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Pesquisas no âmbito do Projecto Cultureg

MATEGAZZA PAULO: Uma Página de Amor (um dia na Madeira). Tradução do original (1868)
Italiano por Henrique Braga. 6.ª Edição. Lisboa Literária Fluminense. 235 P.

Relato de uma viagem realizada pelo médico Paolo Mategazza, no vapor Thames, onde conheceu
William, um jovem que se dirigia para a Madeira para restabelecer a saúde. O paquete saiu a 9 de
Junho no golfo de Southampton Water e chegou a Madeira no dia 17 de Junho de 185?.

II— Um dia na Ilha da Madeira, pp.21

p. 22 “Massas gigantescas de basaltos muito negros e rochas rugosas com os pés no mar, laceradas,
contorcidas, sem um arbusto, sem uma casa e as ondas espumantes a romperem—se fragorosas a
seus pés. Aqui e ali, perto da costa, ilhotas, negras também, sem árvores, nem flores, corroídas
pelas ondas, despedaçadas e tresgastadas, quási ruínas dum mundo minado pelo fogo. Chegámos à
Ponte de São Lourenço; deixámos à esquerda as três ilhas no próprio nome encerram a sua e muito
simples e triste história: Desertas; pouco tempo depois alcançámos um promontório de basalto,
maior que os outros, o Cabo Garajao. Aquele cabo assinala os limites do paraíso.

Passado o Cabo Garajao um perfume de jardim florido veio ao nosso encontro com as brisas da
terra. E aquela terra era um enquanto, um sorriso de jardins e de vivendas, de campos
verdejantes e de bosques aprazíveis; era uma grinalda composta de todas as flores, um desses
quadros de todas as cores que alegram o coração do homem e lhe arrancam profundo mas sereno
suspiro. (pp.22—23)

Poucos momentos depois estávamos diante do Funchal, capital da ilha, que parece estar branda e
caprichosamente disposta entre campos de canas de açúcar e de inhames, e entre hortos cheios
das nossas árvores da Europa e bosquezinhos fantásticos de bananeiras de folhas gigantescas e
aveludadas; em volta abre-se um grande anfiteatro de montes altíssimos, verdadeiras rochas de
gigantes; por último, a completar o quadro, dois oceanos; talvez demasiado grandes para aquele
ninho de amores: o oceano do mar e o oceano do céu; e naquela ocasião não se saberia dizer qual
dos dois se avizinhava mais ao azul ultramarino ou ao da safira.
Passei três vezes diante a Madeira, e sempre ouvi irromper do peito dos viajantes mais vulgares
um grito da alma que dizia; Porque não tenho eu uma casa neste paraíso?.
(…)
p.24
nos recordaram a necessidade de desembarcar, de encontrar um batel entre todos os que,
impertinentes e porfiados, batiam proa no costado do Thames. Depois por entre os berros e os
gritos, apenas desembarcado, tive à força de abrir caminho por entre a gente semi nua que me

Alda Pereira Direcção de Serviços do Património Cultural 17 de Out. 2007


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oferecia um cavalo; por entre a gente de camisola que me oferecia hospedagem, e por entre os
vendedores de paus e uma infinidade de outros homens e mulheres (…).

p. 26. Excursão ao Palheiro Ferreiro, casa de campo do conde de Carvalhal, célebre fidalgo
português que introduziu as primeiras rãs na ilha.

Cavalos e cavaleiros, impacientíssimos puseram-se a atravessar as ruas do Funchal e conquanto o


perfume do campo aberto me atraísse, tive de parar diante de algumas pitorescas lojazinhas, nas
quais se vendia tudo o que era vendível, e onde o povo se aglomerava para comprar pão, vinho, e
quanto era necessário à vida. (…) Por cima da porta de cada venda estão escritas três iniciais
cabalísticas P. A. V. que representam as grandes necessidades da vida humana: Pão, Vinho,
Aguardente.

P. 27. Já deixamos atrás a Rua da Carreira, uma das principais do Funchal e já estamos fora
apesar dos seus 16 mil habitantes, não leva muito tempo a percorrer. … Vamos subindo por
caminhos ladeados de pequenos muros (…). Frequentemente temos a cabeça à sombra duma
abóbora entrelaçada de madre-silvas e de martírios.

P.28. (…) uma parte do caminho que conduz ao Palheiro é íngreme. (descrição da viagem e das
peripécias com o cavalo e do encontro de Willam e Ema (namorados).

P.34. Voltei ao Funchal (…). P. 35. todos voltaram para bordo cantando e rindo (…), todos traziam
as mãos cheias de elegantes cestinhos de palha, de graciosos objectos de madeira, de rendas
belíssimas (…).

P. 37 III Outra vez no Mar, seguindo-se uma complicação das cartas trocadas entre Ema e William,
sem fazerem qualquer alusão a descrição da ilha.

Nota de observação: Na versão italiana existe um apêndice sobre a história, clima e ilha da
Madeira.

Alda Pereira Direcção de Serviços do Património Cultural 17 de Out. 2007

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