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CAPÍTULO VII: Transporte nos 2º e 3º Quartéis do Século XIX

Caminhos Históricos — Transporte fluvial —


O Mearim —Desobstrução do Mearim —A
Assembléia Provincial e o Mearim — Mr.
João Portal — A primeira viagem no rio —
Chegada triunfante em Barra do Corda—O
transporte terrestre nas antigas estradas
pioneiras — Pedreiras/Barra do Corda —
Barra do Corda/Chapada — Caxias/ Barra
do Corda — Barra do Corda/Picos — Barra
do Corda/Codó — Outros caminhos — Táxi
Aéreo — Fluvial — Rodoviário.

Caminhos Históricos
Ao tempo da fundação do povoado Missões (1835) o transporte de pessoas e a
comunicação entre os habitantes dos povoados vizinhos, nos altos sertões, eram feitos pelos
antigos caminhos de tropas. Não havia estradas na expressão do termo.
Aquilo que se chamou de nossa primeira estrada, e que nos ligava a Mirador,
Fazenda Picos, Caxias das Aldeias Altas, Riachão e outros povoados, se estendia da sede
Missões ao Campo Largo, ribeirinho do Alpercatas, passando por espaços e lugarejos que
posteriormente foram denominados: Missões — Belém; Belém—Olho d'Água; Olho d'Água —
Escondido; Escondido — Bacury: Bacury — Jacaré; Jacaré — Inhuma — Corrente; Corrente —
São Joaquim; São Joaquim — Santa Rosa; Santa Rosa — Campo Largo, num total de 102 km.
(vide Arquivo Público do Município—Monografia dos anos 30).
Este caminho, sem dúvidas, foi o que percorreu o fundador de Barra do Corda e
também percorreram aqueles que passaram pela nossa área, (já se disse) acossados pelas
secas e rechaçados pelas lutas que se processaram em todo o País — Guerras da
Independência — e até mesmo pelas disputas entre a Coroa e a Província, na ocupação das
terras férteis e livres.
As grandes riquezas que ainda não se esgotaram; as possibilidades
incomensuráveis, já constituíam desde o início a expectativa de um futuro promissor.
Havia — é bom que se diga como ainda existe hoje —, guardada nas proporções
devidas, uma pedra no caminho do aproveitamento das grandes potencialidades,
considerando a terra, seu patrimônio e os tesouros do subsolo da região central da Província:
inexistência do transporte e da comunicação.
Quanto maior fosse o acesso, a rapidez e a quantidade de meios de locomoção de
pessoas, sem dúvidas maior seria o desenvolvimento e o povoamento crescente de lugarejos
que surgiam.

Transporte fluvial
É certo que os índios (vide Capítulo I) subiram os vales dos nossos rios. Andando
nômades pelas suas margens, demorando-se em lugares que lhes favoreciam a caça e a pesca.
Pequenas malocas, grupos soltos, davam origem a aldeias que se tornaram célebres.
A região que viria a ser o município de Barra do Corda, já registrava a maior bacia
fluvial do Estado, onde já descobertos, mas obstruídos, corriam para o Norte, os rios
Alpercatas, Flores, Corda e Mearim, este último, a salvação do vale, transformar-se-ia nos
séculos vindouros no caminho natural de desenvolvimento e do progresso, e, para a sua
navegabilidade, envolveria lutas e empregos de somas fabulosas de recursos, pois na
realidade, tinham, no seu curso, acidentes que precisavam ser removidos, para que este meio
de transporte natural fosse, como realmente ainda é, o esteio do nosso desenvolvimento
econômico.

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Desobstrução do Mearim
Ninguém melhor do que Bernardo Pereira de Berredo (1718) falou sobre o rio
Mearim, quando disse: "O príncipe soberano de todos os rios da Capitania do Maranhão é o
celebrado Mearim". Em seu ensaio sobre o Maranhão Primitivo, diz Antônio Cordeiro Feitoza:
"O Mearim nasce no ângulo noroeste do conjunto de morros da Serra da Menina, próximo ao
lugar denominado Morro Velho, no extremo Sul do município de Grajaú."
Já César Marques fala da nascente do rio Mearim, dando aos acidentes
geográficos nomes assemelhados, mas que no fundo constituem ainda a mesma pequena
cadeia de acidentes da Região Sul do Estado: "Nasce em uma vasta floresta, entre as serras do
Itapecuru, do Negro e da Canela... e as diversas fontes (pequenos córregos) que o alimentam
e o engrossam nascem em uma chapada, que se estende entre as serras do Machado ou da
Embira e da Rizada."

Figura 2: Bacia do Rio Mearim

Tem aproximadamente 1.150 km de curso, sendo o maior rio genuinamente


maranhense. A sua bacia drena uma área de 142,000 Km2
O Dr. Raimundo Lopes, em seu ensaio — Uma Região Tropical, assinala: "O
Mearim parece o mais velho dos rios maranhenses, ... com seus meandros numerosos e o seu
curso dividido quase igualmente entre os trechos alto, médio e Inferior, este um pouco mais
longo."
Vale a pena transcrever o trecho do Compêndio de Raimundo José de Sousa
Galoso — História Política dos Princípios da Lavoura do Maranhão (p. 104): "Um dos
fenômenos desse rio, e o maior prodígio da natureza, era sua arrebatada corrente a que dão o
nome de pororoca, à imitação da que também se experimenta na enseada de Cambaia, Junto à
cidade de Cambaetá, e de outra que com maior perigo se admira no mar de Araguary, onde
deságua o rio Amazonas, ao Norte do Pará."
Mas o que dificultava de início a navegação do Mearim, estava além do fenômeno
da pororoca, que somente atingia ao trecho de 100 Km, de sua foz na baía de São Marcos.
Foi a partir do ano de 1855, no governo do presidente Antônio Cândido da Cruz
Machado, que teve Início um estudo, a cargo do engenheiro Visconde de Saint-Amand, para
Identificação de todos os acidentes do rio Mearim que impediam a sua navegação.
Neste relatório, constatou-se, segundo Raimundo Lopes, no Baixo Mearim: —
"Sobre o estuário do Mearim é que mais amplamente se revelam as modificações devidas à
influência do mar. O rio é considerável mas o insignificante declive do seu curso inferior
amortece-lhe e facilita a intromissão das marés". No Médio Mearim, furos naturais e
sinuosidades; troncos de árvores arrebatadas das margens incultas, formavam verdadeiros
empecilhos, fechando canais à navegação.
Diz César Marques em seu Dicionário, à p. 499: "Vai assim correndo até a Lagem
Grande, imenso obstáculo que se opõe à navegação a vapor neste rio, desde sua embocadura

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até a Barra do Corda". Genial era detalhes, amarrava com rigor: “Este paredão que nos atrasou
a civilização ribeirinha durante quase um século e meio, Lagem Grande, ficava 10 léguas
distante da embocadura do rio Grajaú e 26 do povoado de São Luís Gonzaga...”.
"No Alto Mearim, se acentuavam os furos: as enormes árvores sobre o leito do
rio, fechando totalmente os canais de navegação até para cascos, canoas, igarités, batelões e
outras diminutas embarcações, que abriam os caminhos fluviais para índios, escravos e
brancos. Além disto, bem próximo ao povoado de Santa Cruz da Barra do Corda (1860) as
cachoeiras de Uchôa. — a mais antiga aldeia de Guajajaras, nas ribeiras do Mearim, na região,
e outras, como Cana Brava, Cigana, provisório, Gameleira (vide Dicionário de César Marques
— p. 449). Suspiro e Folguedo."
Eram verdadeiros empecilhos à navegação a vapor. A prova disto é que, um
século e meio depois, elas estão aí. Marcas resistentes de formações acidentadas do leito do
Mearim na sua parte alta, a partir da cota dos 80 metros em relação ao nível do mar. Uma
coisa ficou então definida em Relatório. O rio Mearim, com a destruição da Lagem Grande e a
desobstrução de canais encachoeirados, poderia tornar-se, como se tornou, navegável de São
Luís a Barra do Corda. Foi o caminho que se tomou num verdadeiro corpo a corpo entre os
presidentes da Província, a Assembléia Provincial, empresas de navegação e de operações.
Nenhum organismo prestou maior contribuição ao desenvolvimento social,
econômico e político de Barra do Corda, principalmente ao tempo do povoado Missões e da
Vila de Santa Cruz de Barra do Corda, Província do Maranhão, do que o rio Mearim.
Rendo-me a Euclides da Cunha, o Imortal de Os Sertões, na sua obra À Margem
da História, descrevendo sobre "Rios em Abandono": — Os Rios... estupendos organismo
sujeitos à concorrência e à seleção".
O Mearim, não fugia à regra. Para ele, deviam concorrer grandes operações de
limpeza e desobstrução, preparando os seus canais à seleção e também ao progresso e ao
desenvolvimento.
O primeiro trecho a ser trabalhado para operações de navegação, ficava entre São
Luís e a Lagem Grande, ponto que só permitia passagem ao tempo das chuvas.
Dunshee de Abranches imortaliza-se nas emoções de sua viagem a Barra do
Corda. Acostumado, diz ele em A Esfinge do Grajaú: "Ao mar alto, à costa e ao ar bravio e
cortante do oceano, com seu horizonte infindo, com que não há mágoas e pesares que
resistam".
Na sua viagem histórica pelo Mearim, difere assim: ."Os rios, ao contrário, parece
que nos apertam cada vez mais o coração à medida que nos embrenhamos pelas matas e pelas
serras e nos aproximamos lentamente de suas cabeceiras..."
Nas memórias de Barra do Corda, não podem ficar ausentes alguns detalhes
poéticos, épicos do genial memorialista, em apreço: assinala que, subindo o Mearim, deixava
para trás" a Garganta do Boqueirão... com todas as suas lendas sinistras", onde
posteriormente, no ano de 1918, naufragara a lancha Laborina, de propriedade da empresa
Falcão, que fazia o trecho São Luís — Barra do Corda, em 3 semanas de viagem.
A bordo do vapor Gonçalves Dias, narrava, que ficava para trás também, "a Ilha
do Medo, o Baixo Mearim, das aventuras e guerras contra os índios, comandada pelos Maciel
Parente".
Comentava o memorialista: "Garças alvíssimas desfilavam em pelotões
disciplinados na buscas de novas pescarias, enquanto bandos de guarás retardatários
ensangüentavam, com suas penas rubras, as copas dos arvoredos ribeirinhos em que haviam
pernoitado".
"A Foz do Pindaré, o Porto das Gabarras, os campos de Pombinha e de Anajatuba;
Arari, Vitória do Mearim, a Barra do Grajaú, a Lagem Grande ou do Curral; o arraial de Bacabal,
a São Luís Gonzaga e a Pedreiras", finalmente. O Gigante do Mearim.
Justificava, pois, o seu lugar de honra no programa hidrográfico do Maranhão,
diante das descrições notáveis e dos relatórios dos homens que lhe descobriram as voltas e

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estudaram as suas possibilidades e riquezas. Assim as vilas, os povoados, os arraiais e lugarejos


com milhares de habitantes, utilizavam o rio como seu meio de transporte (ainda utilizam) e
dele tiravam os produtos indispensáveis à sobrevivência, entre o trecho de São Luís ao arraial
de Pedreiras.

Figura 3: Vapor Gonçalves Dias - 1908." Fonte: Livro A Esfinge de Grajaú." De Dunshee de Abranches.

Complemento do Livro
Mensagem do governador Luiz Domingues em 1912

"A DESOBSTRUÇÃO DOS RIOS - Fiz a do Mearim, ou, melhor, continuei a d'esse
rio, dos principaes do Estado, pelo sua profundidade e pela uberdade da região que corta.
Ainda não foi concluída a já a lavoira e o commercio, desde esta Capital até a
Barra do Corda, pela imprensa e pela palavra n'um concerto de agradecimentos, bendisseram
a medida.
De resto, é intuitivo que a franca navegação dos rios serve à producção, já pela
própria rapidez das viagens, já pela sua influencia sobre o frete, porque maior é o dispêndio
das viagens longas que das rápidas.
Pelo advento do inverno e consequente cheia do rio, ficou a desobstrucção no
logar Marianópolis, cerca de sete léguas acima da villa de Pedreiras, porém sendo navegável o
Mearim abaixo de seu afluente Flores, que deságua acima de Marianópolis, logo se tornou
mais rápida e, portanto, menos dispendiosa a navegação d'aquele rio. E segundo o relatório do
serviço, as embarcações não tiveram mais necessidade de demorar-se nos empecilhos, de
contornar a cabo os balseiros, de sondar os pontos arriscados, gastando tempo, dinheiro e
trabalho. Canoas grandes, carregadas de mercadorias, tangidas à vara, que consumiam doze e
mais dias de viagem de Pedreiras à Barra do Corda, estão gastando oito dias nesse percurso. A
lancha Santo Antônio de Alcântara navegou de Vitória do Baixo Mearim até à Barra durante
toda a secca sem nenhum incidente occasionado por obstrucção do rio. A lavoira estimula-se,

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o commercvio anima-se, na perspectiva de que a navegação à vapor até à Barra do Corda,


facilitando e barateando pela concorrencia os transportes e produzindo a barateza do sal, virá
attrahir à praça de S. Luiz somas consideráveis, que em productos de várias espécies se
desviam para os mercados do Piauhy.
Entretanto, não pode ter sido perfeita a limpeza, feita em mezes, de um rio abandonado há
anos."
Luiz Domingues

A Assembléia Provincial e o Mearim


No ano de 1864, presidia a Assembléia Provincial o senhor deputado Gentil
Homem de Almeida Braga, que "aprovou parecer da Comissão de Obras, autorizando o
governo a contratar com o Dr. João Portal, a navegação no rio Mearim, a partir da Lagem
Grande, até a Vila de Barra do Corda".
Começava aí, pelo menos oficialmente, uma luta que se travaria durante vários
anos, visando à desobstrução do rio Mearim e a navegação regular no mesmo rio, facilitando o
transporte e a comunicação da capital da Província ao centro, ao Sul e ao Oeste do Estado.

Mr. João Portal


Era o ano de 1864, quando se iniciou a navegação fluvial no Mearim, de São Luís a
Lagem Grande.
Chegava a São Luís o famoso maquinista, conhecido como Mr. Portal, o mesmo
que Dr. João Portal, integrando a citada empresa. Depois de pleitear à Assembléia Provincial
"tomar por empresa a navegação a vapor deste rio", iniciou a linha entre São Luís e Lagem
Grande..
Pouco reconhecido, tinha consigo muita vontade e enfrentou célebres
dificuldades que lhe vieram ao encontro.
Subvencionado pela Assembléia, com quem firmou contrato, trabalhou dia e noite
na Praia de Trindade e, no ano de 1865, foi aplaudido pelo povo por haver montado um
pequeno e elegante vapor, com seu batelão ou reboque. Diz César Marques, em seu memorial
Dicionário, que o vapor de Mr. Portal, teve os seguintes nomes: "Beija-flor", "Guaraciaba",
para finalmente ser batizado, sob música e foguetório, com o nome de "São João, o
Vencedor".

A primeira viagem no rio


Saiu de São Luís em sua primeira viagem com destino à Vila de Barra do Corda a 2
março de 1865. Encalhou sobre bancos de areia; sofreu terríveis embates da pororoca sem
nenhuma experiência do fenômeno. Diz César Marques: "Graças a Deus, soçobrou tendo
ficado, embora, com uma de suas rodas completamente inutilizada.
Em Arari, demorou-se até reabastecer e reorganizar a sua equipe e seu vapor,
para prosseguir rio acima, a sua histórica viagem ao Alto Mearim.
Recebeu apoio das populações ribeirinhas, dos lavradores, do comércio e da
indústria. Sabíamos, todos, do heroísmo de Mr. Portal e dos grandes benefícios que estava
proporcionando a todos, naqueles dias e dos inestimáveis serviços para o nosso futuro.

Chegada triunfante em Barra do Corda


22 de agosto de 1866 foi um dia importantíssimo na nossa vida, ao seu
desenvolvimento social, econômico e político. A partir de então, aproveitando-se dos recursos
oferecidos pela natureza, o homem desobstruíra o caminho do rio, ligando a vila de Barra do
Corda à própria São Luís. Transcrevemos verbo ad verbo o que sobre o fato registrou a História
do Maranhão em seu Arquivo Público, redação de César Marques:
"No dia 22 de agosto de 1866, deu fundo na Barra do Corda o Vapor São João, o
Vencedor, depois de péssima viagem, cujas dificuldades mais (se agravam pelo estado do rio,

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chegando um pouco estragado, já por ter batido em uma cachoeira. (Uchôa) e já pelo choque
de muitas madeiras que encontrou no rio: assim mesmo venceu ele, sendo obrigado a parar
para cortar lenha e reparar algum desarranjo na máquina, 90 léguas em 12 dias rio acima".
"Grande foi o entusiasmo da população (barra-cordense), vendo pela primeira vez
no rio balouçar-se um vapor, elemento de ordem, de vida e de progresso, devido tudo ao
gênio incansável e empreendedor de Mr. Portal, que não olha para obstáculos quando há
adiante a glória para si e o bem para a terra que o acolheu."

O transporte terrestre nas antigas estradas pioneiras


O Rio era um caminho natural, que necessitava apenas de ser desobstruído para
que se constituísse o meio de transporte. O desenvolvimento do povoado, a Implantação dos
primeiros habitantes, o transporte de alimentos e posteriormente a exportação dos nossos
primeiros produtos, que surgiam à medida em que aumentava a população dos cultivadores, a
nível urbano e rural, careciam de novos caminhos e em outros rumo: do povoado das Missões
ou Vila de Santa Cruz da Barra do Corda, para o extremo Leste, o Oeste e até mesmo para o
Norte e Sul do distrito.
Manoel Rodrigues de Melo Uchôa iniciou tudo: sentiu a necessidade premente de
ligar o lugar que fundava aos outros centros urbanos. Foi de encontro aos presidentes da
Província de então e ao próprio Congresso Provincial, defendendo, como herói do povo,
recursos para a construção de nossas primeiras estradas — antigos caminhos de serviços e de
tropas, que contaram histórias memoráveis do transporte e da comunicação de nossa gente
nos primeiros 50 anos de nossa fundação. Analisemos os fatos, nos arquivos públicos da
Província e da Assembléia Provincial.

Pedreiras/Barra do Corda
O caminho de serviço de Pedreiras a Barra do Corda surgiu antes da
navegabilidade do rio Mearim.
Presidiam a Província do Maranhão o Dr. Eduardo Olímpio Machado, o mais
eficiente governante da Monarquia, e o Congresso Provincial, o Deputado Brigadeiro Manoel
de Sousa Pinto Magalhães.
Na data de 3 de maio de 1854, 19 anos após a fundação do povoado Missões.
Melo Ulhôa consegue, através dos senhores deputados João Gualberto da Costa e Francisco
Sotero dos Reis, a consignação de dotação para a ligação do arraial das Pedreiras à Vila de
Santa Cruz da Barra do Corda, estrada que deveria começar da Fazenda Raimundo Ferreira de
Sousa (Pedreiras) para Barra do Corda. Cheia de meandros, ora no Leste e em outras posições,
a Oeste do rio Mearim, muito serviu também de apoio aos trabalhos de desobstrução do rio
em todos os tempos, bem assim, definiu a colonização do vale (a partir de 1877), o que
veremos oportunamente.

Barra do Corda/Chapada
A estrada em apreço, foi autorizada no governo do Dr. Eduardo Olímpio Machado
em 1851, quando presidia o Congresso Provincial o deputado José Martins Ferreira, num total
de 168 km, com duas opções, sendo a mais importante a que definiu os povoados: Barra do
Corda/igarapé: Lagoa D'anta/Boa Sorte; Copaíba/Mamona; Santa Maria/Serrinha;
Cocalinho/AIto Alegre; Pary ao Cacete/(São Pedro) e mais 84 km na área definida para a
Freguesia e Comarca da Chapada.

Caxias/ Barra do Corda


Decorria o ano de 1870, quando se faziam, pelo Mearim, viagens de Barra do
Corda a Lagem Grande, passando por Pedreiras, Ipixuna (São Luís Gonzaga) arraial de Bacabal
e Arari. O comércio de Caxias evoluía de tal sorte, que os homens de negócios daquela urbe,
considerada a mais Importante do hinterland maranhense, se interessavam para que os vários

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pontos dos sertões da Província se ligassem por caminhos de tropas, com aquela vila próspera,
levando-se lá o algodão, o fumo, o arroz e o milho principalmente, excedente da produção nos
pequenos centros.
Por estas razões e por outras, também de interesses empresariais, o deputado Dr.
Francisco Dias Carneiro, requereu ao governo, na sessão de 25 de maio de 1870, recursos para
construir uma estrada de Caxias das Aldeias Altas à Vila de Barra do Corda. (A estrada foi
construída, e surgiram inúmeros lugarejos, que mais tarde se desenvolveram e, hoje, são
grandes povoados).
O autor do projeto desta estrada, que sem dúvida contribuiu para o nosso
crescimento econômico — Dr. Francisco Dias Carneiro, nasceu em Passagem Franca no ano de
1837. Bacharel em Direito pela Universidade de Recife. Promotor Público em Pastos Bons,
respeitável advogado. Deputado Provincial, Vice-Presidente da Província. Fundador pioneiro
das indústrias têxteis em Caxias. Membro da Academia Maranhense de Letras. Faleceu em
Caxias no ano de 1896, este parlamentar a quem muito deve o desenvolvimento de Barra do
Corda, no setor da abertura de estradas pioneiras.

Barra do Corda/Picos
Outros caminhos de serviços constituíram a preocupação maior dos homens que
descobriram e participaram do nosso desenvolvimento, cujos contratos e datas não
conseguimos encontrar.
Da Vila de Barra do Corda a Picos, num total de 180 km, sendo 108 na área do
distrito de Barra do Corda, aproveitando-se grande parte da estrada do fundador,
consolidando-se povoados já existentes e fazendo surgir outros na linha; Barra-Belém; Olho
d'Agua; Escondido; Bacuril; Jacaré, Inhuma; Corrente; Corrente-São Joaquim; Anajás;
Lagoinha; Sipaúba; Lagoa do Mato e Lagoa do Mato-Mangaba.

Barra do Corda/Codó
A estrada de Barra do Corda a Codó foi uma exigência do desenvolvimento
comercial e industrial daquele povoado, a exemplo do que ocorreu com a de Caxias.
Foi construída no ano de 1870, extensão da de Caxias, no governo do presidente
Dr. José da Silva Maia, oportunidade em que a Assembléia Provincial era presidida peio
deputado Dr. Fernando Vieira de Souza.
Foi um caminho de serviço ligando inicialmente a sede de Barra do Corda à Serra
da Boa Vista, limite extremo do 3º distrito da Vila de Barra do Corda, passando e definindo os
seguintes lugares: Barra-Riacho Feio; Três lagoas; Clemente; Côco; Flores; Dois Irmãos; Lagoa
dos Currais; Cipó; Cigana; Coco dos Messenas; Lagoa D'anta; TunTum; Curador; Serra da Boa
Vista, num total de 180 km.

Outros caminhos
Tão importantes quanto os descritos, foram abertos nos anos seguintes, antes da
Proclamação da República, outros caminhos de serviços; "estradas de boi, do couro e do sal", a
partir do momento em que Barra do Corda funcionava como porto estratégico do
desenvolvimento do Sul do Maranhão, vez que os vapores saídos de São Luís vinham
mensalmente até o nosso porto e, aqui, desembarcavam os secos e molhados, tecidos e
demais produtos, que eram conduzidos aos altos sertões em costas de animais. Tempo
glorioso dos "tropeiros", que rasgaram estradas, cingiram as chapadas e as matas do Leste, do
Centro, do Oeste e do Sul do Maranhão, levando tudo o que necessitavam os pioneiros da
nossa civilização, para a sobrevivência pessoal e dos seus familiares.
Assim, definiram-se outros caminhos: Barra do Corda/Carolina, (12 dias de viagem
a cavalo), Barra do Corda/Riachão, (07 dias de viagem a cavalo), Barra do Corda/Balsas, (07
dias de viagem a cavalo, e Barra do Corda/Mirador, (03 dias de viagem à cavalo).

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No capítulo oportuno, mostraremos o quanto contribuíram tais estradas e


caminhos de serviços, na colonização, na comercialização e no desenvolvimento social do
município de Barra do Corda, sobretudo, no povoamento em si.

Táxi Aéreo
Dos anais da Seção da Estatística Militar, consta a ficha de registro do primeiro
aeroporto de Barra do Corda. Foi criado a 4 de maio de 194129. Sua área foi absorvida pela Lei
n° 02/67, quando da implantação do Projeto de Extensão de Zoneamento Urbano da cidade,
local central, hoje, do Bairro Altamira. As suas pistas não eram perpendiculares, mas se
cruzavam. A maior (com) o sentido SW-NW. Tinha 700m por 200m e a outra , 708m X 180m .
No ano de 1946, o campo em referência foi entregue à Colônia Agrícola Nacional do
Maranhão, para efeito de administração e conservação.

Figura 4: Primeiro Avião a pousar em Barra do Corda -1938

Posteriormente, nos idos de 1956, o município doou a Comissão de Aeroportos da


Região Amazônica — COMARA, órgão do Ministério da Aeronáutica, área para que construísse
em definitivo o atual aeroporto de Barra do Corda, um dos bons instalados no interior do
estado do Maranhão.
Sobre a aviação comercial, os anais do memorialista Sidney Milhomem informam:
"1941 — É inaugurada, em Barra do Corda, a linha aérea da empresa Syndicato Condor Ltda,
com base em São Luís e efetuando, semanalmente, um vôo com as escalas — São Luís,
Arari/Pedreiras/Barra do Corda/Grajaú e Balsas, onde pernoitava. No dia seguinte prosseguia,
escalando nas cidades de Loreto / São Domingos, Caxias, Codó, Coroatá e São Luís. O circuito
era alterado na semana seguinte, era sentido contrário.
Essa empresa funcionou até meados de 1943, quando foi extinta. É que, sendo
subsidiária da Lufthansa, empresa alemã, cujo país encontrava-se envolvido na Segunda
Guerra Mundial, como potência do Eixo, teve seus bens seqüestrados pelo governo brasileiro,
resurgindo depois, sob o controle de oficiais da FAB, com o nome de Serviços Aéreos Cruzeiro
do Sul Ltda. Entretanto, a linha que servia esta cidade continuou extinta. A empresa utilizava o
equipamento F W — 13, monomotor para 6 lugares e voava à velocidade de 180 km por hora."
1948 — No Maranhão é criada a Empresa de Transporte Aéreo Aeronorte, de
propriedade do Sr. Renato Bhering. Manteve várias linhas aéreas Interligando o interior,
inclusive Barra do Corda, até o ano de 1956, quando foi encampada pela Real S.A. Transportes
Aéreos.
Em 1953, a Nacional Transportes Aéreos, empresa com sede no Rio de Janeiro e
de propriedade do piloto Wilton Machado, inaugurou a linha aérea Rio — São Luís, fazendo

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O primeiro avião a pousar na pista da altamira em 1938, antes mesmo da inauguração do aeroporto
(1941). A pista denominada Campo de Aviação, foi iniciada em 1937 no governo de Deodoro Arruda (pai
do Dr. Eurico Arruda) para atender um pedido do governo federal, com vistas à implantação futura da
Colônia Agrícola e serviços do Correio Aéreo Nacional passando por nossa cidade. Foi concluída em 1938
no governo de Joaquim Milhomem Sobrinho e a cidade todo veio para a Altamira ver aquele avião
monomotor vermelho, de nome Marajó. A criança da foto é dona Olga Napoleão Bernardo, dona da
Biroska da Olga que posa para as lentes de Frei Adriano. Fonte Hanna Milhomem.

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escalas em Belo Horizonte — Pirapora — Barreiras — Gilbués — Balsas — Barra do Corda e


São Luís, utilizando o equipamento Douglas DC — 3, bimotor, com velocidade de 270 km/h.
"Em 1956, a Real Transportes Aéreos, de propriedade do piloto Lineu Gomes, que
já havia adquirido a Aerovias, do governo de São Paulo e em plena expansão, encampa
também a Nacional Transportes Aéreos, formando o consórcio Real/Aerovias
Aeronorte/Nacional. Esse consórcio de transportes aéreos serviu Barra do Corda até o ano de
1965, quando foi adquirida pela Viação Aérea Rio-Grandense — VARIG, que continuou
utilizando o mesmo equipamento até o ano de 1970, quando foi substituído pelo AVRO HS —
780, turbo-hélice para 44 passageiros e uma velocidade de 400 km/h.

Navegação Fluvial
Duas foram as grandes Empresas de Navegação Fluvial que serviram ao
Maranhão, navegando pelo rio Mearim, depois da desobstrução da Lagem Grande: Companhia
de Navegação a Vapor do Maranhão e Empresa de Navegação Moreira da Silva & Cia.
Os tipos de engenhos recebiam, na época, os nomes de "gaiola" ou simplesmente
"vapores".
No trecho de São Luís a Barra do Corda, contaram e fizeram histórias com seus
"moços de convés", "mergulhadores" "vareiros", equipe de heróis "embarcadiços", todos,
fazendo se ouvir apitos saudosos nas retas e nas curvas do Mearim, as seguintes unidades:
"São João Vencedor, o 1º na história; Comércio, Mearim, ltapecuru, Dias Vieira, Guaxenduba,
Pindaré, Caxias, Caxiense, Maranhão. Maranhense, Gomes de Castro, Vesúvio, Gonçalves Dias,
Nhonhô, Carolina e Ipiranga" anota Aderson Lago, constituíram a frota de embarcações que
levaram riquezas e trouxeram benefícios a partir do ano de 1864, ligando lenta e
irregularmente os sertões ao norte da Província.
Já a partir do primeiro quartel deste século, desaparecidos os vapores e os
gaiolas, houve a expansão e o crescimento, com empresas de navegação mais organizadas,
com lanchas de menores calados, conforme se transcrevia nos principais Jornais de São Luís:
"Andorinha e São José da Empresa Salomão de Navegação Fluvial, de Manoel José Salomão,
Grajaú, de Fortunato Ribeiro Fialho, Laborina, de Gerôncio Falcão; Santa Inês. Rio Corda e Rio
Tietê, da Empresa de Navegação Fluvial Guimarães, de Raimundo Lopes Guimarães: Santa
Amália, de Antônio Ferreira: Estrela do Mar. Santa Rita, Estrela Daurora, Estrela Dalva, Estrela
Astréa, da Empresa de Navegação Fluvial de Aracaty Campos, Timbiras, de Martins Irmãos e
Cia, Maria Lôbo de José Clementino "Bezerra".
Alguns recortes de jornais dizem do quanto foi importante para a nossa história e
desenvolvimento a navegação fluvial:
"Viagens regulares de São Luís a Barra do Corda. Recebe-se cargas e passageiros".
(São Luís, 11 de junho de 1935).
"Lanchas e batelões para o serviço rápido e garantido de cargas e passageiros.
Serve a todos os portos do Mearim. Recebe cargas para Barra do Corda e Grajaú, fretes
módicos, propriedade de Raimundo Lopes Guimarães. Sede: Barra do Corda — Endereço
Telegráfico: 'Mundiqulnho' — Em São Luís. Rua Afonso Pena 516".
Para evitar omissões, a história contemporânea registra outras empresas como
Maravilha, de Sebastião Maranhão e Cia e a Irmãos Queiroz e Cia., que continuaram servindo
às populações ribeirinhas, mesmo com o advento de outros sistemas de transporte como o
rodoviário, mais rápido e econômico.

Rodoviário
No que tange ao sistema de transporte terrestre, há que se referir especialmente
ao rodoviário, vez que o ferroviário, no Maranhão, se prende à estrada de ferro São Luís —
Teresina, com extensão de 450 Km, inaugurada no ano de 1921, quando o Brasil era presidio
pelo Dr. Epitácio Pessoa e o Maranhão tinha à sua frente a figura do Dr. Urbano Santos.

Trabalho de Digitalização – Professor Leonardo de Arruda Delgado


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A estrada em referência, que serve diretamente aos municípios de São Luís,


Rosário, Itapecuru, Timbiras, Coroatá. Codó, Caxias, Timom e Teresina, há prestado relevantes
serviços ao desenvolvimento econômico do estado, mormente na região do ltapecuru.-
Mais recentemente, no governo de José Sarney, foi inaugurada a Ferrovia do Aço
ou Estrada de Ferro do Carajás, ligando São Luís à Serra do Carajás, Integrando o trecho do
Maranhão, ao famoso Projeto da ferrovia Norte/Sul, interrompido logo após o término do
mandato do Presidente José Sarney.
Havia de ter ura órgão no estado, como ocorrera aos demais estados,
encarregado de planejar e executar a construção das estradas. Foi à partir do ano de 1940, no
governo do Dr. Paulo Ramos, que foi criado o DER — Departamento Estadual de Estradas de
Rodagem, redefinido em 1946, pelo Decreto Lei n° 1248, de 24 de junho de 1946, no governo
de Sebastião Archer.
O crescimento do espaço econômico do Maranhão sempre dependeu da
existência do meio de transporte.
Os anos 50 marcaram definitivamente a expansão neste sentido; a definição dos
grandes eixos do Sistema Rodoviário Nacional, cujas rodovias começaram a vasculhar o solo
maranhense, como a BR — 135, São Luís — Orozimbo; a BR —316 de Teresina a Maracaçumé;
a BR — 222 de Jandira a Açailândia; a BR — 230 e a BR — 226, na parte Meridional, esta de
Timon a Porto Franco.
As rodovias mencionadas, do Sistema Federal, tiveram, ao longo dos anos, outras
siglas ou denominações e foram construídas em diferentes épocas.
A BR 226, se pavimentada totalmente, serviria aos municípios de Timon, Graça
Aranha, Gov. Eugênio Barros, Presidente Dutra, Tuntum, Barra do Corda, Grajaú e Porto
Franco, alguns municípios ligados já definitivamente por ramais do sistema estadual.

Figura 5: BR - 226

Registra-se que, apesar dos esforços indizíveis da classe política, do vereador ao


presidente da República; nos palanques, nas tribunas, varandas e nas rodas de amigos, sempre
estiveram presentes as promessas de pavimentação deste dorso da rede rodoviária do
Maranhão, que no sentido de Timon a Porto Franco não atinge Barra do Corda, vez que a
pavimentação estancara 22 Km antes da cidade. Em 1993, o Governador Edison Lobão

Trabalho de Digitalização – Professor Leonardo de Arruda Delgado


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autorizou a pavimentação da BR-226 no trecho que liga Barra do Corda ao sistema nacional de
rodovias pavimentadas, beneficiando meio milhão de maranhenses.
Já vimos, nos capítulos da economia e, antes, quando da ocupação de nossas
terras, o quanto foi necessária a abertura dos caminhos de tropas, estradas pioneiras, onde a
tração animal era o recurso único utilizado por aqueles que fizeram nossa história.
Logo depois do advento do DER, instalou-se em Grajaú e, mais tarde, em Barra do
Corda, um acampamento ou sub-sede do DER. Nossas primeiras estradas, "estradas de chão",
assim chamadas, foram feitas à braço, utilizando-se o homem com a picareta, o enxadeco e
outras ferramentas de uso manual.
Instituído o Fundo Rodoviário Nacional — uma cota que o governo federal
transferia para as prefeituras, eram os recursos utilizados para construção de suas pequenas
estradas e, assim, foram definidas as nossas primeiras estradas municipais.
A Colônia Agrícola Nacional do Maranhão, entretanto, que aqui introduziu a
tração mecânica, substituindo os carros de boi pelos primeiros caminhões, foi sem dúvida a
arrancada de nossas primeiras estradas, iniciadas ao tempo da ditadura, na administração do
prefeito Deodoro Arruda.
Somando os esforços e recursos do governo federal, estadual e municipal ao
braço do nosso trabalhador, tem sido possível construir pequena rede de estradas,
denominadas vicinais, na área do município, que, com especialidade no verão, permitem a
exportação, para os centros urbanos, da produção agrícola do município, que embora nos
últimos anos tem sido castigado pela estiagem, sua safra corresponde a uma das 5 maiores do
estado.
As vicinais em referência, hoje, são, em todos os sentidos, de tal sorte que não
somente a área do INCRA, considerada de solo fértil e de maior produção, mas o próprio
sertão, está delas servido.

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CAPÍTULO X: Formação Religiosa*
Alguns dados sobre a evolução da Igreja na
Província — A colônia de Dois Braços —
Antecedentes da Freguesia — Freguesia de
Santa Cruz da Barra do Corda — Os primeiros
padres encomendados — A primeira Capela — A
Matriz da vila —A Capela de Santa Terezinha —
A nova matriz da cidade — Outras religiões e
igrejas — Crítica — Chegada de Smith em Barra
do Corda — A construção da igreja na cidade —
Outras igrejas protestantes.

Alguns dados sobre a evolução da Igreja na Província


Concordam os cronistas era que os primeiros evangelizadores, na Província,
desembarcaram no Maranhão nos idos de 1612 e foram os capuchinhos franceses.
A guerra sem precedentes entre portugueses e franceses dificultou o progresso da
evangelização. Restaurado, entretanto, o domínio português, os Jesuítas se instauraram,
iniciando-se a catequese dos índios.
Mais de um século depois, (diz Fr. Metódio de Membro — O.F.M. — Dr. em
Missionologia, em São José de Grajaú — Primeira Prelazia do Maranhão — p. 22): "O trabalho
dos Jesuítas foi violentamente interrompido pelas leis opressivas do Marquês de Pombal.
entre 1759 a 1760".
Nas décadas seguintes, foram criadas, pelo Governo Imperial e da Província,
várias colônias catequéticas, mas fracassaram pela falta de definição verdadeira de objetivos e
também pela escassez de missionários.

A colônia de Dois Braços


Já em 1873, desponta a esperança com a entrada do astro Fr. José de Lóro,
capuchinho, que fundou a colônia de Dois Braços, no município de Barra do Corda, para a
colonização e catequese dos índios Guajajaras. Contra ele, se levantaram forças tangidas pela
inveja de lideranças e proprietários de terras, que estavam continuamente se instalando na
região, oriundos do Ceará e de outras Províncias nordestinas, pressionados pelas secas que lá
Já estavam ocorrendo (vide cap. atinente a agricultura e pecuária).

Antecedentes da Freguesia
No Arquivo Público, encontramos a monografia de Barra do Corda nos anos 30 —
MOD. DES e dela extraímos o que segue: "Espírito Religioso e trabalhador, Melo Uchôa
mandou erguer, com a ajuda da população, a Capela de Santo Antônio e empregou as suas
atividades no soerguimento de sua povoação, deixando assim vestígios do seu esforço,
averiguáveis em diversas obras..."
Tal fato, sem dúvida, se iniciara entre os anos de 1847 a 1849, tanto que, por Lei
Provincial de nº 252, de 30 de novembro de 1849, foi criada a Capela Curada do 2° distrito da
Chapada, no povoado do Rio da Corda, mesmo antes de concluída a construção. (César
Marques — p. 106).

Freguesia de Santa Cruz da Barra do Corda


A Capela Curada, autorizada pela Assembléia Provincial, foi erigida, transformada
ou promovida em Freguesia, pela Lei Provincial de nº 368, de 24 de Junho de 1854. Significava
que o povoado estava sendo promovido, também, sob o ponto de vista eclesiástico.
A Igreja se ligava de maneira dependente ao Estado e. na Província do Maranhão,
as freguesias, ao tempo, eram em número de 53. A nossa, recebia o nome de Freguesia da

*
Tomei liberdade de inserir, fotos e imagens para ilustrar esse capítulo do livro do professor Galeno.

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