Você está na página 1de 15

1

O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DE UM ALUNO SURDOCEGO:


ESTUDO DE CASO COM ÊNFASE EM HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO
E INTERAÇÃO. Simara Pereira da Mata (Mestranda); Jáima Pinheiro de Oliveira
(Orientadora). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de
Marília. simaraps@yahoo.com.br, jaima@marilia.unesp.br
Linha de pesquisa: Educação Especial

Resumo

Embora pouco investigados em pesquisas científicas, alunos com deficiências mais


complexas, como a surdocegueira, têm emergido nas escolas regulares e exigido destas
instituições, reorganizações fundamentais – micro e macroestruturais – para um
atendimento educacional voltado para o aluno e suas potencialidades. Esta pesquisa, de
abordagem qualitativa, será organizada em dois estudos: o primeiro descritivo e
documental e o segundo descritivo e quase-experimental. O primeiro estudo
contemplará o objetivo de descrever os aspectos de desenvolvimento e de trajetória
escolar do aluno; e o segundo, terá como objetivo sistematizar um programa com
indicação de estratégias e recursos com enfoque em comunicação e interação no
contexto escolar. Essa pesquisa foi originada das inquietações advindas da experiência
da pesquisadora como professora de uma turma com um aluno com surdocegueira
congênita sem comunicação oral, de doze anos de idade e que nunca havia frequentado
uma escola. Os estudos serão realizados em uma escola de ensino fundamental de um
município do interior de São Paulo. Participarão da pesquisa profissionais que atuaram e
atuam com o aluno, familiares e colegas de classe. Serão utilizados como instrumentos
de coleta de dados do Estudo 1: análise documental e entrevistas semiestruturadas; e no
Estudo 2: diário de campo, gravação de áudio e filmagens. Espera-se contribuir com as
perspectivas que promovam, efetivamente, o processo de escolarização desse público.

Palavras-chaves: Surdocegueira, Escolarização, Comunicação.

1 – Introdução
2

Para Yin (2001) um estudo de caso surge da necessidade de estudar fenômenos


sociais complexos em contextos naturais, extraídos, algumas vezes, da própria
experiência do pesquisador. Nesta perspectiva, este estudo surgiu de uma experiência
docente em uma sala regular de primeiro ano do ensino fundamental com um aluno que
possui surdocegueira congênita sem comunicação oral, de doze anos de idade e que
nunca havia frequentado uma escola.
Anteriormente a esta experiência instigadora e motivadora, outra experiência
relacionada à temática me trouxe certa inquietação. Em uma pesquisa de trabalho final
de um Curso em Atendimento Educacional Especializado na Perspectiva da Inclusão, no
qual eu buscava discutir a percepção de professores de educação básica I acerca da
inclusão de alunos com surdocegueira, constatou-se que apenas 5 de 20 professores
investigados de uma escola municipal de uma cidade do interior de São Paulo – mesma
escola onde será realizado este estudo – acreditavam na possibilidade de uma efetiva
inclusão do aluno com surdocegueira na escola regular.
Esta descrença estava entrelaçada à falta de condições materiais da escola e
despreparo dos professores para atuação com um aluno com surdocegueira, visto que a
maioria destes nunca havia tido contato com a temática, em sua formação inicial ou
continuada (SILVA e VILLAS BOAS, 2012). Diante disso, como essa mesma escola e
os profissionais que atuavam na época lidaram e ainda lidam com o ingresso de um
aluno com surdocegueira que nunca havia frequentado uma escola anteriormente e as
especificidades que esse ingresso exige?
Embora pouco investigados em pesquisas científicas, alunos com deficiências
mais complexas, como a surdocegueira, têm emergido nas escolas regulares
(DUGNANI e BRAVO, 2009) e exigido destas instituições, reorganizações
fundamentais – micro e macroestruturais – para um atendimento educacional voltado
para o aluno e suas potencialidades.
Ribeiro (2006) em um estudo que visava identificar os significados reguladores
de práticas de educação inclusiva por parte de professores de duas escolas do Distrito
Federal, concluiu que os professores, compreendidos aqui como a escola, encontram-se
em um processo de transição, no qual teoria e práticas conservadoras estão sendo
confrontadas por concepções práticas voltadas para o ensino dialógico que valoriza as
interações e considera as especificidades do aluno.
3

Nesta perspectiva, caminharia a escola em direção às concepções e práticas


capazes de reestruturar, mesmo que ainda aparentemente discreta, a reestruturação das
formas de intervenções pedagógicas.
Assim, uma das hipóteses deste estudo é a de que a escola, embora vista ainda
como não preparada para o atendimento integral de alunos com deficiência, na prática,
buscou e ainda busca, por meio de tentativas assertivas ou não, estratégias e recursos
que resultam em avanços significativos para o desenvolvimento, para o processo de
escolarização e de apropriação cultural deste aluno e dos outros sujeitos envolvidos no
processo.
Especificamente sobre as limitações sensoriais, sabe-se que as associações
destes comprometimentos podem gerar limitações nas respostas a estímulos externos,
comunicação e interação social (MAIA, GIACOMINI e ARAÓZ, 2009).
A surdocegueira é uma deficiência de características heterogêneas e a
capacidade de aprendizagem está relacionada às possibilidades de intermediação com o
ambiente em que está inserido. A sua forma de desenvolvimento é bastante peculiar e
exige dos profissionais especialmente no ambiente escolar, conhecimentos específicos e
domínio do uso de recursos e estratégias adequadas para interação, comunicação e
mobilidade.
Araóz e Costa (2008) após constatarem que as poucas pesquisas em dissertações
e teses nacionais realizadas sobre surdocegueira até o ano 2006 eram majoritariamente
descritivas – fenômeno, segundo as autoras, frequente no início do desenvolvimento de
uma temática na ciência - destacam a importância de pesquisas de campo que visem a
ampliação de conceitos.
Logo, esta pesquisa visa atender a esta necessidade, investigando e descrevendo
em contexto natural, o processo de escolarização inclusiva de um aluno com
surdocegueira congênita. Visa ainda, sondar e descrever os efeitos de recursos e
estratégias que possam favorecer o processo de escolarização inclusiva de alunos com
características e necessidades semelhantes às do aluno estudado.
As questões que nortearão estes objetivos são: como tem sido a trajetória escolar
do aluno com surdocegueira, sujeito desta pesquisa, nesta escola? Quais são os recursos
e as estratégias utilizadas para a comunicação e interação deste aluno com os
professores, profissionais de apoio e alunos? Quais as estratégias e os recursos que
4

podemos elencar como adequadas no processo de escolarização inclusiva deste aluno e


que poderão ser indicadas como sugestão para outros casos semelhantes?

1.1 - Surdocegueira no contexto da inclusão


A surdocegueira é, resumidamente, o comprometimento, em diferentes graus, da
audição e visão que são os sentidos receptores à distância. (MCLETHIE e RIGGIO
2002). É uma condição única, de fator multiplicativo e não somativo das dificuldades
causadas pela cegueira e surdez, o que justifica a sua escrita sem hífen. (LAGATI,
1995).
As causas da surdocegueira estão comumente relacionadas a fatores congênitos
como infecções por rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose e meningite, Síndrome de
Goldenhar ou Associação Charge e problemas perinatais (baixo peso e anoxia); e a
fatores adquiridos como síndromes genéticas de Usher, Bardet-Biedl, acidentes e
causas associadas à terceira idade (IKONOMIDIS, 2010).
A sua classificação é um importante instrumento na determinação das
intervenções educacionais e está pautada em fatores sensoriais e linguísticos. Do ponto
de vista sensorial pode-se relacionar: surdocego total, surdez profunda associada a baixa
visão, surdez moderada associada a baixa visão, surdez moderada associada a cegueira,
pessoas com vários comprometimentos parciais; e do ponto de vista linguístico:
comunicação pré-linguística ou comunicação pós-linguística.
Os comprometimentos da visão e da audição podem acarretar em dificuldades
significativas na mobilidade, acesso à informação e comunicação. (CADER-
NASCIMENTO e COSTA, 2010). Por este motivo, o aluno com surdocegueira no
processo de escolarização, pode desenvolver dificuldades significativas na percepção do
mundo, na antecipação de eventos e ações, na motivação intrínseca, nas habilidades de
comunicação e na manutenção de relações interpessoais.
Assim, deve ser a escola um dos espaços que proporcione ao aluno com
surdocegueira a ampliação do conhecimento de mundo e das relações interpessoais por
meio de um trabalho com estratégias diferenciadas que preconize as suas
potencialidades independentes da sua condição. (MAIA; ARAÓZ e IKONOMIDIS,
2010).
Para que a proposta de escolarização inclusiva seja efetivada, faz-se necessária a
percepção do sistema escolar como um todo unificado, onde as adaptações possam
5

ocorrer especificamente em cada unidade escolar. A inclusão do aluno com deficiência


inicia-se pela aceitação da condição de deficiente e não por uma tentativa de
normalização (OMOTE, 1999).
A atual política educacional na perspectiva da inclusão (BRASIL, 2008) permite
a provisão de formas diferenciadas de aprendizagem e de participação efetiva de todos
os alunos, com deficiência ou não, no universo da escola regular e a inclusão de alunos
com surdocegueira nas escolas regulares também pressupõe transformações de
paradigmas que vão desde o acolhimento até a reorganização do currículo e a garantia
de apropriação deste currículo.

1.2 – Produções acadêmicas sobre surdocegueira no Brasil


Glat, Omote e Pletsch (2014) destacaram em um estudo sobre a produção de
conhecimento em educação especial que, em pesquisas apresentadas nas últimas três
edições dos principais congressos brasileiros em Educação Especial de 2008 a 2013,
foram apresentados apenas 4 trabalhos sobre surdocegueira do total de 434 trabalhos
analisados.
Araóz e Costa (2008), percebendo a escassez de pesquisas e publicações sobre
surdocegueira no Brasil realizaram um estudo que visava conhecer a situação na época
de produção acadêmica em mestrado e doutorado sobre surdocegueira e constataram
que havia um número irrisório de teses e dissertações na área. Foram encontradas, entre
os anos de 1999 a 2005, nove dissertações e uma tese sobre surdocegueira com uma
lacuna entre os anos de 2000 a 2002, o que, segundo as autoras indicaria a dificuldade
da modalidade em se estabelecer como tema de pesquisa.
Atualmente, em um levantamento sobre teses e dissertações, nas bases CAPES e
BDTD de 2006 a 2014, considerando o período após a pesquisa das autoras Aráoz e
Costa (2008), encontrou-se um número de dez dissertações e cinco teses. Percebe-se que
não houve aumento significativo no número de produções sobre a temática
surdocegueira, já que, embora apresente uma dissertação e quatro teses a mais, o
período considerado para a pesquisa foi maior.
Dentre as produções pesquisadas destacaremos, de forma sucinta, duas delas que
podem, de forma mais expressiva, contribuir para a contextualização deste projeto.
Comerdi (2011) pesquisou a trajetória de dois sujeitos surdocegos que se
comunicavam por língua de sinais e visou identificar os fatores que possibilitaram a
6

aquisição da linguagem por esses dois sujeitos. Apontou como caráter inovador em sua
pesquisa a entrevista direta com os sujeitos surdocegos, familiares e profissionais. Os
resultados evidenciaram aspectos importantes para a consolidação da língua de sinais
pelos sujeitos, como a identidade assumida como sujeito surdocego, o desenvolvimento
das habilidades sensoriais e motoras, o contexto histórico familiar, educacional, social e
cultural e a disposição de mediador nas interações com os outros.
Villas Boas (2014) ao analisar os comportamentos de atenção e comunicação
entre uma professora e crianças com surdocegueira e com deficiência múltipla, ressalta
a importância de parceiros significativos de comunicação, bem como a utilização de
diferentes formas de comunicação de acordo com as características individuais dos
sujeitos. Considera ainda, a necessidade de pesquisas que abordem as habilidades de
aprendizagem e comportamentos de atenção e de comunicação, já que tal conhecimento
são fundamentais para os professores e demais profissionais que atuam com pessoas
com surdocegueira e deficiência múltipla sensorial.
Percebe-se então, que este estudo vem de encontro às necessidades
investigativas no campo da Educação Especial, visto que são poucas as pesquisas que
abordam a temática da surdocegueira e as pesquisas já realizadas destacam a
importância e necessidade de estudos que considerem aspectos do desenvolvimento
destes sujeitos, com ênfase nas habilidades de comunicação e interação.

2 – Objetivos
Investigar e descrever o processo de escolarização inicial de um aluno com
surdocegueira congênita sem comunicação oral. Visa ainda, sondar e descrever os
efeitos de recursos e estratégias que possam favorecer o processo de escolarização desse
aluno com ênfase nas habilidades de comunicação e interação.

3 – Metodologia
3.1 – Caraterização do estudo
Será uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. Yin (2001,
p. 32) descreve que um estudo de caso é “uma investigação empírica que estuda um
fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto de vida real, especialmente quando
não estão claramente definidos os limites entre o fenômeno e o contexto.”
7

Para o mesmo autor, um estudo de caso pode ser único holístico ou incorporado
e múltiplos holísticos e incorporados. Este será um estudo de caso único incorporado,
pois se aprofundará em um único caso – aluno com surdocegueira congênita sem
comunicação oral no contexto de uma escola regular. No entanto, terá duas unidades de
análise: comunicação e interação.
Para fins didáticos, a pesquisa será organizada em dois estudos: o primeiro
descritivo e documental e o segundo descritivo e quase-experimental (COZBY, 2006).
O primeiro estudo contemplará o objetivo de descrever os aspectos de desenvolvimento
e de trajetória escolar do aluno; e o segundo, terá como objetivo sistematizar um
programa com indicação de estratégias e recursos com enfoque em comunicação e
interação no contexto da escolarização desse aluno.

3.2 - Aspectos éticos


Essa pesquisa respeitará todas as normas estabelecidas pela Resolução 466/2012,
referentes aos aspectos éticos em pesquisas com seres humanos e será realizada após a
aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, cuja tramitação encontra-se em
andamento.

3.3 - Contextualização do caso


O caso surgiu de uma experiência da pesquisadora como docente de uma turma
do primeiro ano do ensino fundamental I que recebeu um aluno – sujeito desta pesquisa
– com surdocegueira congênita sem comunicação oral de doze anos de idade que nunca
havia frequentado uma escola.
O aluno, atualmente está matriculado no quarto ano do ensino fundamental I, de
uma escola na qual a pesquisadora tem atuado no suporte pedagógico desse caso, já que,
neste momento, encontra-se em uma função relacionada à gestão da escola. É
importante mencionar que a pesquisadora possui experiência como professora de sala
regular e de Atendimento Educacional Especializado na mesma instituição.

3.4 – Local de realização dos estudos


Os estudos serão realizados em uma Escola Municipal do Ensino Fundamental I
da cidade de Rio Claro, SP. Essa escola atua como polo de atendimento aos alunos com
8

surdez do município e cidades vizinhas e é a única escola com matrícula de aluno com
surdocegueira no município.

3.5 – Delineamento dos estudos


3.5.1 – Estudo 1: o processo de entrada do aluno da escola
a) Participantes:

• Aluno com surdocegueira

• Familiar(es) do aluno com surdocegueira

• Profissionais (professores e monitores) que atuaram diretamente com o


aluno

• Alunos/colegas de classe que participaram do período de ingresso do


aluno com surdocegueira na escola

• Profissionais gestores educacionais, da escola e da Secretaria Municipal


da Educação, que participaram do período de ingresso do aluno na escola

• Profissionais da área da saúde que atuaram com o aluno com


surdocegueira

b) Procedimentos de coleta e análise de dados


Para Ludke e André (1986) uma das características fundamentais do estudo de
caso é a utilização de uma variedade de fontes de informação. O pesquisador recorre a
uma variedade de dados coletados de formas diferentes e em momentos e situações
diferentes. Para os autores “com essa variedade de informações, oriunda de fontes variadas,
ele poderá cruzar informações, confirmar ou rejeitar hipóteses, descobrir novos dados, afastar
suposições ou levantar hipóteses alternativas” (p.19).

Assim, neste Estudo 1, recorreremos aos seguintes instrumentos de coleta de


dados: análise documental (relatórios, cadernos de registros/anotações de professores,
fotos e vídeos de arquivo pessoal dos professores e da escola). Além disso, também
recorreremos ao procedimento de entrevista semi-estruturada (MANZINI, 2003, 2004,
2006). As entrevistas semiestruturadas serão realizadas, individualmente, com os
participantes, a fim de identificar os fatores que favoreceram a prática pedagógica e o
processo de entrada da criança na escola. É possível que a entrevista com os colegas do
aluno possa ser coletiva.
9

As transcrições das entrevistas serão baseadas em Manzini (2008). Os dados das


entrevistas e de todos os documentos utilizados ao longo desta coleta envolverão a
análise de conteúdo por meio de categorias temáticas, as quais serão estabelecidas pela
pesquisadora, com base em Bardin (2011). Essa análise dará ênfase em relação aos
aspectos comunicativos e de interação, a fim de indicar, por exemplo, o repertório
mínimo de comunicação que esse aluno possui, para saber quais atividades podem ser
pensadas para o programa proposto no Estudo 2.

3.5.2 – Estudo 2: programa de atividades que pode favorecer o processo de


escolarização do aluno
Será sistematizado e testado um programa que contemple atividades, recursos e
estratégias voltados para a comunicação e a interação do aluno em diferentes ambientes
da escola. Para tanto, serão selecionadas situações em contextos naturais (alimentação,
higiene, sala de aula e parque), para que estas atividades sejam testadas. O objetivo
desse programa será o de indicar, ao final, estratégias e recursos com enfoque em
comunicação e interação que favoreçam o processo de escolarização desse aluno.

a) Participantes

• Aluno com surdocegueira

• Profissionais (professores e monitores) que atuam com o aluno

• Pesquisadora

b) Procedimentos de coleta e análise de dados


Numa primeira etapa será feito um levantamento do repertório comunicativo
desse aluno nos principais ambientes de convivência na escola e com seus principais
interlocutores. Para tanto, serão utilizados os dados do estudo 1 e, se for necessário,
estes dados serão complementados por meio de protocolos específicos que permitam
esse levantamento (DELAGRACIA, 2007; PAULA, 2007).
A partir do repertório existente, serão selecionadas atividades específicas a
serem propostas e inseridas no ambiente escolar, com o intuito de maximizar esse
repertório, com foco para a comunicação e a interação.
10

As atividades, bem como os recursos e estratégias, serão pensadas e


sistematizadas de forma colaborativa, por meio de encontros quinzenais durante um
semestre letivo, entre a pesquisadora, professora da turma, professora do atendimento
educacional especializado e monitora. Para coleta de dados nestes encontros, será
utilizada gravação de áudio. Os encontros terão como objetivo, além do planejamento
de novas intervenções, avaliar a partir da percepção dos participantes, as intervenções já
realizadas.
Com o objetivo de analisar as atividades propostas, bem como recursos e
estratégias que possam favorecer o processo de escolarização do aluno com
surdocegueira, sujeito do caso, com ênfase nas habilidades de comunicação e interação,
a coleta dos dados será realizada por meio de registros em caderno de campo, gravação
de áudio e filmagens.
O diário de campo será utilizado para registros de observações e impressões da
pesquisadora em relação às respostas do aluno e demais envolvidos frente às atividades
propostas.
As filmagens serão realizadas nos momentos das intervenções com o aluno e,
devido às características dos ambientes (refeitório, pátio externo, parque) que não
favorecerem a instalação fixa de câmeras, será utilizada uma câmera móvel que será
conduzida por um dos participantes (pesquisadora, professora da turma, professora do
atendimento educacional especializado ou monitora). Visto que estes participantes
atuarão sistematicamente da elaboração, aplicação e avaliação dos recursos e
estratégias, acredita-se que o olhar diante da câmera irá ao encontro dos objetivos da
pesquisa.
Das filmagens, serão selecionados trechos que representem a resposta do aluno
diante das atividades propostas e intervenções realizadas em relação às habilidades de
comunicação e interação. Esses trechos serão transcritos e analisados com base na
evolução de desempenho da atividade. É possível que sejam utilizados também
softwares específicos nessa análise, como o Atlas.ti.
Após o processo de coleta e tratamento dos dados, buscar-se-á, a fim de
potencializar a credibilidade das interpretações traduzidas pela pesquisadora, a
triangulação das fontes dos dados conforme Denzin e Lincoln (2006).

4 – Cronograma
11

4.1 – Curso das disciplinas para obtenção dos créditos exigidos pelo Programa de
Pós-graduação em Educação (PPG-Educação):

• Análise da Produção de Conhecimento em Educação Especial (cursada na condição de


aluna especial do programa no segundo semestre de 2014) – 6 créditos – concluída;

• Práticas Pedagógicas na Perspectiva da Educação Inclusiva (cursada na condição de


aluna especial do programa no segundo semestre de 2014) – 3 créditos – concluída;

• Tópicos Especiais em Educação: políticas sociais, juventude e processos de inclusão


social na sociedade contemporânea (cursada como disciplina isolada em programa de
mesmo nível na Unesp de Rio Claro na condição de aluna especial no segundo semestre
de 2014) – 6 créditos – concluída;

• Metodologia de Pesquisa em Educação Especial I – 6 créditos – cursando;

• O Contexto Universitário: Experiências e Processos Formativos para Docência (cursada


como disciplina vinculada em programa de mesmo nível na Unesp de Rio Claro) – 6
créditos – cursando;
Restando, portanto, um cumprimento de 3 créditos previstos para o segundo
semestre de 2015;

4.2 – Outras atividades já realizadas de acordo com as normas do PPG - Educação

• Livro no prelo:
Nome do livro: Educação Especial – suportes para o desenvolvimento infantil e os
processos educativos.
Organizadores: Jáima Pinheiro de Oliveira; Samuel Antoszczyszen; Simara
Pereira da Mata; Karen Regiane Soriano.
Previsão de lançamento: Junho/2015.

• Capítulos de livro:
Nome do capítulo: Comunicação Multimodal para Alunos com Surdocegueira e
Deficiência Múltipla Sensorial.
Autores: Simara Pereira da Mata; Walkíria Gonçalves Reganhan; Karen Regiane
Soriano; Jáima Pinheiro de Oliveira.
Livro: Educação Especial – suportes para o desenvolvimento infantil e os
processos educativos.
12

Nome do capítulo: Mapeamento da Produção Científica sobre Deficiência Visual


em Revistas de Educação Especial entre os anos de 2008 e 2014.
Autores: Karen Regiane Soriano; Simara Pereira da Mata; Walkíria Gonçalves
Reganhan; Jáima Pinheiro de Oliveira.
Livro: Educação Especial – suportes para o desenvolvimento infantil e os
processos educativos.

• Trabalhos em eventos da área:


MATA, S. P. da; SORIANO, K. R.; OLIVEIRA, J. P. de. Efeitos de um programa de
intervenção Metatextual como apoio na produção de narrativas escritas de alunos
surdos: estudo preliminar. In: I Encontro do Centro de ensino, pesquisa e extensão sobre
educação de surdos e Libras -Ceslibras - e V Encontro - Serviço de apoio pedagógico:
contribuições para a educação inclusiva. 20 a 21 de Maio de 2015. Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo. 2015.
SORIANO, K. R.; SORIANO, F. D. F.; MATA, S. P. da; OLIVEIRA, J. P. de Livro
adaptado para crianças cegas e com baixa visão na educação infantil: relato de
experiência. Seminário do Grupo de Pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais:
Tecnologia Assistiva na Educação e Saúde, 2015.

• Mini curso em eventos da área:


AMORIM, G. C.; QUEIROZ, F. M. M. G.; MATA, S. P. da; REGANHAN, W. G. Uso
da Tecnologia Assistiva no Processo de Escolarização Inclusiva dos Alunos com
Deficiência. Seminário do Grupo de Pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais:
Tecnologia Assistiva na Educação e Saúde, 2015.

4.3 – Elaboração da dissertação


Para elaboração do cronograma de elaboração da dissertação foram consideradas
as indicações de Nisbert e Watts (1978, Apud ANDRÉ, 2005) sobre as fases de
desenvolvimento do estudo de caso: fase exploratória, fase de coleta de dados e fase de
análise sistemática dos dados.
Fase exploratória: de março/2015 a julho/2015
Fase de coleta de dados: de agosto/2015 a dezembro/2015
Fase de análise sistemática dos dados: de janeiro/2016 a janeiro/2017
13

Banca de qualificação – prevista para julho de 2016, com a maioria dos dados já
levantados e analisados.
Defesa da dissertação de mestrado – março de 2017.

5. Referências
ANDRÉ, M. E. D. A. de. Estudo de caso em pesquisa e avaliação educacional. Brasília: Liber
Livro Editora, 2005.

ARAÓZ, S. M. M.; COSTA, M. da P. R. da; Reflexão sobre a relação existente entre pesquisas e
publicações sobre surdocegueira no Brasil. Revista Educação Especial, v.21, n.32, 2008.
Disponível em http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-
2.2.2/index.php/educacaoespecial/article/view/102.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011, 229 p.

BOSCO, I. C. M. G. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: Surdocegueira


e deficiência múltipla. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial
[Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. V.5.

BRASIL. Resolução Nº. 4, de 2 de outubro de 2009. Institui as Diretrizes Operacionais para o


Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, na modalidade Educação Especial.
Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Disponível em:
<portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf>.

BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Coordenadoria Nacional para Integração de
Pessoa Portadora de Deficiência. A Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência
Comentada. Coordenação de Ana Paula Crosara Resende e Flávia Maria de Paiva Vital. Brasília,
2008.

CADER-NASCIMENTO, F. A. A. A.; COSTA, M. P. R. Descobrindo a surdocegueira: educação


e comunicação. 3ª edição. 3ª. ed. São Carlos: EDUFSCar, 2010. v. 1. 78 p .

COZBY, P. C. Métodos de pesquisa em ciências do comportamento. São Paulo: Atlas, 2006.

DELAGRACIA, J. D. Desenvolvimento de um protocolo para avaliação de habilidades


comunicativa para alunos não-falantes em situação familiar. 2007. 168 f. Dissertação
(Mestrado em Educação) - Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília, Universidade Estadual
Paulista, Marília, 2007.

DENZIN, N.; LINCOLN, Y. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2.


ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

DUGNANI, K. C. B.; BRAVO, A. D. Análise de artigos em periódicos nacionais. COSTA, M. P. R.


(Org.) Múltipla Deficiência Pesquisa & Intervenção. São Carlos: Pedro & João Editores, 2009.
p. 19-26.
14

GLAT, R.; OMOTE S.; PLETSCH, M. D. Análise Crítica da Produção do Conhecimento em


Educação Especial. In: OMOTE, S.; OLIVEIRA, A. A. S.; CHACON, M. C. M. Ciência e
conhecimento em Educação Especial. São Carlos: Marquezine & Manzini Editora. ABPEE, p.
25-44, 2014.

IKONOMIDIS. V. M. Estudo exploratório e descritivo sobre inclusão familiar de crianças com


surdocegueira pré-linguística. Dissertação. São Carlos: UFSCar, 2010, 123p.

LAGATI, S. Deaf-Blind or Deafblind International Perspectives on Terminology. 1995


Tradução: Laura L. M. Anccilotto. São Paulo: Projeto Ahimsa/Hilton Perkins, 2002.

LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. de. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São


Paulo: EPU, 1986.

MAIA, S. R.; ARAÓZ, S. M. M.; IKONOMIDIS. V. M. Surdocegueira e Deficiência Múltipla


Sensorial: sugestões de recursos acessíveis e estratégias de ensino. São Paulo: Grupo Brasil de
Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial, 2010. 198p.

MAIA, S. R.; GIACOMINI, L.; ARAÓZ, S. M. M. Desenvolvimento da aprendizagem em crianças


com deficiência múltipla sensorial. COSTA, M. P. R. (Org.) Múltipla Deficiência Pesquisa &
Intervenção. São Carlos: Pedro & João Editores, 2009. p. 49-64.

MANZINI, E. J. Considerações sobre a elaboração de roteiro para entrevista semi-estruturada. In:


MARQUEZINE, M. C.; ALMEIDA, M. A.; OMOTE; S. (Org.). Colóquios sobre pesquisa em
Educação Especial. Londrina: Eduel, 2003b. p.11-25.

_____________. Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos e de roteiros. In: Seminário


Internacional sobre Pesquisas e Estudos Qualitativos, 2, 2004, Bauru. A pesquisa qualitativa em
debate. Anais... Bauru: USC, 2004.

_____________. Considerações sobre a entrevista para a pesquisa social em educação especial: um


estudo sobre análise de dados. In: JESUS, D. M.; BAPTISTA, C. R.; VICTOR, S. L. Pesquisa e
educação especial: mapeando produções. Vitória: UFES, 2006, p. 361-386.
_____________. A entrevista na pesquisa em Educação e Educação Especial: uso e processo
de análise. 2008 (Livre Docência) - Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP, 2008.

MCLETCHIE, B. A. B.; RIGGIO, M. Competências para professores de alunos com


surdocegueira. In: MASINI, E. F. S. (Org.). Do sentido...pelos sentidos...para o sentido. São
Paulo: Vetor editora, 2002. p. 145-166.

OMOTE, S. Deficiência: da diferença ao desvio. IN MANZINI, Eduardo e BRANCATTI, Paulo


R. In: Educação Especial e Estigma. Marília/SP, UNESP, 1999.p. 3 – 22.

PAULA, R. Desenvolvimento de um protocolo para avaliação de habilidades comunicativas


de alunos não-falantes em ambiente escolar. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2007.
15

RIBEIRO, J. C. C. Significações na escola inclusiva: Um estudo sobre as concepções e


práticas de professores envolvidos com a inclusão escolar. 187 p. Tese (Doutorado em
Psicologia) - Universidade de Brasília. Brasília/DF, 2006.

SILVA, S. P.; VILLAS BOAS, D. C. Perspectivas de professores de salas regulares acerca da


inclusão de alunos com surdocegueira. In SEABRA JÚNIOR, M. O.; CASTRO, R. M. de (org.).
Avaliação, formação docente e perspectivas da educação inclusiva: eixos do atendimento
educacional especializado. Marília: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.

TRIVIÑOS, A. N. A. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em


educação. São Paulo: Atlas, 1982.

VILLAS BOAS, D. C. Pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla: análise de


relações de comunicação. Tese (Doutorado em Fonoaudiologia). São Paulo: Pontífica
Universidade Católica de São Paulo, 2014.

Você também pode gostar