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CONTRIBUIÇÃO

À HISTÓRIA ECONÕMICA DE NOVA IGUAÇU


DURANTE O PERÍODO DA CITRICULTURA
Guilherme Peres

O início do cultivo da laranja, nas primeiras décadas do século XX, veio


encontrar as terras férteis de Nova Iguaçu prontas para receber o ciclo dessa
nova opulência. Uma rede de caminhos garantia o escoamento das safras que
despontavam nos pomares com seus milhares de frutos. O Dr. Arruda
Negreiros, interventor em Nova Iguaçu em 1930, trouxe reformas consideráveis
para esse Município: reformou a Praça Peregrino Azeredo, limpou e retificou o
rio Abel, reformou a estrada Madureira-Cabuçu, que partindo do centro de Nova
Iguaçu terminava na fazenda Normandia, pertencente a “Companhia Fazendas
Reunidas Normandia”, em Cabuçu, com extensão de 10 km “atravessando os
laranjais mais importantes do Município”.
A estrada Ipiranga que era a continuação dessa estrada atravessava parte
da fazenda e terminava no km 35 da rodovia Rio - São Paulo, passando pela
velha e tradicional povoação de Marapicú, antiga sede do 2º. Distrito. “Essa
estrada estava abandonada há longos anos e inteiramente imprestável devido aos
imensos atoleiros” diz o próprio Arruda Negreiros, restabelecendo a grande
utilidade dessa estrada “que corta uma região fertilíssima e estabelece fácil
acesso à rodovia Rio-São Paulo”.
Por ela transitaram grandes safras de laranjas vindas de “Campo Grande,
Santa Cruz, Bangu etc. em demanda aos “Packing-Houses” do município de
Iguaçu recebendo o beneficiamento exigido para exportação”. Para essa
seleção, lavagem e embalagem destinada a exportação, havia no Município em
1931, segundo Maia Forte “14 “Packing-Houses”, sendo 6 em Nova Iguaçu; 5
em Morro Agudo e 3 em Cabussú, Austin e Queimados”. Quanto ao número de
citricultores, recenseados pelo Serviço de Inspeção e Fomento Agrícola,
Queimados contribuía com 59 produtores, reunindo um total de 125.620 pés de
laranjeiras, superado apenas por Nova Iguaçu, Morro Agudo e as “Fazendas
Reunidas Normandia” em Cabuçu. Seguidos por Austin, Mesquita, Nilópolis e
Belford Roxo, o Município concorria com um total de 3.279.824 laranjeiras.
No jornal Correio da Lavoura de agosto de 1943, encontramos a
convocação aos associados da “Cooperativa dos Citricultores de Queimados”
para uma assembléia geral “a fim de tratar de interesses gerais” assinada pelo
seu presidente, Dr. Francisco Freire de Andrade.
Iniciada sua plantação ainda no final do século XIX, a laranja adaptou-se
bem ao solo da região. A abundância das primeiras colheitas chegou ao mercado
do Rio de Janeiro criando uma preferência de consumo que em breve se
estenderia até São Paulo e aos mercados platinos. Para Buenos Aires e
Montevidéu, já seguiam anualmente “no princípio do século XX, cerca de 500
mil laranjas”. Dessa época em diante, uma era mais promissora estimulou o
desenvolvimento dos pomares de Iguaçu, tanto que em 1926 a exportação de
laranjas no porto do Rio de Janeiro atingiu a 149.750 caixas, e numa progressão
animadora foi subindo até que em 1927 foram exportadas 317. 639 caixas.

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Milhares de laranjeiras se espalhavam pelas planícies e morros
substituindo a cana, o milho e a mandioca, tão promissoras no passado,
enquanto os engenhos, transformando fazendas abandonadas e improdutivas em
extensos pomares de frutos dourados, num prenúncio de abastança e progresso.
A criação de uma associação mostrou-se necessária para que representasse
as reivindicações dos citricultores, nascendo em 1923, sob a iniciativa do
produtor Sebastião Herculano de Matos, o Sindicato Agrícola de Iguaçu,
denominação que existiu até 1924 quando por sugestão do Ministério da
Agricultura passou a chamar-se Associação dos Fruticultores de Nova Iguaçu.
Em 1929, a visita do presidente Washington Luís com o Ministro da
Agricultura em sua comitiva a Nova Iguaçu, atendendo um convite dos
citricultores, em atenção às diversas reivindicações, veio consolidar o prestígio
dessa Associação. Entretanto as promessas não puderam ser cumpridas, pois o
Presidente foi deposto meses depois.
Novo presidente, novas esperanças. Ao assumir o poder em 1930, Getúlio
Vargas foi convidado para uma visita a esse Município e conhecer de perto os
problemas da citricultura. Confirmada sua presença em junho de 1931,
apressou-se o governo municipal na figura do prefeito interventor Dr. Arruda
Negreiros em apressar obras para inaugurações.
Durante sua administração, Nova Iguaçu foi beneficiado com melhorias
de estradas, retificação do rio Abel, reforma da Praça Peregrino Azevedo,
construção de “um Packing House, conhecido como “barracão”, (onde hoje está
instalado um super-mercado,) para lavagem, seleção e encaixotamento das
laranjas destinadas à exportação.
“Depois de ter passado por Nilópolis”, diz Waldick Pereira, “Getúlio
Vargas foi recebido pelo prefeito Arruda Negreiros, o deputado Manoel Reis” e
demais membros da comissão “dirigindo-se diretamente ao local em que seria
lançada a pedra fundamental do Hospital de Iguaçu,” inaugurando em seguida
mais um grande galpão, no qual o Ministério da Agricultura havia instalado
maquinaria para seleção, tratamento e embalagem das laranjas destinadas à
exportação.

SANEAMENTO

Hildebrando de Araújo Góes, nomeado engenheiro-chefe da Comissão


de Saneamento da Baixada Fluminense em 1933, apresentou em um relatório,
um ano depois, completo estudo sobre as dezenas de bacias hidrográficas nessa
região, desobstruindo os rios e dessecando os pântanos, gigantesco trabalho que
terminou em 1938.
Em relação aos diversos vales saneados, refere-se ao Rio dos Poços,
formado pela reunião dos rios Santo Antonio e do Ouro, “que nascem na Serra
do Tinguá e são aproveitados para abastecimento de água ao Rio de Janeiro.
Depois de percorrerem cerca de 15 Kms. reúnem-se à margem da Estrada de
Ferro Central do Brasil, entre as estações de Queimados e Caramujos, para
formar os Rios dos Poços”. Este rio cortava a região pantanosa em quase todo o
seu curso de 5 km. quando recebia as águas do Camboatá, formando-se grande
volume de água.
O relatório também registra os rios Ipiranga e Guandu-Mirim. “Este
nascendo na Serra do Medanha, com o nome de Guandu do Sena, escoadouro da
região compreendida entre Bangu e Santíssimo”. Pouco acima da estrada Rio-
São Paulo, depois de receber, pela margem direita o Guandu do Sapê, atravessa
a Serra de Madureira e passa a chamar-se Guandu Mirim.

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Quanto ao Rio Ipiranga, a ele se refere “nascendo em Marapicú e
atravessando as antigas freguesias do Cabuçu e Marapicu, desembocando no
Guandu-Assú pouco abaixo do Rio dos Poços. È seu tributário, pela margem
direita o Cubango, também proveniente do Marapicu”.

A DECADÊNCIA

Desde os fins da década de trinta, uma praga vinha contribuindo com o


fim dessa prosperidade, a “mosca do Mediterrâneo”, que resistiu ao seu combate
até a falência total dos laranjais. Aliada ao grande conflito mundial que já se
fazia sentir na Europa, diminuindo o comércio exterior e tornando insustentável
a situação econômica dos citricultores, que ainda tentaram expandir o mercado
interno, sem resultado.
Era o fim de ciclo econômico cujos investidores procuraram salvar seu
capital transformando seus pomares em loteamentos. “Alguns barracões
estavam agora, calados e desertos. Em muitos laranjais, os frutos maduros e
bichados apodreciam no chão”.

DEPOIMENTO

Dona Paschoalina da Silva Lima, 77 anos, conhecida como D. Páscoa,


viveu esse período. Em seu depoimento lembra que depois de casada foi morar
e trabalhar com seu marido na Fazenda Santa Terezinha, hoje jardim Paraíso,
onde mora há 57 anos.
Durante a colheita das laranjas, trabalhavam nessa fazenda “cerca de 70
homens. Crianças e mulheres também tinham emprego garantido. As frutas
eram exportadas para a Argentina e os Estados Unidos”. Com os funcionários
morando próximo à fazenda ‘todo sábado e domingo havia uma festa para ir. A
escola mais próxima era em Marapicu”. Recordando o mal que atacou os
laranjais diz que muita gente morreu vítima dos inseticidas que espalhavam no
pomar “porque não respeitavam as indicações de máscaras protetoras e outros
requisitos de segurança para utilizar os venenos contra a praga. Alguns
trabalhadores aplicavam o veneno, não lavavam as mãos e chupavam laranja”.
Por falta de mercado consumidor e a praga resistindo, tudo terminou.
“Mais ou menos por volta de 1960 já não havia mais laranjais na fazenda”.
Durante três anos “meu marido e o Sr. Valentim Guimarães tentaram criar
gado” e desistiram. Hoje, viúva, dona Páscoa se recorda: “Sinto saudade dos
momentos que passamos na fazenda Santa Terezinha”. (Seropédica Jornal)

REGISTRO DE UM REPÓRTER

Guaraci Cabral, repórter da revista “Mundo Agrário”, circulou pela


História das laranjas em Nova Iguaçu em agosto de 1954, “para tomar contato
com as instalações de tratamento das laranjas para exportação, bem como ver de
perto grandes plantios”. Registrou os “laranjais que morriam (ou nasciam) nos
quintais das residências”. Nos municípios “subindo morro acima em todas as
direções, circundando por completo toda a cidade”.
Visitou cinco “packing-house” (barracões para seleção e embalagem) “em
plena atividade, atendendo pedidos de exportação para a velha Inglaterra”.
Comenta que em 1940 cinco milhões de caixas de laranjas foram exportadas
pelo porto do Rio de Janeiro com destino à Europa. Nesse período de pré-guerra

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aproveitavam o período da entressafra das frutas européias, quando as laranjas
eram colhidas “com qualidade de sabor e suculência”.
“Queimados exportou muita laranja e contava com uma cooperativa de
citricultores que possuía maquinaria própria para beneficiar a fruta”. Onde hoje
funciona um supermercado, no centro de Queimados, a cooperativa mantinha
sempre cheio o “barracão das laranjas”, prontas para a comercialização.
Ampliado o desenvolvimento da guerra, maior foram as dificuldades
apresentadas para o produtor-exportador. “Resultado: pela falta de uma
estrutura comercial interna, perderam-se milhões e milhões de frutos. Os
prejuízos foram totais. Veio o desânimo. As pragas tomaram conta dos laranjais
em conseqüência do abandono. A mosca dos frutos proliferou à solta,
dominando por completo o ambiente. E por inacreditável que pareça, milhares
de laranjeiras foram arrancadas para serem transformadas em carvão”.

“CORREIO DA LAVOURA”

Uma coleção do jornal “Correio da Lavoura”, referente ao ano de 1943,


fomos encontrar, refletido em suas entrelinhas, a angustia dos laranjeiros em
salvar sua colheita. Justificando a Segunda Guerra Mundial, como causa da
decadência que se aproximava, sem denunciar a falta de investimento do
governo nos créditos agrícolas, expansão e distribuição nos mercados internos
de consumo, o texto demonstra claramente, a mordaça da censura à qual a
Imprensa estava atada durante a ditadura de Getúlio Vargas.
Sob o título: “O Parque Citrícola Brasileiro Corre Grande Risco de
Perecer”, o “Correio da Lavoura” de 28 de março de 1943 discorre em longo
artigo a “Exposição” que o ministro da Agricultura expõe ao chefe do Governo,
as preocupações dos laranjeiros “em face da atual situação internacional, uma
vez que a vida deste setor de nossa economia esteve ligada a exportação para os
mercados europeus e platinos”.
Com o desaparecimento destes mercados “graças ao conflito mundial,
certa parte da laranja exportável foi absorvida pela fabricação de óleo. Neste pé,
pode-se afirmar, é fatal o desaparecimento de toda essa riqueza que levamos
longos anos a criar, com o prolongamento do conflito que ninguém poderá
prever”.
No mesmo texto o ministro sugere “providências necessárias à obtenção
no Banco do Brasil de um crédito a ser movimentado pela Comissão Executiva
das Frutas, adquirindo-a do produtor, distribuindo-a aos exportadores, ao
comércio interno, aos industriais e utilizando parte de suas instalações”.
O jornal refletia um dos muitos esforços dos produtores apelando para a
insensibilidade do Governo, e prenunciando que o ciclo da laranja caminhava
para a derrota econômica, ao contrário da vitória dos aliados no final da Guerra
Mundial.

RODOVIA PRESIDENTE DUTRA

Com as cidades vivendo um processo de urbanização crescente, a idéia da


construção desta rodovia foi alimentada desde 1941 quando técnicos e
engenheiros do Departamento de Estradas de Rodagem (DNER), estudaram as
diretrizes da futura estrada, sendo, paralisadas durante a Segunda Guerra
Mundial.

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Reiniciada em 1949, o Brasil já contava com o Conselho Nacional de
Petróleo, e estava sendo estruturada a Companhia Siderúrgica Nacional com a
Usina de Volta Redonda, que forneceu “parte do alcatrão para pavimentação”.
Considerada “o maior empreendimento de engenharia do gênero em toda a
América Latina”, concentrou os maiores equipamentos mecânicos de
terraplenagem já visto, ao longo de seus 405 quilômetros.
Finalmente no dia 19 de janeiro de 1951, com a presença do presidente da
República, Eurico Gaspar Dutra e diversas autoridades, era inaugurada a
rodovia que tinha o seu nome. Considerada na época como a melhor estrada de
rodagem do Brasil, a Rodovia Presidente Dutra cortou a região de Queimados,
dando um novo alento aos produtores de laranjas com transporte direto das
mercadorias para o Distrito Federal, inaugurando também várias linhas de
ônibus e lotações, facilitando o deslocamento da população e valorizando os
terrenos transformados em loteamentos.
Era um convite aos proprietários ver um modo mais prático de se livrar
dos prejuízos na luta diária contra a “mosca do mediterrâneo”, e
conseqüentemente Nova Iguaçu deixava aos poucos a atividade produtora de
laranjas, para ser pólo urbano. Grandes propriedades foram divididas “Em lotes
de 13x18 metros para o seu comprador proprietário plantar uma casa, e não
laranjeiras” diz o repórter Guaraci Cabral.

Houve, porém quem acreditasse na laranja: “Eles promoveram reuniões na


Sociedade Nacional de Agricultura; empurraram memoriais, telegrafaram às
autoridades, fizeram campanha, e o Ministério da Agricultura começou a
funcionar no combate ao inimigo mais terrível naquele momento, a mosca dos
frutos, empregando até helicópteros. A defesa sanitária vegetal dominou por
completo o município, com real desafogo para aqueles poucos heróis da batalha
da sobrevivência da laranja”.
Entretanto, a falta de mercado para o grande acúmulo das frutas, levou à
decadência as fazendas, favorecendo os loteamentos em substituição aos
laranjais.
A partir de 1937, já havia começado timidamente a se esboçar os
primeiros loteamentos, iniciando-se com a Vila das Mangueiras, seguindo-se a
Vila das Porteiras, Vila dos Bambus, Vila Tinguá e já pelos anos sessenta a Vila
Camorim. Anteriormente, nos anos cinqüenta, outra grande área era projetada e
loteada, como bairro Nossa Senhora da Glória. Os bairros eram ocupados
rapidamente e em menos de um ano um loteamento inteiro era vendido. Sem
planejamento, e sem infraestrutura de saneamento básico, em ruas abertas pelo
trator, acompanhavam em suas margens o sulco de “valas negras”.

URBANIZAÇÃO

Fazendas dedicadas à agropecuária, mesmo produtivas, tornaram-se alvos


dos especuladores imobiliários. Antecipando-se à era dos loteamentos, a
fazenda Queimados, que em 1928 “possuía 1200 porcos, 500 galinhas, 700
perus, 400 cabeças de gado e ainda uma criação de rãs” foi, mesmo assim,
premida pela crescente valorização das terras, destinando, aos poucos, áreas
para retalhamento em lotes, cujo primeiro loteamento chamou-se Vila das
Mangueiras.
Quatro outras áreas tiveram o mesmo destino: Vila das Porteiras; Vila dos
Bambus; Vila Tinguá e na década de sessenta a Vila Camorim. O bairro Nossa

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Senhora da Glória, grande área projetada e loteada na década de cinqüenta, teve
seus lotes vendidos e ocupados em curto prazo de tempo.
Animada com o início da eletrificação da Estrada de Ferro que começou
em 1938, esse Distrito preparou-se para as novas conquistas com sua chegada
em 1943, concluindo com o trecho entre Nova Iguaçu e Japeri. O “Correio da
Lavoura”, em sua edição de 28 de março de 1943, publicou matéria referente à
sua inauguração sob o título: “A experiência do novo trecho eletrificado da
Central do Brasil”. Discorrendo sobre o acontecimento acrescentava que: “Do
programa comemorativo do 85º aniversário da Central do Brasil, a nossa
principal via férrea, consta às 16 horas de hoje, a experiência oficial do tráfego
no novo trecho eletrificado, que vai desta cidade a Morro Agudo”.
“O major Alencastro Guimarães, diretor da Central, virá de trem especial
assistir a experiência oficial, devendo sua excelência receber grande
manifestação de simpatia e reconhecimento da população de Morro Agudo.
Ontem mesmo uma composição elétrica de unidade, conduzindo os drs. Djalma
Maia, chefe da eletrificação, Abelardo Niemeyer, chefe da rede aérea, Mario
Castilho, inspetor de linha e altos funcionários da Central, percorreram o trecho
eletrificado, a fim de que fossem tomadas as últimas providencias para a
solenidade de hoje”.
Entretanto o tráfico elétrico só se normalizou alguns meses depois,
segundo registro encontrado no mesmo “Correio” do dia 7 de novembro: “no
próximo dia 10 do corrente, quando se comemorará a passagem de mais um
aniversário do Estado Nacional instituído pelo presidente Vargas, a inauguração
dos trens elétricos desta cidade até Belém, fato esse de grande importância, pois
beneficiará os numerosos moradores de Morro Agudo, Austin, Queimados e
Belém, além de valorizar em muito toda essa zona cortada pala Central do
Brasil”.
“A notícia é, portanto auspiciosa, uma vez que muita gente vai ter agora
condução mais rápida e confortável, bem diferente da atual que é um problema
dificílimo”, finaliza o jornal.

Na década de cinqüenta a rodovia Presidente Dutra rasgou pelo meio


fazendas, bloqueou estradas vicinais atravessando até mesmo um ramal da
estrada de ferro que, saindo de Austin, entrava por Marapicu atingindo Santa
Cruz, usada principalmente no transporte de laranjas, animando o
desenvolvimento local.
Com novos moradores atraídos pela facilidade de transito e o baixo custo
dos terrenos, inúmeras chácaras, sítios e granjas davam passagem aos tratores.
Sem nenhuma infraestrutura urbana de saneamento, à margem das ruas surgiam
valas a céu aberto, transformando fazendas inteiras em bairros proletários,
facilitando a expansão demográfica, paralela ao declínio dos pomares cujas
causas vimos no capítulo anterior. Distando apenas 27 quilômetros do centro do
Rio de Janeiro e localizado no eixo Rio - São Paulo, de uma hora para outra,
uma área promissora com fortes traços de vida rural transformou-se num centro
intensamente povoado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“POLIANTÉIA” – Revista comemorativa ao 1º. Centenário do Município


de Nova Iguaçu - Est. Gráfico Gazeta da Bolsa, 1933, RJ.

6
Lamego, Alberto Ribeiro – “O Homem e a Serra” – IBGE 1963, RJ.
Lamego, Alberto Ribeiro – “O Homem e a Guanabara” - IBGE 1964, RJ.
Pereira, Waldick – “Cana Café & Laranja” Fundação Getulio Vargas
SEEC – 1977 RJ.
Peixoto, Ruy Afrânio – “Imagens Iguaçuanas” – Tip. Colégio Afrânio
Peixoto, Nova Iguaçu - RJ, 1968.
Peres, Guilherme – “Baixada Fluminense, os Caminhos do Ouro” Gráfica
Register – 1993, RJ
Seropédica, Jornal – “Laranja empregou muita gente no Paraíso”
Seropédica Maio, 2003.
“O Mundo Agrário” Ano II – N.º 19, Set.1954 “O Mundo Editora”- RJ
Brandão, Inácio de Loyola – “Dutra 50 Anos” 2001 - RJ
Prado, Walter – “História Social da Baixada Fluminense” – Eco museu
Fluminense, RJ 2000
Afrânio Peixoto, Ruy - “Imagens Iguaçuanas”, Ed. do autor –1960, RJ
Araujo Góes, Hildebrando de - “Relatório da Comissão de Saneamento
da Baixada Fluminense” – 1934 - RJ
Macedo, Luiz Gonzaga de – Depoimento oral ao autor – 2007 -RJ
“Correio da Lavoura” – 28/ 03 - 05 / 07 – 07/ 11/ 1943 - Nova Iguaçu - RJ

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