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NÍVEIS SILÁBICOS DE EDUCANDOS DO NÚCLEO DE ESTUDOS E

PESQUISAS EM PSICOPEDAGOGIA DIFERENCIAL EM 2017/2018

Maria Almerinda de Souza Matos


Danilo Batista de Souza
Maria Juciane Carvalho da Cruz
Anna Victória Soares Fernandes
Vanessa Macedo Nogueira
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), PAEE/FACED/PROEXTI/UFAM
Eixo Temático: Leitura e Escrita e a Aprendizagem de Alunos Público-Alvo da
Educação Especial
Categoria: Comunicação Oral

RESUMO

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial -


NEPPD/FACED/UFAM é um espaço interventor e objetiva atender crianças que
apresentem dificuldades no processo de aprendizagem. Neste artigo, por meio
da abordagem qualitativa, socializamos os resultados e experiências na
aplicação da Aula-Entrevista (GEEMPA, 2010), sua relevância e contribuição
do instrumento no processo da escrita, leitura e aprendizagem das crianças
atendidas em 2017 e 2018. Neste período, participaram 42 crianças sendo 15
meninas e 27 meninos, com a faixa etária entre 06 a 13 anos, 37 crianças são
de rede pública e 5 de rede privada, as queixas apresentadas foram 3 crianças
com Transtorno do Espectro Autista e 39 com Dificuldade de Aprendizagem.
Os resultados nos permitiram identificar os níveis de leitura e escrita em que as
crianças atendidas se encontram.
Palavras-Chave: Alfabetização. Níveis de Leitura e Escrita. Educação
Especial. Extensão Universitária.
INTRODUÇÃO

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial


(NEPPD), foi fundado em 2001, está localizado na Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e envolve professores,
acadêmicos de graduação e pós-graduação através de um trabalho
multidisciplinar e interdepartamental.
Suas linhas de pesquisas integram a Acessibilidade, Tecnologia
Assistiva, Comunicação Alternativa, Desenvolvimento e Aprendizagem,
Educação Especial no Contexto da Educação Inclusiva, Psicomotricidade e
Psicopedagogia. O Núcleo focaliza o ser humano no seu aspecto global,
relacionando-o diretamente ao processo de aprendizagem visando identificar,
acompanhar e orientar pais, professores e estudantes por intermédio do
Programa de Apoio Educacional Especializado (PAEE/NEPPD) aprovado em
2011 pela Pró-Reitora de Extensão e Interiorização (PROEXTI), e promove
atendimentos principalmente à comunidade de baixa renda, escolas públicas e
entidades filantrópicas do município de Manaus - AM.
O PAEE/NEPPD realiza seis ações de forma contínua e simultânea,
buscando desenvolver o indivíduo de forma global (cognição, motricidade e
afetividade) através de um trabalho multidisciplinar voltado aos educandos com
dificuldades na aquisição de aprendizagem e pessoas com ou sem deficiência.
Os trabalhos variam de apoio Pedagógico e Psicopedagógico para
avaliação/intervenção nas salas de atendimento do NEPPD.
A Ação Contínua 02 intitulada “Ciclo de Palestras e Debates sobre
Inclusão no Contexto Amazônico NEPPD/FACED/UFAM” cujo objetivo é
promover mensalmente um encontro entre acadêmicos, professores e
profissionais da Educação para discutir as temáticas acerca da Educação
Especial e Inclusão no Contexto Amazônico.
Ação Contínua 03 de “Apoio Pedagógico Para Escolares Com
Dificuldades de Aprendizagem e/ou Com Deficiências Atendidas no
NEPPD/FACED/UFAM”, objetiva atender escolares que apresentam
dificuldades de aprendizagem e conta com a participação de acadêmicos do
curso de Pedagogia, tanto nos atendimentos, quanto na busca de intervenções
e materiais pedagógicos que auxiliem no desenvolvimento dos educandos.
Ação Contínua 04, intitulada “Atendimento Educacional Especializado
para comunidade nas Salas de Avaliação e Intervenção do
NEPPD/FACED/UFAM” que tem por objetivo realizar Atendimento Educacional
Especializado para crianças e ou adolescentes da comunidade do entorno da
Universidade Federal do Amazonas e áreas afins, com necessidades
educativas especiais, objetivando favorecer o processo de desenvolvimento
das habilidades motoras, percepção, memória, linguagem e conceitos
matemáticos por meio de intervenções pedagógicas, Psicopedagógicas e
psicomotoras que auxiliem na aquisição das competências de leitura, escrita e
raciocínio lógico matemático.
Os atendimentos são realizados no Laboratório de Teoria e Práticas da
Aprendizagem Humana que é um espaço interventor e objetiva atender
crianças que apresentem dificuldades no processo de aprendizagem,
atendendo deste modo, pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA),
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Down
e outros. Seja por fazerem parte do público alvo da Educação Especial ou não,
de forma específica, diferenciada, proporcionando deste modo, um fazer
pedagógico que lhes proporcione aprendizagens significativas e permanência
em espaço escolar através de Avaliações Pedagógicas de acordo com o nível
de aprendizagem do educando, objetivando identificar o que o educando
domina ou não, utilizando instrumentos pedagógicos como: Aula-Entrevista:
Caracterização do Processo Rumo à escrita e à Leitura (GEEMPA, 2010) e as
Avaliações Pedagógicas de Língua Portuguesa e Matemática com Base nos
Descritores (MEC, 2015).
Desenvolvemos, a priori, nesta pesquisa, uma breve interpretação
sobre a abordagem da Alfabetização que orienta este trabalho. Sendo está
definida como um processo de aprendizagem da criança onde desenvolve-se a
habilidade de ler e escrever de forma adequada de maneira a utilizar esta
habilidade como um código de comunicação com o seu meio.
Ao falarmos de Alfabetização temos em mente desenvolver estudos
que contribuam na construção do direito da criança a uma educação de
qualidade, na qual está possa ter voz ativa no seu processo de aprendizagem,
afim de que o professor alfabetizador seja um potencializado de conhecimentos
para seus alunos, desenvolvendo juntos um olhar crítico sobre a sua realidade.
Nesse contexto, a alfabetização é compreendida como prática social
por torna-se uma necessidade na vida em sociedade, nas quais as pessoas
fazem uso da escrita para se comunicar, logo a alfabetização “[...] é o processo
de inserção no mundo da linguagem escrita” (GONTIJO, 2002).
Pensar na leitura e na escrita da criança acreditamos que uma boa
prática escolar deve passar a vê-la como um sujeito histórico e de direitos que
se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas tanto com adultos
como com crianças de diferentes idades, nos grupos e contextos culturais nos
quais elas se inserem. Podemos considerar que

Até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar,


em relação ao papel fundamental que ela desempenha no
desenvolvimento cultural da criança. Ensina-se às crianças a
desenhar letras e a construir palavras com elas, mas não se ensina a
linguagem escrita. Enfatiza-se de tal forma a mecânica de ler o que
está escrito que acaba-se obscurecendo a linguagem como tal
(VIGOTSKI, 1998).

Portanto a criança vai construindo sua identidade através da


concepção que ela tem do mundo produzindo cultura tanto pessoal como
coletiva. Isso se dá através de suas experiências, amizades, curiosidade,
desejos e aprendizagem sobre tudo a sua volta, muitas vezes em seu mundo
de faz- de- conta que faz parte da natureza e essência de uma criança.
No entanto a aquisição da linguagem, movimento, formação da
imaginação, embora presentes no desenvolvimento biológico com a maturação
de suas capacidades, só serão despertados e desenvolvidos através da
aprendizagem como um estabelecimento de novas relações entre a criança e o
meio ambiente, ou seja, a aprendizagem é concebida histórica e culturalmente
mediada por parceiros mais experientes, como um coleguinha mais velho, o
professor ou a professora e os pais que exercem um papel fundamental no
aprendizado da criança.
Para tanto o professor ou professora alfabetizador tem excelente
oportunidade, juntamente com a criança de se desenvolverem tanto no pessoal
como no profissional, mas para isso, é importante conhecer as particularidades
da criança, pois cada um apresenta um ritmo diferente no processo
alfabetizador.
Buscando, portanto novas formas de conhecimento para além da
alfabetização precisamos mostrar aos alunos os significados e as funções das
escritas, registrando as observações e maneira a criar situações de ensino e
aprendizagem para as crianças.

OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo socializar os resultados e


experiências na aplicação da Aula-Entrevista (GEEMPA, 2010), sua relevância
e contribuição do instrumento no processo da escrita, leitura e aprendizagem
das crianças atendidas no Laboratório de Teoria e Práticas da Aprendizagem
Humana do Núcleo de Estudos e Pesquisas Diferencial em 2017 e 2018.

METODOLOGIA

Na intenção de alcançarmos nosso objetivo, neste estudo utilizamos a


abordagem qualitativa, com o intuito de identificar os níveis de leitura e escrita
de educandos atendidos no NEPPD/FACED/UFAM no período de 2017/2018,
utilizamos como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica e
documental.
Por meio da pesquisa bibliográfica, também denominada de pesquisa
de fontes secundárias (MARCONI; LAKATOS, 1993), procuramos realizar um
apanhado da literatura existente, principalmente em livros, com o intuito de nos
fornecer dados atuais e relevantes sobre a temática de alfabetização, leitura e
escrita.
Para recolha das informações, realizamos a pesquisa documental por
meio dos Relatórios das Aulas-Entrevistas (GEEMPA, 2010), de acordo com
Lüdke e André (1986), os dados adquiridos por diversos procedimentos
metodológicos, além de desvelar aspectos novos de um problema ou de um
tema.
A análise formal dos dados foi desenvolvida a partir do que propõe a
análise de conteúdo que tem sido muito utilizada em pesquisas do tipo
qualitativa (TRIVIÑOS, 1987; MINAYO, 1993; ANDRÉ, 1995; MONTEIRO,
1998; e outros). Essa técnica permite uma análise mais refinada do que foi
coletado, capturando o dito e não dito das interações com os documentos.
Segundo Bardin (2011) a análise de conteúdo numa pesquisa
qualitativa pressupõe investigar a presença ou ausência de uma característica
de conteúdo ou de fragmento de mensagem sobre um determinado tema.
Para identificarmos os níveis silábicos das crianças atendidas foi
aplicada a Aula-Entrevista (GEEMPA, 2010). O GEEMPA significa Grupo de
Estudos sobre Educação, Metodologia da Pesquisa e Ação e foi fundado pela
professora Esther Pillar Grossi no ano de 1970, onde seu objetivo principal é
identificar o nível de leitura e escrita (Pré-Silábico, Silábico, Silábico-Alfabético
e Alfabético) com crianças em processo de alfabetização.
O instrumento é composto por uma avaliação que contém 10 questões,
sendo 5 questões de escritas, 4 questões de leitura e 12 fichas dividas em
palavras, números, letras, desenho e história. As questões que contem na
avaliação serão detalhadas a seguir:
A 1ª questão consiste em a criança escrever seu próprio nome; a 2ª
questão a ser resolvida baseia-se na leitura do seu nome que seguidamente é
ocultado algumas partes; 3ª escrita de quatro palavras e uma frase; 4ª
constitui-se na leitura de um pequeno texto o “Pobre rato”; 5ª questão o aluno
realiza a leitura de quatro palavras e uma frase; 6ª atividade é a elaboração e
escrita de um texto; 7ª e 8ª se complementam pois em uma o educado
escreverá as letras do alfabeto que conhece e a na outra terá que falar os
nomes das letras; 9ª questão associação das letras com som das iniciais das
palavras é divido em letra A,B e C. Na letra A o educando será questionado se
conhece alguma palavra com a letra que o avaliado falar, na letra B terá que
escreve-las; letra C a criança será questionada, por exemplo se a palavra navio
inicia com a letra M, obviamente a criança terá um resposta no qual o avaliador
terá que fazer o registro; 10ª e última questão é a associação de unidade
linguista onde são apresentados 12 cartões para a criança, o avaliador terá
que mostrar os cartão de um em um e o educando identificará o que consta
em cada cartão.

RESULTADOS

No período de 2017 a 2018 foi realizado a aplicação da Aula-Entrevista


(GEEMPA, 2010), no qual participaram 42 crianças sendo 15 meninas e 27
meninos, com a faixa etária entre 06 a 13 anos, 37 crianças são de rede
pública e 5 de rede privada, as queixas apresentadas foram 3 crianças com
Transtorno do Espectro autista e 39 com Dificuldade de Aprendizagem. Os
resultados obtidos após a aplicação da Aula-Entrevista (GEEMPA, 2010) nos
permitiu identificar os níveis em que as crianças atendidas se encontram.
O gráfico a seguir nos mostra o quantitativo de crianças atendidas por
nível conceitual:
Fonte: Relatórios da Aplicação do Instrumento Aula-Entrevista (NEPPD, 2017; 2018).
Nota: Dados Trabalhados pelos Autores.

A partir do gráfico acima o primeiro nível nomeado Pré-silábico é


representado pela barra azul que é caracterizado pelo momento em que a
criança não sabe o que é a escrita, o que significa que para ela escrever é
como apenas desenhar, onde traçam linhas onduladas tentando aproximar da
escrita cursiva, foi identificada apenas duas crianças.
A partir do momento que esse educando tiver contato com a escrita por
meio de material impresso assim como as letras passará a obter um
entendimento que se utiliza as letras para escrever, inicialmente conhecerá as
letras do seu nome e passará a usa-las para a escrita de palavras (CAMARGO,
2012).
Outra característica importante nessa hipótese é a presença do
realismo nominal que significa uma associação do nome com o objeto, como
por exemplo, a palavra boi e borboleta, ao solicitar que uma criança escreva as
duas palavras, logo escreverá a primeira palavra com maior quantidade de
letras associando com o animal e a segunda palavra apesar de ser grande a
criança associará com o animal que é pequeno utilizando menor quantidade
letras (CAMARGO, 2012).
No nível silábico foi identificado 5 crianças que no gráfico é simbolizado
pela barra de cor laranja, esse nível é representado pela fase em que a criança
ao escrever uma palavra utiliza apenas uma letra para cada silaba, ou seja,
para cada vez que abre a boca para pronunciar, exemplificamos com a palavra
CAVALO ao escrever uma criança que se encontra nesse nível escreverá TOA
(CAMARGO, 2012).
A barra de cor cinza corresponde a fase silábico-alfabético constatado
apenas 9 crianças, esse nível é marcado pelo momento em que a criança já
escreve algumas silabas completas e outras não como por exemplo SPATO
(sapato) (CAMARGO, 2012).
A barra de cor amarela, corresponde ao último nível denominado
alfabético, foi notado 26 crianças apresentando erros ortográficos que serão
trabalhados durante seu processo de escolarização, fazendo correspondência
entre letras e sons, percebendo ainda que as palavras são divididas em silabas
(CAMARGO, 2012).

CONCLUSÕES

Mediante esta pesquisa pudemos compreender, portanto, que a


linguagem permite que a criança possa representar algum objeto e usar sua
imaginação naquele momento. Corroborando um pouco as ideias de Vygotsk
salientamos a criança como um ser social e que, desde a sua infância já faz
parte de um mundo que poderá constituir seu comportamento em contato com
a linguagem.
Logo aprendendo a ler e a escrever, a criança assimila a estrutura
fônica das palavras constituídas nos textos que serão disponibilizados pelo
professor para sua comunicação com outras pessoas, interagindo assim, com
diversas informações escritas nos textos. Esse envolvimento da criança com os
textos proporcionará outros diversos conhecimentos ainda não adquiridos
anteriormente.
Portanto, pensar na leitura e na escrita da criança já é inseri-la no
processo alfabetizador. Acreditamos que a apropriação dos conhecimentos e
da linguagem escrita deve ser um objetivo a ser trabalhado pelo professor
alfabetizador, este que será o principal mediador da escrita, possibilitando que
toda criança entre em contato com essa linguagem que lhe permita atribuir
significados no uso livre e consciente de interação com o mundo.

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da Prática Escolar.


Campinas: Papirus, 1995.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições, 2011.

CAMARGO, Raiolanda Magalhães Pereira de. Níveis de Conceitualização de


Leitura e de Escrita e Intervenções Didáticas, 2012. Mimeo.

GEEMPA. Aula-Entrevista: caracterização do processo rumo à leitura e à


escrita. Porto Alegre: GEEMPA, 2010.

GONTIJO, Cláudia Maria Mendes. O Processo de Alfabetização: Novas


Contribuições. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Elisa Dalmazo Afondo de. Pesquisa em


Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de


metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1993.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. São Paulo:
Hucitec,1993.

NEPPD, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial.


Relatório da Aplicação da Aula-Entrevista (GEEMPA, 2010). Manaus, 2017.

NEPPD, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial.


Relatório da Aplicação da Aula-Entrevista (GEEMPA, 2010). Manaus, 2018.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências


sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

VYGOTSKY, Lev Semenovith. A formação social da mente: o


desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.

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