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Conta ainda que fêz amizade com o Pe. Sena Freitas, que en-
tão estagia por três anos no Caraça (56) . Parece, porém, que se é
verdade o que conta o jovem missivista sôbre o ambiente e as pes-
soas, é menos exato o que alardeia sôbre o seu aproveitamento nos
estudos . Fomos ver-lhe a situação escolar, no Livro de Notas, cor-
respondente aos anos de 1868-1869, e lá atinamos, a fls . 26-v, o
seguinte resultado: "Artur de Oliveira — Latim, 3; Português e Re-
tórica, 4; Francês, 4; Inglês, 3 — Comportamento, 2. E mais esta
anotação, no canto da fôlha, na coluna das "Observações": "Pouco
juízo". Uma das poucas provas de juízo que Artur demonstra ter,
em sua passagem pelo Caraça é o amor à Biblioteca da casa:
"O viver da cabeça, meu pai — escreve êle ao progenitor — é
que paga o sofrer, pois que verdadeiramente aqui é um foco de le-
tras: basta ter a casa a Biblioteca que tem". "Fiquei pasmo — con-
tinua no mesmo tom — quando entrei na Biblioteca, há livros no
Caraça que talvez não exista segundo exemplar no Brasil. O distinto
Pe. Sipolis excavou tôdas as bibliotecas em Portugal e comprou li-
vros, a que a Academia Real de Ciências oferecia um preço fabu-
loso. Êle é um grande helenista português" (57) .
Muitos dêsses livros fizeram tão longa viagem, até aquêle alte-
roso sertão, porque o erudito Pe . Sipolis, mestre e guia de homens
como Afonso Pena, Artur de Oliveira, Olegário Maciel, João Ri-
beiro, Artur Bernardes, Arduíno Bolivar, Afonso Pena Júnior, Me-
lo Viana e Manfredo Leite, entre tantos outros, quis formá-los bem
para a vida e a beleza, mediante o amor e a prática da cultura hu-
manística latina, guardada nobremente naqueles cimélios respeitá-
veis, que se aprazia em colocar nas mãos adolescentes dos jovens alu-
nos caracenses, que viriam depois dignificar tão alto o espírito com
que foram formados e informados, elevando-se acima dos comuns e
elevando, com êles, o Brasil e os brasileiros .