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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS E CURRÍCULOS
LICENCIATURA DE MATEMÁTICA
PROFESSORA MARIANA ANTUNES
ALUNO: ÍTALO DANTAS DOS SANTOS

1. Contextualização da escola
A Escola Estadual Nestor Lima, localizada na Rua São José no bairro de
Lagoa Nova, passou por uma reforma em sua estrutura física (salas de aula,
secretaria, coordenação, laboratórios, biblioteca, banheiros) durante o ano de
2021. Antes disso, as salas não eram climatizadas, não eram forradas, a pintura
das salas estava comprometida e as paredes pichadas. Havia pichação nas salas
de aula, nos corredores e banheiros. Em resumo, a estrutura física estava
deteriorada.
Em 2020 a escola sofreu dois arrombamentos em que os ladrões levaram
toda a fiação elétrica da escola. Em consequência disso, a escola ficou sem
energia elétrica por um período até que toda a fiação elétrica fosse instalada
novamente. Enquanto isso, a direção, coordenação e secretaria continuaram
trabalhando mesmo sem energia. Os servidores utilizavam seus próprios
notebooks, roteavam internet do próprio celular até a bateria terminar. Os dois
arrombamentos seguidos serviram de argumentação para conseguir liberação de
recursos para que a reforma, que há tanto tempo era necessária, acontecesse. Hoje
todos os espaços físicos (salas de aula, sala de professores, bibliotecas, direção,
coordenação, secretaria, banheiros, laboratório, biblioteca) foram reformados,
com exceção da quadra de esportes, que ainda está deteriorada.
No primeiro dia de estágio, eu me surpreendi ao observar que as paredes
em todos os ambientes estavam bem pintadas, conservadas e não havia pichação.
A sala de aula 10, a primeira sala que conheci, é a sala utilizada no turno
matutino para a disciplina de matemática no ensino médio. As salas foram
idealizadas para comportar 24 alunos no máximo. A sala 10 tem medidas 6m x
4m totalizando uma área de 24m2, o que significa 1m2 para cada aluno. A sala
10 é climatizada, assim como todas as outras, bem iluminada, pintada e bem
conservada. A sala 10 é grande quando comparada com uma sala de aula comum.
No meu primeiro dia, eu contei 21 carteiras bem conservadas. As carteiras são
organizadas em pares. As salas têm essa configuração porque a escola recebe
alunos especiais então o professor da educação especial senta ao lado do aluno.
Os demais alunos sentam em dupla com outro aluno.
Em seu Projeto Político Pedagógico a escola Nestor Lima é definida
como uma instituição que promove educação inclusiva. Aqui eu gostaria de fazer
alguns comentários sobre esse tópico. Desde o meu primeiro dia de aula como
estagiário, eu notei a presença de um homem na turma da 1ª série do Ensino
Médio. Ele sempre sentava junto a um aluno. Dias depois, esse homem me foi
apresentado como sendo um dos professores da educação especial que
acompanha os alunos com algum tipo de transtorno de aprendizagem ou algum
transtorno neurológico. Eu achei fantástico a escola dispor desse tipo de
profissional para acompanhar os alunos em seu processo de aprendizagem.
Algumas semanas depois, chegou uma outra aluna especial, transferida de outra
escola, para fazer parte da turma da 1ª série. Aquele mesmo professor passou a
acompanhar a aluna novata. Sabemos que por lei, um professor deve acompanhar
apenas um aluno. Quando eu fui entrevistar a diretora, ela tocou nesse assunto e
explicou que a escola só dispunha de apenas 2 professores especialistas em
educação especial e que estava havendo um rodízio entre esses professores para
suprir a demanda do turno matutino e vespertino. O professor do turno vespertino
só havia sido contratado para atender 3 dias na semana apenas. No turno
matutino, estava havendo um desfalque porque o professor atende pela manhã 3
dias na semana e a tarde dois dias. Consequentemente, os alunos da manhã não
estavam sendo acompanhados todos os dias da semana pelo professor da
educação especial. A diretora explicou que isso é um problema em todas as
escolas do estado. Esse problema é causado pela baixa demanda de profissionais
especializados e também por falta de contratação de números de profissionais
suficientes para suprir a demanda. Por exemplo, a aluna novata veio transferida
de uma escola que não tinha professor de educação especial. Diante do exposto,
identificamos aqui uma grande falha. Muito embora eu entenda que a falha não é
da escola, mas do poder público, especificamente o governo do Estado,
responsável por contratar profissionais especializados para atender a demanda da
educação inclusiva. Pode-se então apontar aqui uma discrepância entre o que é
mencionado no projeto político pedagógico da escola e a prática pedagógica.
Ratifico mais uma vez: eu não acredito que a falha seja da escola, pois existe uma
intenção estampada por parte da direção e coordenação para fazer a escola uma
escola inclusiva. Contudo, elas não dispõem de profissionais que supram sua
demanda. Atribuo essa culpa ao governo do Estado.
Na página 85 do PPP da escola, no último parágrafo está escrito o
seguinte: “O livro didático é um dos vários recursos que subsidia, fundamenta,
sistematiza e aprofunda os processos de ensino e aprendizagem através da
democratização conhecimentos construídos pela humanidade.” Durante os meus
dias de estágio, eu percebi que o livro didático não foi solicitado uma vez se quer
pelo professor para que os alunos abrissem pra fazer algum tipo de exercício. Eu
entendo que o livro didático não deve ser obrigatoriamente o guia de ensino da
disciplina, mas me chamou atenção a não utilização do livro didático em nenhum
dia.
Algo que eu percebi em todos os encontros é que o tempo de aula inicia
às 7h. No entanto, o professor só inicia a explanação em torno de 7:20h. Na
minha perspectiva os 50 minutos de aula não são bem aproveitados. Na maioria
dos encontros, percebi que o professor não consegue finalizar o conteúdo na aula.
O que ocorre na maioria das vezes é que quando marca 7:50h, o fim da aula, o
professor está no meio de uma explicação ou no meio de uma resolução de
exercício.
Na página 80 do PPP da escola está escrito o seguinte: “Definidas as
práticas de organização do trabalho escolar pautada no
currículo, cria-se as condições indispensáveis para que se aprenda, para a
construção dos conhecimentos. Para se atingir esse fim utiliza-se da aula
expositiva e da problematização, ou poderíamos dizer que a exposição feita pelo
professor sobre uma determinada temática parte sempre de uma
situação-problema, que estimula à formação de conceitos, a partir de
experiências próximas e concretas do aluno, da observação de seu
ambiente imediato respeitando os limites da sua capacidade de abstração.” Em
nenhum momento do estágio eu vi o professor trabalhar o conteúdo com
situações problemas contextualizadas com situações reais do cotidiano. Também
não vi o professor trabalhar com os alunos questões semelhantes as que são
cobradas no ENEM. As questões que compõem o Exame Nacional do Ensino
Médio são questões carregadas de interdisciplinaridade, contextualização e
sempre exigem do estudante uma solução por se tratar de uma problematização.
Aqui eu percebo um grave problema. Esses estudantes provavelmente chegarão a
fazer a prova e se depararão com uma realidade que não estão familiarizados.
Matemática e suas tecnologias compreende 45 questões do total de 180 questões
do ENEM. Se esses alunos continuarem na mesma situação de hoje, a
probabilidade de um baixo desempenho nessa área de conhecimento é grande. O
pior de tudo é que provavelmente o resultado desses estudantes não será
satisfatório para conseguirem ingressar no Ensino Público Superior. Isso é
lamentável. Caso isso não mude, os alunos é que serão terrivelmente
prejudicados.
Agora, gostaria de finalizar as observações esclarecendo que os pontos
que mencionei, muito embora pareçam uma crítica, são situações reais que
observei e descrevi sem parcialidade. Vale mencionar aqui que é visível que o
professor de matemática se esforça para ensinar, para dar uma aula inovadora e
facilitar a aprendizagem dos alunos. Um ponto positivo que vale mencionar é que
o professor compra, com recursos próprios, materiais didáticos como régua e
transferidor e os distribui em sala de aula para uso dos alunos. O professor
também dispõe de outros materiais didáticos como material dourado, o qual é
utilizado em aulas eletivas em que é trabalhado e reforçado o aprendizado das
quatro operações fundamentais da matemática.

2. Roteiro de entrevistas

2.1. Entrevista à Gestora


1- Quais são as atribuições de um gestor?
As atribuições de um gestor compreendem apoiar, avaliar, possibilitar o
desenvolvimento do trabalho docente, avaliando e monitorando o desempenho
dos professores, investindo no desenvolvimento profissional dos professores.
Além disso, é atribuição do gestor definir metas, utilizar os recursos financeiros
de forma estratégica para que o propósito pedagógico seja alcançado.
2- Como é sua rotina como gestor?
Minha rotina como gestora é sempre observar a necessidade da escola. Em
muitas situações se faz necessário ajudar no setor pedagógico, administrativo e
financeiro. Além disso, temos as demandas diárias tais como solicitações de
histórico, recebimento de atestado tanto de alunos quanto de professores.
3- Os conhecimentos que você adquiriu na formação inicial foram suficientes
para assumir a gestão? Precisou aprender novas coisas? Fazer cursos? Me
conta sua experiência...
Na graduação em si não fui preparada para gerir. Eu não recebi nada de
conhecimento para formação de gestão. A verdade é que muito do que se
aprende sobre gestão ocorre apenas no exercício da função. Infelizmente, eu não
tive treinamento antes de assumir a gestão. Aprendi na marra. Hoje, existe uma
capacitação em que os professores que assumem a gestão são solicitados a fazer.
Trata-se de um curso chamado “Gestão democrática na escola”. Os cursos são
uma exigência da secretaria de educação do estado. Uma observação feita sobre
a plataforma utilizada para fazer os cursos, é que precisam melhorar muito.
4- O que te motiva a continuar exercendo a função de gestor? Quais os
resultados que você acredita serem gratificantes?
De certa forma, quando se está dentro da gestão, se quer muito fazer o trabalho.
A motivação é obter aquilo que tanto se deseja realizar e obter os resultados na
gestão. Muitos falam que o professor vai pra gestão porque não quer dar aula.
Mas isso não é verdade. Muitas vezes o gestor ultrapassa seu horário de trabalho
enquanto que os professores, em muitos casos, já terminaram a aula na escola.
Vale aqui deixar claro que o dinheiro não é motivador. Enquanto coordenadora
de Pibid e de residência pedagógica eu recebia a mesma quantia da gratificação
de um gestor, mas em contrapartida a gratificação recebida no pibid não
descontava imposto de renda, enquanto que a gratificação da gestão da direção
desconta imposto de renda. Não se pode exercer uma função esperando
reconhecimento.

Um resultado gratificante é perceber que a minha gestão está funcionando.

5- Quais os desafios encontrados na gestão de uma escola? Como você tem


lidado com eles?
O primeiro desafio primordial é o financeiro. Um exemplo que posso citar foi
quando a escola não tinha carteiras suficientes para o número de alunos. Há uma
burocracia muito grande para solicitar recursos e a liberação de recursos demora
muito. A escola passou por um período em que as aulas começaram e as
carteiras ainda não tinham sido reformadas. Isso porque o processo burocrático é
lento. Outra grande dificuldade é quando a equipe não funciona como deveria.
Nem sempre você consegue contar com uma equipe completa por diversos
motivos, seja porque os membros da equipe não se envolvem ou porque não há
uma equipe completa na escola.

2.2. Entrevista à Coordenação


1- Quais são as atribuições de um coordenador?
Minhas atribuições como coordenadora pedagógica consistem em dar suporte
aos professores em sala de aula, acompanhar o aprendizado e ensino dos alunos,
organizar os registros de atividades da escola, promover momentos de
devolutiva seja das aulas dos professores, seja dos portfólios dos alunos.
Relativamente ao suporte em sala de aula, eu preciso saber reconhecer que o
professor tem autonomia na sala, mas que ao mesmo tempo eu também tenho
autonomia para observar algo e apontar o que pode ser melhorado ou mudado.

2- Como é sua rotina como coordenador?


Todos os anos procuro seguir uma sequência de atividades. No início do ano
planejamos uma jornada pedagógica pra apresentar aos professores. Antes disso,
é feita uma jornada na secretaria de educação. Um panorama do ano letivo é
feito e passado aos professores. Apresentação da taxa de rendimento da escola
do ano anterior. É feita uma avaliação dos índices de aprovação, reprovação,
evasão, etc.
Avalia-se o que deu certo e o que não deu certo. Elabora-se o calendário escolar.
O calendário vem da secretaria já pronto, mas podem ser feitas adaptações
juntamente com o corpo docente. Após isso, construímos o horário de aulas. O
horário de aulas é feito a partir da disponibilidade de professores. Os professores
falam suas disponibilidades e com isso constrói-se o horário. A coordenadora
utiliza um programa para construir os horários. Para isso, ela informa a
disponibilidade de cada professor, e o programa monta os horários. O programa
é pago. Acontece que ela mesma tira do bolso o recurso para pagar o programa.
Fazemos um momento de diagnóstico de turma. O professor é solicitado a fazer
um diagnóstico com os alunos para saber como está o nível de aprendizado dos
alunos tanto em português quanto matemática. Outro ponto que é retomado é a
avaliação, que é discutida as várias formas de avaliar, como os alunos estão
reagindo com a avaliação. Mencionamos os diversos tipos de avaliação,
avaliação para medir conhecimento, para ver o aprendizado, as relações
interpessoais. Todos os anos é estabelecido metas para alcançar em relação a
aprendizagem. Existe um compartilhamento de planejamento anual de conteúdo
entre os professores.
Uma observação minha (Ítalo) é que a coordenadora se esforça para articular
uma integração entre os professores. No entanto, há sempre aqueles que são um
desafio para a integração acontecer.

3- Os conhecimentos que você adquiriu na formação inicial foram suficientes


para assumir a coordenação? Precisou aprender novas coisas? Fazer
cursos? Me conta sua experiência...
Os conhecimentos da formação inicial não foram suficientes. O conhecimento
da formação inicial apenas me deu uma pequena noção, mas não foi suficiente.
Logo no início, eu fui a secretaria de educação para buscar cursos de formação,
mas a orientação que recebi foi que eu pesquisasse por conta própria. Tempos
depois (há 4 anos) a secretaria começou a disponibilizar assessores para auxiliar
nessa intermediação. Eu fiz cursos de formação oferecidos pela secretaria por
meio dos assessores.
4- O que te motiva a continuar exercendo a função de coordenador? Quais os
resultados que você acredita serem gratificantes? (ESTADO)
Primeiro lugar, é conseguir ajudar a equipe a melhorar no desempenho e
funções. Em segundo lugar, é saber que posso contribuir para a formação dos
alunos. O desafio de exercer a função também é uma motivação. Outro fator que
me motiva é ver a boa harmonia nas relações entre professores e professores,
professores e alunos, professores e gestão. Ver o conhecimento sendo aplicado
na prática, ver os jovens aprendendo e ver jovens ingressando na universidade.
5- Como são desenvolvidas as atividades pedagógicas? Como é estabelecida a
relação entre coordenação e professores?
Cada um compreende seu papel, mas a coordenação sempre faz uma
intermediação entre os professores. Promove autoavaliação do professor.
Ouvindo o professor para compreendê-lo sempre buscando estabelecer uma
relação saudável e positiva.
6- Quais os desafios encontrados na coordenação de uma escola? Como você
tem lidado com eles?
O maior desafio é fazer o professor mudar as estratégias de ensino quando estas
não estão funcionando. Sabemos que o professor tem autonomia em sua sala de
aula. Entretanto, quando os resultados estão mostrando que não está havendo
melhora na aprendizagem dos alunos, é necessária uma intervenção da
coordenação para chamar o professor a uma reflexão de que ele precisa mudar.
Procuro pesquisar conteúdos interessantes sobre estratégias de ensino para que o
professor possa ver. Além disso, trago os resultados dos alunos para se discutir o
que podemos fazer para melhorar os índices. Essa abordagem é um campo muito
sensível, que se não for feita com muita cautela pode-se gerar um grande
conflito e um problema desnecessário. Trago questionário de autoavaliação para
o professor.
Uma fala da coordenadora que eu (Ítalo) gostaria de registrar aqui: “Ítalo, na
prática, o que tenho observado é que quando chamamos o professor para
discutirmos os resultados dos alunos, eles sempre colocam a culpa nos alunos. O
aluno não faz sua parte, o aluno tem algum transtorno, o aluno é indisciplinado,
etc.”

2.3. Entrevista ao professor supervisor


1 - Como é sua rotina como professor?
Acordo as 6h da manhã, me preparo para sair para a escola. Na escola dou aula
das 7h as 11:40h. Ao retornar para casa, almoço e descanso, pois não trabalho a
tarde. Após isso, leio e planejo para preparar as aulas. Meu tempo é mais
dedicado à minha família e à educação. Meu forte no contexto da educação é o
planejamento, porque assim eu consigo dar uma boa aula.
2 - Quais os desafios encontrados na sua docência? Como você tem lidado
com eles?
O meu maior desafio é alfabetizar matematicamente os alunos no ensino médio,
pois os mesmos não têm o domínio da matemática básica, muito menos das 4
operações fundamentais. No primeiro mês de aula de 2022 o professor relatou
sentir a dificuldade dos alunos em matemática básica. Dessa forma ensinou a
matemática básica tanto teoria quanto prática fazendo da teoria aula expositivas
e dialogadas e na prática utilizou jogos matemáticos como material dourado para
melhor compreensão das operações fundamentais, sequências numéricas (na
ordem crescente e decrescente) através de réguas e circunferências. O material
(régua e circunferência) foi comprado pelo próprio professor para poder ajudar o
aluno. A medida que o professor falava do desafio de alfabetizar os alunos, ele
mostrava o seu material (caderno) em que escreve todas as aulas.
3 - Como é estabelecida a relação entre professores e coordenação/
professor e aluno/ entre professores?
Relação professor/coordenação: essa relação é de grande valia para o ensino e
aprendizagem da escola, visto que a coordenação é responsável pelo ensino e
aprendizagem através do planejamento, orientando o professor no
desenvolvimento de suas atividades em sala de aula.
No contexto de sala de aula, a relação professor/aluno é a melhor possível.
Procuro orientá-los da melhor maneira possível e mediar o ensino e
aprendizagem em um contexto de direcionamento e orientação no saber
compreender, fazer e entender tendo cuidado especial com os alunos que
apresentam maior dificuldade.
O professor fez uma diferenciação de aluno e estudante. Para ele, aluno é aquele
que vai pra escola sem compromisso e dedicação. Já o estudante é aquele que
vai pra escola, recebe as orientações do professor e ao chegar em casa vai fazer
tudo o que o professor orientou.
O ponto alto do ensino e aprendizagem é a interação entre os professores da
escola onde interagimos em momentos de planejamento (num sábado) para
trazer sugestões de como mediar os desafios do ensino e da aprendizagem.
4 – Quanto tempo de docência? Como sua perspectiva do ensino da
matemática se constituiu ao longo desse período?
São 44 anos de docência. Mas a docência começou quando eu me tornei pai. Eu
ainda não era professor, não estava nem na universidade. Foi quando me tornei
pai que nasceu em mim o desejo de ser professor. Meus primeiros alunos foram
meus filhos. Daí, fui para o magistério e depois foi para universidade. Em 1988
fui aprovado num concurso público para professor do município. Em 1989 entrei
na universidade para cursar matemática.
Ao longo dos 44 anos, não fui apenas docente, mas desempenhei a função de
gestor por 12 anos na escola pública. Os 44 anos compreenderam a educação
básica (educação infantil, fundamental e médio) e a superior, visto que também
lecionei no ensino superior. Na educação infantil foi apenas como gestor e
coordenador. A matemática foi a que mais me atraiu. Os números despertaram
em mim um encantamento. Eis a razão de eu ter feito matemática.
5 – Qual a sua visão acerca da avaliação? Como costuma avaliar seus
alunos?
Avaliação é um ato de amor e de terror. Um ato de amor pra o estudante e um
ato de terro para alunos. Eu não costumo fazer prova e nem avaliação e sim uma
verificação de aprendizagem, pois acredito que o grande avaliado é ele. Isso
porque se os meus alunos fracassam numa prova, isso reflete o meu fracasso
como professor. Eu prefiro fazer uma verificação de aprendizagem, que é o
grande dia do ensino e aprendizagem. Isso porque o grande avaliado não são os
alunos e sim o professor. Inclusive o professor me desafiou a definir em uma
palavra “verificação do saber”.
6 – Quais os recursos metodológicos que a escola dispõe para o ensino da
matemática? Tais recursos suprem sua necessidade enquanto professor?
A escola dispõe de data show, laboratório de informática e sala para portadores
de dificuldade de aprendizagem com professor de educação especial para
acompanhar. Eu investi com meu dinheiro em recursos como régua, esquadro,
material dourado, circunferência e um vasto material em madeira para aula de
geometria e trigonometria, tangran, réguas numéricas, triângulos, ábacos.
7 – Quais os aspectos motivadores da sua permanência na docência?
Querer o melhor para o país e ter a esperança que a educação um dia vai mudar.
Eis a razão de ser aposentado e continuar lecionando como professor seletivo.
Formar cidadãos críticos e conscientes da necessidade de ser um grande cidadão.
8 – Você sente a necessidade de participar de cursos de formação
continuada? Já participou de algum? Como foi?
Ser docente é estar em formação constante. Já participei de muitas formações
entre elas, formação com o ministério de educação do estudo dos parâmetros
curriculares nacionais (PCNs); formação de professores tanto na escola como
nas secretarias de educação do estado e do município. No município, o ano
letivo só começava com um curso de formação para professores (uma semana);
programa Brasil alfabetizado (O Mais Educação nas escolas – que seria um
programa de reforço escolar no contra turno por tutores, estagiários); formação
dos gestores de natal, programa da Base Comum Curricular Nacional, Formação
continuada oferecida pela UVA. Fórum dos Gestores Municipais (FORGEM). A
nova LDB chegou em 1996 trazendo os PCN. Programas transversais sobre
ética, sexualidade.

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