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RESUMO
Este artigo apresenta reflexões iniciais acerca das atividades pedagógicas existentes
para a inclusão de alunos com deficiência auditiva nas aulas de Educação Física nas
escolas estaduais de ensino regular do município de Belo Horizonte/MG. Analisou
quais são as atividades pedagógicas utilizadas pelos professores de Educação
Física para incluir os alunos com deficiência auditiva. Para tanto, realizou revisão de
bibliografia e entrevistas semiestruturadas com professores de Educação Física que
lecionam aulas para alunos com deficiência auditiva. Com base nos textos e nas
entrevistas, conclui-se que a inclusão de alunos deficientes auditivos nas aulas de
Educação Física é possível, sendo necessárias algumas mudanças na forma de
realizar as atividades, utilizando de materiais que auxiliem o professor nesse
processo e criando formas de comunicação em que o aluno compreenda e seja
compreendido.
Palavras-chave: Educação Física, deficiência auditiva, atividades pedagógicas e
inclusão.
ABSTRACT
This paper presents initial thoughts about the existing educational activities for the
inclusion of students with hearing impairment in physical education classes in state
schools of education in the city of Belo Horizonte / MG. Analyzed what are the
educational activities used by physical education teachers to include pupils with
hearing impairment. For that purpose review of the literature and semi-structured
interviews with teachers who teach physical education classes for students with
hearing impairment. Based on the texts and interviews, it is concluded that the
inclusion of deaf students in physical education classes is possible, some changes
are needed in order to carry out the activities, using materials that help the teacher in
this process and creating forms of communication in which the student will
understand and be understood.
Keywords: Physical Education, hearing loss, educational activities and inclusion
Apresentação
A deficiência auditiva é caracterizada pela diminuição ou a perda da audição.
Esses alunos se diferem dos demais pela dificuldade de ouvir os sons, ou ausência
da audição sendo necessário o uso de metodologias, recursos didáticos e
pedagógicos apropriados para desenvolver nesses indivíduos, as capacidades
cognitivas, físicas, sociais e suas potencialidades dando-lhes condições de acesso e
permanência na escola (SÁ, 1999).
corporal de movimento tende a ser socialmente partilhada, quer como prática ativa
ou simples informação” (BETTI; ZULIANI, 2002, p. 74).
Assim, pode-se dizer que para que a inclusão escolar aconteça é necessário
que ocorram adaptações curriculares para adequar-se às diferenças individuais e
proporcionar aos alunos o acesso a educação. É importante que sejam realizadas
estratégias e adaptações que favoreçam o desenvolvimento dos alunos, assim:
Tendo como base tais pressupostos, incluir uma pessoa com deficiência
auditiva nas aulas de Educação Física, sem dúvida, é uma ação repleta de cuidados
que devem ser considerados ao planejar as aulas, dentre eles: 1) conhecer a causa,
o tipo da deficiência auditiva ou da surdez adquirida pelo aluno; 2) saber quais os
cuidados que o professor deve ter ao planejar e realizar atividades para turmas que
tenha o DA ou o surdo; 3) saber fazer as formas de comunicação ou até mesmo criá-
las; 4) promover de forma natural a inclusão dos mesmos no ambiente escolar, em
especial, nas aulas de Educação Física, na qual exige dos alunos e do professor
maior movimentação na quadra, procurando evitar as possíveis colisões; 5) ficar
atento às manifestações de preconceito ou discriminação que possam vir a
acontecer entre os alunos (SILVA; SAMPAIO, 2010).
O ideal seria que o professor se preparasse melhor para assumir seu papel
diante deste desafio para que suas aulas fossem espaços privilegiados para iniciar
Para tanto, existem muitos esportes, jogos e brincadeiras que são adaptados
para que os deficientes possam realizar junto aos alunos que não tenham
deficiência. Entre eles: voleibol sentado, golball, bocha, atletismo, xadrez, natação,
dentre outros. No caso dos deficientes auditivos e surdos, o professor ao selecionar
estas atividades, deve utilizar meios, instrumentos ou mecanismos que chamam a
Revista Formação@Docente – Belo Horizonte – vol. 4, no 1, junho 2012.
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atenção do aluno. Contudo, “em todas as fases do processo de ensino deve-se levar
em conta as características, capacidades e interesses do aluno, nas perspectivas
motora, afetiva, social e cognitiva” (BETTI, ZULIANI, 2002, p. 77). As aulas de
Educação Física podem proporcionar diversas possibilidades de inclusão, sendo
necessários a criatividade e conhecimento acerca do assunto que o professor
precisa ter para trabalhar com esses alunos.
Para Daolio (1996) as aulas precisam oferecer aos alunos uma diversidade e
complexidade de condições de desenvolvimento e habilidades motoras, refinando os
movimentos fundamentais, rudimentares e espontâneos, buscando despertar nos
alunos a vontade de adquirir novos conhecimentos através de brincadeiras,
estafetas, jogos e esportes proporcionando equilíbrio entre corpo e mente.
Resultados e discussões
Quanto a forma de comunicação que o professor utiliza para lecionar as aulas, 75%
utiliza-se da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e 25% utilizam da leitura labial
para desenvolver as atividades. Nesse caso, pode-se dizer que a metodologia de
comunicação empregada para realização das aulas exige conhecimento prévio do
professor. De acordo com as declarações das entrevistas, é recomendado que o
professor tenha o curso de LIBRAS e que acima de tudo tenha bastante paciência,
calma e falar pausadamente para que os alunos compreendam as atividades
propostas. Segundo os professores esses são os meios que os próprios alunos
escolheram para conversarem.
Com relação aos tipos de atividade pedagógicas que facilitam a inclusão dos
alunos deficientes auditivos nas aulas de Educação Física, os professores relataram
que realizam atividades recreativas como gincanas, brincadeiras folclóricas, jogos e
brincadeiras. Referente aos esportes coletivos, são ministradas aulas como voleibol,
futebol, basquetebol, handebol e esportes individuais como ginástica, lutas e
atletismo. O atletismo foi relatado por 75% dos professores como sendo o que os
alunos mais gostam de participar. Os esportes adaptados não são pouco utilizados
pelos professores, eles relataram realizar atividades como voleibol sentado, bocha e
atletismo adaptado.
Considerações finais
Com base nos textos e nas entrevistas, conclui-se que a inclusão de alunos
deficientes auditivos nas aulas de Educação Física é possível, sendo necessárias
algumas mudanças na forma de desenvolver a atividade, utilização de materiais que
auxiliem o professor nesse processo e criação de novas formas de comunicação em
que o aluno compreenda e seja compreendido.
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