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Introdução
...o movimento mundial pela inclusão é uma ação política, cultural, social e
pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de
estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de
discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional
fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e
diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à idéia de
eqüidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção
da exclusão dentro e fora da escola. (BRASIL, 2008, p. 4)
Entretanto, esta prática definida, atualmente, como inclusão escolar, implica em desafios
consideráveis para o professor da classe comum que tem uma numerosa e heterogênea turma
de alunos. Segundo Bauwens (1995), um desses desafios reside no professor deixar de
exercer um papel tradicionalmente individual para atuar de forma que possibilite
compartilhar com outro profissional, metas, decisões, instruções, responsabilidades, avaliação
de aprendizagem, resoluções de problemas, e a administração da sala de aula para a instrução
de todos os alunos.
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Graduação em Educação Física pela Universidade Federal de Uberlândia. Mestrando do Programa de Pós-
Graduação Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Rod. Washington Luís, Km
235-13565-905-São Carlos-SP. leonardo_educa@yahoo.com.br
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Mendes (2006) expõe que Bauwens, Hourcade e Friend (1989) foram os primeiros a
descrever uma associação pragmática entre educadores do ensino regular e especial,
definindo-a como ensino colaborativo, a fim de desenvolver um programa educacional
dirigido a todos os alunos. Após ampla revisão da literatura, a autora sintetiza e define que, o
ensino colaborativo ou co-ensino, é um modelo de prestação de serviço de educação especial
no qual:
Porém, estudos nacionais indicam que, para os poucos alunos com deficiência matriculados
na rede regular de ensino, faltam aspectos básicos para garantir, além do acesso, a sua
permanência e sucesso na sala comum tais como a oferta de serviços de apoio especializado e
formação de professores (NUNES, FERREIRA E MENDES, 1998; MENDES, NUNES E
FERREIRA, 2003). Tal realidade reforça a concepção social de deficiência na qual:
Método
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O presente estudo caracteriza-se como estudo de caso por ter sido desenvolvido em uma
escola da rede municipal de ensino da cidade de São Carlos-SP, na qual foram acompanhados
dois professores (Geografia e Matemática) do 7º ano do ciclo comum onde estuda um aluno
de 15 anos de idade com deficiência visual (cegueira total) em classe comum. Segundo Isaac
e Michael (1971) o estudo de caso examina, em um pequeno número de unidades, um
número grande de variáveis e condições.
Resultados e Discussão
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4- Dificuldades dos professores em sala de aula e reflexão sobre a adaptação nas estratégias
de ensino para o aluno com deficiência.
No cotidiano escolar, há diversos fatores que influenciam no desenvolvimento da prática
pedagógica dos professores do ensino comum tais como: o projeto político pedagógico da
escola; a forma com que se elaboram os planos pedagógicos; a estrutura escolar (espaço
físico, materiais didáticos, gestão, currículo, distribuição de alunos por sala, etc.).
Dentre tais fatores, foi notada a grande dificuldade em incluir o aluno com deficiência nas
atividades curriculares, de forma que se efetive realmente o processo de ensino-aprendizagem
a todos os alunos da classe comum. Tanto por meio de observações, como por discurso dos
próprios professores, foram notados alguns problemas. Dentre eles está o de que nenhum
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aluno pode levar o livro didático para estudar em suas residências, devido ao reduzido
número deste material, na escola. Isto dificulta o processo de ensino-aprendizagem de todos
os alunos, pois eles estudam e fazem exercícios somente dentro da sala de aula.
Outro fator é que não há material adaptado para alunos com deficiência visual. Acontece que,
sem material didático apropriado o aluno não tem acesso ao conteúdo, o que dificulta o
mesmo a acompanhar as explicações do professor. Assim, o aluno se mantém sempre
dependente de “ensino paralelo” em salas de recurso. Porém, nem sempre os conteúdos
correspondem-se entre si. Um exemplo disto é que este aluno, do oitavo ano do ensino
fundamental (sétima série), está aprendendo tabuada na sala de recursos e, na classe comum,
o conteúdo ensinado a “todos” é Polinômios. Portanto, podemos refletir “como ensinar
polinômios a um aluno que não sabe a tabuada?”. Esta é uma grande dificuldade dos
professores e permite dizer que o aluno está matriculado, mas não está incluído.
Diante desta realidade, nos propusemos a refletir sobre como adaptar as estratégias de ensino
para que o aluno com deficiência fosse ensinado juntamente com os outros alunos da classe,
mesmo que para isso fosse necessário modificar o processo de ensino-aprendizagem
usualmente implementado pelos professores.
No semestre seguinte, após as observações e discussões com os professores do ensino
regular, desenvolvemos a consultoria colaborativa, a qual é a parte de suporte ao professor,
deixando a responsabilidade plena com o professor da classe comum, auxiliando-o
essencialmente no planejamento de atividades de tutoria entre alunos; na elaboração de
materiais em Braille para o ensino de Geografia e Matemática, com o apoio dos alunos,
fazendo resumos em grupos, discutindo em sala de aula; elaboração de materiais para o
ensino de Matemática (figuras geométricas) e Geografia (mapas); apresentação do alfabeto
em Braille para todos os alunos da sala e professores, bem como algumas explicações
referentes à deficiência visual; atividades de leitura com a participação de todos e exposição
dos conteúdos programados para cada bimestre.
Conclusão
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demais alunos da classe comum se beneficiem de um ensino que vai além do modelo
conteudista.
Referências
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