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AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS
Daniele Alves de Santana1
Edenilze de Lima Santos Carvalho¹
Mary Ângela Ramos da Silva Oliveira¹
Tutor – Maria da Conceição Gonçalves²

RESUMO
O presente estudo tem por objetivo analisar a importância da prática pedagógica nas múltiplas
linguagens da Educação de Jovens e Adultos, para isso iremos discutir o papel da capacitação
profissional dos docentes e as possibilidades para uma educação libertadora nessa modalidade de
ensino. ). A linguagem é caracterizada como uma forma de comunicação, isto é, de comunicação
de um indivíduo com o outro, com o mundo. Concluímos então que as múltiplas linguagens são, em
síntese, as diferentes maneiras de abordar a comunicação com alguém ou com a sociedade. O uso
das múltiplas linguagens serve como essência, quando utilizadas pelo professor na alfabetização,
constituindo diferentes visões interdisciplinares de um tema a ser abordado ou quando associadas
às várias formas de lidar com certo tipo de conteúdo, interligam o aspecto didático com o pessoal,
trazendo à tona diversas maneiras de questionar o conteúdo, relembrando fatos que aconteceram
em suas vidas e que se igualam somente pela outra forma de se trabalhar a matéria, desenvolvendo
no aluno a sensação de sentir-se constituinte do meio escolar e em seguida constituinte da
sociedade e do mundo.

Palavras-chave: EJA; Linguagens; Educação.

1 INTRODUÇÃO

Muitos adolescentes, jovens e adultos estão fora do percentual alfabetizado no Brasil, e isso
ocorre porque quando crianças muitos desses se depararam com várias barreiras à participação
escolar, incluindo questões relacionadas à pobreza, dinâmica familiar e relações familiares. A
localização e distância ou dificuldade de acesso entre as residências e escolas são fatores causadores
desse problema, assim como o trabalho infantil que muitas vezes afasta crianças dessa etapa tão
importante que é a vida escolar.
De acordo com o Ministério da Educa (MEC), o governo assim como toda a sociedade civil
tem como obrigação assegurar que todas as crianças sejam inseridas no contexto escolar, e quando
isso por algum motivo não acontece devidamente, diversas consequências podem ocorrer, gerando
impactos em toda a sociedade e demais aspectos.
Uma das muitas diferenças entre os alunos adultos e seus colegas mais jovens é a
experiência. A educação de adultos tem que se basear no fato de que os estudantes têm muito mais

1
Estudantes do curso de pedagogia da UNIASSELVI;
²Tutora
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experiência de vida. Isso significa que seu conteúdo educacional deve refletir o nível de educação
que completaram, como são suas vidas diárias e o que estão procurando fora de um curso.
Ensinar adultos usando as múltiplas linguagens requer compreender que esses alunos muitas
vezes se identificam mais com conteúdos que são motivados emocionalmente. Isso tornará seu
curso mais compreensível e poderá dar incentivo e motivação positivos que um aluno precisa para
ter sucesso. Isso pode ser conseguido através da narrativa. O profissional de pedagogia deve
aproveitar a experiência de vida do próprio aluno para criar um elemento visual para acompanhar a
lição e tentar gerar interatividade. Quando o conteúdo tem uma conexão emocional com os alunos
adultos, eles prestarão mais atenção à lição.
Partindo dessa premissa, o presente estudo tem por objetivo analisar a importância da prática
pedagógica nas múltiplas linguagens da Educação de Jovens e Adultos, para isso iremos discutir o
papel da capacitação profissional dos docentes e as possibilidades para uma educação libertadora
nessa modalidade de ensino.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia do trabalho baseou-se em uma análise qualitativa dos dados coletados,


Marconi e Lakatos (2003) explicam que a abordagem qualitativa se trata de uma pesquisa que tem
como premissa, analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do
comportamento humano e ainda fornecendo análises mais detalhadas sobre as investigações. Para a
realização deste trabalho, utilizamos estudos científicos que norteiam e justificam o uso da
linguagem apropriada, para o ensino e aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos.

Disponível em: https://www.google.com/search?q=eja+reuniao+em+escola&tbm=isch&ved=2ahUKEwi5hvKU-d33AhXopJUCHRBHAVYQ2-


cCegQIABAA&oq=eja+reuniao+em+escola&gs_lcp=CgNpbWcQAzoECCMQJzoFCAAQgAQ6BAgAEB46BggAEAgQHlCkDlioJGCGJmgAcAB4
AIABogOIAbYdkgEKMC4xNC4xLjIuMZgBAKABAaoBC2d3cy13aXotaW1nwAEB&sclient=img&ei=PRR_YvnzMujJ1sQPkI6FsAU&bih=625&
biw=1366#imgrc=iP7ceVPPaNNumM

Todas etapas para construção do presente estudo irão contribuir para apresentar estudos
que possam evidenciar a importância da capacitação docente e das práticas pedagógicas para as
múltiplas linguagens na EJA. A primeira etapa do trabalho foi à leitura dos resumos dos trabalhos a
fim de verificar a proximidade da abordagem com a discussão proposta. Consecutivamente, as
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principais ideias serão apresentadas no tópico de resultados e discussões, subsequentemente as


considerações finais acerca da temática do estudo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com Santos (2021), as manifestações, a comunicação, ocorrem na escola das mais
diversas formas que são intituladas de linguagens, entre elas destacam-se: a linguagem oral,
contação de história, linguagem audiovisual, linguagem mediada pelas artes visuais - pintura,
colagem, modelagem, linguagem lúdica. No processo de alfabetização de jovens e adultos, através
das múltiplas linguagens, as condições cotidianas, juntamente com fatores como capacidade de
linguagem, idade, gênero, raça e etnia, formam a compreensão dos alunos adultos sobre sua posição
em sala de aula, e terão relação com o seu envolvimento, motivação, conforto, e disposição para
assumir riscos educacionais.
A Lei e Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 1996) reconhece a especificidade da EJA
como modalidade de educação escolar de nível fundamental e médio no qual também reconhece
que a EJA representa uma dívida social não reparada para com os que não tiveram acesso a e nem
domínio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora dela.
A história da Educação de Jovens e Adultos - EJA - no Brasil é permeada pela trajetória de
ações e programas destinados à Educação Básica e, em particular, aos programas de alfabetização
para o combate ao analfabetismo.
Conforme Almeida (2015), em algumas ações, para o público jovem e adulto, embora não se
constitua o objetivo principal, é possível identificar também o incentivo à profissionalização, ainda
que de forma tímida. Por um lado, incentivou-se a aprendizagem da leitura e escrita, para que os
jovens e os adultos pudessem exercer o seu “direito” de voto; por outro lado, o estímulo à
alfabetização veio acompanhado das novas exigências econômicas pela aprendizagem dos
elementos básicos rudimentares da cultura letrada.
Ainda conforme a autora, a Educação de Jovens e Adultos tem uma trajetória histórica de
ações descontínuas, marcada por uma diversidade de programas, muitas vezes não caracterizada
como escolarização. Com a aprovação da LDB 9394/96 e das Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação de Jovens e Adultos, Parecer nº 11/2000, a EJA é caracterizada como modalidade da
educação básica correspondente ao atendimento de jovens e adultos que não frequentaram ou não
concluíram a educação básica. Esses documentos trouxeram alterações e ampliações conceituais
produzidas desde o final da década de 1980, ao usar o termo Educação de Jovens e Adultos para
assinalar as ações anteriormente conhecidas como Ensino Supletivo.
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Conforme Haddad (2006) a Constituição de 1988 demarca avanço do ponto de vista


normativo ao ampliar o dever do Estado para todos aqueles que não têm escolaridade básica,
independente da idade. Destinou ainda 50% dos recursos de impostos vinculados ao ensino para
combater o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental, possibilitando maiores
investimentos para Educação de Jovens e Adultos.
Para Arroyo (2007) a EJA tem que ser uma modalidade de educação para sujeitos concretos,
em contextos concretos, com histórias concretas, com configurações concretas. Sendo que, qualquer
tentativa de diluí-los em categorias amplas, os desfigura. Para o autor, nos últimos anos foram
tempos de deixar mais recortadas essas configurações da concepção de jovem e adulto.
Dessa maneira, perceber que a educação de jovens e adultos, historicamente, tem papel
secundário no cenário da educação brasileira, reafirma a necessidade de buscar alternativas para
facilitar a aprendizagem e inclusão desses estudantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No que diz respeito à relação entre linguagens e educação, Vygotsky (2008) desenvolve a
ideia de que a cultura mediada pela linguagem possibilita a transformação do homem de ser
biológico em ser social, substituindo suas funções inatas e propiciando-lhe a utilização de
instrumentos e técnicas culturais para além dos limites da natureza. Assim sendo, a educação é
capaz de desenvolver as potencialidades do sujeito e de constituirse como expressão histórica e
como crescimento da cultura humana.
A escola como instituição cultural remete à perspectiva de que planeja atividades, modos e
atitudes específicas de ser e de pertencer à cultura social do meio em que cabe. Situada numa
sociedade grafocêntrica, a escola configura-se como um espaço onde ocorrem diversas práticas
culturais e relações entre processos cognitivos e os instrumentos dos signos linguísticos criados
pelos seres humanos. Nesse contexto, enfatiza-se o processo de escolarização, por se considerar que
ele abrange diferentes práticas culturais, as quais pressupõem a aprendizagem não só dos conteúdos
escolares (atividades de leitura, escrita e cálculo), mas também do significado de ser aluno e de ser
professor, e do modo como funcionam e se organizam a escola, os papéis, os direitos, os deveres e
as funções exercidas pelos sujeitos.
O aprendizado, assim, quando bem organizado e imposto, é capaz de desencadear vários
processos internos de desenvolvimento, que só podem ser operados quando a pessoa interage com
outros. Ao serem internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do
desenvolvimento do sujeito que, por sua vez, passam a ser autônomas. Segundo os Parâmentros
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Curriculares Nacionais, a linguagem é “a capacidade humana de articular significados coletivos e


compartilhá-los em sistemas arbitrários de representação” (PCNEM, 2000, p.5). A linguagem é
caracterizada como uma forma de comunicação, isto é, de comunicação de um indivíduo com o
outro, com o mundo. Concluímos então que as múltiplas linguagens são, em síntese, as diferentes
maneiras de abordar a comunicação com alguém ou com a sociedade.
O Ministério da Educação (MEC), elaborou uma Agenda Territorial de Desenvolvimento
Integrado de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos com a finalidade de firmar um pacto
social, para melhorar e fortalecer a educação de jovens e adultos (EJA) no Brasil. São mais milhões
de não alfabetizados no Brasil, é necessário que esse dado seja encarado com a devida seriedade
pelo governo e sociedade, porém mais especificamente o governo que tem o poder de criar meios
para reverter esse quadro, como a criação do Programa Brasil Alfabetizado.
Outros programas voltados para esse público são o Programa Nacional de Inclusão de
Jovens (ProJovem) e Educação de Jovens e Adultos (EJA). É importante utilizar as múltiplas
linguagens na educação de jovens e adultos. Pois deve ser considerado que os estudantes adultos
realmente se apegam às lições que consideram relevantes. Eles precisam entender como as
habilidades que aprendem melhorarão suas vidas diárias. Se eles acreditam que uma lição terá um
impacto mensurável, eles estarão muito mais propensos a se envolver e a internalizar a lição.
De acordo com Souza (2017) as múltiplas linguagens são instrumentos de integração social
e formas de expressão, informação e comunicação. Por meio delas nos conectamos ao mundo da
aprendizagem de diversas formas, seja na arte, na ciência, na tecnologia etc. Diferentes formas de
linguagem fazem parte do meio educacional nos tempos de hoje. Citamos como exemplos as
linguagens visuais, audiovisuais, artísticas, midiáticas, entre outras. Essas linguagens conseguem
transformar a aprendizagem num eixo de dinamismo e multiculturalismo quando utilizamos os
meios diferentes da linguagem verbal para ensinar aos alunos.
Para a autora, o uso das múltiplas linguagens serve como “essência” no ato de buscar.
Quando utilizadas pelo professor na alfabetização, constituindo diferentes visões interdisciplinares
de um tema a ser abordado ou quando associadas às várias formas de lidar com certo tipo de
conteúdo, interligam o aspecto didático com o pessoal, trazendo à tona diversas maneiras de
questionar o conteúdo, relembrando fatos que aconteceram em suas vidas e que se igualam somente
pela outra forma de se trabalhar a matéria, desenvolvendo no aluno a sensação de sentir-se
constituinte do meio escolar e em seguida constituinte da sociedade e do mundo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na EJA, assim como em qualquer outra modalidade de ensino, faz-se necessário o uso das
múltiplas linguagens, pois é através delas que o indivíduo se identificará, integrará ao grupo e
permanecerá dentro da sala de aula. O trabalho do professor é abordar os meios diferentes dessas
linguagens naturais do indivíduo para alcançar outros caminhos de descobertas, de ensino e novas
criações. O conhecimento, os conteúdos, os temas e as atividades variadas estarão presentes na sala
de aula e o aluno buscará com esses diferentes meios seu entendimento e a compreensão do mundo
que o cerca.
Pensamos que todas as formas de linguagem que abordamos neste trabalho são ricas nas
práticas educacionais com a educação de jovens e adultos. Elas permitem uma gama de novas
vivências e de novas experiências que ampliam com intensidade o repertório cultural dos alunos,
oportunizando-lhes diversas interações. Muitas vezes alguns educadores norteiam-se por rotinas
monótonas, com atividades tradicionais, em um espaço simples, desvalorizando a realidade do
cotidiano dos alunos da EJA.

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel Gonzalez. Juventude, produção cultural e Educação de Jovens e Adultos.


In: Leôncio (org.) Diálogos na educação de jovens e adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2007

MEC – Ministério da Educação. Educação de Jovens e Adultos. 2016. Disponível em:


http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/32737-eja Acesso em: 20 de março de 2022.

HADDAD, Sérgio & DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos. Revista
Brasileira de Educação. São Paulo, n. 14, p. 108-30, mai./jun./jul./ago. De 2000.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia


científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI Nº. 9.394, de 20 de dezembro de
1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996.

SANTOS, Daniela Lúcia dos. As múltiplas linguagens na prática pedagógica: educar, cuidar,
brincar. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Escola de Formação de Professores e
Humanidades, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Disponível em:
https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/3186/1/CB Monografia Daniella
Lúcia dos Santos.pdf Acesso em 13 de maio de 2022 ás 22:0h.

SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 5ª edição, 1ª reimpressão. – São Paulo: Contexto,


2008.

SOUZA, Alice Franklin Gomes de. As múltiplas linguagens na alfabetização de jovens e adultos.
Trabalho de Conclusão de Curso. 2017. Curso de Graduação em Pedagogia da Universidade
7

Federal do Rio de Janeiro. Disponível em:


https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2193/1/AFGSouza.pdf Acesso em 14 de maio de 2022 ás
21:30h.

VYGOTSKY, Lev S. - A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos


psicológicos superiores. 7. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

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