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O ARTISTA ESQUECIDO
QUE MOROU EM DUQUE DE CAXIAS
Guilherme Peres
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metal, o papel prensado sob um cilindro de movimentação manual e finalmente o
milagre do grafismo surgindo na alvura do papel.
A visita foi recepcionada por sua esposa com café e bolo sobre a mesa da qual
agradou a todos. Após ouvir-mos seu relato sobre a convivência recente com tribos
indígenas da Região Central do Brasil, despedimo-nos orgulhosos de ter em nossa
cidade, um artista plástico tão talentoso como Hans Steiner.
Alguns dias depois, fomos surpreendidos na redação, com várias gravuras
oferecidas pelo artista, com dedicatória no verso: das quais
tenho a honra da possuir uma das mais belas, constando de um caminho através da
floresta da serra dos Órgãos, vendo ao fundo o gigantesco “Dedo de Deus”, com sua
nudez granítica.
Entre os temas preferidos de Steiner estão cenas típicas do Brasil rural:
pescadores, trabalhadores do campo, atividades artesanais e principalmente arvores
abraçadas de urupês e mata-paus. Deslumbrado com as matas brasileiras, percorreu e
registrou a fauna e a flora do Xingu à Floresta da Tijuca no Rio de Janeiro. Viajou por
Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Brasil Central
O antropólogo e educador brasileiro Edgard Roquette Pinto, assim definiu em
resumo sua opinião sobre Steiner: “Um dos encantos da água-forte, ao que penso,
nasce do seu poder simultâneo de finura e vigor. Quando o artista tem alma sensível e
domina o buril, surgem na composição as luzes e sombras que em vão se busca fora da
gravura. H. Steiner está nesse caso. Identificou-se com o ambiente brasiliano, aqui se
fez gravador na bela escola de Carlos Oswald”.
Ao mudar-se para a cidade italiana de Gorízia no início da década de 70, Steiner
Foi em busca de tratamento para a malaria que minava sua saúde, provavelmente
adquirida em suas andanças pelo Brasil Central e causa de seu falecimento em julho de
1974.