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Milhares de laranjeiras se espalhavam pelas planícies e morros
substituindo a cana, o milho e a mandioca, tão promissoras no passado,
enquanto os engenhos, transformando fazendas abandonadas e improdutivas em
extensos pomares de frutos dourados, num prenúncio de abastança e progresso.
A criação de uma associação mostrou-se necessária para que representasse
as reivindicações dos citricultores, nascendo em 1923, sob a iniciativa do
produtor Sebastião Herculano de Matos, o Sindicato Agrícola de Iguaçu,
denominação que existiu até 1924 quando por sugestão do Ministério da
Agricultura passou a chamar-se Associação dos Fruticultores de Nova Iguaçu.
Em 1929, a visita do presidente Washington Luís com o Ministro da
Agricultura em sua comitiva a Nova Iguaçu, atendendo um convite dos
citricultores, em atenção às diversas reivindicações, veio consolidar o prestígio
dessa Associação. Entretanto as promessas não puderam ser cumpridas, pois o
Presidente foi deposto meses depois.
Novo presidente, novas esperanças. Ao assumir o poder em 1930, Getúlio
Vargas foi convidado para uma visita a esse Município e conhecer de perto os
problemas da citricultura. Confirmada sua presença em junho de 1931,
apressou-se o governo municipal na figura do prefeito interventor Dr. Arruda
Negreiros em apressar obras para inaugurações.
Durante sua administração, Nova Iguaçu foi beneficiado com melhorias
de estradas, retificação do rio Abel, reforma da Praça Peregrino Azevedo,
construção de “um Packing House, conhecido como “barracão”, (onde hoje está
instalado um super-mercado,) para lavagem, seleção e encaixotamento das
laranjas destinadas à exportação.
“Depois de ter passado por Nilópolis”, diz Waldick Pereira, “Getúlio
Vargas foi recebido pelo prefeito Arruda Negreiros, o deputado Manoel Reis” e
demais membros da comissão “dirigindo-se diretamente ao local em que seria
lançada a pedra fundamental do Hospital de Iguaçu,” inaugurando em seguida
mais um grande galpão, no qual o Ministério da Agricultura havia instalado
maquinaria para seleção, tratamento e embalagem das laranjas destinadas à
exportação.
SANEAMENTO
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Quanto ao Rio Ipiranga, a ele se refere “nascendo em Marapicú e
atravessando as antigas freguesias do Cabuçu e Marapicu, desembocando no
Guandu-Assú pouco abaixo do Rio dos Poços. È seu tributário, pela margem
direita o Cubango, também proveniente do Marapicu”.
A DECADÊNCIA
DEPOIMENTO
REGISTRO DE UM REPÓRTER
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aproveitavam o período da entressafra das frutas européias, quando as laranjas
eram colhidas “com qualidade de sabor e suculência”.
“Queimados exportou muita laranja e contava com uma cooperativa de
citricultores que possuía maquinaria própria para beneficiar a fruta”. Onde hoje
funciona um supermercado, no centro de Queimados, a cooperativa mantinha
sempre cheio o “barracão das laranjas”, prontas para a comercialização.
Ampliado o desenvolvimento da guerra, maior foram as dificuldades
apresentadas para o produtor-exportador. “Resultado: pela falta de uma
estrutura comercial interna, perderam-se milhões e milhões de frutos. Os
prejuízos foram totais. Veio o desânimo. As pragas tomaram conta dos laranjais
em conseqüência do abandono. A mosca dos frutos proliferou à solta,
dominando por completo o ambiente. E por inacreditável que pareça, milhares
de laranjeiras foram arrancadas para serem transformadas em carvão”.
“CORREIO DA LAVOURA”
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Reiniciada em 1949, o Brasil já contava com o Conselho Nacional de
Petróleo, e estava sendo estruturada a Companhia Siderúrgica Nacional com a
Usina de Volta Redonda, que forneceu “parte do alcatrão para pavimentação”.
Considerada “o maior empreendimento de engenharia do gênero em toda a
América Latina”, concentrou os maiores equipamentos mecânicos de
terraplenagem já visto, ao longo de seus 405 quilômetros.
Finalmente no dia 19 de janeiro de 1951, com a presença do presidente da
República, Eurico Gaspar Dutra e diversas autoridades, era inaugurada a
rodovia que tinha o seu nome. Considerada na época como a melhor estrada de
rodagem do Brasil, a Rodovia Presidente Dutra cortou a região de Queimados,
dando um novo alento aos produtores de laranjas com transporte direto das
mercadorias para o Distrito Federal, inaugurando também várias linhas de
ônibus e lotações, facilitando o deslocamento da população e valorizando os
terrenos transformados em loteamentos.
Era um convite aos proprietários ver um modo mais prático de se livrar
dos prejuízos na luta diária contra a “mosca do mediterrâneo”, e
conseqüentemente Nova Iguaçu deixava aos poucos a atividade produtora de
laranjas, para ser pólo urbano. Grandes propriedades foram divididas “Em lotes
de 13x18 metros para o seu comprador proprietário plantar uma casa, e não
laranjeiras” diz o repórter Guaraci Cabral.
URBANIZAÇÃO
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Senhora da Glória, grande área projetada e loteada na década de cinqüenta, teve
seus lotes vendidos e ocupados em curto prazo de tempo.
Animada com o início da eletrificação da Estrada de Ferro que começou
em 1938, esse Distrito preparou-se para as novas conquistas com sua chegada
em 1943, concluindo com o trecho entre Nova Iguaçu e Japeri. O “Correio da
Lavoura”, em sua edição de 28 de março de 1943, publicou matéria referente à
sua inauguração sob o título: “A experiência do novo trecho eletrificado da
Central do Brasil”. Discorrendo sobre o acontecimento acrescentava que: “Do
programa comemorativo do 85º aniversário da Central do Brasil, a nossa
principal via férrea, consta às 16 horas de hoje, a experiência oficial do tráfego
no novo trecho eletrificado, que vai desta cidade a Morro Agudo”.
“O major Alencastro Guimarães, diretor da Central, virá de trem especial
assistir a experiência oficial, devendo sua excelência receber grande
manifestação de simpatia e reconhecimento da população de Morro Agudo.
Ontem mesmo uma composição elétrica de unidade, conduzindo os drs. Djalma
Maia, chefe da eletrificação, Abelardo Niemeyer, chefe da rede aérea, Mario
Castilho, inspetor de linha e altos funcionários da Central, percorreram o trecho
eletrificado, a fim de que fossem tomadas as últimas providencias para a
solenidade de hoje”.
Entretanto o tráfico elétrico só se normalizou alguns meses depois,
segundo registro encontrado no mesmo “Correio” do dia 7 de novembro: “no
próximo dia 10 do corrente, quando se comemorará a passagem de mais um
aniversário do Estado Nacional instituído pelo presidente Vargas, a inauguração
dos trens elétricos desta cidade até Belém, fato esse de grande importância, pois
beneficiará os numerosos moradores de Morro Agudo, Austin, Queimados e
Belém, além de valorizar em muito toda essa zona cortada pala Central do
Brasil”.
“A notícia é, portanto auspiciosa, uma vez que muita gente vai ter agora
condução mais rápida e confortável, bem diferente da atual que é um problema
dificílimo”, finaliza o jornal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Lamego, Alberto Ribeiro – “O Homem e a Guanabara” - IBGE 1964, RJ.
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Register – 1993, RJ
Seropédica, Jornal – “Laranja empregou muita gente no Paraíso”
Seropédica Maio, 2003.
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Brandão, Inácio de Loyola – “Dutra 50 Anos” 2001 - RJ
Prado, Walter – “História Social da Baixada Fluminense” – Eco museu
Fluminense, RJ 2000
Afrânio Peixoto, Ruy - “Imagens Iguaçuanas”, Ed. do autor –1960, RJ
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Macedo, Luiz Gonzaga de – Depoimento oral ao autor – 2007 -RJ
“Correio da Lavoura” – 28/ 03 - 05 / 07 – 07/ 11/ 1943 - Nova Iguaçu - RJ