Você está na página 1de 4

Texto 2 - Tutoria 1º Sem.

2022
Renata R. Abou Mourad
Comanda: Rever o texto 1 considerando as sugestões e dúvidas do grupo. Em
seguida reescrevê-lo a partir das suas escolhas que melhor descreva seu interesse
de pesquisa.

Desde de criança, mais certamente aos doze anos de idade, decidi que seria
professora de História, influenciada por um professor que ensinava com entusiasmo
e nos envolvia de forma criativa e criticamente a cada tema proposto.
Lembro-me do seu sorriso orgulhoso, quando o avisei que iniciaria a licenciatura em
História, no Centro Universitário N. Sra do Patrocínio em Itu-SP.
No decorrer do curso foi oportuno estagiar com o mesmo, deste modo, sou muito
grata ao Prof. Mestre Reinaldo Sudatti Neto.
Em 2006, ainda estudante, comecei a lecionar como professora eventual, naquele
momento tive certeza da minha escolha, gostava das trocas que ocorriam em sala
de aula, do processo de ensino-aprendizagem, das relação com os educandos e da
possibilidade de promover mudanças nas diversas realidades, mesmo que
pequenas, em nosso entorno.
No entanto, as aulas eventuais eram incertas, precisava me manter e pagar as
parcelas, mesmo que baixas, da graduação, neste momento me foi oferecido um
emprego mais estável na área comercial, logo me distanciei da sala de aula nos
anos de 2007 e 2008.
A partir de 2009, formada, retornei para a rede em uma escola do antigo programa
de Escola de Tempo Integral (ETI) Mario Pereira Pinto, em Campo Limpo Paulista,
nela efetivei em 2012.
Período em que aprendi muito, pois tive contato com uma equipe de excelência, a
escola dentro do possível era bem estruturada, com bons espaços como, sala de
vídeo, sala de informática, biblioteca, refeitório, quadra coberta e jardins, ainda
contávamos com uma diversidade de equipamentos como, projetores, caixas de
som e impressoras.
Para gerir esta escola, havia uma equipe gestora que acreditava e praticava a
formação continuada do professor, as Aulas de Trabalho Pedagógico Coletivo
(ATPC), na época Horas de Trabalho Coletivo (HTPC), estavam sempre muito bem
preparadas, nelas discutimos legislações, criações de projetos, pesquisas
acadêmicas, diferentes metodologias e estratégias para com as salas de aulas,
ferramentas e propostas de formações que me levavam a reflexão da prática
docente cotidiana. A gestão se fazia de forma humanizada e democrática, existia
um olhar cuidadoso e carinhoso para o corpo docente e para os estudantes. É
evidente que tínhamos problemas como qualquer escola pública, desde escassez
de materiais didáticos, estudantes indisciplinados, evasões, sala de aulas lotadas, a
falta de uma Sala de Apoio Escolar para atender nossos estudantes com
deficiências intelectuais, mas tudo era passível de discussão do pensar em grupo.
Trabalhar era prazeroso e os resultados positivos em índices, como IDEB e IDESP
eram consequências de um trabalho efetivo e significativo.
Quando me casei, em 2013, participei do concurso de remoção e fui para uma
escola na região periférica de Jundiaí. Iniciei na E.E Prof. Alessandra C. R. O.
Pezzato em 2014, e tudo que conhecia da escola pública a partir daquele momento
me parecia utopia.
Lembro-me de um dia que preparei uma aula para os nonos anos, hoje não mais
rememoro o tema abordado, utilizaria o projetor, como a escola era muito grande,
quinze salas de aula por período, era necessário reservar todo equipamento, assim
o fiz, porém quando fui ligá-lo na sala de aula, as duas tomadas de saída de energia
elétrica estavam quebradas, conversei com os professores das salas da frente e
laterais para ver a possibilidade de usar as tomadas de suas salas ou trocarmos as
turmas, porém todas estavam sem funcionar, fiquei decepcionada, assim procurei a
coordenadora, que simplesmente fez um comentário que nunca esqueci, disse-me
que eu havia saído do mundo da lua para o mundo real, e que para ensinar alí teria
que ter no mínimo três planos de aulas, se já estava decepcionada, naquele dia me
vi sozinha e com desejo de desistir.
Para deixar todo contexto ainda mais complexo, as relações entre gestores e
professores eram péssimas, presenciei muitos assédios morais, punições como
“Termos de Orientações” e advertências, desde verbais à escritas . A equipe
gestora reproduzia o autoritarismo da diretora, os professores sentiam-se um “mal
necessário” e reproduziam as relações de poder nos alunos, também com punições
igualmente autoritárias, fiz parte do corpo docente da escola por seis anos, e sim
aprendi muito, principalmente em como não devo fazer quando estiver em posição
semelhante.
Apesar de tantos traumas, reconheço que a escola tinha pontos positivos, após
passarmos a receber auxílios financeiros do terceiro setor “Casa da Fonte”,
problemas estruturais e materiais pedagógicos não faltaram mais, contudo a gestão
de pessoas, nada mudou, mesmo com a saída da diretora a equipe gestora e a
nova diretora continuou a perpetuar o autoritarismo e as tensões entre os grupos.
A escola ainda era um pouco distante da minha residência, deste modo sempre
tentei buscar vagas mais próximas, em 2021 fui para E.E. Prof. José Silva Júnior, a
escola é regular e oferece dois segmentos Ensino Fundamental Anos Finais e
Ensino Médio, distribuídos em três períodos, atualmente leciono História para quatro
salas de sétimo ano e duas de terceira série.
A escola conta com uma boa infraestrutura predial e de ferramentas de trabalho,
como televisores, computadores e internet em todas as salas, ainda possui sala de
informática, laboratório, quadra coberta e uma área externa arborizada com espaços
de leitura e jogos como xadrez e ping pong.
No âmbito da equipe gestora, busca-se uma gestão atenta, ativa e participativa, os
gestores sempre estão presentes na escola, buscam o diálogo com os professores
e alunos. Apesar da diretora estar há um bom tempo na escola, seus vices-
diretores, iniciaram nesta função neste ano, são os antigos professores
coordenadores, em consequência, os dois atuais PCs, também iniciaram neste ano
e não faziam parte do corpo docente, diante deste contexto, conforme (SOUZA;
PLACCO, 2017) o professor coordenador precisa de um tempo para estabelecer
vínculos com os professores, pois é necessário mostrar com suas ações, as
intenções que têm que com o grupo, desta forma, os mesmos buscam suas
constituições identitárias.
Ao analisar previamente a equipe de professores levando em conta seus relatos em
reuniões de Atpcs, ou mesmo em conversas corriqueiras na sala dos professores,
notei um descontentamento em sua maioria.
Para analisar e compreender tal realidade, necessito responder algumas
indagações norteadoras: Quais são os motivos, situações, ou políticas públicas que
afetam para tal amofinação na prática pedagógica e vida profissional dos
educadores na escola E.E. Prof. José Silva Junior? Essa situação é referente ao
contexto escolar ou ocorre em uma esfera maior, como municipal ou estadual?
Referências

PLACCO, V.M.N. DE S.; SOUZA, V.L.T. DE. Um, nenhum e cem mil: a identidade
do coordenador pedagógico e a relações de poder na escola. In. PLACCO, V.M.N.
DE S.; ALMEIDA, L. R. de. (Orgs.). O Coordenador Pedagógico e a Legitimidade
de sua Atuação. São Paulo, Edições Loyola, 2017.p. 17

Você também pode gostar