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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO


COLEGIADO DE PEDAGOGIA
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

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TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL:
AS CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA NO ENSINO E NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Lucilene Aparecida Costa1


Márcia Regina dos Reis2

RESUMO
Este artigo, tem como objetivo discutir as contribuições da Teoria Histórico-Cultural
de Vygotsky, no ensino e no desenvolvimento da criança, em razão da importância
do ambiente escolar na vida do ser humano. A escola tem como papel, proporcionar
acesso ao ensino sistematizado, estimulando a participação da criança
intencionalmente desenvolvendo o conhecimento cientifico, além do empírico,
conquistando a autonomia a partir das experiencias vivenciadas através das
diversas possibilidades dentro da sala de aula. O professor tem a função de ensinar
proporcionando um ambiente adequado para que a aprendizagem seja consolidada,
com isso, os processos no decorrer do ensino são diversos e desafiadores, o que a
criança aprende em casa outra pode não ter experienciado ainda, mas com a
inserção na escola, ela descobre as novas possibilidades conhecendo as novas
culturas existentes ao redor, por isso, é fundamental o papel do professor como
mediador no processo de ensino-aprendizagem, para possibilitar a criança, um
ensino direcionado e desafiador, para ampliar o conhecimento a partir da
aprendizagem cotidiana e a aprendizagem específica.
Palavras-chave: Ensino. Aprendizagem. Desenvolvimento. Teoria Histórico-Cultural.
Introdução
As perspectivas da Teoria Histórico-Cultural na qual têm como percursor
Vygotsky, contribui para um ensino e uma aprendizagem que perpassa pela
compreensão da importância do desenvolvimento das funções psicológicas
superiores, onde o professor é responsável por criar condições para que o
Desenvolvimento Proximal ocorra, isso acontecerá através da mediação entre o
objeto de conhecimento e o aluno, permitindo o ensino sistematizado e intencional, a
fim de contribuir com o desenvolvimento psíquico do ser humano.

1 Acadêmico (a) do Curso de Licenciatura em Pedagogia – Centro de Ciências Humanas e da Educação


(CCHE) – Campus de Jacarezinho/PR da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). E-mail para
contato: lucileneacosta19@gmail.com.
2 Professor (a) do Curso de Pedagogia– Centro de Ciências Humanas e da Educação (CCHE) – Campus de
Jacarezinho/PR da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Titulação. E-mail para contato:
marcia.rei@uenp.edu.br.
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O papel da educação é fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos


na sociedade, pois, é através do ensino, que se inicia o processo de ensino-
aprendizagem que está associado ao desenvolvimento pessoal, onde as
competências, habilidades, conhecimentos e valores, são adquiridos e modificados
através das observações e experiências, obtidos através dos estudos e raciocínio,
pois, a aprendizagem é necessária na vida das pessoas. Na Educação Infantil, as
crianças muitas vezes, são estimuladas às práticas que valorizam suas ações,
conquistando assim sua autonomia aos poucos, através dos desafios do cotidiano.
Para que a criança aprenda a respeito da linguagem escrita, é necessário o longo
processo de desenvolvimento que ocorre antes mesmo do processo de
alfabetização. Assim, consideramos a Teoria Histórico-Cultural como uma
abordagem teórica que proporciona a compreensão de todo o processo, o que
justifica tal estudo, pois este, ressalta as funções psíquicas (atenção, memória,
linguagem, pensamento, abstração, conceitos, imaginação, criatividade, etc.), a
necessidade de olhar para o aluno e o papel do professor.
O objetivo dessa escrita, é compreender como a Teoria Histórico-Cultural
contribui para o processo de aprendizagem, pois, é necessário entender como as
funções psíquicas superiores se desenvolvem, também é preciso compreender
como se determina a capacidade do aluno em avançar da Zona de Desenvolvimento
Real, Potencial para a Zona de Desenvolvimento Proximal - ZDP, por isso, é
importante compreender o papel do professor como mediador do processo de
ensino-aprendizagem, considerando que ele irá através das práticas intencionais,
possibilitar que o desenvolvimento das funções psíquicas ocorra.
O referencial teórico-metodológico que optamos neste trabalho, fomenta
discussões e reflexões sobre as funções psicológicas superiores, na perspectiva de
ressaltar que a origem se dá a partir do coletivo através da interação com as
pessoas, portanto, o sistema linguístico, ou seja, a linguagem, permite um
desenvolvimento de capacidade intra e inter, pois, todo o conhecimento é dinâmico.
Pimentel (2007), ressalta que, o conhecimento obtido pelo aprendizado relacionado
ao desenvolvimento dessas funções, compreende-se que as modificações são reais
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nas estruturas do ser humano, bem como a aprendizagem de novos conhecimentos,


onde recebemos as informações e assim, acumulando saberes, onde a linguagem é
o principal mediador cultural, necessário para a comunicação, interação e
expressões de ideias.
Para compreender a relação entre o ensino e a linguagem no
desenvolvimento da criança, Pinho (2013) contribui esclarecendo a relevância do
papel do professor como mediador, e aquele que de forma intencional, planeja
propostas metodológicas para que atinja os objetivos com o ensino e
desenvolvimento das funções psíquicas.
Freire (2016), Martins (2016) e Medeiros (2014), contribuem para esclarecer o
papel do ensino a partir da Teoria Histórico Cultural – THC, e a sua função para o
processo de desenvolvimento para a criança, pautado em um ensino significativo
aos alunos, com práticas que proporcionam a relação dialética, aprendizagem e
desenvolvimento, levando em conta as questões sociais, afetivas, cognitivas e
motora.
Portanto, para delimitar os objetivos propostos, foram realizadas pesquisas
bibliográficas, através da analise qualitativa. Este artigo está estruturado da seguinte
maneira: Introdução, desenvolvimento, resultados e discussões.

Desenvolvimento

Considerando a Teoria Histórico-Cultural e a aproximação da mesma ao


ensino, ressaltamos a mediação do professor no contexto da sala de aula, a
contribuição com propostas metodológicas, no processo de ensino e aprendizagem
desde a educação infantil, perpassando pelas diversas modalidades educacional. É
na Educação Infantil através das práticas planejadas pelo professor, onde inicia o
conhecimento do ensino sistematizado, em que os conhecimentos científicos são
levados a serem conhecidos em momentos lúdicos através das interações,
brincadeiras e jogos, possibilitando as crianças a refletir sobre a sociedade, natureza
e sobre si mesmo, possíveis a partir da mediação do professor. Outro papel de
importância do professor é estabelecer o vínculo entre a instituição escolar e a
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família, pois ambas são essenciais para a formação das crianças como integrantes
da sociedade. Além disso, a instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas
plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade
(BRASIL, 2018).
A convivência da criança em outros ambientes, e, principalmente na escola, é
importante para sua formação, de acordo com Pinho (2013, p. 18) “[...] a interação
criança-criança nos espaços coletivos potencializa experiências que promovem o
desenvolvimento de sua personalidade e inteligência, mediadas pelo trabalho
intencional dos professores”, sendo assim, as brincadeiras e a participação, ampliam
seus conhecimentos dos quais possibilitam que sua aprendizagem seja rica em
informações sobre a diversidade cultural existente, por proporcionar trocas através
do ato de explorar e se expressar cotidianamente, portanto, na perspectiva
Vygotskyana, “[...] a interação social é o veículo fundamental para a transmissão de
dinâmica (de inter para intrapessoal) do conhecimento social, histórica e
culturalmente construído” (MOREIRA, 1995, p 110).
Moreira (1995) ainda ressalta que:

As crianças geralmente não crescem isoladas, interagem com os pais e com


outros adultos da família, com outras crianças e assim por diante.
Adolescentes, adultos, moços e velhos, geralmente não vivem isolados,
estão permanentemente interagindo socialmente, em casa, na rua, na
escola etc. Para Vygotsky esta interação é fundamental para o
desenvolvimento cognitivo e linguístico de qualquer indivíduo. (MOREIRA,
1995, p. 110).

Para Vygotsky, a linguagem é a função psíquica mais importante, pois é nela


e através dela, que estão os sistemas de signos para o desenvolvimento cognitivo
da criança, porque a libera dos vínculos contextuais imediatos, por isso, Pinho
(2013, p. 54) “compreende que a comunicação é uma condição indispensável para a
existência do homem, e um dos fatores básicos para seu desenvolvimento psíquico”.
Medeiros (2014) também aponta que, é através da linguagem, e em todas as suas
formas de expressão, que permite ao homem projetar em sua mente o objeto antes
de executar a ação para elaborá-lo (MEDEIROS, 2014, p. 25).
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A comunicação na infância se desenvolve com o conhecimento a partir da


consciência que a criança obtém sobre si, reconhecendo o seu espaço e pessoas
importantes que cuidam dela, tornando-se significativo cada ato e comportamento
dos familiares e pessoas do seu círculo de convivência, onde aprendem as palavras
conforme as experiências que vivenciam no seu cotidiano.
Medeiros (2014, p. 25) ressalta que, “o ser humano ao relacionar-se com a
natureza produz as ferramentas materiais para as suas atividades produtivas e, ao
mesmo tempo, produz e reproduz, os conhecimentos sobre essa realidade”, com
isso, percebemos que, independente da idade, a criança consegue se expressar e
realizar suas ideias conforme suas experiências e conhecimentos adquiridos durante
sua vida. E, ainda, Pimentel (2007) aponta que:

Se a criança não pode agir como um adulto, pode fazer de conta que o faz,
criando situações imaginárias em que se comporta à semelhança do
comportamento adulto. Ela se torna o que ainda não é, age com objetos
substitutivos daqueles que ainda lhe são vetados, interage conforme
padrões distantes daqueles que demarcam seu lócus social. (PIMENTEL,
2007, p. 227)

Toda ação da criança, intervém a partir das experiencias, uma criança na fase
da Educação Infantil, possui personalidade e características únicas, enquanto o
comportamento e a consciência estão em formação, mesmo assim, através das
linguagens, demonstra o que gosta ou não, expressando de várias formas, mesmo
as vezes não falando corretamente, ela desenha, ela insinua ou demonstra
visualmente o que quer dizer, que a criança, identifica os costumes dos pais e
imitam voluntariamente ou muitas vezes, involuntariamente, por fazer parte do seu
cotidiano, e não porque a criança herdou características ou temperamento dos pais
ou parentes, como costumam destacar quando uma criança tem uma atitude
extrema e inesperada, igual das pessoas de sua convivência.
Martins (2013, p.52) afirma que, as aptidões psíquicas do homem não são
determinadas pelas propriedades biológicas herdadas. A única aptidão que o
cérebro humano possui é a aptidão para formar aptidões, que é uma das condições
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necessárias à formação das funções psíquicas, com isso, as crianças se comportam


conforme sua compreensão e assimilação dos acontecimentos, ou seja, [....] a
humanidade vai complexificando cada vez mais seu sistema de signos, além da
linguagem falada criam outros instrumentos simbólicos (MEDEIROS, 2014, p. 27).
A escola é um dos ambientes adequados para proporcionar momentos
essenciais de aprendizagem e ensino para o desenvolvimento da criança, através da
mediação do professor, a partir da atividade pedagógica, apresentando o
conhecimento sistematizado, criando situações intencionais para estimular as
crianças e levá-las a autonomia. Para Santos (2016), o ensino requer
intencionalidade, organização com a finalidade de criar situações problematizadoras,
desencadeando ações por parte dos sujeitos, mobilizando sua Zona de
Desenvolvimento Proximal.
Como aponta Martins (2016), é fato que o aprendizado deve estar, em
consonância com o nível de desenvolvimento da criança, contudo, para que
aprendizagem e desenvolvimento estejam em consonância é preciso conhecer os
níveis de desenvolvimento em que as crianças se encontram, com isso, Vygotsky
(1988, apud MOREIRA, 2017, p. 118) salienta que, o único bom ensino é aquele
está à frente do desenvolvimento cognitivo e o dirige. Contudo, a orientação de um
professor deve estar de acordo com o nível de desenvolvimento, conforme seu
conhecimento do mundo.
Por isso, o preparo do professor é primordial, para impulsionar a criança
intencionalmente através do ensino, “dimensionando quais bases efetivamente
propiciam o desenvolvimento na sua multiplicidade cognitiva, afetiva, social,
psicomotora e moral” (PIMENTEL, 2007, p. 222), levando-a refletir e conhecer aquilo
que a intriga, pois, os questionamentos surgem a partir de suas experiências, algo
que viu, assistiu ou ouviu, despertando a curiosidade e fazendo diversas perguntas,
pois, em algum momento de sua vida, estas perguntas serão salientadas.
A constituição da consciência, ocorre a partir da mediação direcionada, onde
se formam os conceitos, que começa na fase da infância e vai amadurecendo,
formando a base psicológica, construindo o intelecto da criança, portanto, o
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desenvolvimento das funções psicológicas superiores está diretamente ligado as


vivências e experiências e ao processo de internalização, Freire (2016) enfatiza que:

O ensino devidamente sistematizado deve ter o conhecimento teórico como


mediador para a atividade, a fim de que, orientado pelo professor, o
estudante seja motivado a participar ativamente do caminho de
(re)construção do conceito em sala de aula, empregando sua atividade
psíquica ao analisar, explicar, demonstrar e argumentar sobre sua
constituição na realidade concreta. (FREIRE, 2016, p. 21)

A participação direcionada, auxilia no desenvolvimento das funções


psíquicas, resultando em conhecimentos específicos, para que a criança
compreenda os signos. Portanto, Reis (2018) esclarece sobre os avanços
significativos das funções superiores;
Os avanços significativos das funções superiores são propiciados nas 
relações estabelecidas pela palavra no pensamento e, ao analisarmos o
processo  de desenvolvimento da linguagem infantil, ressaltamos que as
associações entre  palavra e significado se modificam no decorrer do
próprio desenvolvimento, o que  deixa claro que o desenvolvimento do
significado da palavra não se reduz  simplesmente a mudanças externas e
quantitativas, ou seja, apenas pelo ato de  conhecer um novo objeto e se
apropriar da palavra correspondente ou do vínculo  estabelecido nessa ação
(REIS, 2018, p. 34).

O desenvolvimento humano para Vygotsky

Para Vygotsky, as aprendizagens que ocorrem no cotidiano são importantes,


pois, a aprendizagem não segue o desenvolvimento, mas o impulsiona e promove,
ou seja, a aprendizagem é importante para o desenvolvimento por abranger os
conhecimentos ampliando a inteligência, influenciando o pensamento e as ações,
salienta Pimentel (2007, p. 221), sendo assim, Vygotsky classifica os seres humanos
como seres únicos, pois, diferente dos animais, temos a capacidade de pensar e
refletir sobre as ações que precisam ser executadas, para chegar a um resultado, ou
seja, “o desenvolvimento na infância do ser humano ocorre em condições de
interação com a cultura” (PINHO, 2013, p. 78).
A Teoria Histórico-Cultural compreende que, desenvolvemos a inteligência
dentro e fora da escola, a partir dos diversos momentos em que estamos inseridos
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nos vários ambientes no cotidiano, ampliando nossos conhecimentos a partir das


ideias. Na Teoria Histórico-Cultural, Vygotsky traz considerações sobre o
desenvolvimento humano, Rego (2014) aponta que:

Vygotsky identifica dois níveis de desenvolvimento: um se refere as


conquistas já efetivadas, que ele chama de nível de desenvolvimento real
ou efetivo, e o outro, o nível de desenvolvimento potencial, que se relaciona
as capacidades em vias de serem construídas. (REGO, 2014, p. 72)

O nível de Desenvolvimento Real, são as conquistas efetivadas, que a


criança sabe fazer e desenvolve mecanismos para efetivar suas ações
consolidadas, sendo os processos mentais que aconteceram, onde a criança sabe e
consegue fazer com facilidade, sem ajuda de outros. O nível de Desenvolvimento
Potencial, é o processo em desenvolvimento, que relacionam as capacidades a
serem construídas, fazendo com que a criança se desenvolva a partir das instruções
de alguém mais experiente, com ajuda e colaboração, a criança recebe as
instruções de um jogo ou brincadeira, compreendendo a partir da demonstração,
sendo assim, é necessário olhar para esse desenvolvimento potencial, para
incentivar a criança transcender suas habilidades.
A Zona de Desenvolvimento Proximal, de acordo com Moreira (2017) são as
funções que ainda não amadureceram, mas que estão no processo de maturação,
ou seja, define as funções que não amadureceram, mas, estão presentes, entre o
que a criança saber fazer e recebe ajuda, esse caminho no meio é o que vê o
desenvolvimento da criança, entre o saber e o não saber.
De acordo com Paixão (2018), Vygotsky (1995) destaca sobre:

A importância no processo de desenvolvimento das funções psicológicas


superiores, do domínio dos meios externos do desenvolvimento cultural e do
pensamento por meio de instrumentos psicológicos, tais como: a linguagem,
a escrita, o cálculo e o desenho. Instrumentos próprios da aprendizagem
formal, nos quais a criança tem a possibilidade de desenvolver a partir de
sua entrada na escola (VYGOTSKY, 1995, apud PAIXÃO, p. 38, 2018).

As funções psicológicas superiores como: memória, consciência, percepção,


atenção, pensamento, fala, vontade, formação de conceitos e emoções, se integram
e formam o sistema psicológico, em que as funções se relacionam entre si. Ainda,
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Paixão (2018) destaca sobre como se formam as funções psicológicas superiores no


ser humano;
As funções psicológicas superiores são formadas no processo de
apropriação da cultura pela criança, ao longo de sua vida. Primeiramente,
de modo social, a partir da relação com outras pessoas e, no nível
individual, baseado na significação do sujeito. No cerne da base teórica
construída por Vygotsky, o ser psicológico se forma a partir das relações
sociais, em uma construção coletiva e compartilhada, no qual o substrato
biológico, não é definidor do máximo nível de desenvolvimento a ser
alcançado (PAIXÃO, 2018, p. 49).

As funções psicológicas superiores são responsáveis pela formação, pela


significação das representações mentais, ou seja, o psiquismo se desenvolve no
material ideal e na unidade afetiva, onde o desenvolvimento e a aprendizagem
modificam as estruturas, fazendo com que sejam internalizados, a partir da
transformação, recebem o conhecimento dinâmico, essas funções são biológicas
que o ser humano obtém a partir da cultura e do conhecimento mediado.
desenvolvimento

O papel da educação no desenvolvimento infantil

A ludicidade na Educação Infantil é importante para o desenvolvimento da


criança, por proporcionar oportunidades para desfrutar da fantasia e da imaginação,
capacidade estas exclusivas dos seres humanos, portanto, inserir na vida das
crianças brincadeiras e jogos com finalidade de obter aprendizagem, explorando
suas potencialidades faz com que o ensino seja internalizado, portanto, “cabe ao
professor ensinar à criança aquilo que ela ainda não é capaz de aprender por si
mesma, dirigindo seu trabalho educativo para o seu desenvolvimento psíquico”
(PAIXÃO, 2018, p. 38).
A criança muito pequena não projeta, não pensa no futuro, porém, em algum
momento nesse processo, ela se desenvolve, através da interação com o mundo,
doravante do conhecimento dos signos, ou seja, com a brincadeira, o faz de conta e
os jogos, se dá inserção de regras, contribuindo para que a criança explore a
imaginação, adquirindo conhecimentos sobre as regras que são essenciais para
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determinar o que precisa ser realizado, para chegar a um resultado ou aprofundar


seus conhecimentos a partir dos questionamentos, a partir do pensamento e da
linguagem, compreendendo seu papel na sociedade gradualmente, com isso, Reis
(2018) evidencia:
A linguagem como sendo a precursora dos avanços psíquicos, entendendo
que o humano vai além das bases orgânicas e, que as experiências
vivenciadas, permitem ao homem se apropriar de bens culturais e, por
conseguinte, transmitir a outras gerações (REIS, 2018, p. 39).

A educação proporciona caminhos para explorar, dessa maneira, o papel da


escola na infância, é importante para a formação do indivíduo pois, prepara as
crianças para as próximas fases da vida, onde aprendem os caminhos que podem
percorrer ao longo da sua trajetória, portanto, Medeiros (2014) ressalta que, o
ingresso na escola, para a criança, significa um caminho novo para a formação de
conceitos de objetos como os das ciências naturais, da aritmética, das ciências
sociais, fazendo com que o homem pertença a sociedade e colabore para seu
desenvolvimento, potencializando sua formação humana e psíquica. Ainda,
Medeiros (2014) faz o seguinte apontamento;

A linguagem falada e escrita é considerada como conhecimento e


habilidade, desenvolvida para resolver problemas, mas ela própria é
também conhecimento e habilidade da qual a humanidade necessita se
apropriar, para, por meio dela, ter acesso a outros conhecimentos e
habilidades que foram acumulados na história da humanidade (MEDEIROS,
2014, p. 45)

A partir dos conhecimentos sistematizados, o ser humano compreende a


grandeza da aprendizagem em sua vida, por essa razão, os conhecimentos
empíricos e científicos são essenciais na formação dos seres humanos, em função
disso, cabe ao professor, direcionar a aprendizagem das crianças ao conhecimento
cientifico que possibilita a abrangência da criticidade, para que pensem no todo e se
expressem, não somente sejam ouvintes passivos, mas que participem de uma
formação transformadora, onde o professor fala e também escuta a criança e suas
ideias, partindo do pressuposto da aprendizagem, do que já foi assimilado.
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O conteúdo ensinado nas escolas, precisa ser ampliado para obter avanços
significativos, tendo diversas finalidades, com a possibilidade da criança desenvolver
suas habilidades conforme as fases de desenvolvimento, por conseguinte
explorando suas capacidades cognitivas, através de desafios, atividades lógicas,
histórias que elas mesmo podem contar e criar a partir de um enredo direcionado, ou
seja, a criatividade deve ser explorada para que sejam despertados os
conhecimentos que foram abordados e transformá-los em conhecimentos
interiorizados.
O processo ensino-aprendizagem é uma via de mão dupla, pois, a relação
professor e aluno é necessária para que haja a colaboração de ambas as partes
para o desenvolvimento pessoal e interpessoal conciliar com as necessidades de
cada um, colaborando para expandir suas ideias e ações, perante as ocasiões que
surgem ao longo da vida, a criação do homem surge de uma ideia, de uma
necessidade ou de uma previsão, logo, Paixão (2018) sublinha que;

Na aprendizagem escolar, diferentemente do ambiente familiar, abre-se a


possibilidade formação de conceitos científicos, entretanto, não há uma
descontinuidade ou descarte dos conhecimentos cotidianos trazidos. Ao
contrário, os conceitos cotidianos, a partir da apropriação dos conceitos
científicos, são ampliados e constituem um novo modo de pensar sobre a
realidade. Os conceitos científicos, localizados em estágios superiores do
pensamento, são mais amplos por sua própria constituição, na escola, na
qual a criança terá acesso aos conteúdos que já não se limitam a descrever
os fenômenos, mas explicá-los (PAIXÃO, 2018, p. 34).

Por isso, o universo se expande para a criança a partir da entrada na escola,


por fazer com que todos os conhecimentos anteriores e os novos, fazem parte da
sua vida ampliando as possibilidades, transformando sua visão de mundo, abrindo
novos horizontes através do seu desenvolvimento intelectual. Para Martins (2016);

Ao nascer, a criança é apenas candidata à humanidade, uma vez que ela se


torna humana na relação que estabelece com outros homens.  Ao nascer, a
criança se depara com um mundo objetivo construído pela atividade das
gerações anteriores, porém ela não se apropria desse mundo de imediato,
pois precisa primeiro vivenciá-lo, por meio de uma atividade adequada
(MARTINS, 2016, p. 52).
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A criança, inicia sua trajetória aprendendo a partir das vivências e


experiências com a família e conhecidos, na escola se desenvolve a partir da
relação e experiências com outras culturas e costumes, expandindo o mundo em
sua volta, percebendo a importância das regras, principalmente, quando se depara
com cartaz de boa convivência com os outros, começando ter a noção sobre ética e
moral, o que pode ou não fazer nos lugares, quem são as pessoas ao redor e
ampliando assim, seu conhecimento sobre o mundo.

Considerações finais

Esse estudo que teve como base teórica a Teoria Histórico-Cultural,


compreendemos o papel do ser humano como sujeito importante para o
desenvolvimento da sociedade, pois, o homem age a partir dos mecanismos
intencionais que são os processos mentais considerados sofisticados e superiores,
onde a ação intercorre conscientemente, e os processos voluntários que dão ao ser
humano a possibilidade de independência conforme o espaço e o momento
presente, executamos tarefas a partir da possibilidade de planejamento e
compreensão para solucionar problemas.
No ensino, o professor se apropria dos conhecimentos científicos para
realizar sua função do papel professor, conforme seus estudos e conhecimentos
aprofundando suas teorias, metodologias e didáticas para ensinar de forma
intencional, com a finalidade de repassar os conhecimentos para integrar a criança
na sociedade, e assim, cumprir seu papel como educador.
Visto que, a sociedade precisa da educação para fins de desenvolvimento
tecnológico, cientifico e para a formação humana como seres pensantes, capaz de
produzir e reproduzir história, para sentirmos pertencentes ao mundo, que segue em
constante transformação e evolução, com a ciência, pesquisas e testes,
contribuímos para a criação de novas ferramentas para facilitar nossos dias, para
curarmos doenças, economizando tempo e ganhando mais alguns anos de vida,
afim de, realizar outras tarefas que exigem reflexão e discussão, sendo assim, estes
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são novos caminhos para se obter resultados no âmbito de contribuir com a


humanidade e o planeta que pertencemos.
A formação humana dá-se a partir das experiencias vivenciadas ao longo da
vida, mesmo atualmente possuindo aplicativos que nos ajudam e permitem a
encontrar ruas, por exemplo, não temos a completa noção dos lugares a não ser
que, passamos ou moramos no lugar, pois o nosso cérebro não trabalha somente
com suposições ou apenas o imaginário, mas, com os sentidos sensoriais, pois, são
os milhares de receptores no nosso corpo e consequentemente, interpretados pelo
nosso cérebro, que formam os conhecimentos.
O conhecimento da cultura contribui para a formação humana, por expandir
os conhecimentos sobre nós, a nossa história, a contribuição dos seres humanos no
mundo perpassa por gerações, para sabermos o que é preciso ou não para viver, o
que é essencial e o que é irrelevante.
A escola é um ambiente socializador, que faz com que a criança seja inserida
no meio das outras pessoas, para que, aprendam os conhecimentos, os signos, os
símbolos e as linguagens, por isso, o desenvolvimento da linguagem é impulsionado
pela necessidade de comunicação. O conhecimento dos signos, faz com que a
criança encontre sentido nos questionamentos, fazendo com que compreenda os
processos evolutivos, e principalmente, a capacidade humana de aprender e criar a
partir de estudos, a partir da observação, do conhecimento científico, da história da
humanidade da qual pertencemos, o ato de sentir e pertencer ao mundo.
Vygotsky com seus estudos, contribuiu para que discutíssemos a formação
do psiquismo humano através dos tempos, como e porque os seres humanos são
essenciais para a evolução do mundo. Os animais agem por motivos biológicos,
enquanto os homens possuem várias necessidades, através do ato de projetar,
pensar e estudar caminhos para solucionar problemas, independente das condições
do momento e do espaço presente, ou seja, só os homens possuem a capacidade
de ver e viver o presente, se planejar para o futuro mesmo que seja incerto,
elaborando soluções para resolver os problemas.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.


FREIRE, Sandra Braga. A mediação do conhecimento teórico-filosófico na atividade
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fracasso escolar. 2016. 183 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de
Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-19102016-152111/pt-
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LEITE, C. A. R.; LEITE, E. C. R.; PRANDI, L. R. A aprendizagem na concepção
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Disponível em:
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LEONEL, Waléria Henrique dos Santos. O processo de escolarização do deficiente
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