Você está na página 1de 21

1

DESAFIOS E POSSIBILIDADES DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL


ESPECIALIZADO (AEE) NO OLHAR DO PROFESSOR DA SALA DE RECURSOS
MULTIFUNCIONAIS

Keylane Lima Araújo1


Marica Carmen Bezerra²

1 INTRODUÇÃO

O presente projeto que tem como propósito à constituição do trabalho de


conclusão do curso de licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Piauí
(UESPI), tendo como tema: Desafios e possibilidades do Atendimento Educacional
Especializado (AEE) no olhar do professor da sala de recursos multifuncionais.
O interesse por pesquisar sobre desafios e possibilidades do atendimento
educacional especializado (AEE) no olhar do professor da sala de recursos
multifuncionais, surgiu diante a observação da sala de Atendimento Educacional
Especializado (AEE) que fiz numa escola, da qual eu trabalhei lá por um curto
período, percebi também que é muito difícil a pratica docente no AEE, desenvolver
processo atribuídos para essa função, que não são poucas: são muitas as
dificuldades para realizar ações pedagógicas, as quais exigem capacitações e
formação, muitas vezes na sala do AEE, não tem os recursos pedagógicos, percebi
também que não havia uma relação entre professor da sala de AEE e professor do
regular, na parte de ambos atuarem no processo de inclusão, da mesma forma não
vi uma relação de interação e dialogo dos professores com as famílias desse público
em pesquisa.
Diante do exposto, me incitei a conhecer melhor e valorizar mais o trabalho do
profissional que atua na sala do AEE. Daí, então o enfoque do presente projeto que
relata sobre a respeito dos desafios e possibilidades do professor na sala de
atendimento educacional especializado (AEE), na área da educação especial
ofertada aos alunos com deficiência (surdez, intelectual, auditiva, física, múltiplas e
surdo/cegueira), Transtorno do Espectro do Autismo/TEA e altas

1
Aluna do Curso de Pedagogia PARFOR/UESPI, email keylanedela@aluno.uespi.br
² Professora Orientadora, email mariacarmem@pcs.uespi.br
2

habilidades/superdotação-AH/SD, o qual se propõe em analisar os desafios da


prática do professor no processo das ações pedagógicas.
Sabemos que a educação inclusiva possibilita o acesso à escola regular de
todas as crianças que possuem necessidades e dificuldades de aprendizagem
contribuindo para a construção de uma sociedade igualitária. Esta temática é
desafiador sendo tema de debates e discussões que compõem o contexto social e
os desafios da educação, principalmente em relação ao papel do professor e seus
desafios. Houve mudanças necessárias como a adaptação das escolas da educação
básica que precisou de espaços adequados, para que os caminhos da educação
inclusiva representasse uma relevância da educação para esses alunos.
Portanto, essa problemática me direcionou para algumas questões de estudo
pertinentes tais como: Você recebe apoio da direção da escola para desenvolver um
bom trabalho no AEE? Justifique sua escolha? Você considera o AEE uma politica
de inclusão eficiente‟? Justifique sua escolha? No que se refere à formação
continuada para atuar no AEE você se sente satisfeita (o)? Justifique sua escolha?
Diante disso, questiona-se: quais são os desafios e possibilidades do
Atendimento Educacional Especializado que os professores das Salas de Recursos
Multifuncionais encontram? Com esta preocupação profissional da Educação
habilitados em Educação Especial, profissionais da psicologia e psicopedagogia,
que atuaram para organizar os atendimentos, propondo situações de aprendizagem
inovadoras, oportunizando assim o desenvolvimento para os estudantes do AEE.
Com o objetivo geral pautado em investigar quais são os desafios e possibilidades
do Atendimento Educacional Especializado que os professores das Salas de
Recursos Multifuncionais encontram e os objetivos específicos: conhecer quais são
os desafios enfrentados pelo professor do AEE; indagar o professor do AEE acerca
das possibilidades que ele enxerga nessa política de educação inclusiva e
questionar junto ao professor do AEE em que medida sua formação inicial e a
continuada, contribuíram para suprir as necessidades de cada aluno perante a sua
especificidade.
As práticas pedagógicas inclusivas como justificativa no contexto escolar
demandam sistematização, profissionais qualificados, recursos adaptados e uma
organização curricular que atenda às necessidades específicas dos alunos.
Tornando-se muitas vezes desafiador para as instituições de ensino, professores e
família. Assim para um melhor desempenho dos profissionais e desenvolvimento das
3

atividades, requer investimento público, formação continuada dos professores, uso


de tecnologias assistivas e orientações para as famílias.
Com base nisso, podemos refletir sobre desafios nas práticas pedagógicas no
Atendimento Educacional Especializado (AEE) e reconhecer as contribuições dos/as
professores/as e família para superação desses desafios. Assim criando estratégias
para que o aluno possa aprender melhor, oferecendo as ferramentas que
possibilitarão ao aluno o acesso ao conhecimento. A família e a escola emergem
como duas instituições fundamentais para desencadear os processos evolutivos das
pessoas e podem impulsionar ou inibir seu crescimento físico, intelectual, social,
afetivo e espiritual.
Dessa forma, faz-se necessário a parceria família-escola é um elo
importantíssimo no desenvolvimento da aprendizagem de qualquer criança ou
adolescente e muito mais no das pessoas com deficiência. Envolver as famílias no
processo educacional é fundamental para que os alunos possam avançar. Elas
devem ser convidadas a participar de momentos na escola e também estimulados a
realizar atividades junto com seus filhos em casa.

2 DESAFIOS E POSSIBILIDADES DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL


ESPECIALIZADO (AEE)

A educação tem um papel fundamental na vida do cidadão, e está baseada


nos princípios liberais, democráticos e não doutrinários. A Constituição Brasileira, em
seu artigo. 208, inciso III, “prevê o atendimento educacional especializado dos
portadores deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988,
s/p).
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) denomina a Educação Especial como uma
modalidade que garante um padrão de qualidade e equipara o ensino escolar ao
público que possuem deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação. Assim, se prescreve qual a Política Nacional de
Educação Especial no cenário da educação inclusiva um dos documentos de
instrução mais valioso que fundamenta o desenvolvimento da inclusão escolar:

A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os


níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional.
4

Especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua


utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do
ensino regular. (BRASIL, 2008, p 10).

Nota-se, portanto que desde o momento que a educação especial é


assimilada com admiração mais ampla na intenção de contribuir com o
reconhecimento e de propor recursos e serviços, colocar em prática a colaboração
para o pleno desempenho do aluno, a formação continuada dos docentes e a oferta
de acessibilidades para todos, e também ter uma relação entre família e escola para
que juntas podemos construir um escola de todos e para todos e fomentamos cada
vez mais a educação inclusiva.

Atendimento Educacional gratuito aso educandos com deficiência,


transtornos globais e desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
transversal a todos os níveis etapas e modalidades, preferencialmente na
rede regular de ensino (BRASIL, 1996, s/p).

Os avanços adquiridos com a Política Nacional de Educação Especial


possibilita o Atendimento Educacional Especializados (AEE), que se trata de uma
acessibilidade aos serviços prestados nas salas de recursos multifuncionais. No
entanto, ao longo dos anos o ensino especial sofreu mudanças até chegar em sua
atua versão. Segundo Nascimento (2015, p. 03).

A organização das escolas especiais separadas das escolas regulares, cujo


modelo recebeu várias critica por manter a segregação dos alunos com
deficiência, pois levava a um sistema escolar paralelo que não favorecia a
interação social desses educandos. Em outro momento, vigorava o modelo
de integração, ao inserir os alunos com deficiência em escolas regulares o
qual me mostrou limitado, pois não existe mudanças significativas na
organização das escolas para atender essa nova demanda. Em anos
recentes, surge a defesa da educação especial na perspectiva de educação
inclusiva. De forma genérica, a educação inclusiva refere-se a ideia de
promoção da escola para todos.

Após esta organização no ambiente educacional as escolas se adaptaram


para se adequarem às salas de AEE, com a finalidade de promover um ensino eficaz
auxiliando os professores do ensino regular. Este atendimento especializado
funciona na própria escola no contra turno, com durações de 50min, ao menos uma
vez por semana com o professor da AEE. A característica principal desse
atendimento é romper barreiras que impedem acessibilidade dos alunos que
possuem as suas limitações. Podemos caracterizar este atendimento como um
reforço para estes alunos, atendendo as habilidades e competências que devem ser
atingidas.
5

A escola precisa se adaptar para receber todas as crianças, inclusive as com


deficiências, e que as ações pedagógicas sejam voltadas para todas. A inclusão é
respeito, é aceitar as pessoas como elas são, cada pessoa é única e ser diferente
também é normal. Mas somente falar não vai adiantar, é preciso ações para juntos
lutarmos para melhores condições que favoreça um processo de ensino inclusivo
para todos, e que haja qualidade no ensino aprendizagem com ações educativas
importantes para com o outro e na assistência, tendo a colaboração das pessoas
direta ou indiretamente e tenham responsabilidade com o processo educacional.
[...] as escolas de qualidades são espaços educativos de construção
de personalidades humanas autônomas, críticas, onde crianças e jovens
aprendem a ser pessoas.
Nesses ambientes educativos, os alunos são orientados a valorizara
diferença pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores,
pelo ensino ministrado nas salas de aula, pelo clima socioafetivo das
relações estabelecidas em toda comunidade escolar- sem tensões
competitivas, mas com espirito solidário, participativo. Escolas assim
concebidas não excluem nenhum aluno de suas classes, de seus
programas, de suas salas, das atividades e do convívio escolar mais amplo.
Frequentando uma mesma e única turma (MANTOAN, 2006, p. 45).

É na escola onde a construção de personalidades tornando-a sujeito crítico


perante a sociedade, as escolas que reconhece e respeita a diversidade dos
indivíduos, propõe sempre mudar sua proposta de inclusão. E o ensino é
diferenciado das demais escolas em relação as dificuldades constatadas pelo
discentes, “...os currículos passam por adaptações, e as atividades e os programas
são facilitados para que as aprendizagens sejam reforçadas, ou mesmo aceleradas,
em caso de defasagem idade/série escolar” (MANTOAN, 2006, p. 44).
Quando nos referimos a escola inclusiva, estamos pensando na escola que
oportuna os docentes para formações e capacitações, para oferecer um ensino de
qualidades, perante a especificidades de cada aluno; assim, estaremos de fato
dando significado a prática pedagógica.
Diante do exposto, a falta de formação continuada altera todo um processo de
ensino, pois o professor precisa saber quais métodos e técnicas aplicar na sua
prática docente em suas aulas, para desempenhar um bom trabalho de ensino
aprendizagem para o desenvolvimento dos seus alunos com ou sem deficiências.
Antigamente sabia-se que o docente ao concluir sua formação inicial, já
estava capacitado para seguir a docência para o resta da vida. Freire (2001, p .64)
diz que: “é na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação
como processo premente.” Este tipo de docente expõe que a realidade é diferente
6

para todos aqueles que fazem a educação, principalmente para o professor que tem
por obrigação saber que a sua formação é continua.

Atual, o mundo no seu conjunto evolui tão rapidamente que os professores,


como, aliás, os membros das outras profissões, devem começar a admitir
que a sua formação inicial não lhes basta para o resto da vida: precisam se
atualizar, e aperfeiçoar os seus conhecimentos e técnicas ao longo de toda
sua vida. O equilíbrio entre a competência na disciplina ensinada e a
competência pedagógica deve ser cuidadosamente respeitada (DELORS,
2002, p. 161-162).

É preciso que o docente reveja sua prática a respeito do que é inclusão, é


necessário que o professor tenha consciência e responsabilidade a respeito do
desempenho da aprendizagem de seus alunos. A inclusão só acontece de fato se
nela existir aprendizagem. A inclusão tem vários pontos negativos e um deles é a
ausência de capacitações e formações continuada para um ensino de qualidade e
eficiente. “Afirma-se que a escola e os professores não estão preparados para
receber os „estranhos‟, os „anormais‟, nas aulas” (SKLIAR, 2006, p.31). É
fundamental que o professor na sua docência se mantenha cada vez mais
atualizado, e preparado para enfrentar todas as barreiras que estão sendo imposta
na educação, é preciso investir na sua formação a fim de desempenha seu papel
com excelência e ofertar a seus alunos um ensino de qualidade para todos.
Lembremos também que nas atualidades muitas escolas possuem sala de
recursos multifuncional, e tem-se investido muito nessas salas para que os
profissionais tenham matérias necessários para exercerem suas atividades, com
também na formação do profissional. Essas salas são de grande valia para as
escolas que possuem alunos com necessidades educacionais especiais, assim
estaremos trabalhando o processo de inclusão, que é garantido por lei e que
devemos respeitar e por em pratica. Ressalta-se que o profissional da sala do AEE,
precisa trabalhar junto ao professor da sala de aula comum, no sentido de
entenderem as dificuldade do aluno, fazendo essa troca de experiências que vai
contribuir para um melhor desenvolvimento do aluno nesse processo educacional e
em todo contexto escolar, assim estaremos contribuindo para sua inserção na
sociedade. De acordo com Anjos (2011, p. 4-5),
As salas de recursos multifuncionais fazem parte da ação do MEC, sendo
desenvolvida com os estados e municípios, constituindo-se em um espaço
para o atendimento educacional especializado (AEE), tendo como objetivo
oferecer suporte aos alunos com necessidades educacionais especiais,
favorecendo seu acesso ao conhecimento, possibilitando o desenvolvimento
de algumas competências e habilidades próprias.
7

Partindo dessa citação, observa-se que é fundamental a utilidade dessas


salas de recursos multifuncionais na escola, pois elas são favorável para que o
sujeito possa ultrapassar sua necessidades particulares para desempenhar suas
habilidades, colocando o sujeito nas ações pedagógicas e com materiais variados na
sala de recursos multifuncionais, fazendo experimentações para desenvolver seu
lado cognitivo, fazendo sua inserção culturalmente e socialmente, também propor o
seu desenvolvimento intelectual, físico e psicológico no espaço escolar. Mas tudo
isso só será possível se houver uma colaboração coletiva dos profissionais e família,
para que juntos possamos construir e desenvolver os sujeitos. Portanto, a escola
nesse contexto, deverá convidar a comunidade escolar/pais e responsáveis, para
cumprimenta de todos os direitos, leis, legislações que envolva a inclusão dessas
pessoas que precisam do nosso apoio para que de fato seus direitos sejam
respeitados e incluídos e ações para seu desenvolvimento.
A Política Nacional da Educação Especial ela salienta que o acesso à
participação e a aprendizagem dos discentes conhecidos como alvo da educação
especial na escola regular, precisam assegurar:

Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a


educação Superior; atendimento educacional especializado; continuidade
da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; formação de
professores para o atendimento educacional especializado e demais
profissionais da educação para a inclusão escolar; participação da família e
da comunidade; acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e
equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e articulação
intersetorial na implementação das política públicas (BRASIL, 2008b, p. 14).

A educação especial nesse sentido torna-se uma proposta da escola de


ensino regular, desde a participação, planejamento e organização dos recursos e
ações pedagógicos e do acesso que omitam barreiras para a absoluta participação
dos alunos. Sendo assim, é fundamental que a escola tenham um quadro de
profissionais capacitados e preparados para a especificidade de cada aluno. Nesse
sentido, a política educacional pressupõe a composição de sistemas educacionais
que absorvam a demanda de especialidades para atender cada aluno.
Diante desse relato, é fundamental que se investigue o processo de
implementação da educação inclusiva em todos os ambientes educacionais
preparados para esses sujeitos, e também se há a oferta pelo estado e município
para formação continua e capacitações para esses profissionais que atuam na sala
de AEE, a fim de suprirem seus desafios e possibilidade de atuarem nessas salas.
8

A educação inclusiva vem passando por melhorias ao longo do tempo, por


conseguinte, conta com o atendimento educacional especializado (AEE). De acordo
com o Art. 2º do Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011:

§ 2º O atendimento educacional especializado deve integrar a


proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para
garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às
necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e
ser realizado em articulação com as demais políticas públicas (BRASIL,
2011).

No que se diz a respeito a este assunto, podem existir algumas inquietações,


dentre as quais, destacamos: Afinal, o que é o atendimento educacional
especializado? Quem pode ser considerado público-alvo do AEE? Quem são os
profissionais que atuam como docentes no AEE? De acordo com as Diretrizes
Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado
na Educação Básica (2008), a Educação Especial é uma modalidade de ensino, que
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades de ensino. O AEE é um serviço da
Educação Especial prestado de forma complementar e/ou suplementar aos
estudantes. Considerando suas necessidades específicas, esse atendimento visa
contribuir para eliminar as barreiras que dificultam a aprendizagem no processo
ensino favorecendo a sua inclusão no ensino regular. A partir das Salas
Multifuncionais as escolas disponibilizam recursos e apoio pedagógico aos
estudantes com foco no processo de inclusão e democratização do ensino.
Considera-se público-alvo do AEE alunos com deficiência de natureza física,
intelectual, mental ou sensorial (surdez, cegueira e baixa visão); alunos com
transtornos globais do desenvolvimento; autismo clássico, síndrome de Asperger,
síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses), transtornos
invasivos sem outra especificação e alunos com altas habilidades/superdotação
(BRASIL, 2008).
O mesmo documento, determina que para atuar no AEE é necessário que o
professor tenha formação inicial que o habilita exercer a docência e, ainda, formação
específica na Educação Especial. É função do Professor do AEE fazer uma
avaliação inicial do aluno, elaborar e aplicar o plano individualizado, organizar o tipo
e o número de atendimento para os alunos com necessidades específicas, avaliar a
funcionalidade e aplicabilidades dos recursos pedagógicos, bem como sua
acessibilidade; estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais; orientar o uso da
9

Tecnologia Assistiva, promover a articulação com professores e famílias orientando


o uso dos recursos de acessibilidade e adaptações de atividades para o aluno
promover atividades envolvendo a família e setores da saúde e assistência social,
entre outros (BRASIL, 2008). Percebemos que a exigência da formação inicial e
continuada, anteriormente citada, ocorre devido a tantas atribuições importantes que
professor de AEE tem que assumir, principalmente no contexto atual, no qual o
atendimento está limitado, pois está acontecendo de maneira remota, através do uso
de tecnologias digitais ou atividades impressas disponibilizadas pelas escolas.
Assim, as dificuldades na execução das atividades por professores, responsáveis e
alunos ficam ainda mais acentuadas. Em documento do Ministério da Educação
(MEC), onde o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou no dia 28 de abril de
2020 as diretrizes para orientar escolas da educação básica e instituições de ensino
superior durante a pandemia do CORONA VÍRUS, no que diz a respeito à Educação
Especial, destacamos a autonomia para organização do Atendimento Educacional
Especializado com qualidade:

Considerando que os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios têm liberdade de organização e poder regulatório
próprio, devem buscar e assegurar medidas locais que garantam a oferta de
serviços, recursos e estratégias para que o atendimento dos estudantes da
educação especial ocorra com padrão de qualidade.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) deve também ser
garantido no período de emergência, mobilizado e orientado por professores
regentes e especializados, em articulação com as famílias para a
organização das atividades pedagógicas não presenciais a serem
realizadas.
Os professores do AEE atuarão com os professores regentes em rede,
articulados com a equipe escolar, desempenhando suas funções na
adequação de materiais, provimento de orientações específicas às famílias
e apoios necessários (BRASIL, 2020, p. 15).

Para Kassar (2007, p. 65), “[...] a educação hoje é um direito do homem,


construção e conquista humana, e deve levar à efetivação de uma vida com
qualidade para todas as pessoas”. Dessa forma, é importante atentar para a
necessidade de fazer com que a educação inclua a todos, permitindo-lhes uma vida
mais digna e valorosa; por isso, propiciar as pessoas com necessidades
educacionais especiais o acesso à educação com qualidade, dando-lhes condições
de participar e aprender no ensino regular, é papel social da escola. Com
perspectivas de dar visibilidade ao processo de inclusão escolar, este trabalho
objetiva evidenciar desafios e possibilidades da Sala de Recursos Multifuncionais
(SRM) no processo da inclusão escolar em uma escola municipal de Humaitá/AM.
10

Ressaltamos a importância deste espaço para o atendimento de alunos Públicos-


alvo da Educação Especial (PAEE), que possuem Necessidades Educacionais
Especiais (NEE), portanto, apoiados para este atendimento, com respaldo legal da
Resolução CNE/CEB n. º 2/2001. O Atendimento Educacional Especializado (AEE)
“é um serviço da educação especial que identifica, elabora e organiza recursos
pedagógicos e de acessibilidade, que eliminam as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas”. (Brasil,
2011).
Assim sendo, é imprescindível que o aluno com NEE, apesar de suas
limitações, tenha presença marcante na escola de ensino regular; uma vez que,
inserido nesse espaço e sendo partícipe de atividades em comunhão com os demais
membros da instituição, há possibilidades de se romper barreiras frente a inclusão
através da interação social. Diante de alternativas viáveis para o processo de
inclusão, consideramos a escola como espaço socializador onde o aluno, como no
pensamento de Ribeiro e Lima (2017, p. 69-70) “[...] se privilegia das diversas
situações/interações que caracterizam os processos sociais e interpessoais contidos
no âmbito escolar [...]”. De acordo com a Resolução CNE nº 4/2009, artigo 2º, o AEE
tem a função complementar e suplementar na formação do aluno; portanto, deve
disponibilizar serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem
barreiras, com a finalidade de assegurar a plena participação do educando na
sociedade, da mesma maneira que o desenvolvimento de sua aprendizagem.
Contudo, para que haja o pleno cumprimento das atribuições do AEE, durante
o processo de inclusão, é fundamental a articulação de professores da SRM com os
professores da sala regular, bem como outros profissionais da escola, além da
família e demais serviços da área da saúde e assistência social, visto que a
contribuição e o envolvimento de todos esses profissionais corroboram para o êxito
do ensino e da aprendizagem dos alunos. É significativo também destacar que a
realização de parcerias com profissionais de outras instituições, na perspectiva de
um trabalho adjunto é, certamente, uma barreira que se rompe a favor da inclusão.
Embora o atendimento especializado seja garantido na forma da lei, sabemos que
ainda é uma questão desafiadora para a escola e professores, pois há de se
considerar que este atendimento é um meio e não um fim em si mesmo, já que o
sucesso do trabalho para a inclusão depende de aspectos físicos estruturais,
pedagógicos, emocionais e tantos outros que têm significante influência no
11

desenvolvimento dos alunos como um todo. Na atual conjuntura, é legítimo que se


exija o cumprimento dos direitos em relação a educação como direito de todos.
Todavia, paradigmas enrijecidos a respeito da diversidade, em seus vários aspectos,
precisam ser rompidos; logo, é importante atentar para a necessidade de
conscientizar a comunidade escolar sobre o fortalecimento e união de forças, em
favor dos que, ainda, se encontram à margem do ensino regular nas escolas
públicas. Fazendo assim, a escola caminha para ser um ambiente acessível para a
inclusão dos que almejam a possibilidade de nela estar para estudar.
No Projeto Político Pedagógico (PPP). As ações propostas, planejadas e
executadas na SRM são descritas pelo desenvolvimento das atividades e ações
identificadas no PPP, que foram: a) Encontro Escolar: Atividade realizada com a
participação dos professores por turno, no início do ano letivo. Durante essas
atividades, os docentes recebem orientações sobre temas como deficiência, doença
mental, transtornos, síndromes, dificuldades de aprendizagens, indisciplina, dentre
outros que são apresentados pela professora da SRM. Neste encontro, discutem e
propõem ações de inclusão dos alunos nas atividades. As falas mais recorrentes dos
professores são no sentido de exporem seus anseios e medos, por se considerarem
despreparados; não saberem adaptar os materiais didáticos; não sabem proceder
com a avaliação desses alunos; além da falta de tempo para essas atividades.
Diante do despreparo e insegurança dos professores, há de se ter a
sensibilidade por parte da escola em proporcionar encontros que possibilitem a
capacitação em serviço ao corpo docente. Neste sentido, um cronograma para a
execução de encontro de estudos, participação colaborativa da professora de SRM
junto aos professores, planejamento coletivo de atividades, são possibilidades de
sanar ou minimizar as dificuldades mais prementes apresentadas. A falta de
conhecimento científico e pedagógico requer a necessidade de contínua formação
dos professores do ensino regular. Nesse sentido, a contribuição que o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (FUNDEB) trouxe aos professores é impreterível, pois, no que tange à
explanação, à execução e à utilização dos recursos para a capacitação e
aperfeiçoamento dos docentes em serviço, ele muito contribui. Esse fundo trouxe,
conforme Gatti (2008, p. 64), “pela primeira vez na história educacional do país,
respaldo legal para financiamento sistemático de cursos de formação de professores
em serviço”. Diante dessa necessidade, acreditamos que frentes de trabalho
12

precisam ser criadas para que estratégias viáveis sejam desenvolvidas na escola
para o enfrentamento dos desafios que são visíveis e, minimizar as dificuldades que
emergem no contexto da inclusão escolar. Assim, um projeto político pedagógico
com vistas à inclusão precisa visualizar a diversidade e especificidade da
comunidade escolar, tendo o compromisso de todos em fazer valer e dar vida a esse
documento, daí a importância da participação dos profissionais da escola, da família
e da comunidade nessa construção.
b) Palestra: Atividade do Projeto “Conhecendo e Respeitando as Diferenças”,
que existe na escola desde o ano de 2012. No início do ano letivo, todas as turmas
participam dessa palestra, que tem como tema central o “respeito”, e busca dar
ênfase à diversidade na escola, incluindo assuntos relacionados à diferença social,
cultural, econômica, étnica, crença, gênero, além dos aspectos físico, biológico e
mental. O desenvolvimento dessa palestra dá-se através de momentos enriquecidos
com vídeos, histórias, músicas, depoimentos e poesias sobre o tema. Como ocorre
por turma, essa etapa tem duração de uma hora a uma hora e meia, e os alunos
interagem, tiram suas dúvidas, dão suas contribuições e sugestões. O objetivo da
palestra é conscientizar e sensibilizar os alunos para que possam colaborar com a
inclusão, efetivar o respeito e valorizar a diversidade. Percebemos que o encontro e
a palestra, mesmo que pontuais na escola são propulsores de esclarecimentos e
informações importantes, capaz de despertar o espírito de respeito e solidariedade
entre a comunidade escolar. Sendo, portanto, iniciativas válidas, pois se a escola
não dispuser de um projeto que norteie suas ações em relação a inclusão, terá
dificuldades de se construir como um espaço que inclui.
c) Reunião com os pais: Atividade realizada pela professora da SRM que
envolve os pais dos alunos, público-alvo do AEE. Nessa ação, são discutidos temas
como a função da sala, as atribuições da professora, o funcionamento para os
atendimentos, bem como a importância desse ambiente. O responsável pelo aluno
decide, mediante o Termo de Responsabilidade, se o filho ou a filha irá ou não
participar do atendimento oferecido pela escola através da SRM. Mas, há alguns
pais que resistem ou demoram decidir na participação dos filhos nesse ambiente.
Caso o responsável confirme a participação, caberá a ele agendar o horário e o local
da entrevista com a professora.
d) Entrevista: Momento em que são colhidas as informações sobre o aluno, as
quais são utilizadas como instrumento facilitador para o planejamento do trabalho da
13

professora. Essa entrevista ocorre sempre no início das aulas, e torna-se essencial
para o atendimento no AEE, pois é através das referências concedidas pelos
familiares que se começa a planejar as primeiras ações/atividades. A partir da
entrevista, faz-se a montagem do histórico escolar dos alunos, registrando
informações voltadas às áreas cognitiva, motora e social, ou seja, elabora-se o
documento no qual constam dados da vida escolar e pessoal do aluno.
e) Atendimento Educacional Especializado: A partir dos dados adquiridos
sobre os alunos, passa-se para a primeira etapa do AEE. A professora da SRM
elabora o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), a partir da entrevista com a
família e a avaliação do aluno. Esse plano é um suporte norteador sobre o
conhecimento característico e específico de cada aluno. E com o intuito de contribuir
para o PDI, são realizadas observações que têm durabilidade de trinta minutos a
uma hora, objetivando verificar o comportamento nos diversos espaços da instituição
escolar, como: sala de aula, pátio, quadra de esportes e hora do recreio. Com o PDI
pronto, a professora busca efetivar, quando possível, conjuntamente com os
professores da sala regular e educadores físicos, o Plano Especializado Individual
(PEI). Esse plano é elaborado pela professora da SRM com a ajuda do professor da
sala regular e da família, pois esse documento norteará, também, a elaboração de
atividades na sala de recursos.
A proposta do PEI sempre para o primeiro semestre é integrar os alunos
novatos, priorizando a interação com a turma e a autonomia no ambiente escolar. No
que diz respeito aos alunos de anos anteriores, busca-se dar sequência às
atividades escolares de cunho inclusivas, as quais são voltadas para as áreas
cognitiva, motora e social. No final do ano letivo, é entregue o Relatório Individual,
documento este onde são apresentados as dificuldades e os avanços que os alunos
tiveram. Há registro, também, no PPP que a escola conta com a colaboração e o
apoio dos profissionais da equipe multiprofissional da Secretaria Municipal de
Educação (SEMED), que é composta de psicólogo, fonoaudiólogo e assistente
social. O psicólogo atua na identificação e possível diagnóstico do aluno que precisa
de assistência, faz o acompanhamento e o encaminha para o atendimento clínico.
Já a fonoaudióloga, identifica as dificuldades, faz a avaliação e, quando necessário,
encaminha ao atendimento clínico. Para que a assistente social efetue o
acompanhamento do aluno, é necessário, primeiramente, que os professores façam
a solicitação através de requerimento. Com base na solicitação é feito o
14

acompanhamento e o atendimento de casos: orientações de solicitação de Benefício


de Prestação Continuada – BPC; casos de vulnerabilidade; agendamento de
consultas; definição das datas de visitas domiciliar, para entender o desenvolvimento
do aluno, suas dificuldades, suas limitações e de sua família.

2.1 Atendimento educacional especializado: conceito, finalidades e práticas


Pedagógicas

Por muito tempo a chamada Educação Especial, organizou suas atividades


de forma substitutiva as da escola “comum” ou regular, ou seja, atuou enquanto um
sistema paralelo de ensino. O lócus da escolarização de estudantes com
especificidades, público alvo dessa modalidade de ensino participava, em grande
parte, em espaços separados e considerados „especializados‟, como classes,
escolas e instituições especiais. Esses locais foram por muito tempo, vistos como os
mais adequados ou em muitos casos, a única alternativa de ensino de sujeitos que
supostamente não se beneficiaram do ensino regular destinado aos demais alunos
em idade escolar.
No final da década de 80, por “meio do paradigma da inclusão, inicia-se um
movimento com base no princípio de igualdade de oportunidades nos sistemas
sociais, incluindo a instituição escolar” (TURCHIELLO; SILVA; GUARESHI, 2014, p.
33). Nesse sentido, o movimento tem como concepção o direito de estudantes com
especificidades frequentarem a escola regular, tendo como pano de fundo a
valorização da diversidade. Observa-se que nos últimos anos, as políticas públicas
vêm organizando-se na modalidade de ensino relacionada com a Educação Especial
numa perspectiva de Educação Inclusiva. Nessa acepção:

[...] a escolarização dos sujeitos considerados público alvo da Educação


Especial deve ocorrer no ensino comum. A Educação Especial oferece
apoio e serviços, de caráter complementar e/ou suplementar, que visam
garantir a participação e a construção da aprendizagem desses alunos na
escola regular (TURCHIELLO; SILVA; GUARESHI, 2014, p. 33).

Assim sendo, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da


Educação Inclusiva (2008), reafirma o direito de todos os estudantes à educação no
ensino regular, objetivando combater o paralelismo da Educação Especial ao ensino
comum, sendo essa instituída como uma modalidade de ensino. O referido texto
documento define a Educação Especial como:
15

[...] uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e


modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza
os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de
ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL,
2008b, p.10),

Ao tratarmos da inclusão escolar nos remetemos ao direito de pessoas com


necessidades educacionais especiais de terem acesso ao ensino na escola regular.
Contudo, são pessoas com características e especificidades singulares e, para que
haja aprendizado, precisam de atendimento conforme suas necessidades
específicas. É neste sentido que as legislações precisam sair do papel e
proporcionar uma educação de qualidade para todos. Mas, a inclusão escolar na
realidade brasileira parece andar em passos lentos, pois falta um olhar mais atento
por parte do poder público para a necessidade de profissionais especializados e
para a escassez de recursos, o que dificulta o trabalho para uma efetiva inclusão.

2.2 Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa qualitativa busca-se compreender, os dados


qualificáveis para entender a veracidade dos fatos. Constata-se que esse tipo de
pesquisa é eficiente na concretização dos resultados obtidos, nos objetivos e
salienta que:
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de
dados e o pesquisador como seu principal instrumento: segundo os dois
autores, a pesquisa qualitativa supõe o contato direto prolongado do
pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via
de regras através do trabalho intensivo de campo. (LUDKE; ANDRÉ, 1986,
p. 11).

Pelo exposto é fundamental que o pesquisador tenha um tempo para realizar


sua exploração a respeito do fato a ser pesquisa. Nesse sentido, entende–se que na
pesquisa qualitativa o pesquisador é o instrumento principal para a realização das
ações e concretização dos fatos a ser investigados.
Para desenvolver esse estudo utilizaremos pesquisa bibliográfica e pesquisa
de campo, com o objetivo de investigar quais são os desafios e possibilidades do
Atendimento Educacional Especializado que os professores das Salas de Recursos
Multifuncionais encontram.
A pesquisa bibliográfica consiste em elementos de grande importância no que
se refere o processo de elaboração de um trabalho de conclusão de curso, sobre a
pesquisa bibliográfica Oliveira (2011, p. 7) afirma que:
16

A pesquisa bibliográfica é um procedimento metodológico que dá


possibilidade de compreender o tema em estudo a partir do contado direto
com as fontes buscadas pelo pesquisador para desenvolver seu trabalho
através das leituras realizadas e também de fichamento.

Entendemos que a pesquisa bibliográfica é feita tendo como base material já


elaborado como artigo revista jornal, sites dentre outros, assim a pesquisa
bibliográfica tem teor qualitativo, pois solicita que as interpretações e análise tenha
fato de caráter qualitativo, entretanto este tipo de pesquisa, se caracteriza em peças
chaves, através da coleta de dados, o pesquisador analisa e alcança as
informações coletadas. Posteriormente, será utilizada a pesquisa de campo a fim de
colher as informações necessárias aos propósitos da pesquisa.

2.3 Campo social da pesquisa

A pesquisa será realizada na escola Padre Luís de Castro Brasileiro,


localizada na Rua David Caldas s/n, no bairro nossa senhora das Graças, União-PI.

2.4 Sujeito social da pesquisa

A pesquisa terá como público alvo professores da sala do AEE que


desenvolvem o atendimento educacional especializado (AEE). Os sujeitos da
pesquisa foram escolhidos por serem pessoas que tem o convívio direto e indireto
com os sujeitos da temática dessa pesquisa, assim, poderemos obter mais
informações a respeito do fato a ser pesquisado.

2.5 Critérios de exclusão e inclusão

O processo de inclusão dos sujeitos participantes da pesquisa será por serem


professores que tenham formação continuada e capacitações na área do AEE
atuante na escola citada, ou seja, escola Padre Luís de Castro Brasileiro, União-PI.
O critério de exclusão dos participantes se dará por não terem a formação
continuada e capacitação na área do AEE e não se enquadrarem nos critérios
exigidos na pesquisa.

2.6 Instrumento e coleta de dados


17

O instrumento utilizado para a coleta de dados será entrevista, por


proporciona que o pesquisador e o pesquisado ficam frete a frente, a fim de obterem
as informações com mais clareza, assim o pesquisador elabora de acordo com os
objetivos da pesquisa. Desse modo o pesquisador entenderá e fará melhor
interpretação dos dados.
A entrevista é uma técnica de coleta de dados que nos proporciona a
“investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou
tratamento de um problema social” (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 178). Sendo
assim. O pesquisador e pesquisado ficam cara a cara, para possibilitar melhor os
esclarecimentos das perguntas durante a entrevista, bem como as expressões
durantes as respostas. Portanto, a entrevista ajuda no diagnóstico e no tratamento
de um fato social.
Para a análise deste trabalho iremos nos apoiar em Bardin (1997). A análise
de conteúdo pode ser entendida como:

Um conjunto de técnicas da análise de comunicação, visando obter, por


procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativo ou não) que permitam a inferência de
conhecimento relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens”. (BARDIN, 1997, p. 42).

Desse modo Bardin (1997) relata que a análise dos conteúdos ocorre através
das técnicas aplicada, para analisar os conteúdos relatados através das informações
recolhidas diante da realidade dos fatos.

2.7 Aspectos éticos da pesquisa

Será feita a apresentação da pesquisa à direção e aos professores da


instituição que será palco da pesquisa, onde será requerida a participação
espontânea dos participantes, na qual os mesmos receberão o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), compreendendo todas as informações
primordiais ao estudo, o qual, após a leitura, será solicitado aos participantes que o
assine.
Para reduzir a existência de riscos, como por exemplo, a descoberta da
identidade dos participantes, estas serão preservadas com o uso de pseudônimos,
garantia que estará assegurada no TCLE.
No que diz respeito a prováveis incômodos ou constrangimentos para
responderem a entrevista será garantido que os envolvidos poderão responder na
18

ocasião e lugar que acharem mais oportuno, tendo que apenas combinar uma data e
horário para que isso aconteça.
Além de assegurar que sua identidade será protegida em anonimato, ficará
elucidado que os mesmos poderão desistir da participação da pesquisa a qualquer
momento, se acharem necessário.
Segundo Ferraz, Araújo e Carreiro (2010), algumas dificuldades no processo
inclusivo dos alunos, decorrem da dificuldade da escola em criar oportunidades para
a troca de informações e estratégias entre a família e a escola. Os autores ainda
enfatizam que o fato de os pais saberem o que é feito em sala de aula e estarem
mais presentes na escola parece contribuir com a aprendizagem da criança com
deficiência, já que algumas professoras utilizam como estratégia mandar atividades
para serem feitas em casa.
Nesta perspectiva, encontrou-se no trabalho de Silva e Mendes (2008), cujo
objetivo era identificar a interação entre a escola e a família de crianças com
deficiência, que a família deve procurar comunicar-se com os profissionais que
atendem os filhos, aceitar a deficiência do filho, questionar os profissionais de
maneira adequada, garantir a frequência do aluno, visitar a escola e participar das
atividades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação dos serviços de AEE na visão dos pais do presente estudo


mostrou como aspectos positivos: a maior interação entre os alunos regulares e os
alunos em situação de inclusão, bem como o uso de atividades interessantes e
prazerosas para que a aprendizagem dos alunos com necessidades educativas
especiais aconteça de maneira ativa, desenvolvendo habilidades de leitura,
comunicação e raciocínio.
Ao ponderarmos a educação na perspectiva da inclusão, consideramos que
uma escola que se caracteriza como inclusiva se preocupa em cumprir com os
trâmites legais da obrigatoriedade que recai sobre ela como instituição formadora,
mesmo que as legislações apresentem falhas e em algumas situações abram
margem para interpretações que soam como exclusão, ao usar a expressão “o
acesso a educação básica e ao atendimento educacional especializado,
19

preferencialmente, na rede regular”, isso abre espaço para que alunos com
deficiência sejam tolhidos de seus direitos.
Mas, ao que diz respeito a respostas para o problema proposto por esta
pesquisa, a escola, lócus do estudo, se vê diante de desafios, mas também, de
possibilidades de fazer com que os alunos com necessidades educacionais
especiais sejam aceitos e façam parte do quadro da escola como discentes e
recebem o atendimento. Mesmo a escola apresentando suas limitações é possível
dizer que esta instituição não se omite em fazer com que, na medida do possível, a
inclusão seja um de seus alvos.
Diante da urgência da verdadeira inclusão escolar, a mobilização precisa ser
da gestão, dos professores, das famílias e da comunidade onde a escola está
inserida. E é fundamental que os órgãos mantenedores da educação viabilizem
meios e condições de se fazer cumprir o que foi legitimado, pois as limitações da
escola e dos professores inviabilizam o trabalho de quem está na linha de frente do
processo de ensino e de aprendizagem de alunos com ou sem deficiência.
À vista disso, esperamos que a temática em estudo suscite questionamentos
que propiciem reflexões sobre questões que ainda carecem de respostas plenas e,
por se tratar de um trabalho inconcluso, prosseguimos em busca do que se propôs a
pesquisa de modo mais abrangente.

REFERÊNCIAS

ANJOS, Isa Regina santos dos. O ATENDIMENTO EDUCACIONAL


ESPECIALIZADO EM SALAS DE RECURSOS. ITABAIANA: GEPIADDE, Ano5, V.
9, p. 1-11, jan/jun. 2011

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 1977.

BRASIL, LEI n.º 9394, de 20.12.96. Estabelece as diretrizes e bases da educação


nacional.
Brasilia: MEC, 1996.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Operacionais da Educação Especial


para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica.
Regulamentado pelo decreto nº 6.571, de 18 de setembro de 2008.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Disponível em:


www.federativa-do-brasil-1988#art-208--inc-III. Acesso em: 29 jul. 2018.
20

BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Fixa normas para o


Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade de
Educação Especial. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 17 nov. 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sobre a doença Coronavirus (covid-19). Disponível


em:. Acesso em 10 de set. de 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de


Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/ Seesp, 2008.

TURCHIELLO, P.; SILVA, S. S. M.; GUARESCHI, T. Atendimento Educacional


Especializado: contribuições para a Prática Pedagógica. 1. ed. Santa Maria: UFSM, 2014.

DUARTE, R. Entrevista em pesquisas qualitativas. Educação em Revista,


Curitiba,
2004.

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 2002.

FISCHER, R. M. B. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de


pesquisa. Porto Alegre: UFRGS, nº 114, p. 197-223, nov. 2001.

LÜDKE, M & ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas.


São Paulo: EPU, 1986.

OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo


sóciohistórico. São Paulo: Scipione, 4ª ed., 2008.

KASSAR, Mônica carvallho de Magalhães. In: GÓES, Maria Cecília Rafael de;
LEPLANE Adriana Lia Friszman de. Políticas e Práticas de Educação Inclusiva.
São Paulo: Autores associados. 2 ed. 2007.

MANTOAN, Maria Teresa Egler. Inclusão Escolar: o que é? Por quê? Como fazer?.
São Paulo: Moderna, 2006.

MANTOAN, Maria Teresa Egler. PRIETO, Rosângela Gavioli; ARANTES, Valéria


Amorim (org.). Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus,
2006.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São


Paulo; Editora Atlas, 2010.

NASCIMENTO, Suzete Viana. Políticas Públicas para Educação Especial na


perspectiva da Educação Inclusiva no Brasil. Disponível em:
http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/17827_7668.pdf. Acesso em: 30 jul.
2015.
21

OLIVEIRA, A. Importância da formação dos profissionais da educação atender


alunos com deficiência no ensino regular. Revista científica eletrônica de ciência
sociais aplicadas da EDUVALE, Jaciara, ano 4, n. 6, p. 16, nov./2011.

PITTA, Guilherme Benjamin Brandão, Castro Aldemar Araújo. A pesquisa cientifica


2006.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências Sociais: a pesquisa


qualitativa em Educação. São Paulo: Editora Atlas, 1987.

Você também pode gostar