trabalha como auxiliar em uma loja de construção. Foi
convidado a comparecer na terapia através de convite enviado pela mãe,
porém, o mesmo não compareceu. A usuária relata que tem uma boa relação
com seu pai, apesar do seu estado alterado por ingestão em excesso de
bebidas alcoólicas em alguns momentos. Tal excesso acaba por provocar
situações marcadas pela violência verbal tanto em relação à usuária e sua
irmã, como também agressão física à mãe.
Possui apenas uma irmã de 18 anos que também apresenta
dificuldades de aprendizagem parecidas com a usuária, ou seja, também não
lê e nem escreve corretamente. Não quis ir mais para escola, deseja terminar
o ensino médio no Ensino para Jovens e Adultos (EJA). A irmã não realiza
nenhuma atividade remunerada e assume as tarefas domésticas juntamente
com a usuária. Estão juntas quando brincam com as amigas que moram na
rua.
B. História escolar/ocupacional: Apresenta dificuldades de aprendizagem no
âmbito geral da educação, escrita, fala, leitura e interpretação de textos.
Diante dessas dificuldades o seu desempenho escolar não atinge o grau
esperado, o que acarreta a reprovação. Atualmente T. cursa a quinta série e
já reprovou de ano duas vezes na escola que frequentava anteriormente. Na
entrevista com a usuária ela relata ter problemas de relação com seus
colegas e, em alguns momentos, é agressiva com os mesmos por rirem dela,
ou não compreenderem o que ela quer dizer.

C. História social: Não possui uma rede social extensa, mas mantém relações
de amizade com alguns vizinhos da sua rua, onde brincam no horário oposto
ao das aulas. Conforme a investigação, a usuária relata que aos finais de
semana, esporadicamente, sai com seus pais e sua irmã para fazerem um
lanche fora ou ir à praia.

4. Experiências traumáticas

Usuária vive em um ambiente conturbado segundo relato da mãe, seu


pai agride verbalmente suas filhas, sem confirmação de violência física.

5. História médica

Já realizou consultas com uma fonoaudióloga do município onde


reside, onde a profissional, não elucidou as questões referentes as
dificuldades de T. Conforme o documento trazido pela mãe, constatou-se
uma limitação de informações, não indicando qual seria o diagnóstico da
usuária. A mãe relata que consultou uma neurologista, porém a mesma não
realizou nenhum exame concreto, apenas um exame clínico e indicou a
psicoterapia como solução do caso.
Teve problemas com enurese até os dez anos, onde sua irmã
queixava-se para sua mãe, pois ambas dormiam juntas na cama. T. também
realizou uma cirurgia de retirada de “trava de língua”.
6. História psiquiátrica e psicoterapêutica

Este é o primeiro processo terapêutico que a usuária é acometida, não


tendo histórico de contato com tratamentos psiquiátricos.

7. Status psicológico

Demonstra lucidez durante os encontros e costuma se vestir de forma


adequada ao ambiente, com boas condições de higiene pessoal. Orientação
auto e alopsiquicamente parcial. Normalmente coopera com as atividades
nas sessões, mas se mostra distraída. Memórias retrógrada e anterógrada
sem alteração.
Inteligência com déficit de compreensão e adequação, conforme as
dificuldades citadas anteriormente. Sensopercepção normal. Pensamento
sem alteração de forma, em alguns momentos com curso de fuga de ideias,
mesmo assim, possui um conteúdo congruente. Linguagem apresentando
alguns termos informais. Humor normotímico, afeto congruente na maioria
dos encontros e vontade normal.

8. Rapport

O caso mobilizou muito a busca teórica, frente a dificuldade de


estabelecer intervenções efetivas a usuária e satisfazer sua demanda. No
início do processo de avaliação T. mostrava-se fechada e com dificuldades
de interagir e, em alguns momentos, se “escondia” atrás dos cabelos para
não responder as questões propostas.
Com o passar dos encontros, o vínculo foi reforçado e usuária
respondeu muito bem aos estímulos propostos, onde atualmente, apresenta
um bom nível de cooperação nas atividades e na comunicação com o
terapeuta, capacidade de insight em determinados momentos também são
identificados, em relação a visão que T. tem de si mesma.
9. Metas do paciente para a terapia

 Melhorar sua aprendizagem – Sofre prejuízos significativos em relação


ao seu desenvolvimento escolar, na qual essa limitação de suas
habilidades acarretam problemas com seus pares nos ambientes que
estão inseridos.

 Autoestima – Poder dizer que é inteligente e capaz de fazer e ser


quem quiser.

 Conhecer sobre a profissão do Veterinário – Meta trazida


especialmente pela paciente, onde a mesma sonha em atuar nesta
área, devido ao relato de que ama os animais e de cuidar de cada um.

10. Perguntas e preocupações do paciente

T. não tem uma postura questionadora, quando perguntado a mesma


sobre suas possíveis duvidas referentes as sessões, ela responde que “está
tudo certo, não quero perguntar nada”.

11. Formulação do Caso

Como em todos os casos, há uma série de fatores importantes a


serem investigados, onde algo disfuncional irá determinar as ações da
Psicologia frente as contingencias que envolvem o paciente e sua demanda
em questão. Discutindo sobre a queixa principal da usuária, as limitações
cognitivas de T. avaliadas pelo teste de inteligência, por incrível que pareça,
não reduziram e taxaram sua real capacidade e as potencialidades que a
mesma veio apresentando durante as sessões. O teste ampliou as
possibilidades de intervenção de modo a focar nas funções primitivas que a
paciente tinha mais dificuldade.
Apesar da compreensão do caso nos levar a uma hipótese diagnóstica
de Deficiência Intelectual Leve, segundo DSM-V, um problema no
neurodesenvolvimento, a composição psicossocial foi mais relevante para o
entendimento das diversas contingências que esta adolescente se inseriu, já
qie na Terapia Cognitivo Comportamental tem como uma de suas metas a
promoção de contingências que promovam o autoconhecimento da criança,
agência controladora, que atua de forma específica nos resultados do
controle cultural que estão, de alguma maneira, prejudicando o
desenvolvimento adequado da criança (CONTE, REGRA, 2000; SKINNER,
1998). Tendo como principio e considerando a importância da usuária
conhecer sua relação com os vários ambientes que está inserida, dentro da
terapia o reforço disponibilizado à T. no processo terapêutico é um processo
contínuo baseado em testagem de hipóteses e formulação de modelos de
intervenção delas derivados, onde sua aquisição de comportamentos torna-
se a própria função do mesmo (RANGÉ, 1995; BRANCO, FERREIRA, 2006).
A paciente em vários momentos apresentava comportamentos de
esquiva frente as perguntas na entrevista de avaliação, reforçada pela crença
de que não sabia se comunicar direito, evitando quaisquer tipo de dialogo ou
forma de expressão como a escrita. Esses padrões de fuga/esquiva e de
inabilidade comportamental são padrões disfuncionais gerados dentro de um
contexto ambiental em que a estimulação social habitual é negligenciada ou
suspensa, afirmando as suspeitas da inabilidade das escolas anteriores que
T. frequentava de estimular corretamente o seu aprendizado (SKINNER,
1998).
Conforme o decorrer da investigação, os dados levaram hipótese de
que T. foi mal estimulada pela família, posteriormente confirmado em relato
da mãe, onde sabemos hoje que a qualidade da relação entre pais e filhos
exerce grande influência no desenvolvimento infantil. Sabe-se também que
alguns fatores como instabilidade familiar, passar por adversidades nos
primeiros anos de vida, práticas parentais coercitivas, entre outros, estão
associados ao aumento do risco de dificuldades emocionais e
comportamentais em crianças (LOBO, FLACH, ANDRETTA, 2011; GREEN et
al., 2010).
Esses foram alguns pontos mais importantes, elencados para análise
deste trabalho, não tirando a importância da relação estabelecida pela escola
que a usuária frequenta atualmente e outras causas possíveis para sua
demanda que merecem ser investigadas.
12. Procedimentos Clínicos

Utilizou-se de métodos lúdicos para estimular o desenvolvimento


cognitivo da usuária e consequentemente melhorar suas habilidades de
aprendizagem de novos conteúdos, que segundo Moura, tem demonstrado
que o uso de tais estratégias pode resultar em um ambiente terapêutico
altamente reforçador (MOURA, 2000, p. 164).
Jogos como Lince que trabalha a parte de velocidade do
processamento das informações, jogo da memória que estimula os processos
de memória operacional de curto e longo prazo, o uso do dominó para
desenvolver o raciocínio lógico e lógica matemática, fizeram parte das
intervenções realizadas, compreendendo que através do brincar e do
brinquedo, a criança demonstra como ela percebe seu ambiente e como
interage com ele (MOURA, 2000, p. 163).
Além da demanda de aprendizagem, se fez necessário avaliar e
compreender melhor as relações familiares da usuária, junto as sociais, para
isto, o instrumento utilizado foi a construção de uma história, onde os
elementos dela (personagens, lugares e objetos) eram sortidos em um sacola
com vários brinquedos, posteriormente T. foi instruída a relacionar os
personagens criados na história com os “personagens” que estão presente
na sua vida, pois a perspectiva da TCC, incorporamos os eventos privados -
pensamento da criança, sua imaginação – porque considera muito mais que
as evidências externas e sim, identificar as variáveis que possam ajudar na
previsão e controle dos comportamentos (REGRA, 2000, p. 186).
Com isto, podemos elucidar ainda mais sobre o funcionamento das
relações e como as mesmas se configuram, na tentativa de resolver
possíveis disfuncionalidades.
Caso 2

Prontuário: nº 1476
Nome: Maria
Idade: 51 anos
Profissão: Aposentada
Estado Civil: Casada
Início do atendimento: 26/09/2016
Término do atendimento: Em andamento
Número de sessões: 3 encontros
Número de faltas: Nenhuma
Estagiário responsável pelas observações: Rafael Serrano Conde

1. Problema(s) apresentado(s)

Apresenta vários medos e pensamentos negativos diários segundo


relato. Esses sintomas vem aparecendo desde que a usuária passou por uma
situação traumática de enchente, onde sua casa foi alagada, a mesma é
cadeirante e sentiu-se incapaz de reagir a tal incidente, cerca de 2 anos
atrás. M. tem encefalopatia crônica não progressiva, uma doença genética
que envolve a perda dos movimentos de quase todo o corpo, movimentando
de forma limita suas mãos e cabeça, sendo que esta doença acomete seu
sistema cognitivo e de fala.
Tem dificuldades de falar com sua mãe, mesmo morando no mesmo
terreno, quando a usuária visita sua mãe na casa a frente, ela trava, não
consegue falar e se expressar e chora. Relata sentir muita mágoa, dizendo
que ela poderia ajudar mais a M. na questão financeira, na compra de um
carro novo.

2. Situação atual de vida

Sente-se frustrada atualmente pois relata estar “aprisionada” em sua


própria casa, já que o veículo que utiliza para viajar e passear
esporadicamente na semana quebrou. Diz que sente medo a toda hora e
sempre pensa que algo ruim vai acontecer. Vive na casa da sua mãe junto
com seu marido.
3. Desenvolvimento

A. História familiar: Relata uma magoa profunda quando se trata da sua


família. Sua mãe sempre trabalhou muito em casa, enquanto seu pai
trabalhava em uma empresa. Seu pai morreu quando M. era nova ainda e
sua mãe, desde 2014 está de cama, devido a AVC seguidos. A mesma
precisa de cuidados diários, possuindo três cuidadoras, para parte da manhã
e tarde, noite e nos finais de semana.
A usuária possui cinco irmãos, fora um irmão que morreu em acidente
de carro. Sua relação com eles atualmente não é muito boa, queixa-se
sempre de seus irmãos, que não visitam ela e nem conversam mais, com
exceção de um irmão, acometido pela mesma doença de M. também
cadeirante.

B. História escolar/ocupacional: Não tem nenhum registro de atividade


remunerada, não frequentou a escola, apenas utilizou o serviços da APAE,
para conseguir um benefício disponibilizado pelo governo para pessoas com
deficiência.

C. História social: Atualmente suas relações sociais limitam-se ao seu


marido, estão casados a 22 anos, ele acompanha a usuária até os encontros
na clínica e está sempre com ela e realiza os seus cuidados. Quando
possuíam o carro costumavam a viajar bastante, visitando os familiares do
seu marido.

4. Experiências traumáticas

A usuária passou por uma situação traumática de enchente, onde sua


casa foi alagada, a mesma é cadeirante e sentiu-se incapaz de reagir a tal
incidente, cerca de 2 anos atrás.
Relata também que o AVC de sua mãe a chocou muito, por sua mãe
ter ficado de cama, já que era uma mulher guerreira, que trabalha todos os
dias e fazia comida para todos os filhos.
5. História médica

M. tem encefalopatia crônica não progressiva, uma doença genética


que envolve a perda dos movimentos de quase todo o corpo, movimentando
de forma limita suas mãos e cabeça, sendo que esta doença acomete seu
sistema cognitivo e de fala.
Ela realizou vários atendimentos e tratamentos de Fonoaudiologia e
Fisioterapia, mas não aderiu aos mesmos, informação confirmada pelos
próprios profissionais que realizaram os atendimentos. Se irmão possui as
mesmas condições de M. porém, ele apresenta, em relação a usuária, maior
capacidade de comunicação e articulação da voz, onde aderiu aos
tratamentos que ambos realizaram.

6. História psiquiátrica e psicoterapêutica

É atendida na clínica de psicologia desde 1995, com algumas paradas


de um a dois anos pelo percurso. Não possui registro de atendimento
psiquiátrico anterior.

7. Status psicológico

Demonstra lucidez durante os encontros e costuma se vestir de forma


adequada ao ambiente, com boas condições de higiene pessoal. Orientação
auto e alopsiquicamente boa. Normalmente coopera com as atividades nas
sessões.
Possui dificuldades de compreensão verbal. Sensopercepção normal.
Pensamento sem alteração de forma, e conteúdo congruente. Linguagem
gravemente alterada por sua condição motora, dificultando a compreensão
da sua fala. Humor normotímico, afeto congruente durante os encontros e
bom humor.
8. Rapport

A construção de vínculo com a usuária foi relativamente rápida, sem


muita resistência ao processo terapêutico. Não possui uma grau de abertura
tão considerado devido a dificuldade de comunicação da paciente,
dificultando e frustrando o trabalho do terapeuta na investigação do caso.

9. Metas do paciente para a terapia

 Trabalhar seus medos – Realizar a dessensibilização de seus medos,


desenvolvendo a capacidade de discriminar uma real ameaça a sua
saúde e a saúde de seus familiares e amigos.

 Visitar sua mãe – Desenvolver habilidades emocionais para enfrentar


a situação atual de sua mãe e poder visita-la de forma adequada.

10. Perguntas e preocupações do paciente

Devido as dificuldades de comunicação da usuária, o processo de


entrevista e conversa com a mesma quase sempre se manteve com as
perguntas direcionada do terapeuta.

11. Formulação do Caso e Procedimentos Clínicos

Conforme citado anteriormente, as dificuldades de comunicação com a


paciente impediram o andamento do processo terapêutico. Seu marido foi
chamado as sessões para auxiliar no tratamento de esposa a nível
comportamental, já que compreendemos perante o caso que ele servia de
porta voz para M. quase que a todo momento quando ambos estavam juntos
e que essa relação constituiu algumas contingencias que trouxeram prejuízo
tanto para a usuária quanto para o seu esposo.
Sendo assim, propôs-se trabalhar com a analise funcional, na qual
promove a identificação de relações de dependência entre os
acontecimentos, ou de regulação na relação entre variáveis dependentes e
independentes, de forma psicoeducativa com o marido T, onde verificou-se a
necessidade da compreensão do mesmo, de que ele é mediador da sua
esposas, onde suas atitudes tem consequências boas ou não adaptadas que
podem interferir nesses dois vieses na relação conjugal (CHIESA, 1994,
p.133 apud NENO, 2003).
A compreensão com base no processo de investigação foi que ele tem
um papel de reforçador – utilizando chantagem emocional, ganhos e perdas –
de alguns comportamentos não desejados pela usuária, onde ele também é
reforçado e tem muitos ganhos com esta relação, afirmando seus medos e
constituindo a crença de que ela depende do marido para tudo.
Essa contingencia reorganizou a sua relação de tal forma que a família
de M. interferiu na vida do casal, no qual atualmente passa por um processo
jurídico para tomar a guarda/tutela da irmã para sua família. Apesar de
alguns problemas da usuária com os irmãos, os mesmos demonstram
preocupação com ela, alegando a mãe que sempre fazem as vontades do
casal, mas o marido é um mal administrador do dinheiro. Foram estes alguns
pontos mais importantes, elencados para análise deste trabalho, não tirando
a importância de outras causas possíveis para a demanda que merecem ser
investigadas.

Referências

BRANCO, Caroline Mota; FERREIRA, Eleonora Arnaud Pereira. Descrição do


atendimento de uma criança com déficit em habilidades sociais. Rev. bras. ter.
comport. cogn.,  São Paulo ,  v. 8, n. 1, p. 25-38, jun.  2006 .

CONTE, F.C.S. & REGRA, J.A.G. A psicoterapia comportamental infantil: novos


aspectos. Em E.F.M.Silvares (org.). Estudos de caso em psicologia clínica
comportamental infantil.. Campinas: Papirus. p. 79-136, 2000.

GREEN, J. G., MCLAUGHLIN, J. A., BERGLUND, P. A., GRUBER, M. J.,


SAMPSON, N. A., ZASLAVSKY, A. M., et al. Adversidades patológicas em crianças
e na vida adulta, associada ao DSM-IV. Arch. Gen. Psychiatry, 67, 113-121, 2010.

LOBO, Beatriz de Oliveira Meneguelo; FLACH, Katherine; ANDRETTA, Ilana.


Treinamento de Pais na Terapia Cognitivo-Comportamental para Crianças com
Transtornos Externalizantes. Psicol. pesq.,  Juiz de Fora ,v. 5, n. 2, p. 126-134, dez.
2011.
MOURA, Cynthia Borges. Estratégias lúdicas para uso em terapia
comportamental infatil, Em: Sobre comportamento e cognição: Questionando e
ampliando a teoria e as intervenções clínicas e em outros contextos. SET, Ed. 6. P.
163 – 167, 2000.

NENO, Simone. Análise funcional: definição e aplicação na terapia analítico-


comportamental. Rev. bras. ter. comport. cogn.,  São Paulo ,  v. 5, n. 2, p. 151-
165, dez.  2003. 

RANGÉ, B. Formulação de casos. Em B. Rangé (org.). Psicoterapia


Comportamental e Cognitiva. Campinas: Editorial Psy. p. 33-42. 1995.

REGRA, Jaíde A. G. A fantasia infantil na prática clínica para diagnóstico e


mudança comportamental, Em: Sobre comportamento e cognição: Questionando e
ampliando a teoria e as intervenções clínicas e em outros contextos. SET, Ed. 6. P.
163 – 167, 2000.

SKINNER, B.F. Ciência e Comportamento Humano. Traduzido por J.C.Todorov &


R.Azzi. São Paulo: Martins Fontes. 1998. (trabalho original publicado em 1953).

VIDAL, Francisco Antonio Soto; FIGUEIREDO, Vera Lúcia Marques de;


NASCIMENTO, Elizabeth do. A quarta edição do WISC americano. Aval. psicol., 
Itatiba ,  v. 10, n. 2, p. 205-207, ago.  2011.

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