Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Antecedentes da Freguesia
No Arquivo Público, encontramos a monografia de Barra do Corda nos anos 30 —
MOD. DES e dela extraímos o que segue: "Espírito Religioso e trabalhador, Melo Uchôa
mandou erguer, com a ajuda da população, a Capela de Santo Antônio e empregou as suas
atividades no soerguimento de sua povoação, deixando assim vestígios do seu esforço,
averiguáveis em diversas obras..."
Tal fato, sem dúvida, se iniciara entre os anos de 1847 a 1849, tanto que, por Lei
Provincial de n® 252, de 30 de novembro de 1849, foi criada a Capela Curada do 2° distrito da
Chapada, no povoado do Rio da Corda, mesmo antes de concluída a construção. (César
Marques — p. 106).
*
Tomei liberdade de inserir, fotos e imagens para ilustrar esse capítulo do livro do professor Galeno.
37
Santa Cruz da Barra do Corda. Maciel Parente observou a Melo Uchôa que a data da fundação
do povoado (3 de maio) era dia consagrado à Santa Cruz. Feita a moção aos representantes da
Assembléia Provincial, foi então instituída a Freguesia, com o nome escolhido pelos líderes e
fundadores do povoado.
Enquanto Capela Curada, não havia Paróquia, nem a fixação do vigário. O padre
era solicitado ou, como se chamava, encomendado.
A primeira Capela
A primeira Capela (Igreja) construída em Barra do Corda, teve início no ano de
1847. O local passava a se denominar Praça da Igreja ou da Matriz. Posteriormente, Praça da
República (a partir de 1889), e mais tarde, em data que não foi possível precisar. Praça Getúlio
Vargas. A posição do logradouro era no setor Leste, poucas braças separada da área das
residências de familiares do coronel José Salomão e de José Pinheiro do Nascimento.
A Matriz da vila
Restos de paredes e fundações foram removidos para terraplanagem (o terreno
era meio acidentado) no ano de 1962, na administração do Senhor Prefeito Édison Falcão da
Costa Gomes, para início dos trabalhos do Mercado Público da cidade, obra que ainda hoje
serve muito bem à comunidade e redução da área da própria Praça, que tinha as mesmas
medidas da que hoje se denomina Melo Uchôa.
O pesquisador Justino Soares de Abreu conta que a senhora sua genitora, por
nome Ana Soares de Abreu, nascida a 24 de setembro de 1881 e falecida a 28 de agosto de
1956, ensinou-lhe que, sobre a Igreja de Santo Antônio, pairava a seguinte Lenda: — "Que uma
senhora de grandes passos ou têres viajava no rio Mearim com uma garotinha sua filha,
quando de repente a menina cai dentro d'água. A mãe, em pânico, faz uma promessa à Santa
Filomena no sentido de que, se a filha não morresse afogada, ela, quando chegasse à vila,
tomaria providências para mandar construir uma capelinha para a dita santa". Dizia: "A garota
foi encontrada viva e a mãe teria lhe perguntado: — Minha filha, você bebeu muita água?, ao
que a garota lhe respondeu: — Não, Uma mulher bonita, a meu lado, colocava a mão na minha
boca, sem que o fôlego me faltasse, evitando pois, que me afogasse". "A feliz senhora, ao
chegar a vila, tratou de cumprir a promessa, mandando iniciar a construção da Capela de Santa
Filomena".
Figura 1: Foto do Largo de Santa Filomena com a vista da antiga Igreja da Matriz da cidade. Foto tirada pelo frade
italiano Matias Bérgamo, um dos padres capuchinhos que chegou à região ainda no final do século 19, da sacada de
antiga casa de 1880, pertencente ao rico Antonio da Rocha Lima, onde funcionou o jornal O Norte, em época
anterior às Casa Paulista e Casa Pernambucana. Igreja demolida em 1950 por ordem de Frei Epifânio da Abadia.
reunião dos vicentinos, anônimos benfeitores, que levavam sempre o amor e a fé àqueles que
carecem de socorro.
Na Vila de Barra do Corda, não se firmou o hábito de que se sepultassem nas
matrizes e nas capelas os restos mortais de benfeitores da Igreja e da sociedade, Independente
de alguns sacerdotes, já no início do século XX. Porém, naqueles tempos, abriu-se uma
exceção ao benfeitor e grande cooperador na construção de nossa primeira igreja, que deve
ter falecido após os anos de 1860, (vide Livro de Notas do Cartório de 1° Ofício da Comarca da
Chapada na Vila da Barra do Corda, — pág. 40, onde se encontra o Testamento do citado
homem público). De modo que. "dentro da Igreja, havia um Jazigo com o seguinte epitáfio":
"Aqui Jazem os restos mortais de João Pedro da Costa Fumeiro, falecido em 17 de Janeiro de
1865".
O Jornal O País, de 24 de fevereiro de 1870, publicava que, na vila de Santa Cruz
da Barra do Corda, "há pouco tempo se constrói um largo uma Igreja com boas madeiras, de
pedra e cal, não estando ainda as suas paredes tapadas de barro, senão as da Capela-Mor".
(César Marques — p, 106).
Como na outra praça já se tinha construído a Igreja de Santo Antônio e ao tempo
só haviam duas praças, é claro que se tratava, então, do logradouro inicialmente chamado
Praça da Matriz, hoje "Melo Uchôa".
Figura 2: Na foto, era antiga igreja de Santo Antônio, que foi derrubada para dá lugar a avenida do Mercado.
Também era escola São José da Providencia. O prédio é de 1892 e foi construído pela igreja e funcionou como
escola para indígenas. Foi seminário e atualmente local onde a igreja Católica faz encontros de pastorais. À frente
há lojas e gráfica;
Figura 3: Quadro do pintor barra-cordense Pedro Luz que registra como era a antiga igreja Matriz, a qual ficava no
meio da praça Melo Uchoa.
O corpo central, elevado, cobrindo toda a nave, com dois grandes halls laterais, no
mesmo estilo e extensão. Na fachada, simetricamente dispostas, as cruzes. Grandes Janelas,
uma em cada hall, tendo o portão de entrada central e duas Janelas acima do pé direito de
aproximadamente 5 metros, onde transversalmente havia o coro, reservado aos músicos e
cantores.
Os trabalhos de construção se prolongaram por mais de uma década e marcaram
o início das atividades dos frades capuchinhos na Paróquia de Santa Cruz de Barra do Corda,
com a presença, neste espaço de tempo, do laborioso frei José Maria de Loro, para uns
cronistas Já atuando na região desde os idos de 1870.
Não pairam dúvidas quanto a que a inauguração oficial da Igreja Matriz de Santa
Cruz da Paróquia da Vila de Barra do Corda, somente se processara no ano de 1893, que
marcava também o início dos trabalhos dos capuchinhos lombardos na Diocese de São Luís
(vide Fr. Metódio de Membro — 1955).
Mas voltando à saudosa matriz, ela tinha internamente, no centro, o Altar-Mor de
Nossa Senhora, a padroeira da vila; no hall à direita, o altar do Sagrado Coração de Jesus e ao
lado Sul, o altar da Santa Cruz. Foi demolida no ano de 1950, tendo ali, em data de 16 de julho
daquele ano, se celebrado, pela última vez, o Sacrifício da Santa Missa (Fr. Epifânio d'Abadia).
Figura 4: É o antigo palacete da prefeitura de Barra do Corda (MA). Chamado de Paço Municipal. Localizado na
praça Melo Uchoa. Também sediou grandes bailes populares e até de carnaval. Foi demolido em 1949 para dá lugar
a atual monumental igreja Matriz.
Figura 5: Fr. Adriano de Zânica, que entre 1930 a 1950, comandou a igreja Católica em Barra do Corda (MA) e
deixou obras monumentais de incalculável valor histórico, religioso e cultural como a igreja Matriz no centro da
cidade.
Para tanto, recebera compromisso formal das autoridades de então quanto a que
a área onde se havia construído, no século anterior, o Paço Municipal, seria doada, para que
nela se edificasse a atual Matriz. Confiado, vai à Itália (ano de 1939) em visita aos seus
familiares, dando início, entre amigos, autoridades italianas, familiares dos Mártires do Alto
alegre e conhecidos seus, a campanha para a aquisição do material de implantação de seu
projeto.
A Segunda Grande Guerra Mundial se expande e se funda o Eixo, que envolvia a
Alemanha e a Itália, sendo esta cenário dos horrores que abalaram o mundo inteiro (vide
capítulo sobre Fr. Adriano Zânica).
A guerra terminara em 1945 e somente no ano seguinte foi possível retornar ao
Brasil e a Barra do Corda, trazendo tudo o que conseguiu para a construção de nossa matriz.
Defrontara-se com enormes dificuldades na área da concessão, em definitivo, do local para
levantamento do prédio.
Fr. Adriano, padre dinâmico e para quem a palavra empenhada deveria ser
cumprida, disse, em seu latim misturado de italiano: Consensum ominium, "Fiz tudo isto com
o consentimento de todos". Não espera. Desgosta-se e deixa Barra do Corda a 4 de Janeiro de
1950.
Nossos chefes políticos, ao tempo, Raimundo Ferreira Lima — Prefeito Municipal
no final do mandato e o coronel Manoel de Melo Milhomem, Presidente da Câmara Municipal
(vide capítulos atinentes), eram católicos praticantes e sentiram a gravidade do compromisso,
as aspirações da comunidade e tomaram a seu cargo vencer pequenos e grandes empecilhos
de setores isolados, efetivando-se a doação da antiga Prefeitura Municipal de Barra do Corda,
com todo o seu espaço, para a construção da nossa matriz.
Ali, Fr. Epifânio d'Abadia, sucessor de Fr. Adriano, a partir de 16 de Julho de 1950,
começava demolir o antigo Paço Municipal, construindo concomitantemente a Igreja que
deveria ter sido inaugurada a 13 de março de 1951 — data do cinqüentenário da morte dos
frades em Alto Alegre.
Estas lembranças, são as nossas memórias, vividas no período fértil dos 15 anos
de idade ... Trazidas para o cenário de hoje, sentimos que, enquanto se erguia, para os séculos
dos nossos pósteros, o Templo de Deus, a casa de nossas orações, se demoliam espaços
construídos no século XIX, quando se edificara um prédio em estilo sóbrio mas sério, onde
tomaram assento os nossos primeiros governantes, foram prolatadas as sentenças de
julgamentos históricos da vila e realizadas as grandes festividades, em que brilharam, nas
letras e nas artes, os nossos antepassados.
Mas se cumpriu e o sonho de Fr. Adriano se realizara. A igreja fora inaugurada no
final do ano de 1951, em solenidade dirigida por Sua Excelência Dom Emiliano José de Lonatti,
momento em que eram ordenados três frades da Ordem Capuchinha.
Figura 6: Foto registrada pelo Frei Francisco (Chicão), construtor da Igreja; Saudosos Sr. Jasso Barros, carpinteiro e
mestre de obras e Dodô Cavaco, que cavou o alicerce da Igreja.
Crítica
Não reacenderemos, aqui, as chamas que arderam no passado, tocadas por
aguçados sentimentos e lutas religiosas em todo o País, em sua maioria, decorrentes da
legislação vigente, da queda do Império e da instalação da República, sem o preparo
competente da sociedade brasileira, para que se aceitasse, sem choques, as mudanças
necessárias que se fizeram.
Alguns casos isolados são lembranças de interpretações feitas com riscos das
emoções, que tanto exaltam os nossos sentimentos, quaisquer que sejam.
Figura 7: Perrin Smith e sua Esposa Dona Ana Smith, pioneiro das Igrejas Cristãs.
Figura 8: Igreja Cristã-Evangélica em Barra do Corda, erguida na rua Aarão Brito em 1933.
Figura 9: Smith comprou o terreno, e construiu uma casa coberta de palha, do outro lado do rio Corda que depois
virou a sede da fazenda Vila Canadá. Atualmente é o fórum eleitoral