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Colônias antigas
Anos após, quando abertos os primeiros caminhos de tropas, e desobstruído o
Mearim, é que o excedente de nossa produção passara a ser gradativamente exportado para
povoados vizinhos. Foi o início do ciclo da produção de subsistência.
A notícia mais antiga que se tem na História do Maranhão sobre a Colônia com
fins agrícolas nas regiões de Barra do Corda (ano de 1831), é a que notificamos sob o título de
Fazenda Agrícola de Maciel Parente: — Na confluência do Mearim com o rio Corda,
"desenvolveu-se rendosa cultura de algodão e fora logo depois desta época o início" de larga
plantação que se desenvolveu no Estado do Maranhão.
A mão-de-obra utilizada para os citados trabalhos agrícolas (vide cap. sobre os
Negros em Barra do Corda) foi em sua maioria integrada de escravos oriundos do Baixo
Mearim.
Não há registros que Justifiquem a decadência de tão arrojado projeto, que aliás
antecedeu à fundação do povoado das Missões.
Ainda em relação a colônias antigas, ensina-nos César Augusto Marques, em seu
Dicionário Histórico p. 206, que a "primeira Diretoria Parcial de índios do Município de Barra
do Corda foi fundada em 1847, contendo cerca de 1.270 índios distribuídos por sete aldeias".
Sabe-se que Manoel Rodrigues de Melo Uchôa, que já se encontrava então com 12 anos na
Região, foi o seu primeiro encarregado.
Segundo Eloy Coelho Netto, em Geo-História do Maranhão, p, 36, ali teria se
originado a Colônia de Dois Braços, situada no lugar do mesmo nome na freguesia de Santa
Cruz em Barra do Corda. Matriculava mais de 500 índios. O território da colônia não se
encontrava medido ou demarcado. A área aproveitada era de 18 quadras, com cerca de 100
braças para cada um; haviam cinco prédios, uma capela e cinco casas, sendo uma delas na
própria vila.
Com relação à colonização e aos produtos cultivados, assinala que plantavam
"algodão, mandioca, arroz e milho e que houve safra de mais de 500 arrobas de algodão".
Finalmente conclui o historiador que a colônia em apreço era dirigida por Fr. José Maria de
Loro. Portanto, a Fazenda Agrícola de Maciel Parente e a colonização indígena assinalaram as
primeiras tentativas de colonização em Barra do Corda.
Apogeu Econômico
A cultura do algodão no Maranhão vem de Portugal, conforme Gaioso, em seu
respeitável Compêndio sobre os Princípios da Lavoura no Maranhão, a partir do ano de 1760.
O mesmo Gaioso registra, para a história da nossa economia, que os administradores da
Companhia Geral de Comércio de então, identificavam já a fácil produção de arroz que existia
no país, "conhecido como arroz vermelho chamado de terra". Para melhorar e "multiplicar os
ramos da -cultura", assinala o historiador, foi introduzido o arroz branco, da Carolina do Norte,
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em data de 1765. Diz Gaioso: "A glória desta plantação, pertence, sem contradição, ao
administrador da Companhia, José Vieira da Silva".
O incentivo à plantação, expansão ao ponto de exportar-se o milho e a mandioca,
surgiram à mesma época sob o patrocínio da Companhia de Comércio do Maranhão.
Desenvolveram-se nos vales dos rios Itapecuru, Mearim, Pindaré e outros, várias
colônias com fins de subsistência das populações que surgiram naturalmente e se expandiram
do Norte para o Sul, fortalecidas na mão-de-obra dos escravos e, em certas décadas, auxiliadas
pelos índios.
O apogeu econômico na Província do Maranhão se iniciara a partir dos anos de
1840 e se prolongara por várias décadas, partindo do litoral para os sertões.
Influíram no fenômeno lutas e conflitos, tanto no cenário interno como no
internacional, e, como consequência, aumentaram a nossa produção agrícola, promovendo a
elevação da balança comercial e o nível de exportação.
Basta lembrar que não se apaga na História da América a Guerra Civil Americana
(1861-1865) quando a rivalidade econômica e a questão da escravidão jogaram os estados do
Norte contra os estados do Sul.
Nos primeiros se haviam desenvolvido a indústria e o comércio, enquanto que,
nos Estados do Sul, a economia básica era a agricultura. Se no Norte a mão-de-obra se formava
da casta branca reforçada de imigrantes europeus, no Sul, milhares de escravos de origem
africana sustentavam a produção e a riqueza agrícola.
Os estados do Sul queriam se separar dos estados do Norte. Esta guerra, que ao
tempo custou mais de 8 bilhões de dólares e levou à morte mais de 500 mil vítimas, chamou-
se de Secessão.
As consequências deste conflito atingiram os vários continentes, especialmente a
América do Sul, onde se verificavam definições no campo da economia e da sociedade, dado a
mudanças que se processaram com a formação do Partido Republicano dos Estados Unidos, a
consequente eleição de Abraham Lincoln, favorável à abolição da Escravatura e contrário à
separação dos estados. Seus ideais venceram, mas ele não sobreviveu.
Quando se festejava o final da luta, num teatro de Washington, um escravagista
fanático, friamente, o assassinou.
Entrementes, no Maranhão se iniciava o apogeu econômico. O Jornal O País, de
propriedade do grande Temístocles Maciel Aranha, a partir de 1863, encarregava-se de
difundir o crescimento da economia maranhense. Sobre a catástrofe americana descrita dizia:
“É certo que os males de uns folgam os outros...” Referia-se a fratricida Guerra dos Estados
Norte-Americanos e aos países produtores de algodão".
Abolida a escravidão negra na Inglaterra e nos Estados Unidos, faltava a produção
do algodão nas grandes potências e, dizia O País: "os países que se dedicam à cultura do
algodão colhem dele fabulosos lucros e redobram de esforços para aumentar a sua produção".
No Brasil, especialmente no Maranhão, "como grande produtor deste gênero,
houve um bom quinhão na partilha dos lucros das grandes produções que se iniciavam..."
A lição é do professor Jerônimo Viveiros: "os Estados Unidos resolveram o
problema da liberdade de seus escravos e a, Inglaterra viu-se privada de seu maior mercado de
algodão. A indústria de tecidos dos ingleses era ameaçada de colapso. Houve como
consequência a alta de preços da matéria-prima. Confirmavam-se os benefícios para o
Maranhão, que se tornava o segundo produtor de algodão no País. Este apogeu econômico es
tender-se-ia aos anos de 1880".
As Secas. Quem, no Brasil, especialmente no Nordeste, não ouviu falar das suas
consequências; dos dramas da fome e da sede, que têm levado milhares de brasileiros ao
sofrimento e à dor, incluindo nisto, as mudanças das populações para outras regiões?
Entre os estados da Federação, o Ceará tem sido o palco maior deste drama. O
regime irregular das chuvas é o fator primordial das secas.
O êxodo de 1877
Fenômeno periódico que, nos idos de 1877, chegaria ao ponto máximo de
devastação: a agricultura se aniquilara: sede, doença e fome caíram sobre os cearenses.
Os rebanhos de bovinos quase se extinguiram, ficando estimados em pequena
fração do existente. Era a seca do Ceará ou a seca de 77. Um marco na História de Barra do
Corda, que já então era considerada próspera vila, situada entre dois dos mais promissores
centro urbanos da Província — segundo Eloy Coelho Netto em Geo-História do Maranhão—p.
179: "a Vila da Chapada e Caxias, mais promissora".
Reforçamos a importância do ano de 1877 que assinalou a seca do Ceará, citando
Aderson de Carvalho Lago em sua obra Pedreiras. p. 8: "Foi grande a importância para
Pedreiras, pois, àquele tempo (1877) ali chegaram mais de cem famílias nordestinas,
perseguidas pela seca".
O desenvolvimento se estendeu por todo o vale do Alto e Médio Mearim e diria
que milhares de famílias habitaram, povoaram e iniciaram o processo de colonização natural e
de desenvolvimento às margens do Mearim, surgindo nesta década ou a partir dela, os
seguintes e tradicionais lugarejos, de Pedreiras para Barra do Corda: — Margem Leste: São
Raimundo, Cazuza, Bom Lugar, Canas, Angelim, Axixá, Pombal, Desordem (Santa Vitória),
Sapucaia, Santana, Tarumã, Bebedor dos Pilões, Coco do Castro, Pedrinhas, Imbaubinha,
Euclides Borges, Pedro Borges, Recurso, Cocai Grande, Facão, Macaco, Talhado Grande,
Cocalinho, Aldeia, Uchôa, São José dos Dodôs, Mandís, Cigana, Cana Brava, Marabá, Sta.
Bárbara, Rodrigues, Belo Horizonte, Folguedo e pelo lado Oeste — Transval, Rio Novo,
Cocalinho, São Sebastião, Tira-Leite, Lençóis, Três Bocas, Ma-rianópolis, Folha Miúda.
Utensílio, Bebedeira, Santa Maria, Santa Filomena, Cajueiro, Palmeiral, Volta das Mulheres.
Verdum, (Verdã) Pontal Oeste, Furo da Pipa, Militoa, Santa Vitória, Três Rios. Tarumã, Monte
Castelo — Antigo Pilões dos Araújo e dos Navas, Periquito, Tamburil, Bela Vista, São José,
Prado, Talhadinho, Conduru, Lagoinha, Grota Funda, Brutos, Suspiro e Rodrigues.
Alguns anos mais tarde, já existia às margens do Mearim, neste trecho a grande
civilização, oriunda da seca do Ceará, vivendo no oásis do Alto Mearim, descrito pelo
memorialista Dunshee de Abranches, que em companhia do coronel Epifânio Moreira,
"cearense da Gema", viajava de Barra do Corda a São Luís em gozo de férias: "Ainda guardo
vivas na memória as recordações destes dias felizes: soberbas florestas virgens, serranias de
cedros, vales fecundos e sombrios, ranchos alegres e sítios pitorescos, rios piscosos e arrozais,
velhos casarões coloniais, capelinhas e cruzeiros, roças e roçados, algodoeiros em flor,
canaviais auriverdes". (A Esfinge de Grajaú, p. 199).
As primeiras indústrias
As primeiras indústrias em Barra do Corda foram manufatureiras.
Testemunhemos os fatos com depoimentos de dois grandes memorialistas e historiadores do
Maranhão.
Era o ano de 1888, Dunshee de Abranches deixa São Luís, Capital da Província,
para ser Promotor Público em Barra do Corda, então próspera vila. "Depois das emoções do
mar, com o boqueirão e as tropelias da pororoca, sente que o Mearim se estreita até a Vila de
a escravidão no Brasil (1888), despreparado como de resto ocorria em todas as nações, para
enfrentar os prejuízos dos altos investimentos que se tinham feito nas décadas anteriores na
compra de escravos, não só das colônias internas, como nas aquisições internacionais, (vide
capítulo sobre a Escravidão). É que a libertação era compulsória, sem indenizações, e, aos
prejuízos, somavam-se outros, da própria falta de substituição da mão-de-obra no campo,
principalmente.
Veio o remédio Improvisado. A corrida sem par para a Indústria. Malgrado os
esforços iniciais de uma indústria que só poderia beneficiar, mesmo manufatureira, produtos
não importados. Onde colhê-los? De onde tirá-los, senão dos campos dos roçados, dos pastos
da própria Província?... Quem vinha plantando, pastorando, colhendo os bens de nossa
produção, senão o braço escravo? Em sua maioria, no momento então, liberto? "Era uma
entidade que não existia economicamente falando", ensina-nos Viveiros em seu memorável
ensaio sobre o Comércio do Maranhão.
Foi assim: "70% dos engenhos de cana-de-açúcar e 30% das fazendas algodoeiras"
fecharam as suas portas.
Como poderiam surgir com estabilidade as Indústrias maranhenses? Os engenhos
e as fazendas, após 88, vieram à falência, foram a "leilões'' por preços insignificantes. Grandes,
médias e pequenas empresas, arrematadas por preços equivalentes a 10% do seu valor
comercial anterior.
O dinheiro apurado, de imediato, era aplicado na instalação de fábricas. Diz
Jerônimo de Viveiros, o "Maranhão Agrícola se transformava em Maranhão Industrial".
Afirma o historiador que "esta loucura só terminaria em 1895". "Ficamos com um parque
industrial composto de 17 fábricas: — de sociedades anônimas e 10 particulares; 10 de fiação
de tecidos de algodão, entre outras; de chumbo, de calçados, de cerâmica, de beneficiamento
de arroz, de sabão, de açúcar e de aguardente.
Os Jornais da época, entre eles O Tempo, O Publicador, O Jornal da Lavoura,
disseram do caminho errado que as classes conservadoras tomaram na preferência ou opção
pela Indústria naqueles anos.
Analisemos a Barra do Corda, centro em desenvolvimento social e econômico,
como reagia a esta crise econômica das mais graves da nossa história.
A expansão Comercial
Para examinar como repercutiram, em Barra do Corda, o apogeu econômico e a
catástrofe provocada pelos efeitos da Abolição da Escravidão e a Proclamação da República na
Província, analisemos o surgimento de figuras importantes no cenário da produção, do
comércio e da indústria que antecederam aos fatos naqueles tempos, incluindo os imigrantes
que contribuíram logo depois no estabelecimento de projetos e implantações de empresas,
tanto a nível da capital como do vale do Mearim, que de maneira especial, interessa ao nosso
registro histórico..
Surge de início o nome de Martinus Hoyer. Diz o professor Jerônimo Viveiros que
ele foi "o expoente máximo da cultura intelectual do corpo comercial do Maranhão".
Mas o que impressiona e introduz este dinamarquês, assim tão expressivamente
na História de Barra do Corda, foi o grande projeto e a sua luta incansável para que se
construísse a Tocantina ou Estrada de Ferro Central do Maranhão, que teria tirado o Estado,
antes Província, do caos a que se submetera, após o seu passamento, em 1888 e 1889.
Transcreva-se aqui, sobre este vulto, o que idealizou para o Maranhão, que sem
dúvidas, teria levado Barra do Corda, como centro do Estado, ao estrelato fundamental
também nos aspectos da economia política:
"Martinus Moyer teve um sonho que não realizou. Foi a Estrada de Ferro
Barra do Corda/Carolina. Deu-lhe o Governo a concessão, estudou-lhe o
plano, defendeu-o pela Imprensa, mas morreu sem ter conseguido
interessar na empresa os banqueiros ingleses. Tivesse vivido mais alguns
Não ficara porém, somente nos projetos e sonhos a participação dos imigrantes,
na vida de Barra do Corda. Ainda no período Colonial, começou de maneira numericamente
insignificante, a emigração de alguns povos do Oriente Médio e Próximo, para o Brasil.
Conservou-se durante o império e explodiu, a partir da Proclamação da República.
Os Libaneses e os Sírios lideravam as correntes.
Os seus territórios foram campos de batalha que a história registrou
classicamente sob o domínio dos Turcos.
Não suportavam, Libaneses e Sírios ou sírio-libaneses, as pressões dos regimes de
suborno e coação, recorrendo à emigração para o Novo Continente, o Brasil, foi o caminho
mais fácil, a atração maior: os céus mais brilhantes e as esperanças firmes.
Imigração "espontânea". O sangue "fenício que lhes corria nas veias", já lhes
definia o comércio como profissão.
O caráter do imigrante sírio-libanês, "exaltava-lhes quanto a que eram generosos,
disciplinados, ordeiros e respeitadores às instituições".
Assim, já nos anos de 1900, com o desdobramento de suas descendências, já
ultrapassavam aos três milhões de imigrantes.
São Paulo e Maranhão eram as maiores colônias. No Maranhão, tornaram-se
proprietários de "usinas de descaroçar algodão, de fábricas de tecidos, de pilar arroz, de óleos,
de sabão, e outros ramos da indústria e do comércio.
A História do Comércio do Maranhão, ao registrar os fatos, relaciona como líderes
da colônia, em nosso meio, Eduardo Aboud, Quersa Metre, Duailibe Cia, Irmão, Duailibe Cia.
Filhos e Manoel José Salomão, que bem de perto, nos toca ante o empório que se implantou
nas regiões de Barra do Corda.
Manoel José Salomão foi, aqui, o proprietário, o comerciante e o industrial com
todos os caracteres positivos que a história lhe reservou e definiu. Trouxe a experiência, o
desejo de prosperar e servir e o fez, o quanto lhe foi possível, até o final de sua existência.
Sobre o empresário
Manoel José Mousalem Salomão viveu 65 anos, nasceu em 1869 e faleceu em
1934 e está sepultado no cemitério Campo da Paz.
O historiador Álvaro Braga diz que Manoel Salomão foi chefe de poderoso império
do ramo da navegação, sal e algodão na antiga Barra do Corda.
Foi vereador e grande empresário. Saiu do Líbano ainda muito jovem, motivado
por problemas de guerras religiosas em seu país de origem.
Figura 3: Caranguejeira - 1946. Antiga ponte de madeira que ficava na ponta do Guajajara, conhecida como
Caranguejeira. Feita pelo prefeito Mundico Lima em 1946. Foto: Leonardo Raimundo da Silva.
Entre os benefícios que, já em 1946, haviam sido instalados pela Colônia Agrícola
Nacional do Maranhão, em Barra do Corda. (vide Relatório de 31 de dezembro de 1946),
constavam as instalações de uma grande oficina mecânica, indústria madeireira ao tempo
considerada a melhor da Região do Alto Mearim, fábrica de farinha de médio porte, indústrias
de beneficiamento de arroz e milho e serviços de navegação fluvial de bom nível. Estes e
outros melhoramentos, processados numa cidadezinha sertaneja na década de 40, logo após
os traumas que o País vivia do final da guerra, celebraram mudanças radicais para melhor no
comércio, na produção agrícola e na indústria de Barra do Corda.
A Colônia de Barra do Corda foi fundada pela antiga divisão de Terras e
Colonização do Ministério da Agricultura, passando depois por outras siglas, como IBRA,
SUPRA, e, atualmente, INCRA, quando se mudava a nomenclatura para Núcleo Colonial de
Barra do Corda, Projeto Integrado de Colonização e Reforma Agrária.
A história da Colônia Agrícola Nacional do Maranhão registra, a partir de sua
fundação, o quadro seguinte de seus administradores: 1 — Dr. Eliezer Rodrigues Moreira. 2 —
Osvaldo Lamartine de Farias, 3 — Dr. Eliezer Rodrigues Moreira, 4 — Dr. Eudes Simões, 5 — Dr.
Antônio Luis Fonseca, 6 — Belizário Jacinto, 7 — Dr. Theobaldo Gomes Parente, 8 — Dr.
Antônio Nogueira Neto. 9 — Dr. José Maria Madeira. 10 — Fernando Falcão, 11 — Dr. Antônio
Augusto Nascimento Machado, 12—Dr. Antônio Gomes Cordeiro. 13 — Zenuto Arnaldo Leão
Alencar, 14 — Geraldo Lopes (atual).
Programação fundiária
A programação fundiária, na forma prevista pelo Estatuto da Terra, tinha os seus
componentes básicos; o simples fato de ter o INCRA como órgão executor, não incluía a
participação de outros órgãos e entidades no processo, que, registre-se, tem sido em todos os
sistemas e governos, um grande desafio. Assim, exigiu-se a participação do Crédito Rural
através do PROTERRA, a extensão rural, da saúde, da fundação, das administrações municipais,
tendo como base a terra, sobre "a qual se sustentou sempre o empreendimento" como um
todo.
Faça-se Justiça: A Colônia Agrícola Nacional do Maranhão em Barra do Corda,
deixou um respeitável saldo positivo no desenvolvimento social, econômico e cultural do povo,
em que pese o atraso com que chegaram ao empreendimento os grandes vetores
desenvolvimentistas da energia, do crédito e do meio de transporte, ainda não definidos a
contento. Mesmo assim, o crescimento saiu dos campos e penetrou nos centros urbanos. É
certo, como desordenado; como desarticulada tem sido a programação de assistência ao
homem do interior. Neste aspecto, não se nega o agravamento dos problemas na área de
saúde, de abastecimento d'água e educação, não somente no INCRA, mas em todo o município
e, por extensão, em todo o estado do Maranhão.
No campo eminentemente fundiário, a Colônia, Núcleo e Projeto foram capazes
de assentar 7.870 famílias sendo 5.670 lotes parcelas e 22.200 lotes urbanos.
Nos dias atuais, houve Extensão de Zoneamento Urbano, tanto provocado pela
Prefeitura Municipal de Barra do Corda, como promovido pelo próprio INCRA, de tal sorte que
a área urbana da cidade nos limites Norte. Oeste e Sul, foi totalmente loteada e nela se
constroem como Zona Urbana, verdadeiras vilas ou bairros, de grande densidade populacional.
Na Zona Leste, a extensão foi promovida pela Prefeitura, transformando o Bairro
Altamira, num grande centro populacional.
De maneira resumida e extra-oficial, anotamos os dados quanto à distribuição da
população do centro urbano de Barra do Corda:
Créditos e Cooperativas
Onze anos após a fundação do povoamento Missões "organizou-se no Maranhão
um estabelecimento de crédito", registra a História. Chamou-se Banco Comercial. Seus
Estatutos foram à luz em 26 de abril de 1846. Neste capítulo, já se disse do grande
comerciante Martinus Hoyer e da sonhada Via Férrea que teria, desde o século passado, ligado
o Sul ao Norte, se construída. No desenvolvimento do capital e do crédito, não ficou no
domínio dos sonhos. Ao lado de outros investidores, plantou esta semente.
Antes, os grandes comerciantes financiavam as atividades econômicas das classes
médias e menores. Imagina-se de que o comerciante ganhava duplamente. Nas operações de
troca e, financeiramente, de custeio e manutenção dos serviços da produção e,
posteriormente, da compra dos mesmos produtos e dos seus transportes para os mercados
consumidores.
Isto não constituía demérito da classe. Ao contrário, as operações eram mais
líquidas: os registros simples e seguros e criava-se entre as classes produtoras e o operariado,
um ambiente da mais completa paz, confiança e solidez.
Aqui era Barra do Corda, no primeiro quartel da fundação do povoado, que
ultrapassou o ano de 1854, haviam grandes comerciantes, todos eles funcionavam também
como agentes financiadores, só que o adjetivo era "fornecedor".
Os produtores recebiam adiantamento em moeda circulante. Eram debitados e
pagavam com a produção de sua lavoura ou de sua criação, os adiantamentos recebidos. Havia
um dever tácito: a sua produção ficava ligada ao compromisso não somente de pagar o débito,
mas de vendê-la ao comerciante que lhe havia financiado ou fornecido antecipadamente. Em
muitos casos, este adiantamento ou fornecimento se processava através de mercadorias.
Este era o sistema que antecedeu ao da existência de Instituições de Crédito era
Barra do Corda.
Com base no Jornal O Norte, órgão de grande circulação nos sertões do
Maranhão, transcrevemos abaixo os comerciantes da praça de Barra do Corda, que agiam
também como empresas fornecedoras de capital na forma historicamente analisada:
O Norte — 28 de novembro de 1903
01 — Manoel José Salomão
02 — Fortunato Ribeiro Fialho
03 — José Leonil da Cunha Nava
04 — Luiz Leda
05 — Abraham Beihandoini
06 — Moisés Carreira Varão
07 — Pedro Pereira Braga
08 — Frederico Figueira
09 — Salim Monsalém
10 — Vicente Reverdosa
11 — Miguel Belleis
12 — Phfiadelpho Pires
13 — Antônio Pithangor
14 — Annibal Nogueira
15 — Raimundo Primo
16 — Evencio Rodrigues Franco
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Em um regime de comodato, apenas a pessoa que recebe o bem tem obrigações, que estão ligadas à
conservação do bem que é emprestado. Por esse motivo, o comodato pode ser considerado um tipo de
contrato unilateral.