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E ADOLESCENTE
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NOSSA HISTÓRIA
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
A cognição e a Aprendizagem......................................................................................... 7
A percepção como processo cognitivo .......................................................................... 9
A atenção como processo cognitivo ............................................................................ 13
A memória como processo cognitivo ........................................................................... 14
O pensamento como um processo cognitivo .............................................................. 16
A aprendizagem como processo cognitivo .................................................................. 17
A linguagem como processo cognitivo ........................................................................ 18
O desenvolvimento cognitivo no processo de aquisição da linguagem ................................ 18
Consciência fonológica ................................................................................................. 19
Leitura e escrita .............................................................................................................. 20
AS TEORIA COGNITIVAS ................................................................................................... 20
A Teoria de Piaget ............................................................................................................... 20
A aquisição de linguagem na teoria de Piaget ............................................................. 23
A Teoria de Vygotsky ..................................................................................................... 25
Pensamento e Linguagem ................................................................................................... 27
A Aprendizagem .................................................................................................................. 28
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1. INTRODUÇÃO
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finalidade perceber, integrar, compreender e responder adequadamente aos
estímulos do ambiente. É, principalmente, a responsável por levar o indivíduo a
pensar e avaliar como cumprir uma tarefa ou uma atividade social. Assim, é
importante salientar que para processar, torna-se necessário o envolvimento de
várias regiões cerebrais, as quais abrigam determinadas funções que,
conjuntamente, expressam uma habilidade específica. Além disso, estas partes
devem estar íntegras, maduras de acordo com a idade e que sejam capazes de
interconectarem adequadamente. E tudo isso para que haja uma boa resposta do
cérebro aos estímulos do ambiente e, por extensão, a concretização da
aprendizagem e evolução adaptativa para novas aprendizagens.
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Nesse sentido a teoria piagetiana considera a inteligência como resultado de
uma adaptação biológica, em que o organismo procura o equilíbrio entre assimilação
e acomodação para organizar o pensamento. E o que determina o que o sujeito é
capaz de fazer em cada fase do seu desenvolvimento é o equilíbrio correspondente
a cada nível mental atingido.
O processo de Cognição
Fonte: Adaptado
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A cognição e a Aprendizagem
7
que o crescimento da substância branca, que são compostas por pacotes de
processos de células nervosas mielinadas (ou axônios), os quais conectam diversas
áreas de substância cinzenta (os locais dos corpos celulares nervosos) do cérebro
umas às outras e mandam impulsos nervosos entre neurônios, continua por um
período longo até o fim da primeira década da vida, tendo a substância cinzenta já
adquirida proporções adultas (Consenza; Guerra, 2011).
O conhecimento atual em neurociência permite afirmar que a plasticidade
neuronal, ainda que diminuída, permanece pela vida inteira; a capacidade de
aprendizagem é mantida. As modificações que ocorrem na adolescência preparam
o indivíduo para a vida adulta e nesta fase diminui-se a taxa de novas informações
do aprendizado, mas aumenta a capacidade de usar e elaborar o que foi aprendido
(Jensen, 2011).
PARA LEMBRAR
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Dentro do processo de aprendizagem ocorre o que é conhecido
por desenvolvimento cognitivo, que pode ser definido como o aprimoramento das
habilidades, cuja evolução constante tende a propiciar uma vida de autonomia ao
indivíduo, sendo importante trabalhá-las e estar atentos a algum sinal que denote
um possível atraso ou dificuldade no processo.
O cérebro é dividido em regiões no qual cada parte atua em uma função
predominante, porém sempre interligada e integrada com as outras áreas. Estas
conexões costumam se aprofundar e a se interconectar na formação de unidades
funcionais, cujo papel preponderante na geração ocorre, além da coordenação, na
manutenção das funções cerebrais em rede, que em conjunto com outras partes
funcionais, coordenarão o processamento das mais variadas informações no cérebro
como ler, escrever, pensar, perceber sons/estímulos visuais, entender símbolos,
perceber a face de seu semelhante e sentir algujma coisa. Portanto, a aprendizagem
infantil e todos os atos que são executados pelo ser humano dependem inteiramente
dessa conexão.
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sensoriais, a partir de históricos de vivências passadas. E como área de estudo
pode ser adequadamente considerada como conjunto de processos pelos quais o
indivíduo mantém contato com ambiente.
A percepção cognitiva permite organizar e entender o mundo através de
estímulos que são recebidos dos diferentes sentidos como a visão, a audição, a
degustação, o olfato e o tato. Enquanto a maioria das pessoas conhece os sentidos
mais comuns, outros menos conhecidos como a propriocepção (estímulo que
percebe inconscientemente nossa posição no espaço e determina a orientação
espacial) e a interocepção (a percepção dos órgãos no corpo; é o que permite saber
quando temos fome ou sede). Quando o estímulo é recebido, nosso cérebro integra
todas as informações, criando uma nova memória.
A aprendizagem é uma alteração relativamente duradoura de comportamento
e conhecimento envolvendo processos mentais, que ocorre como resultados da
experiência externa ou interna.
A aprendizagem também tem sido estudada em várias abordagem
psicológicas que são de suma importânica para a educação e como processo de
desenvolvimento humano.
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parte do cérebro responsável da fase essencial da percepção auditiva é o lobo
temporal (córtex auditivo primário A1 e córtex auditivo secundário A2).
Percepção tátil somatossensitiva ou háptica: capacidade de interpretar
informações de pressão ou vibração captadas na superfície da pele. O lobo
parietal é a parte do cérebro responsável pelas fases essenciais da percepção
háptica (córtex somatossensitivo primário S1 e córtex somatossensitivo
secundário S2).
Percepção olfativa ou olfato: capacidade de interpretar informações de
substâncias químicas dissolvidas no ar (cheiro). As fases essenciais da percepção
olfativa são executadas pelo bulbo olfativo (córtex olfativo primário) e o córtex
piriforme (córtex olfativo secundário).
Percepção gustativa: capacidade de interpretar informações de substâncias
químicas dissolvidas na saliva (gosto). As principais áreas do cérebro que
controlam as fases essenciais são as áreas gustativas primárias G1 (giro pós-
central inferior, lobo parietal central, ínsula anterior, opérculo medial fronto-
parietal) e as áreas gustativas secundárias G2 (córtex caudolateral orbito-frontal
e o córtex cingulado anterior).
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Coceira: capacidade para interpretar estímulos nocivos em nossa pele, que
causam coceira. Está relacionada à percepção háptica.
Propriocepção: capacidade para interpretar informações sobre a posição e o
estado dos músculos e tendões, o que nos permite ter conhecimento de nossa
postura e em que área está cada parte do corpo e está relacionada à percepção
vestibular e háptica.
Percepção interoceptiva: capacidade para interpretar as sensações que indicam
o estado de nossos órgãos internos.
Percepção do tempo: capacidade para interpretar alterações em estímulos e ser
capaz de organizá-los no tempo.
Percepção cinestésica: capacidade para interpretar informações sobre o
movimento e a velocidade de nossos entornos e do próprio corpo. Está
relacionada à percepção visual, do espaço, do tempo, háptica, interoceptiva,
proprioceptiva e vestibular.
Percepção quimiossensorial: capacidade para interpretar substâncias químicas
dissolvidas na saliva, resultando em gostos fortes. Está relacionada à percepção
gustativa, mas as duas usam estruturas diferentes.
Magnetorecepção ou magnetocepção: capacidade para interpretar informações
de campos magnéticos e é mais desenvolvida em animais como os pombos.
Porém, foi descoberto que os humanos também possuem material magnético no
etmoide (um osso do nariz), tornando possível que tenham magnetocepção.
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Seleção: o número de estímulos que normalmente a pessoa está exposta
diariamente supera a capacidade, por isso, a necessidade de filtrar e escolher as
informações se quer perceber. Esta seleção é realizada através da atenção, bem
como das experiências, necessidades e preferências.
Organização: quando se sabe o que perceber, é necessário reunir os estímulos
em grupos para dar-lhes um significado. Na percepção há sinergia, dado que é
uma identificação total do que é percebido que pode ser reduzida a características
individuais de estímulos.
Interpretação: quando se tem organizados todos os estímulos selecionados, é
dado um significado a eles, concluindo o processo de percepção. O processo de
interpretação é modulado por nossas experiências e expectativas.
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Atenção constante: a habilidade para se centrar em um estímulo ou atividade
durante um período longo de tempo.
Atenção seletiva: a habilidade para se centrar em um estímulo ou atividade
na presença de outros estímulos que desviam a atenção.
Atenção alternada: a habilidade para alterar a atenção focada entre dois
estímulos.
Atenção dividida: a habilidade para se centrar ou prestar atenção a diferentes
estímulos ao mesmo tempo.
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Existem muitos tipos de memória, tais como a memória de curto prazo, a
habilidade para reter informações do passado durante um curto período de tempo
(lembrar de um número de telefone até anotar ele em um papel) e a memória a longo
prazo, todas as memórias que mantemos durante um período longo de tempo. A
memória a longo prazo pode ser dividida em grupos mais pequenos, a memória
declarativa e a memória processual. A memória declarativa consiste no conhecimento
adquirido através da linguagem e da educação (como os conhecimentos sobre a
história do Brasil, guerras e outras), e também os conhecimentos aprendidos através
das experiências pessoais (lembrar comida que a avó fazia). A memória processual
faz alusão à aprendizagem através das rotinas (saber como dirigir ou andar de
bicicleta).
Outros tipos de memória são a memória auditiva, memória
contextual, nomeação e o reconhecimento. A memória está envolvida em outros
múltiplos processos e é possível distinguir quatro mecanismos de memória que são
relativamente independentes entre si:
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As informações são percebidas aquelas recebidas através da memória
sensorial (sentidos).
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estabelecer uma relação entre dois assuntos, fazer cálculos apenas com a
mente e estabelecer uma ordem de prioridade entre várias tarefas.
Flexibilidade cognitiva: capacidade de usar o pensamento criativo e ajustes
flexíveis para se adaptar às mudanças; responsável por auxiliar as crianças
na utilização da imaginação e criatividade na resolução de problemas.
Considerando o longo processo de amadurecimento das habilidades
associadas às funções executivas, as crianças são extremamente sensíveis
a experiências cedo na vida que possam dificultar ou reforçar suas habilidades.
Um nível mais elevado de funcionamento executivo está vinculado a diversos
aspectos positivos, tais como competência nos domínios social, emocional e escolar.
Na verdade, ele prognostica o êxito nos primeiros anos de escolaridade, mais do que
a inteligência, e a aprendizagem precoce de leitura e aritmética. As habilidades das
funções executivas permitem que as crianças lidem melhor com seu ambiente em
constante mudança, o que pode ser especialmente importante para crianças em
desenvolvimento em ambientes de alto risco, por exemplo.
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a primeira decisão: esperar até o semáforo ficar verde, ou olhar para a direita e a
esquerda, alterando novamente nossa atenção, para comprovar se há algum carro
passando.
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funcionamento que permita a aquisição de novos conceitos, e significados de forma
flexível e organizada, permitindo ao sujeito adquirir autonomia no seu processo de
elaboração mental e aprendizagem.
Consciência fonológica
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Leitura e escrita
AS TEORIA COGNITIVAS
A Teoria de Piaget
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cognitivos através do Método Clínico. Qualquer ato de pensamento exige uma série
de operações que só se produzem se vão sendo preparadas por atos que são
interiorizados. Isto significa que Piaget buscou compreender o pensamento enquanto
uma ação internalizada. Este processo deve utilizar dois mecanismos: a assimilação
e a acomodação. O indivíduo incorpora o objeto enquanto meio de conhecimento,
fenômeno este chamado de assimilação e assim, o sujeito assimila o objeto.
Em um segundo momento, o sujeito transforma sua estrutura anterior para
incorporar o objeto já assimilado, o que é chamado de acomodação. Uma questão
importante destacada por Filgueiras (2001) é que a fim de acomodar é necessário
que o sujeito antes se desequilibre estruturalmente, enquanto conjunto de
esquemas, o que se generaliza em uma ação, o que permite seu reconhecimento e
diferenciação de outras ações, para se equilibrar novamente. Esse equilíbrio
somente se dá a partir do processo de assimilação-acomodação por meio da
interação.
PARA LEMBRAR
Mussen (1977)
21
capacidade cognitiva irá construir mentalmente as estruturas capazes de serem
aplicadas às do meio.
O sujeito cognoscente constrói o real por meio da ação. Assim, ele constrói
os conceitos relacionados ao objeto, espaço, tempo e causalidade. A criança
constitui sua inteligência através de sua interação com o mundo, com esquemas
mentais que possibilitam apreender a realidade.
Em seu estudo, Piaget identifica quatro estágios de evolução mental de uma
criança. Cada nível é um período onde o pensamento e comportamento infantil é
caracterizado por uma forma específica de conhecimento e raciocínio. Os quatro
estágios são: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório
formal, sendo que em cada período em que a criança passa apresenta um
funcionamento inteligente diferente. Somente por meio da experienciação com o
meio que a criança irá avançar nestes níveis cognitivos.
A aprendizagem apenas poderá ocorrer se exigir da criança uma aquisição
dentro das possibilidades de seu período de pensamento. Caso contrário, não irá
dispor de esquemas para uma aprendizagem real e ocorrerá apenas uma repetição,
sem significado cognitivo para o sujeito. O desenvolvimento da inteligência é
inicialmente construído a partir de ações práticas.
Fonte: Adaptado
22
A aquisição de linguagem na teoria de Piaget
23
sequências mais complexas e mais próximas das ações reais. Pode-se observar
ações com um certo planejamento, embora com a exploração dos objetos de
maneira rápida e a capacidade de manipular simbolicamente os brinquedos,
inclusive de organizar pequenas sequências de ações coordenadas, pode ficar mais
tempo atenta ao que está brincando.
O último nível de simbolismo, para Zorzi (2002), seria quando atinge o nível
de representação independente e isto significa que a brincadeira simbólica torna-se
verdadeiramente representativa, momento em que a criança começa a usar
substitutos simbólicos que podem corresponder a objetos, gestos e palavras.
A imitação diferida é outro marco da aquisição simbólica. Esta possibilidade
se efetiva quando a criança consegue transformar um objeto em outro, ou mesmo
quando um gesto ou palavras sustentam um fato ausente. Na consolidação da
formação do símbolo, o brincar simbólico desliga-se do contexto imediato e origina
situações que não dependem da presença de objetos a ela relacionados. A criança
não se prende ao que vê, fato que ratifica o papel da linguagem na evolução do
brinquedo. Pode-se dizer que a linguagem e o brinquedo desenvolvem-se ao mesmo
tempo e influenciam-se reciprocamente.
O uso de símbolos é uma nova etapa no desenvolvimento infantil, pois permite
que a inteligência prática ou sensório-motora predominante até então, torne-se
conceptual. Tal fenômeno pode ser considerado o início de um novo período de
desenvolvimento.
O período representativo manifesta-se em geral no final do segundo ano de
idade, quando a criança mostra ao adulto que abre o cenário da representação.
O simbolismo, bem como todo o processo evolutivo do intelecto, apenas
consolida-se na criança de maneira gradual e hierárquica, ou seja, deve ter a
capacidade de generalizar suas ações a outros esquemas, bem como de reproduzir
as ações que são típicas desses outros. Para que a representação se estabeleça
como tal, é necessário que a criança consiga recorrer a símbolos e/ou a linguagem
para evocar situações. A capacidade de simbolizar surge então através de gestos,
palavras ou objetos não presente que a criança. À medida em que a capacidade
representativa insere-se na vida da criança, provoca mudanças em seu
comportamento. A brincadeira simbólica tem, portanto, participação relevante para o
24
desenvolvimento da linguagem.
Na teoria de Piaget, o desenvolvimento cognitivo origina-se enormemente “de
dentro para fora” pela maturação. Os ambientes podem favorecer ou impedir o
desenvolvimento, mas ele enfatiza o aspecto biológico e, portanto, maturativo do
desenvolvimento. Já Vygotsky (1962, 1978) adota uma abordagem inteiramente
diferente. Em comparação à abordagem dentro-fora de Piaget, Vygotsky enfatiza o
papel do ambiente no desenvolvimento intelectual das crianças. Postula que o
desenvolvimento procede enormemente de fora para dentro, pela internalização, a
absorção do conhecimento proveniente do contexto. Assim, as influências sociais,
em vez de biológicas, são fundamentais na sua teoria.
A Teoria de Vygotsky
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o desenvolvimento socialmente construído o que é inato, ou seja a estrutura
fisiológica é insuficiente para produzir o que chamamos de humano, dessa forma o
desenvolvimento não é um processo previsível e gradual, mas sim depende de como
o indivíduo interage com o meio, já que o desenvolvimento do psiquismo humano é
sempre mediado pelo outro.
Davis et al (1989) afirma que a interação social está intimamente ligada à
proposta de Vygostsky (1991), já que esse se utiliza de uma visão de homem
essencialmente social que prega que é na relação com o próximo, numa atividade
prática comum, que os sujeitos, por intermédio da linguagem, se constituem e se
desenvolvem. É correto afirmar, a partir da teoria histórico-cultural, que a forma que
possui as funções psicológicas superiores estão intrinsecamente ligadas a história
social do homem, ou seja, o conhecimento se dá nas relações sociais, produzido na
intersubjetividade e marcado por condições culturais, sociais e históricas.
Para Vygotsky (1991), a criança nasce apenas com as funções cognitivas
elementares que se ampliam para as funções complexas a partir do contato com o
meio e com a cultura, e isso acontece por meio de intermediações de outros sujeitos,
sendo essas intermediações responsáveis por formar significados e valores sociais
e históricos. O que proporciona a particularidade das subjetividades individuais é a
forma como os conteúdos culturais são combinados e processados no interior de
cada um de nós. E assim o desenvolvimento mental ocorre de maneira única em
cada pessoa, a partir de como o mundo é experienciado, e “a cultura se torna parte
da natureza humana, num processo histórico, que ao longo do desenvolvimento da
espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem”. (OLIVEIRA,
1992, P.24).
Para Kramer et al (1991), a teoria sócia histórica busca a compreensão de
aspectos da dinâmica da sociedade e da cultura que interferem ativamente no curso
do desenvolvimento do sujeito, transformando tanto sua relação com a realidade
como sua consciência sobre ela. Já para Vygotsky (1991), as estruturas do
pensamento dos sujeitos se alteram ao longo da história e essas mudanças estão
enraizadas na cultura que fornece elementos que circulam e integram as
subjetividades.
26
Pensamento e Linguagem
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Os signos de acordo com Vygotsky (1989) constituem ao mesmo tempo como
fenômeno do pensamento e da linguagem, estão intercruzados através da fala
significativa e o pensamento verbal, porém preservam características estruturais
específicas, na medida em que a estrutura da linguagem não é um simples reflexo
especular da estrutura do pensamento. Por isto o pensamento não pode usar a
linguagem como um traje sob medida.
A linguagem não expressa o pensamento puro, ou seja, o pensamento não se
expressa na palavra, mas se realiza nela (Vygotsky, 1993, p.298). Importante
ressaltar que pela utilidade prática que esse entendimento possui, é que a
expressão do pensamente por meio da linguagem promove essa reorganização.
Sendo assim, os significados das palavras estão em constante transformação.
A Aprendizagem
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realizar, independentemente da cultura em que está inserida.
Zona de desenvolvimento real: é tudo aquilo que a criança é capaz de realizar
sozinha, conquistas já consolidadas, “processos mentais que já se
estabeleceram; ciclos de desenvolvimento que já se completara” (LEITE et al,
2009, p.206). Nessa zona, está pressuposto que a criança já tenha
conhecimentos prévios sobre as atividades que realiza.
Zona de desenvolvimento proximal: é a distância entre o que a criança já pode
realizar sozinha e aquilo que ela somente é capaz de desenvolver com auxílio
de outra pessoa.
Na zona de desenvolvimento proximal, o aspecto fundamental é a realização
de atividades com a ajuda de um mediador que possibilita a concretização do
desenvolvimento que está próximo, ajuda a transformar o desenvolvimento potencial
em desenvolvimento real. Assim, conforme Vygotsky (1984) essa é a zona
cooperativa do conhecimento.
Leite et al (2009) sinalizam a importância dessa zona para o entendimento do
desenvolvimento infantil e seus desdobramentos educacionais, pois possibilita a
compreensão da dinâmica interna do desenvolvimento individual, e não somente dos
ciclos já completados, mas também os que estão em via de formação , permitindo o
delineamento das competências atuais da criança e de suas possibilidades de
conquistas futuras, possibilitando estratégias pedagógicas que auxiliem nesse
processo. Assim, além de ser importante discriminar o nível de desenvolvimento real,
aquilo que a criança realiza sozinha, é preciso identificar o nível de desenvolvimento
potencial, o que ela faz com ajuda.
A distância entre no nível real e o potencial configura a zona de
desenvolvimento proximal na qual ocorrem as aprendizagens, pois o que hoje a
criança faz com ajuda, amanhã fará sozinha. A importância de considerarmos a zona
de desenvolvimento proximal não significa que possamos ensinar qualquer coisa a
qualquer criança, pois o auxílio deve ser significativo para ela para que possa
apropriá-lo fazendo-o parte do seu desenvolvimento real. A criança não passa a ser
social com o desenvolvimento, é um ser social desde que nasce e, ao longo do
desenvolvimento vai intercambiando os significados dos objetos e das palavras com
os parceiros de seu contexto cultural e a partir daí ocorre o aprendizado. Assim, é
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importante também conceituar a ideia de mediação que é elemento fundamental para
a constituição dos processos mentais superiores.
Segundo Oliveira (1997, p.26), a mediação consiste num “processo de
intervenção de um elemento intermediário numa relação; a relação deixa, então, de
ser direta e passa a ser mediada por esse elemento”. Na mediação simbólica, os
signos ficam entre os sujeitos e os objetos do mundo, funcionando como
representação social dos objetos e mediando a relação do homem com o mundo e
com outros homens. É a partir da mediação simbólica que ocorrem as funções
mentais superiores, e consequentemente o aprendizado. Os signos auxiliam os
processos psicológicos organizando-os, também “oferecem suporte concreto para a
ação do homem no mundo” (Oliveira, 1993. p.34).
O teórico de desenvolvimento cognitivo Lev Vygotsky o valor de Vygotsky
geralmente é considerado como segundo apenas ao de Piaget, em função de sua
importância para o campo do desenvolvimento cognitivo. É extraordinário o
que Vygotsky realizou, em uma vida de tão curta duração. Além do mais, a influência
desse psicólogo russo cresceu nos anos recentes. Enquanto Piaget dominava a
psicologia do desenvolvimento nas décadas de 60 e 70, Vygotsky era redescoberto
nos fins dos anos 70 e 80 e continua a ser influente hoje em dia. Ainda que ele tivesse
muitas ideias férteis, duas delas são especialmente importantes para que as
consideremos aqui: a internalização e a zona proximal de desenvolvimento.
O desenvolvimento e a aprendizagem
30
somente o que ela já é capaz de realizar. Já o desenvolvimento potencial se refere
àquilo que a criança pode realizar com auxilio de outro indivíduo. Neste caso as
experiências são muito importantes, pois ele aprende através do diálogo,
colaboração, imitação... A distância entre os dois níveis de desenvolvimentos
chamamos de zona de desenvolvimento potencial ou proximal, o período que a
criança fica utilizando um ‘apoio’ até que seja capaz de realizar determinada
atividade sozinha. Por isso Vigotsky afirma que “aquilo que é zona de
desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã ou
seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de
fazer sozinha amanhã” (Vigotsky, 1984, p. 98). O conceito de zona de
desenvolvimento proximal é muito importante para pesquisar o desenvolvimento e o
plano educacional infantil, porque este permite avaliar o desenvolvimento individual.
Aqui é possível elaborar estratégias pedagógicas para que a criança possa evoluir
no aprendizado. Esta é a zona cooperativa do conhecimento. O mediador ajuda a
criança a concretizar o desenvolvimento que está próximo, ou seja, ajuda a
transformar o desenvolvimento potencial em desenvolvimento real.
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anos de idade), e são capazes de envolver-se numa situação imaginária.
Vygotsky e a educação
32
Vygotsky interessava-se não apenas pelas respostas corretas, mas também
pelas respostas incorretas às perguntas.
33
a cognição, mas nada definitivo e perfeito pode ser afirmado quanto ao modo
que o pensamento infantil se desenvolve.
34
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