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EDUCAÇÃO INFANTIL
Resumo
Este trabalho objetiva compreender o desenvolvimento da criança com deficiência auditiva e surdez em
relação às crianças ouvintes, tendo em vista suas principais dificuldades e de que forma propor jogos que
contribuam para a aprendizagem. Através de pesquisa bibliográfica, em livros, artigos acadêmicos,
documentos oficiais e sites, o trabalho traz propostas para o mediador do conhecimento em sala regular
de ensino trabalhar com essas crianças em questão, com oportunidades para todos. Há diferenças entre
o desenvolvimento da criança surda em relação ao ouvinte, não pela falta de capacidade, mas pela falta
da aquisição da linguagem, fator a ser trabalhado na sala regular, principalmente através dos jogos que
são grandes aliados na educação infantil, favorecendo a atividade lúdica, de forma prazerosa.
Palavras-chave: Crianças. Deficiência auditiva. Surdez. Jogos. Desenvolvimento.
1 Introdução
Este trabalho busca uma compreensão sobre o desenvolvimento dos alunos com deficiência
auditiva e surdez, durante a realização dos jogos. A partir das dificuldades apresentadas, apontar os
elementos que contribuem para uma melhor compreensão do que se pretende, quando apresentado o
jogo.
A educação especial vem passando no decorrer das décadas por transformações. Os alunos com
deficiência auditiva e surdez não eram bem aceitos na sociedade, nem em instituições de ensino. Para
Mazzotta (2005, p. 200):
[...] e, nesse sentido, cabe lembrar que a Educação Especial não deve ser entendida como
simples instância preparadora para o ensino comum, embora se deseje que o maior
número possível dos alunos possa dele se beneficiar [...] (MAZZOTTA, 2005, p. 200).
Tendo como princípio básico a comunicação entre o aluno (com deficiência auditiva ou surdez)
com o professor da sala de aula, é preciso compreender que o desenvolvimento do aluno deve acontecer
de maneira satisfatória, motivando o aluno para o processo ensino aprendizagem.
1
Graduada em Pedagogia pelo Claretiano Faculdade Rio Claro
2
Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e professora do Claretiano Faculdade Rio
Claro
Essas mudanças ocorreram tanto na sociedade como nas instituições escolares. A princípio na
sociedade, as pessoas que nasciam com necessidades especiais eram consideradas imbecis e não
poderiam conviver com outras pessoas ditas como “normais”.
Por volta da década de 1960, os alunos com necessidades educacionais especiais eram
ingressados em escolas especiais e não poderiam ser matriculados em escolas regulares de ensino, pois
se buscava cura para essas deficiências, a fim de torná-los o mais semelhante possível em relação ao
restante da sociedade.
Aproximadamente duas décadas mais tarde a Espanha começou a desenvolver projetos para a
integração desses alunos com necessidades educacionais especiais às escolas regulares de ensino. Dessa
forma, esses alunos também estariam inseridos na sociedade. Para Marchesi (2004, p. 24):
A integração educativa deve ser valorizada não apenas em si mesma, levando em conta se
possibilita o desenvolvimento pessoal e social da criança, mas também favorece a
integração na sociedade durante a juventude e a idade adulta. (MARCHESI, 2004, p. 24).
A importância de oferecer escolas de qualidade a todos os alunos passa a ser discutida entre os
países na Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, resultando, em 1994, na
declaração de Salamanca, realizada na Espanha, com o principal objetivo de incluir todas as crianças na
escola regular de ensino.
A declaração de Salamanca reuniu 88 países e 25 organizações internacionais relacionadas à
educação, tendo como principal objetivo garantir o acesso de todos à educação, conforme o documento
Salamanca (1994):
Toda criança tem direito à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o
nível adequado de aprendizagem, toda criança possui características, interesses,
habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas [...] aqueles com
necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria
acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais
necessidades [...] (SALAMANCA, 1994).
Com o documento, a superação das diferenças entre as crianças e o ensino de qualidade era uma
meta a ser alcançada, para que as limitações das crianças com necessidades educativas especiais fossem
trabalhadas e elas tivessem os direitos garantidos.
Aos países em acordo caberia incluir essas crianças com necessidades educativas especiais na
escola regular e, além disso, contribuir para que tivessem uma educação com qualidade, com professores
capacitados para atender e satisfazer as necessidades de cada uma.
Para garantir os requisitos propostos, a declaração de Salamanca propõe aos países que busquem
por articulação à política, implantando programas que enfatizem mudanças na educação, combatendo o
preconceito e garantindo a qualidade do ensino.
Além da política, devem-se estabelecer apoios e parcerias de instituições, como Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE’s), considerado um importante vínculo, principalmente para uma
integração de todos com o objetivo da inclusão educacional.
A partir de Salamanca algumas transformações passaram a acontecer, havia integração dos
alunos especiais em escolas regulares de ensino, mas ainda alguns países não tinham aderido à proposta.
Anos mais tarde, em 2001, houve a Declaração Internacional de Montreal, realizada em Quebéc,
no Canadá, que defendia em relação à educação especial o envolvimento da comunidade e da sociedade
civil na identificação dos principais problemas e das possíveis soluções para garantir a todos o acesso à
educação.
Sendo assim, os principais sistemas educacionais internacionais adotaram medidas e programas
favorecendo a inclusão das crianças com necessidades educativas especiais, através da qual as crianças
têm o direito ao acesso e permanência na escola, preferencialmente na rede regular de ensino. A
inclusão, para Mittler (2003, p. 34):
[...] é baseada em um sistema de valores que faz com que todos se sintam bem-vindos e
celebra a diversidade que tem como base o gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem
de origem, o background social, o nível de aquisição educacional ou a deficiência [...]
(MITTLER, 2003, p.34).
Além de conquistada sua vaga, a criança com necessidade educativa especial tem o direito ao
suporte necessário para auxiliar em seu aprendizado, como materiais especializados, recursos
pedagógicos e outros que contribuam para um ensino de qualidade.
Em âmbito internacional, as mudanças foram acontecendo de forma gradual, sendo que em
países subdesenvolvidos essas transformações levaram mais tempo ainda para acontecer.
De acordo com as trocas de governos e com as propostas a serem aplicadas, a educação especial
ficava à mercê do novo governo, que somente colocava em prática as propostas que estivessem de
acordo com os interesses do governo atual.
Apenas na Constituição Federal de 1988 é que se garantiu a educação a todos:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(BRASIL, 1988).
O Brasil, assim como os demais países, passou a considerar a educação especial um fator
importante, desde que efetivada com qualidade e igualdade, valorizando os profissionais da educação
escolar.
Em 1990 surgiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que assegura especificamente a
educação especial, preferencialmente em rede pública de ensino, e garante a qualidade para o trabalho e
a igualdade no atendimento.
Outro avanço acerca das leis federais foi a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
em 1996. Em seu Capítulo V – Da Educação Especial, além de explicar sobre o tema, ela prevê avanços
em benefício dos alunos especiais:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
portadores de necessidades especiais.
1º haverá, quando necessário, serviço de apoio especializado, na rede regular, para
atender às particularidades da clientela de educação especial.
2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função de condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular.
3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária
de zero a seis anos, durante a educação infantil. (BRASIL, 1996).
Diante das propostas de mudanças e das leis que garantiam a inclusão escolar, o
desenvolvimento integral dessas crianças especiais passaria a contar com recursos específicos e com uma
adaptação no currículo escolar que favorecesse o ensino.
O currículo escolar da educação básica é importante e considerado flexível, modificado de acordo
com a realidade das crianças e desenvolvido na educação infantil a partir do lúdico, onde se aprende de
forma prazerosa, como a partir dos jogos, que auxiliam no processo de desenvolvimento das crianças de
modo geral e também nas crianças com deficiências.
O jogo é algo abrangente, sua definição se torna complexa por se tratar de um termo que não é
definitivo, levando em consideração suas particularidades e não apenas os objetos utilizados.
Desde outros tempos ele é utilizado, pois “o jogo serviu de vínculo entre os povos, é um
facilitador da comunicação entre os seres humanos” (ORTIZ, 2005, p. 9) e se faz útil no desenvolvimento
das crianças, principalmente por favorecer a comunicação.
Nem sempre o jogo foi visto como um recurso pedagógico, sendo assim, seu uso era restrito,
com o passar dos anos foi percebida sua importância, principalmente através da aprendizagem de forma
lúdica, que leva em consideração o ensino prazeroso, que faz sentido para a criança.
O ser humano, de modo geral, sente prazer pelo jogo, principalmente por se tratar de algo
interessante e desafiante, algo estimulante e em que se depende de regras para vencer.
Pode ser apresentado de diversas formas, utilizando-se de inúmeros objetos, como corda,
tatames, tecnologias, bolas, ou então exigindo de seus jogadores raciocínio durante as partidas.
Sobre o conceito de jogo, Ortiz (2005, p. 17) afirma:
O conceito de jogo é tão versátil e elástico que escapa a uma localização conceitual
definitiva. Nesse sentido, qualquer tentativa, por mais erudita que seja somente será
capaz de captar uma parte de verdade do jogo, não global ou total. (ORTIZ, 2005, p.17).
Para fugir do isolamento social resultante da ausência de língua, a criança surda usa
gestos, icônicos e indicativos, a fim de comunicar-se com os ouvintes. O uso de gestos não
é exclusivo dos surdos, pois pequenos ouvintes também os produzem e interpretam
durante seu desenvolvimento. Pelo fato de a língua de sinais possuir um canal visuo-
manual, os sinais são confundidos, muitas vezes, com gestos. (SANTANA, 2007, p. 79).
Logo, durante a realização dos jogos, a criança com deficiência auditiva ou surdez pode se
manifestar e muito provavelmente ela fará isso, se não compreender algo, ou fará como uma
manifestação de sentimentos, que deverá ser percebida, principalmente por ser a sua forma de
comunicação.
Dependendo do caso e da lesão no ouvido, a criança pode apresentar deficiência auditiva ou ser
diagnosticada com surdez. É importante que o professor da sala regular saiba sobre as limitações de seu
aluno, dessa forma, poderá melhor interferir e adaptar as atividades.
Em relação à perda auditiva, vale lembrar que “a classificação da perda é: perda leve de 20 a 40
dB, perda média de 40 a 70 dB, perda séria de 70 a 90 dB e perda profunda superior a 90 dB”
(MARCHESI, 2004, p. 174).
Para avaliar o nível de perda auditiva da criança é necessário um exame de audiometria,
realizado pelos profissionais da área de fonoaudiologia e/ou otorrinolaringologia.
A partir dos resultados, o professor deve ser comunicado para estar mais convicto de suas
práticas pedagógicas, visando contribuir para a um ensino de qualidade e que faça sentido à criança.
Os jogos devem ser levados em consideração, pois é uma prática importante no desenvolvimento
das crianças surdas. Segundo Marchesi (2004, p. 184):
Uma das condutas mais importantes da etapa representativa e simbólica é o jogo. Esse
tipo de atividade, que não exige a presença de intercâmbios comunicativos, é
particularmente relevante para analisar o desenvolvimento cognitivo das crianças surdas.
(MARCHESI, 2004, p.184).
Ainda segundo o referido autor, as crianças surdas entre zero a dois anos apresentam o
desenvolvimento muito semelhante à criança ouvinte, em que a imitação vocal e emissão dos sons são os
únicos fatores diferenciais de uma para outra – algumas crianças surdas apenas balbuciam.
Dos dois aos quatro anos de idade o desenvolvimento ainda é muito similar, a diferença é que a
criança surda requer muito do concreto, do campo tátil e da visão, sendo assim, o mundo da fantasia
sofre certo atraso, por pertencer ao campo do que não se pode tocar (MARCHESI, 2004).
Os jogos que trabalham a imaginação e o mundo da fantasia são fundamentais durante essa fase
do desenvolvimento, dessa forma as crianças surdas participam de novas experiências, contribuindo para
sua aprendizagem.
O principal destaque de diferenças, durante a educação infantil, está na faixa etária de quatro a
seis anos. A linguagem é pouco compreendida, desde que o nível linguístico não seja reforçado, assim, a
criança surda começa a apresentar dificuldades no ambiente escolar.
Para que a linguagem seja compreendida por essas crianças especiais, é importante que elas
desde bem pequenas já adquiram a língua de sinais, para que dominem nessa idade uma forma de
linguagem e de comunicação.
Além da necessidade de uma linguagem para comunicação desde pequenas, outros fatores em
dificuldade são a socialização, a memória e a sequência que ficam comprometidas pela ausência da fala e
da comunicação. (MARCHESI, 2004).
8 O intérprete de LIBRAS
Sobre a comunicação é imprescindível que ela seja estabelecida entre o professor e o aluno,
como também entre todos os alunos da sala de aula. Para que isso seja garantido, há a presença do
intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) na sala de aula, que faz mediações e estabelece sólida
comunicação. Segundo Lacerda (2013, p. 50):
Nesse sentido, são necessários profissionais que tenham domínio da Libras, que pensem
estratégias pedagógicas que contemplem as necessidades das crianças surdas, e em
alguns casos a presença do intérprete se faz necessária para que alguns desses alvos
sejam alcançados. (LACERDA, 2013, p. 50).
A criança surda não deve ser vista como um estrangeiro em seu próprio país de origem, ela deve
ser inserida na sociedade e ter contato com a comunidade surda, dessa forma ela se vê pertencente a um
grupo específico, sendo que o conhecimento e a cultura podem ser favorecidos nessa inserção.
De acordo com as dificuldades apresentadas e principalmente pela falta da linguagem nas
crianças com deficiência auditiva e surdez, serão apresentadas algumas propostas de jogos que
trabalham especificamente cada uma dessas dificuldades.
9 Propostas de jogos para se trabalhar em sala de aula com crianças com deficiência
auditiva e surdez.
É visto que os jogos auxiliam no processo de aprendizagem das crianças, sendo indispensável
como recurso em sala de aula, principalmente por se desenvolver a partir do lúdico, de forma prazerosa.
O jogo é formado por um conjunto de dimensões importantes. Segundo Marchesi (2004, p.182):
Uma das condutas mais importantes da etapa representativa e simbólica é o jogo. Esse
tipo de atividade, que não exige a presença de intercâmbios comunicativos, é
particularmente relevante para analisar o desenvolvimento cognitivo das crianças surdas.
(MARCHESI, 2004, p.182).
Durante a realização dos jogos, podem-se identificar e analisar as facilidades e dificuldades das
crianças surdas, sendo assim, ao professor cabe intervir e mediar de acordo com o que é apresentado.
A memória é outra área que as crianças surdas apresentam dificuldades. Conforme Marchesi
(1993, p. 89):
Tanto en niños sordos como en oyentes, los processos de organización y control de la
memoria comienzan a una edad similar. Ocurre que, en general, los niños sordos rindem
menos en tareas de recuerdo que los oyentes.Esto no significa una menor capacidade en
general sino una consecuencia del déficit auditivo. (MARCHESI, 1993, p. 89).
Em atividades que exigem lembranças e memória, há um menor rendimento por parte das
crianças surdas, não pela falta de capacidade, mas sim por uma consequência da perda auditiva.
Para desenvolver a memória e lembranças, o jogo da memória é proposto, segundo o quadro
abaixo:
Quadro 3.1 – Aplicações do Jogo da Memória.
JOGO DA MEMÓRIA
Objetivos do jogo: lembrar o maior número possível de objetos e a sequência que foi
tocado. No outro jogo da memória combinar as figuras idênticas ou ainda virar uma figura
que corresponda ao seu sinal.
Realização: escolhido o primeiro jogador, este sai de seu lugar e toca em qualquer objeto
que esteja na sala e, ao mesmo tempo, digita ou sinaliza (dependendo da proposta do jogo)
o nome do objeto. Volta para o seu lugar e toca em outro jogador. Este, por sua vez, toca
no objeto que seu precedente tocou, digita-lhe/sinaliza-lhe o nome e toca outro objeto
digitando/sinalizando o nome. O jogo prossegue da mesma forma. Os jogadores devem
tocar e digitar/sinalizar o nome de todos os objetos tocados anteriormente e acrescentar
mais um. No outro jogo da memória, cada jogador tem uma chance de virar as figuras que
estão de cabeça para baixo, afim de que sejam idênticas ou correspondentes.
Durante a realização dos jogos, a comunicação deve ser estabelecida, principalmente pelos sinais
em LIBRAS, como também a realização ser com a correspondência entre imagem e sinal. Dessa forma,
há um desenvolvimento no conhecimento da linguagem sinalizada.
A sequência narrativa é outra dificuldade apresentada por algumas crianças surdas. Para isso, o
quebra-cabeça é um jogo que reforça essa sequência e permite ao professor e ao intérprete que
trabalhem com os sinais da imagem apresentada, conforme apresentado no quadro abaixo:
QUEBRA-CABEÇA
Objetivos do jogo: reconstruir uma imagem, como a do corpo humano, a partir de peças
que se interligam.
DOMINÓ
Objetivo do jogo: dar sequência à trilha montada pelas peças na ordem da última imagem
das extremidades.
Realização: podem-se utilizar vários campos semânticos, contendo frases/figuras de
ações; de nomes/figuras de objetos; de antônimos; de quantidade (numeral/número); de
grau do substantivo (aumentativo/diminutivo).
Obs.: todos podem ser trabalhados com figuras/palavras da língua portuguesa ou da
Língua Brasileira de Sinais.
Fator de desenvolvimento: fica evidente a questão da comparação e da sequência que há
de se estabelecer. A parte da socialização é algo fundamental neste jogo. Caso haja peças
correspondentes e não idênticas, a criança deve ter o domínio da linguagem de sinais.
Assim como os demais jogos, as variações podem acontecer principalmente na troca de campo
semântico, na troca de quem dita as pedras marcadas e no trabalho com frases ou mais palavras que
permitem desafios maiores à criança surda
As adequações e adaptações devem priorizar o pleno desenvolvimento da criança surda, tendo
em vista a superação das dificuldades apresentadas, pois essas dificuldades estão relacionadas à perda
auditiva e à linguagem oral, e não à falta de capacidade dessas crianças especiais.
9 Considerações Finais:
O desencadeamento para a inclusão escolar, além de levar muito tempo para sua consolidação,
custou a muitas crianças o não direito de pertencer à escola, que foi conquistado apenas há décadas
atrás.
A partir dessa conquista, a criança surda depende de uma comunicação na rede de ensino para
que seja garantido o seu desenvolvimento, cabendo ao professor ser o facilitador da aprendizagem,
através de adaptações que superem as dificuldades dessas crianças em questão.
Os jogos contribuem para esse desenvolvimento íntegro, devendo ser trabalhados tanto na sala
regular de ensino como na sala de recursos, que é uma sala com atendimento individual e com professor
especialista, geralmente em turno contrário ao da sala regular.
Antes mesmo de apresentar os jogos às crianças, faz-se importante que o professor experimente
sua realização e oportunize as variações adequadas para o jogo, visando principalmente o campo
abstrato, que é o mundo da fantasia, em uma proposta que permita a imaginação.
O papel do intérprete de LIBRAS é algo fundamental, uma vez que, em parceria com o professor
titular da sala de aula regular, contribui para a formação da criança surda, a partir de uma proposta
bilíngue, que é o ensino em LIBRAS como primeira língua e a escrita em língua portuguesa
posteriormente.
Contudo, deve-se ressaltar o potencial das crianças com deficiência auditiva e surdez, que a
partir de estímulos adequados conseguem aprender e ter o desenvolvimento similar ao da criança
ouvinte, sendo assim, a inclusão acontece e as crianças surdas têm as mesmas oportunidades das
ouvintes.
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS