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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA

Realidade, necessidades e desafios do professor.


Autor Jaciara Raquel Bloedorn
Prof. Orientador Anderson Augusto Duarte Severo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Educação Física - Licenciatura (0230/8) – Projeto de Ensino
10/06/2021

RESUMO

A inclusão de crianças com necessidades especiais nas aulas de Educação Física


escolar é um desafio a ser vencido pela escola, pois proporciona, além da integração e
socialização, o respeito às diferenças. Para promover um ensino de qualidade é de
muita importância que o professor tenha conhecimento das deficiências e para que se
tenha inclusão, é preciso formar aulas com atividades adaptadas como forma de
beneficio à todos. A Educação Física é uma grande ponte para o processo inclusivo
nas escolas, e facilita a relação entre as crianças, estabelecendo a troca de
experiências. Assim sendo o professor de Educação Física tem o desafio de pensar
em estratégias nas aulas pensando na particularidade de cada criança com deficiência
a fim de proporcionar a todos um ensino de qualidade. O presente estudo visa
demonstrar por meio de pesquisas bibliográficas e também da aplicação de entrevista
com alguns professores de escolas publicas, visando as necessidades e dificuldades e
desafios encontrados pelos professores da área. Desta forma, conclui – se após a
análise das respostas dos entrevistados e dos estudos realizados que á uma
deficiência na formação continuada e formação inicial dos professores de Educação
Física quando se trata de inclusão de alunos com necessidades especiais. Isto de fato
ainda é uma barreira encontrada para inclusão destes alunos. A observação das
entrevistas ainda permitiu identificar outros fatores com influência negativa com
relação ao suporte institucional, infraestrutura, materias adequados são fatores que
ainda as escolas estão precisando melhorar para que haja um bom desenvolvimento
nas aulas inclusivas.

Palavras-chave: Inclusão. Educação física. Escola.

1 INTRODUÇÃO

Educação é um direito de toda população e a Constituição Federal abraça


como razão a igualdade de condições de acesso na escola para todos, onde a
educação é um direito de toda população.
Este trabalho apresenta a legislação, Declaração de Salamanca, conceito de
inclusão e algumas dificuldades encontradas pelo professsor.
A inclusão é um tema muito discutido no contexto cultural, para uma sociedade
civilizada a inclusão é a chave para que as diferenças nos aproximem uns dos outros.
Na educação física não é diferente deve – se trabalhar com muita atenção visando
que a disciplina vai além do esporte e a atividade corporal é um meio para inclusão
dos alunos.
Em meio a tantas dificuldades e desafios que existem para que haja a inclusão
nas escolas e ambientes sociais, o professor de educação física executa um papel
fundamental. Em torno dessa razão é visto que a educação física deve abordar todos
os alunos pensando em aulas que promovam igualdade de oportunidades e inclusão
educacional.
Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é analisar como ocorre a inclusão dos
alunos com necessidades especiais nas aulas de educação física aos olhos dos
professores.

2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

No que se refere ao processo histórico da inclusão, segundo Educação On-


Line (2006), a sociedade inclusiva começou a ser edificada pelas experiências de
inserção social de pessoas com deficiência por volta da década de 80, porém
consolidada na década de 90. Em vários países vem sendo feitas modificações em
setores como, empresas, áreas de lazer, edifícios, espaços urbanos e escolas para
possibilitar uma participação das pessoas com necessidades especias junto à
população geral.
A ação pela inclusão escolar no Brasil cresceu a partir da década de 1990 que
originou – se da influencia da constituição brasileira 1988. A legislação trás a tona
melhorias que afirmem ao aluno educação de qualidade, por isso, são elaboradas leis
onde as escolas devem adequar – se, tanto no âmbito social, intelectual e na
própria infraestrutura. As mudanças devem ser estudadas a partir dos obstáculos
encontrados pelos alunos nas escolas.
No contexto da educação inclusiva, que prevê a integração e aceitação do
aluno deficiente na escola, Deu – se inicio em 1994, quando foi elaborada a
Declaração de Salamanca, que defendia o tema da escola inclusiva, ou seja, uma
escola que esteja apta a receber e acomodar qualquer criança independentemente de
suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas entre outras.
A Declaração de Salamanca (1994, p.3) aponta que:
O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em
que todos os alunos devam aprender juntos, sempre que
possível, independentemente das dificuldades e das diferenças
que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer
as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos
vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um
bom nível de educação para todos, [...]

Ou seja, procura a reorganização da escola, seguindo um método em que


todos os alunos devam aprender juntos, independente das diferenças ou dificuldades
encontradas.
A partir destes dois documentos surgiram vários outros que defendem e
garantem o direito da educação a todos. A implantação dessas leis e políticas publicas
enfocam diversidade e igualdade de direitos.
A lei 9394/96, LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação)(1996) art.59,
inciso I, afirma que os sistemas de ensino certificam os educandos com necessidades
especiais “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos para atender suas necessidades”. No inciso III ainda do art. 59 diz que
“professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para
a integração desses educandos nas classes comuns;”.

2.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A EDUCAÇÃO FÍSCA

O sistema educacional passou por diversas adequações para seguir o que as


leis determinam, modificando seus estabelecimentos de ensino, capacitando os
profissionais, assim sendo as escolas devem continuar se preparando para receber
todas as diferenças e perceber que cada ser humano é individual.
O papel da escola inclusiva é então, conviver e acolher as diferenças
juntamente com os profissionais de educação física que devem estar sempre se
policiando para que nenhum estudante seja discriminado e dispensado das aulas
práticas.
De acordo com ZABOLI e BARRETO (2006), é preciso dirigir esforços para
proporcionar a todos independente de qual for a atividade, observando sempre o
prazer pela participação. Segundo ZABOLI e BARRETO (2006), o profissional que for
trabalhar com pessoas portadoras de necessidades especiais teria que possuir as
seguintes qualidades, paciência e senso de humor, maturidade emocional,
criatividade, ser um bom planejador e entusiasmado para ministrar a Educação Física.
Para Cruz (2001), é importante pensar na formação do professor.
Pedrinelli (2002) criou algumas orientações gerais aos professores, para que
se ocorra a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em aulas de
Educação Física, nas quais são:

Agir naturalmente com os alunos; Acolher e receber todos com o


mesmo nível de atenção e consideração; Responder naturalmente as
perguntas dos alunos; Oferecer atenção e prestígio aos alunos;
(todos gostam. Não superproteja, nem dê excesso de atenção para
alguns, pois estes talvez não irão gostar e os demais irão reclamar!);
Garantir a participação de todos (individual ou em grupo), desafiando
cada um a realizar o melhor, considerando suas potencialidades;
Realizar adaptações compartilhando opiniões. Regras podem sempre
ser combinadas e recombinadas, inventadas e reiventadas; (...)
Promover e adequar desafios, incentivando e ajudando os alunos a
superar dificuldades; Promover o sucesso dos alunos para
desenvolver a auto-estima; e Oferecer aos alunos a oportunidade de
pensar, de decidir e agir por seus próprios meios. Garantir a
autonomia detodos. (PEDRINELLI, 2002, p.32)

Com isso, Rodrigues (2006) ressalta que a Educação Física não pode ficar
indiferente ou neutra diante da Educação Inclusiva. Fazendo parte integrante do
currículo oferecido pela escola, esta disciplina pode-se constituir como um adjuvante
ou um obstáculo adicional a que a escola seja mais inclusiva.

2.1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES E FALHAS NO SISTEMA DE ENSINO

De acordo com Falkenbach et al (2007) muitos são os dos professores quando


a questão é o favorecimento da inclusão, porém estes confundem inclusão com
interação. Os professores admitem uma falha na formação, o que não possibilita um
embasamento para inclusão escolar. Pode- se afirmar que um dos problemas da falta
de inclusão de alunos com deficiência é o tradicionalismo das escolas e uma das
medidas que podem reverter a situação de inclusão atual é aprofundar a qualificação
dos professores e orientar a comunidade.
A inclusão não está acontecendo ou não está sendo satisfatória, isto se dá pela
formação precária dos professores, pelo próprio preconceito e por outros problemas. É
essencial a formação de um profissional capaz de atuar com alunos deficientes na
escola, apesar de estar crescendo o número de profissionais formados nessa área.
Todas as disciplinas devem tratar desse assunto, inclusive na Educação Física, porém
nenhuma geralmente trabalha “a inclusão” propriamente dita (FLORES et al, 2010).
É um desafio para profissionais de educação física promover a inclusão de
alunos com deficiência, até porque em muitas escolas brasileiras há falta de estrutura
para receber tais alunos e sendo assim, não há uma Educação para todos os alunos
da escola básica. Uma educação de qualidade, acessível a todos, tornará a escola
cada vez mais inclusiva (SOUTO et. al., 2010).

3 MATERIAL E MÉTODOS

Para realização deste trabalho, foi confeccionado um questionário com


questões abertas e fechadas, destinado a três professoras. As questões dos
formulários foram elaboradas de forma a identificar qual a percepção dos
professores em relação à educação inclusiva, como ocorre a inclusão destes
alunos na escola e sobre as dificuldades encontradas no ambiente de trabalho.
As professoras foram entrevistadas separadamente, utilizando recursos
tecnológicos (chamada de vídeo por whatsapp). Todas as pesquisas ocorreram no
período de maio a junho de 2021. Os dados obtidos na pesquisa compõem os
resultados deste trabalho.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo teve caráter qualitativo, conta com entrevistas e depoimentos sobre a


profissão, salientando a experiência do professor, ou, de forma mais específica, as
dificuldades, os desafios e os problemas vivenciados.
A pesquisa descritiva teve como principal foco descrever os fatos relacionados
a inclusão dos alunos com necessidades especiais nas aulas de Educação Física e as
necessidades enfrentadas pelo professor.
Quanto ao perfil dos professores entrevistados:
- Três professoras do sexo feminino, faixa etária de 25 a 35 anos, uma
professora efetiva e duas em caráter temporário – ACT, uma professora atua em uma
escola especial para portadores de deficiência e as outras duas na rede pública, uma
professora tem formação continuada e as outras duas somente a graduação.
Quanto a pergunta um, sobre o seu relacionamento com os estudantes com
deficiência as três professoras disseram ter um bom relacionamento com os mesmos.
Destaco a resposta de uma professora: “O relacionamento com o aluno com
deficiência é igual a todos, porém é preciso ter uma atenção especial com esse aluno”.
Na questão 3 onde foi questionado sobre a forma que é proposta a inclusão
nas aulas de educação física, duas professoras disseram que incluem de forma lúdica,
sempre com brincadeiras, respeitando suas limitações, e uma professora disse que:
“encontro certa dificuldades em incluir alguns alunos em certas atividades, por
condições que a escola oferece”
Em relação às dificuldades encontradas para a realização das aulas, os
professores responderam que tem dificuldade de inclui – los, destaco a fala “falta de
conhecimento, apesar de me interessar e procurar métodos de inclusão a pratica é
mito mais difícil para aplicar”.
Quando questiono aos entrevistados sobre a preparação que tiveram
para atuar com inclusão, formação acadêmica, curso de capacitação, formação
continuada, uma professora destacou que pelo fato de estar em uma área especifica e
voltada a deficiência, procurou capacitação e formação continuada. Destaco assim a
fala de uma das professoras: “Cada aluno é diferente um do outro, às vezes dois
alunos podem ter a mesma deficiência, mas cada um terá sua particularidade, por isso
deveríamos todos ter formação continuada, para nos aprofundarmos mais e ter mais
informação e experiência.”. Outra professora relatou que: “Se o sistema de ensino
ofertasse mais cursos para os professores a qualidade do trabalho e da inclusão seria
melhor.”.
Em relação à infra estrutura da escola se é adequada a inclusão uma
professora que atua diretamente em uma escola especial, responde que: “sim, a
escola oferece todo suporte para trabalho com as crianças” e outras duas
responderam que de uma forma geral sim, mas que ainda encontram dificuldades para
trabalhar a inclusão com a infraestrutura oferecida. Destaco a fala de uma professora
“as condições da escola são precárias, referente ao material oferecido para trabalho”.

5 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos revelam que além das limitações dos alunos deficientes,
existe ainda a limitação da instituição de ensino, por não ter recursos e por
apresentarem precárias condições do ambiente escolar para um bom desenvolvimento
inclusivo, pela falta de capacitação dos professores e profissionais que sejam
especializados na área.
Pode – se observar pelas entrevistas que a maioria dos professores não tem
formação continuada na área de inclusão e que mesmo aqueles que possuem sentem
certa dificuldade na aplicação das aulas.
A observação das entrevistas ainda permitiu identificar outros fatores com
influência negativa com relação ao suporte institucional, infraestrutura, materias
adequados são fatores que ainda as escolas estão precisando melhorar para que haja
um bom desenvolvimento nas aulas inclusivas.

REFERÊNCIAS

CRUZ, G.C. Formação profissional em educação física à luz da inclusão. In:


Revista Sobama. Curitiba, 2001.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na


Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Acesso em: 20.
Maio. 2021

EDUCA ON-LINE. Entrevista com Romeu Kasumi Sassaki. Disponivel em:


http://www.educaonline.pro.br. Site: Educa On-line.

FALKENBACH, P.A., CHAVES, E.F., NUNES, P.D., NASCIMENTO, F.V. A


inclusão de crianças com necessidades especiais nas aulas de Educação
Física na Educação Infantil. Movimento, Porto Alegre, v.13, n° 2, 2007.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996). Disponível em:


https://modeloinicial.com.br/lei/L-9394-1996/educacao-especial-@___V_V

PEDRINELLI, V.J. Possibilidades na diferença: o processo de inclusão de


todos nós. In: Revista Integração. Ministério da Educação. Secretária de
Educação Especial. Ano 14. Edição Especial 2002.

RODRÍGUES, D. As dimensões de adaptação de atividades motoras. In:


RODRIGUES,D. Atividade motora adaptada: a alegria do corpo. São Paulo:
Artes Médicas, 2006.

ZABOLI, F.; BARRETO, S.J. A corporeidade como fator de inclusão das


pessoas em condição de deficiência. In: RODRIGUES, D. Atividade motora
adaptada: a alegria do corpo. São Paulo: Artes Médicas, 2006.

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