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POLÍTICA PÚBLICA

E ALFABETIZAÇÃO
Telegran
https://t.me/coordenadorestempodeaprender
Ana Paula Santos

Projeto Pesquisa Elaborado para o curso de


Pós-Graduação em Docência na Educação
Básica do Instituto Federal do Rio Grande do
Sul- Campus Vacaria, sob a orientação do
professor Dr. Adair Adams

Vacaria-RS
TEMA

Políticas públicas para


alfabetização:
Um estudo sobre os programas “Conta pra mim” e o
“Graphogame”
POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO

 Este trabalho apresenta uma reflexã o


sobre a nova Política Nacional de
Alfabetizaçã o (PNA) de 2019, com enfoque
na sua proposta de uso de recursos digitais
por parte das famílias de estudantes do
segundo ano de uma escola municipal de
Esmeralda.
• Instituída pelo decreto Nº 9.765, de 11 de abril de 2019.

• Contribuir para as metas 5 e 9 do Plano Nacional de Educação

Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano


do ensino fundamental.

Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais


para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final
da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50%
(cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional.
POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO

 O objetivo do estudo é compreender a


proposta e a efetividade da política de
alfabetizaçã o em relaçã o ao dispositivo
constitucional de direito de aprendizagem e
um possível redirecionamento do papel da
escola e da família em sua execuçã o.
  O percurso investigativo inicia com uma
contextualizaçã o da PNA feita a partir do
caderno de apresentaçã o da política e do
Manual do Curso ABC Alfabetizaçã o Baseada
na Ciência.
28 famílias

24 compareceram
no primeiro momento

4 vieram posteriormente
  O trabalho tem como horizonte os riscos dessa política se
tornar um programa de governo, extinguir as propostas
anteriores, criar um vazio educacional referente à temá tica e nã o
reestruturar novas formas e novas possibilidades. E, outrossim, a
falta de acesso e autonomia para o uso desses recursos, acarreta
em pouco engajamento e aumento da desigualdade na
apropriaçã o de conhecimentos.
JUSTIFICATIVA

“ Tais políticas trazem junto desfiguramento da


escola como lugar de formaçã o cultural e científica
e, em consequência, desvalorizaçã o do
conhecimento escolar significativo.” 
( LIBANEO, 2016, p.41)
METODOLOGIA

• CONTA PRA MIM


“Programa
Lançado em dezembro de 2019, o programa
Conta pra Mim, da Secretaria de
Alfabetização, é disciplinado pela Portaria
MEC nº 421, de 2020. O público-alvo são
todas as famílias brasileiras, tendo
prioridade aquelas em condição de
vulnerabilidade socioeconômica”. 
METODOLOGIA

• GRAPHOGAME “O lançamento do GraphoGame no Brasil


é uma ação do Ministério da Educação,
no âmbito da Política Nacional de
Alfabetização e do programa Tempo de
Aprender, com a colaboração de
cientistas brasileiros, para apoiar os
professores, em atividades de ensino
remoto, e as famílias, no
acompanhamento das crianças no
processo de aquisição de habilidades de
literacia”.
“A educaçã o, direito de todos e dever do

Estado e da família”

Artigo 205 da Constituiçã o Federal


ESCOLA

CONHECIMENTO
REFERÊ NCIAL TEÓ RICO
Este novo horizonte educacional busca reconhecer e reafirmar a importâ ncia da estimulaçã o no ambiente familiar,
uma vez que o incentivo para a aprendizagem feito no contexto em que a criança vive, pode tornar-se uma
experiência eficaz para o desenvolvimento escolar. Os  estudos de Vygotsky (1991) mostram que a interaçã o entre 
adulto e criança constitui-se em possibilidades de ampliaçã o do conhecimento, conduzindo da zona real de saber
para a zona potencial de aprendizagem. Sob esta perspectiva do sociointeracionismo, é possível afirmar que a leitura
conjunta, entre mediadores e crianças, das histó rias trazidas pelo Programa “Conta Pra mim”, colabora na ampliaçã o
de conhecimentos dos aprendizes. Vygotsky (1991) trabalha com  os termos de Zona de Desenvolvimento Real, para
determinar o que a criança já consegue fazer sozinha, no caso deste estudo, é observar as imagens, reconhecer as
letras e decodificar palavras. No entanto, nã o possuem, em sua maioria, fluência na leitura, o que impossibilitaria a
compreensã o leitora. A mediaçã o que o autor propõ e tem por finalidade propiciar o Desenvolvimento Potencial,
competência  que a criança  é capaz de adquirir, em um curto espaço de tempo, dentro das condiçõ es e estímulos
necessá rios pelas relaçõ es estabelecidas. A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é caracterizada pelo que a
criança consegue fazer com ajuda de algué m. O programa pode ser uma aposta de interaçã o social com a família, em
que os alunos internalizam a cultura letrada e os adultos passam a ser considerados modelos, capazes de afetar,
moldar ou modificar o comportamento das crianças, conforme estudos de Bandura (2008).
“Por outro lado, a escola nã o é a ú nica instâ ncia social que cumpre esta
funçã o reprodutora; a família, os grupos sociais, os meios de comunicaçã o
sã o instâ ncias primá rias de convivência e intercâ mbios que exercem de
modo direto o influência reprodutora da comunidade social. No entanto, a
escola, ainda que cumpra esta funçã o  de forma delegada, especializa-se
precisamente no exercício exclusivo e cada vez mais complexo e sutil de
tal funçã o”. (GOMES, 1998, p. 14)

Os pais reconheceram que, embora possuam o conhecimento e a vontade


de auxiliar seus filhos no desenvolvimento da leitura e escrita, nã o
obtiveram os resultados esperados, pois nã o possuem todas as condiçõ es
necessá rias para tanto e que  a escola exerce com maestria esta funçã o.
Independente do nível cultural e econô mico, todos concordaram que é na
escola que a criança “vai aprender de verdade.”
RESULTADOS

Nenhumas das famílias conhecia os recursos disponibilizados.

Dos 28 estudantes, 20 relataram que conseguiram


instalar o jogo, 17 devolveram o panfleto, sempre com
respostas curtas e sem informações relevantes. Cinco
crianças permanecem jogando até o presente
momento. Algumas perderam o interesse pela
facilidade das primeiras fases que estavam aquém de
suas aprendizagens. Este recurso demonstrou-se
eficaz para estimular aprendizagens de leitura e
escrita.
Os alunos que permaneceram e reconheceram no jogo uma possibilidade
para aprendizagem foram aqueles que  estavam muito no início da alfabetização
e utilizaram os recursos em paralelo ao retorno das aulas presenciais. Estes
alunos conseguiram fazer associações entre o que está sendo trabalhado em
aula com os recursos utilizados, e  seguidamente citam conhecimentos
adquiridos através do jogo no contexto da  aula, seja na modificação dos sons
por  acentos ou sinais gráficos,  seja nas diferentes formas de grafia da letra. Um
exemplo disso aconteceu quando foi trabalhado a palavra vovô. A professora
disse que precisava de acento e, em resposta, o Aluno A disse “Acento agudo né
prof.?”E, na sequência, o Aluno B disse que “Não, tem que ser o outro. Não sei o
nome mas tinha no joguinho, o agudo faz /ó/, e vovô é outro som.
“A funçã o do instrumento é servir como um condutor da influência
humana sobre o objeto da atividade; ele é orientado externamente; deve
necessariamente levar a mudanças nos objetos. Constitui um meio pelo
qual a atividade humana externa é dirigida para o controle e domínio da
natureza. O signo, por outro lado, nã o modifica em nada o objeto da
operaçã o psicoló gica. Constitui um meio da atividade interna dirigido
para o controle do pró prio indivíduo; o signo é orientado internamente.
Essas atividades sã o tã o diferentes uma da outra, que a natureza dos
meios por elas utilizados nã o pode ser a mesma”. (VYGOTSKY,1991, p.
40).
No entanto, em uma aná lise mais profunda
da atual Política Nacional de Alfabetizaçã o
pode-se perceber a perspectiva de
desconstruçã o em relaçã o à s açõ es e estudos
feitos anteriormente e a descontinuidade de
políticas pú blicas na á rea da alfabetizaçã o.
Não podemos descaracterizar a
escola e acreditar que teremos  igualdade
de condições de acesso ao conhecimento
individualizando as ações educacionais.
A escola continua
 .
sendo fundamental nas questões
de aprendizagem e acesso ao conhecimento e informações,
o que reafirma-se por meio desta simples intervenção.
REFERÊ NCIAS:

• Referências

Alfabetização Baseada na Ciência: Manual do Curso ABC / Isabel Alçada ... [et al.] ; organizado por Rui Alexandre Alves, Isabel
Leite ; coordenado por Carlos Francisco de Paula Nadalim. – Brasília : Ministério da Educação (MEC) ; Coordenação de
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