O botânico francês Auguste de Saint-Hilaire viajou pelo Brasil entre 1816 e 1822 coletando milhares de espécies vegetais. Ele descreveu em seu diário sua viagem da cidade do Rio de Janeiro até a serra do Tinguá, observando a paisagem, as atividades econômicas como engenhos de cana e a sociedade da época. Adentrando a mata, seguiu até a região do Iguassú admirando a floresta e rios.
O botânico francês Auguste de Saint-Hilaire viajou pelo Brasil entre 1816 e 1822 coletando milhares de espécies vegetais. Ele descreveu em seu diário sua viagem da cidade do Rio de Janeiro até a serra do Tinguá, observando a paisagem, as atividades econômicas como engenhos de cana e a sociedade da época. Adentrando a mata, seguiu até a região do Iguassú admirando a floresta e rios.
O botânico francês Auguste de Saint-Hilaire viajou pelo Brasil entre 1816 e 1822 coletando milhares de espécies vegetais. Ele descreveu em seu diário sua viagem da cidade do Rio de Janeiro até a serra do Tinguá, observando a paisagem, as atividades econômicas como engenhos de cana e a sociedade da época. Adentrando a mata, seguiu até a região do Iguassú admirando a floresta e rios.
Auguste de Saint-Hilaire, botânico francês, chegou ao brasil em 1816 com
o duque de Luxemburgo, embaixador extraordinário da França, percorrendo várias províncias do Brasil e colhendo milhares de espécies vegetais para estudo. Regressou à França em julho de 1822, publicando em 1824 o primeiro volume de uma coleção de nove tomos intitulada “Flora Brasília e Meridionalis”. Observador minucioso, Saint-Hilaire registrou em seu diário, preciosas informações para o estudo do Brasil em fins do período colonial. Vamos acompanha-lo ao deixar o Rio de Janeiro, em busca da serra do Tinguá através da Baixada Fluminense. “Depois de sair da cidade passamos em frente a São Cristóvão. O caminho é belo, bastante uniforme, embora aberto em terreno arenoso. A direita passa-se a pouca distancia da baia de que as vezes se tem perspectivas; à esquerda divisa- se um vale, acidentado por colinas e cheio de chácaras, terrenos lavradios e pastos. Ao longe alçam-se os cumes da serra da Tijuca, cujas encostas estão cobertas mata virgem...Até aqui não deixei de encontrar pedestres e cavalheiros. Negros a puxarem as mulas, descarregadas que pela manhã, haviam conduzido transportando provisões: pontas de gado, vara de porcos tangidos por mineiros avançavam lentamente para a cidade, levantando turbilhões de poeira. A cada momento passávamos à frente de alguma venda apinhada de escravos com homens livres. Milicianos fardados de Zuarte, calça branca e capacete à cabeça, iam render os camaradas no posto que lhes foram designado, enquanto outros voltavam por motivo de saúde”. Após percorrer 4 léguas, Saint-Hilaire adentra a Baixada Fluminense e vamos encontrá-lo na paróquia de Santo Antônio de Jacutinga “hospedado” na casa de um morador local: “ali me instalei com a permissão do dono sob uma espécie de telheiro onde se guardavam plantas e carros, e onde nos afundamos até o tornozelo na poeira e no esterco. À noite, o dono da casa fez-me oferecer café e convidou-me para dormir em casa., agradeci, pois acabava de cear, e minha cama já estava arrumada na varanda”. Em seguida o viajante observa os inúmeros engenhos cercado de canaviais que vai encontrando pelo caminho, em terrenos baixos e úmidos como convém à cultura da cana. Possuir um engenho é estar no alto da escala social, significa ter boa alimentação, escravos, posses etc. “Em casa usa roupa de brim, tamancos, calças mal amarradas e não põe gravata... mas se monta o cavalo e sai, é preciso que o vestuário lhe corresponda a importância e então enverga o jaleco, as calças, as botas luzidias, usa esporas de prata, cavalga, sela muito bem tratada. É sempre necessário um pagem negro, fardado com uma espécie de libré. Empertiga-se, ergue a cabeça, fala com voz forte e tom imperioso, que indica o homem muito acostumado a mandar em muitos escravos”. Adentrando a região do Iguassú, deslumbra-se com a floresta que circundava o vale. Coberta de matas, seus rios de águas claras e piscosas, permitiam a navegação até o porto, responsável pelo seu crescimento até tornar- se Vila em 1833. “O trecho que percorri até atingir Aguassú (sic), é menos habitado do que o que atravessei ontem. Coberto de mata, torna-se cada vez mais montanhoso. Aguassú sede de paróquia, não é vila propriamente dita, mas conta algumas mercearias e armarinhos bem sortidos, bonitas vendas, algumas ferrarias que a constante passagem de mineiros, torna mais necessárias do que qualquer outras oficinas”. Subindo as serras do Tinguá, Estrela e Viúva pelo Caminho do Comércio, que partia do porto de Iguassú, e só seria calçada em 1837, o botânico registra que “para se alcançar o ponto mais elevado da serra da Estrela não se leva menos de duas horas, quando se sobe com as mulas carregadas. O caminho foi aberto em ziguezague, com bastante arte. Construíram-se pequenas pontes para a passagem dos regatos e nos lugares onde os desabamentos são de se temer, as terras foram escoradas”. Do alto da serra vislumbra a baia de Guanabara, e o verde luxuriante é novamente motivo de deslumbramento, descobrindo casinhas salpicadas pelo caminho, de trabalhadores responsáveis por sua manutenção. “No horizonte longínquo avista-se o fundo da baia rodeada de montanhas vaporosas...com as ilhas a surgirem de seu seio, e o Pão de Açúcar ereto, como sentinela, à sua entrada majestosa...As casinholas construídas de distância em distância para os homens que trabalham na estrada, dão variedade a paisagem e lembram certas vistas das montanhas da Suíça”. Despenhadeiros e cascatas são surpresas constantes ao nosso viajante. Sob pontes passam córregos que vão engrossar outros até se precipitarem em ruidosas cachoeira formadores de rios caudalosos. ”Depara-se ao viajante com uma ponte de madeira, construída de modo pitoresco, sustentada por dois maciços de alvenaria. Sob a ponte vêem-se rochedos entre os quais passa um regato precipitando-se no vale em forma de espuma, logo se escondendo entre as árvores. Era desse mesmo riacho que ouvíamos ruídos alguns momentos antes, e é ele o formador do rio Sant’Ana, que segundo me contaram, deságua no mar”.