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INTRODUÇÃO
Francisco de Paula Melo Aguiar
E cai como uma luva o argumento oral e/ou escrito clareador e esclarecedor de
cunho oficial, político, histórico e social de que:
E isso é uma prova ou documento cabal de que tanto estávamos precisando para
comprovar de fato e de direito a origem e a data de fundação do referido templo
católico, não obstante a inscrição do ano de 1869, existente na sepultura de seu fundador
e bem assim acima da porta principal da capela.
Assim sendo, ainda que por analogia, o patrimônio de Nossa Senhora do
Desterro, sempre esteve encravado entre os engenhos: Maraú, Santana e Massagana,
uma vez que já existia esse tipo de fundação no ano de 1869. De modo que em 2019 a
referida capela completará 150 (cento e cinqüenta) anos de sua fundação na várzea do
Rio Paraíba do Norte.
Por outro lado devemos compreender o termo documento, como sendo de origem
latina e que com o passar dos tempos, necessariamente evoluiu para significar prova,
justificativa, testemunho escrito como o usado no vocabulário ou linguagem legislativa.
Assim sendo, podemos afirmar de que documento nada mais é do que a informação que
serve como testemunho, prova e/ou elemento importante e/ou especial para a memória.
(LE GOFF, 1996). O próprio prédio da capela representa um documento não escrito e
por si mesmo conta sua historicidade.
A história de fundação da Capela do Desterro, em 1869, é importante para
pesquisadores, estudiosos, professores, estudantes, curiosos e fiéis e/ou não em geral.
Assim sendo, enquanto patrimônio histórico que por si só representa a referida capela,
encravada entre os engenhos: Massangana, Santana, Maraú, dentre outros que usavam
mão de obra escrava na várzea do Rio Paraíba, tanto é assim que o conceituado jornal
Diário de Pernambuco, edição 00196, de 11 de setembro de 1838, p. 4, publica na sua
coluna “Escravos Fugidos” a seguinte nota:
[...]
Do engenho maraú, ribeira do rio Parahiba, propriedade do Mosteiro
de S. Bento da cidade de Parahiba, fugio Bonifácio crioulo, idade de
50 annos, secco, pernas finas, pouca barba, e ja toda branca; João
Baptista, crioulo, carpina, de trinta annos de idade, estatura ordinaria,
cheio do corpo, e muito barbado, tem os calcanhares brancos, e
pernas foveiras por queimadura de fogo de polvora, e o andar um
tanto embarassado; quem os prender e leva-los ao dito engenho ao
abaixo assignado, ou no Mosteiro de Olinda será saptisfeito de todas
as despezas, bem recompensado: consta ao abaixo assignado que elles
tem andado por Páo d’Alho, Nazareth, e Limoeiro, portanto elle roga
aos seus amigos residentes n’esses lugares, toda pesquisa a respeito, e
d’elles espera tal favor. Fr. Galdino de S. Ignez Araujo. (Ortografia da
época).
[...]
5
E depois do meado do século XIX e bem assim uma década depois da visita do
Imperador Pedro II à Província da Paraíba e que inclusive pisou em terras dos engenhos
da várzea do Paraíba e seus afluentes: Gurinhém e Três Sul, quando aqui esteve em
visita oficial a Vila do Pilar e a cidade de Mamanguape, dentre os engenhos citamos:
São João (atual usina com igual nome), Massangana e Maraú (naquela época era
propriedade do Mosteiro de São Bento), onde consta que o Imperador Pedro II lá esteve
presente em corpo e alma no dia 26 de dezembro de 1859:
[...]
Tendo resolvido S.M. o Imperador visitar a Villa do Pilar e a cidade
de Mamanguape, pox-se em marcha para aquella villa as 4 horas da
madrugada de 26 do predito mez, acompanhado pela sua comitiva, por
S. Exc. o Sr. Ministro do Imperio, por mim, e por grande numero de
cidadãos, que desejando ter a honra de acompanhar a S.M. na sua
digressão ao centro da província, havião obtido para isso a necessária
permissão.
Sua S. M. o Imperador, tendo-se dignado de tomar uma refeição no
engenho S.João do coronel José Teixeira de Vasconcellos d’aqui
distante 3 legoas e de almoçar no engenho Maraú do mosteiro de
S. Bento a 9 legoas de distancia desta Capital, chegou a Villa do
Pilar a 12 legoas da capital as 11 horas da manhã.
Depois do jantar S.M. o Imperador sahio do Paço, e visitou a matriz, a
cadea e o cemitério, recolhendo-se ao Paço, onde deu beijamão á
todos quantos quiserão receber semelhante honra.(CUNHA, 1860, 2-
3). (Grifamos).
[...]
Ainda não existia a estrada de ferro e as pontes de Cobé e da Batalha, bem como a
estrada de chão batido pelas boiadas, tudo ainda era apenas mero caminho feito pelos
pés dos nativos e pelos cascos dos animais dos caixeiros viajantes, familiares e
escravos, quando vinham do sertão para a capital da Província da Paraíba e vice versa.
Então D. Pedro II em 26 de dezembro de 1859 não veio da Capital da Província para a
Vila do Pilar e de lá para a cidade de Mamanguape, passando pelos engenhos antes
citados de automóvel e sim a cavalo, e bem assim toda a sua comitiva e segurança
pessoal.
Tudo isso representa direta e indiretamente um envolvimento dos elementos:
“memória”, “espaço” e “tempo” em relação a tais acontecimentos de nossa História da
Paraíba e dez anos depois da visita do Imperador Pedro II ao referido solo, o
acontecimento mais importante foi sem dúvida a construção da Capela de Nossa
Senhora do Desterro em 1869, pela iniciativa privada, o que se presume que no lugar
6
escolhido para ser edificada a referida capela estava provavelmente coberto pela mata,
verdadeiro caminho de raposa em sua totalidade. E até porque, sua historicidade não
envolve apenas uma questão de História Oral local no imaginário e/ou na memória
individual, enquanto objeto material. Isso porque com o passar do tempo, os ali
residentes e participantes da edificação do referido templo: livres e/ou escravos, foram
passando de pai para filhos, netos, etc., tal informação, porém, também foram se
mudando para outros lugares distantes, inclusive morrendo. E a tradição e a devoção a
Virgem do Desterro, vem a partir de então sendo divulgada e/ou passada de boca em
boca de geração em geração. Também isso não deixa de ser uma grande contribuição
para a construção de sua história, com a qual os fiéis se identificam. Porém, jamais
deveremos deixar de reconhecer que a História Oral, geralmente usada pelo homem
e/ou mulher comum em qualquer tempo, lugar e/ou civilização tem valor inquestionável
e inestimável, repetimos em todo tempo e lugar para a memória coletiva com toda sua
complexidade e diversidade, independente da religiosidade e ideologia do povo, isso
porque vai ajudar e melhor compreender o porque da construção e da existência física
ainda na atualidade, no caso da capela do Desterro, considerada assim como patrimônio
histórico, que o é, representado por sua arquitetura edificada através de medidas que
envolveram possíveis planejamentos de engenharia e/ou profissionais qualificados da
área de construção sem o uso de ferro e bem assim de cimento.
O que se sabe mesmo é que:
E por isso podemos dizer sem sombra de dúvidas de que ainda que por analogia
ao trabalho sobre a História Social da Memória (DOSSE, 1999, p. 5-24), a capela do
Desterro, repetimos, construída em 1869, representa um patrimônio histórico de origem
portuguesa (CARVALHO, 2005, p.143-144) e é uma edificação que representa a
memória e/ou o passado não apenas de uma pessoa (de seu fundador), porém de um
povo que aqui chegaram,viveram e a construíram-na de pedra e cal antes de nós.
Portanto, apropriação pelo povo da memória da capela citada representa
simultaneamente fonte e objeto de sua própria historiografia. Em ti e por ti, a própria
7
[...] A história dita "nova", que se esforça por criar uma história
científica a partir da memória coletiva, pode ser interpretada como
"uma revolução da memória" fazendo-a cumprir uma "rotação" em
torno de alguns eixos fundamentais: "Uma problemática abertamente
8
"Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada
sobre um monte; - Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do
alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. - Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (MATEUS
5:14-16).
9
REFERÊNCIAS
ÁVILA, Padre Fernando Bastos de. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de
Janeiro: MEC/FENAME, 1976. 680p.
CASTRO, Celso. Pesquisando em arquivos. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2008.
DOSSE François. "Une histoire sociale de la mémoire". Raison Présente, numéro 128.
Paris, pp. 5-24, 1999.
LE GOFF, Jacques. História e memória. 4. ed. São Paulo: Ed. Unicamp, 1996.
TAVARES, J. de L., A Parahyba. Paraíba [João Pessoa]: Imprensa Oficial, 1910, vol. 2,
p. 537. Disponível in.: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&id=vpI9AQAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=Desterro >. Acesso em, 03.
Abr. 2015.
11
CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA
CAPELA DE NOSSA SENHORA DO DESTERRO
12
Capela de Nossa Senhora do Desterro, construída em 1869 por Carlos Gomes de Mello
– Zona Rural – Cruz do Espírito Santo – Paraíba.
13
CAPELA DO DESTERRO
Francisco de Paula Melo Aguiar
muito menos que a mesma pertencesse ao seu patrimônio. Desse modo, invocamos os
ensinamentos de Azevedo5 (1981) e de Saia6 (S.d), quando menciona que “como
demonstraram Saia e Azevedo, o alpendre permitia que mais pessoas pudessem assistir
à missa e, simultaneamente, as hierarquizava espacialmente”, bem como nos informa
ainda de que “as sacristias abertas, reservadas aos mais poderosos e suas famílias,
tinham funções semelhantes”. De modo que não importa direta ou indiretamente de
quem representava em 1869 e décadas seguintes a aristocracia rural na localidade da
fazenda e/ou propriedade rural onde foi erguida a capela do Desterro? E relata ainda que
a Capela do Desterro vive “sem proteção legal e com pouco uso, a capela teve o
alpendre demolido na década de 1990” e afirma também de que o alpendre “foi
reconstruído em 1998, por iniciativa particular”. Enfatizamos de que a referida capela,
as duas sacristias, a nave principal, o alpendre, altar mor, os dois altares coadjuvantes, a
pia batismal, as portas, as janelas, escada, coro, bem como as imagens de Nossa
Senhora do Desterro, o Menino Jesus, São José, Nossa Senhora da Conceição e Nossa
Senhora das Graças, foram completamente restaurados em 1998 e bem assim 2012/13,
graças à determinação da iniciativa privada, o que vale dizer de que a Arquidiocese da
Paraíba e muito menos a Freguesia/Paróquia do Divino Espírito Santo/PB não investiu
um centavo se quer para a referida restauração. Isso significa que o prédio da capela do
Desterro, erguido em 1869 pela iniciativa privada no estilo barroco rococó pelo devoto
Carlos Gomes de Mello e seus familiares, continua sendo assim centro de romaria rural
à quase um século e meio, pois, todos os últimos domingos de cada mês tem missa às
dez horas da manhã, além de terços, procissões e pagamentos de promessas pelos
devotos de Nossa Senhora do Desterro, primeiro sacrário que a humanidade já conheceu
na face da Terra, que gerou e alimentou o Salvador do Mundo, Jesus Cristo. E se não
bastasse à religiosidade popular, temos o referencial histórico existencial da capela do
Desterro, uma vez que é citada nominalmente por Tavares7 (1910, p. 537), ao afirmar
em sua obra histórica de que:
Deste modo repetimos que tanto a restauração de 1989/99 e bem assim a última
restauração de dezembro/2012 a setembro/13, teve o financiamento direto da fé na
Sagrada Família: Jesus, Maria e José, por parte da iniciativa privada patrocinadora:
COFRAG – Colégio Dr. Francisco Aguiar e o IESPA-Instituto de Ensino Superior de
Educação da Paraíba Ltda (mantenedor da FAFIL – Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras) de Santa Rita – Paraíba, através de seus diretores presidentes: Francisco de
Paula Melo Aguiar e sua esposa Severina Bezerra da Silva Melo Aguiar, via o
envolvimento emocional, educacional, intelectual, histórico, social, religiosidade e laços
familiares do fundador da referida capela, via parentesco de sangue e/ou por afinidade
e/ou da lei com a família materna dos “Gomes de Mello” e/ou “Gomes de Melo” na
Várzea do Paraíba desde o século XIX. É o reencontro da Capela do Desterro com os
romeiros e devotos na nossa visão de mundo não profano.
Viva Nossa Senhora do Desterro!
Viva a Família Sagrada!
Viva Nosso Senhor Jesus Cristo!
20
________________________
1
Cf. CARVALHO, Juliano Loureiro de. Uma concentração de tempos – apreendendo a
paisagem do Rio Paraíba Açucareiro. (Palestra/2009) - IPHAN - SE. Disponível in.:
<http://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/palestras/Juliano_Loureiro_Carvalho.pdf > . Acesso em
15. Nov.2013 (ANEXO I).
2
Cf. IPHAN-PB (Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na
Paraíba). Patrimônio de N. S. do Desterro. João Pessoa, 2009c. Projeto Caminho engenhos (2ª
fase), v.7.
3
Cf.: H.P.I.P – Património de Influência Portuguesa. In.:
<http://www.hpip.org/Default/pt/Homepage/Obra?a=998 >. (ANEXO II). Acesso em, 03. Abr.
2015.
4
Cf.: CARVALHO, J. L. de, Pré‐inventário dos engenhos da várzea do rio Paraíba, João
Pessoa, 2005, pp. 143‐144.
5
Cf.: AZEVEDO, P. Ormindo de, “Alpendres na arquitetura religiosa: revendo as teorias”,
Barroco, n. 12, Belo Horizonte, 1981, pp. 71‐85.
6
Cf.: SAIA, L. O alpendre nas capelas brasileiras. Revista do SPHAN, n.o 3, P.
235¬‐24¬9 (S.d).
7
Cf.: TAVARES, J. de L., A Parahyba. Paraíba [João Pessoa]: Imprensa Oficial, 1910, vol. 2, p.
537. Disponível in.: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&id=vpI9AQAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=Desterro >. Acesso em, 03. Abr.
2015. (ANEXO III).
8
Cf..: AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Padre José Maria de Mesquita. Biografia 2015.
Disponível In.: < http://www.recantodasletras.com.br/biografias/5008454 > . Acesso em, 22.
Out. 2014.
9
Cf.: VERDERAME, Eduardo. Capela do Desterro (2010/11)/PB. Disponível in.:
< https://everderame.files.wordpress.com/2010/11/pbcruzespsantodesterrow.jpg >. Página
acesso em, 03/04/2015.
10
Cf.: MENDONÇA, Beto. Restaurada a Capela de Nossa Senhora do Desterro (28/09/2013).
In.: <https://www.betomendonca.com/news/restaurada-capela-de-nossa-senhora-do-disterro/>.
Acesso em: 25.Dez.2013.
21
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Padre José Maria de Mesquita. Biografia 2015.
Disponível In.: < http://www.recantodasletras.com.br/biografias/5008454 > .
TAVARES, J. de L., A Parahyba. Paraíba [João Pessoa]: Imprensa Oficial, 1910, vol. 2,
p. 537. Disponível in.: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&id=vpI9AQAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=Desterro >. Página
acessada em, 03/04/2015.
CAPÍTULO II
A CAPELA DO DESTERRO
EO
PADRE JOSÉ MARIA DE MESQUITA
23
HOMENAGEM
AO
PADRE JOSÉ MARIA DE MESQUITA
- FILHO DA CAPELA DO DESTERRO -
24
Assim como o vento sopra onde quer, a vocação sacerdotal também é assim, um
exemplo dessa vocação para o serviço da Igreja, nasceu, brotou e prosperou entre pedras
e espinhos, através da escolha pessoal tomada pelo menino José Maria de Mesquita,
nascido em 1901, natural do Engenho Santana, Município de Cruz do Espírito Santo,
Estado da Paraíba, filho de pais humildes, de poucas letras, católicos e trabalhadores
rurais no referido latifúndio de propriedade de José Francisco de Paula Cavalcanti,
conhecido por “Coronel Cazuza Trombone”, homem generoso e ligado as causas
populares e de seus moradores, dentre os quais os pais do futuro Padre José Mesquita.
Naquele tempo não existia televisão, internet, a popularização do rádio ainda era
incipiente, de modo que somente através de carta, conversa de “boca a boca”, o uso de
animais (cavalo, burro e boi), do telégrafo, do trem Maria Fumaça e da canoa que servia
de “ponte” para atravessar o rio Paraíba de um lado para outro no tempo de cheia. Eram
assim os meios de comunicação e meios de acessibilidade humana. Era a época em que
um fio de cabelo do bigode do “coroné”, que antecede o lacre, o segredo, a assinatura e
a rubrica. Era a garantia através da expedição de um fio de cabelo da barba retirada do
bigode da pessoa. Aqui o homem se fazia respeitar e cumpria com a palavra dada em
certas e determinadas situações. O homem respeitava a palavra dada e se fazia respeitar,
fosse qual fosse a situação ou episódio que o envolvesse. Aqui o cabra era “macho” se
respeitasse o próprio bigode. Prego batido e ponta virada. A palavra dada via um fio do
bigode de uma pessoa, rica ou pobre, valia mais no século XIX e durante a metade do
século XX, do que dinheiro. Aqui as pessoas tinham vergonha na cara. A missa era
celebrada em latim e o sacerdote fica de costa para os fies durante a celebração, porém,
a homilia era feita em língua portuguesa, fazendo interpretação das leituras bíblicas,
fazendo analogia a atualidade vivenciada. Era o tempo em que a roda grande passava
25
por dentro da roda pequena. O que a igreja disse através de seus sacerdotes, era
indiscutível. A palavra de Deus, via a Bíblia Sagrada não permitia nesse universo ser
desrespeitada por ninguém, apesar da existência das discriminações existentes entre
ricos e pobres, livres e não livres. O Brasil acabava de libertar seus escravos através de
Lei Áurea, assinada com a pena de outro da Princesa Isabel, representando seu pai o rei
Pedro II, em 13 de maio de 1988.
De modo que a vocação sacerdotal de José Maria de Mesquita, nasceu no chão
do Engenho Santana, de propriedade do “Coronel Cazuza Trombone”, que se elegeu
deputado estadual nas eleições de 1934, como legitimo representante do povo da Várzea
do Paraíba e de seu latifúndio. Homem de bons procedimentos pessoas e extraordinário
patrão. Dizem os mais velhos que ele vivia de bem como a vida, juntamente com sua
esposa Luzia Lins Cavalcanti e seus compadres, comadres e afilhados, moradores do
eito, do cambão, do foro e da renda. O certo é que existia uma elite rural rica e uma elite
rural pobre. Ambas se respeitavam mutuamente. Era um tempo de paz no campo e na
cidade. Por ter demais e ou ter de menos, isso nada significava, porque ambos se
entendiam muito bem em suas relações pessoais e interpessoais. É importante
mencionar de que ninguém sabe qual a origem do uso do bigode pelo homem. O bigode
pode ser usado com ou sem barbas. Tem bigode simples e bigode extravagante, segundo
o gosto personalizado de cada pessoa. Em qualquer lugar do Brasil e ou do mundo, no
campo e ou na cidade, vamos sempre encontrar pessoas de ambos os sexos com bigode.
É tem mulheres que tem bigode, que quase em sua totalidade optam em cortá-los. E o
que é bigode? Bigode é o conjunto de pelos e ou fios faciais nascidos entre o nariz e o
lábio superior, que pode ser preservado ou não, com ou sem barba por pessoas do sexo
masculino. Pelo bigode a história afirma que é um dos traços da pessoa para identificar
sua cultura e isso não dependerá da geografia. A expressão, “bî God”, de origem
bárbara germana seus juramentos, quer dizer: “por Deus”, conforme enfatiza o
dicionário brasileiro Houaíss. A Bíblia Sagrada ensina que o homem não deve usar o
nome de Deus em vão, isso está entre os dez mandatos. De modo que os povos ibéricos
começaram a dizer “bigod” e finalmente, bigode aportuguesado. Não se sabe realmente
qual a origem do termo bigode que chegou a nossa língua materna, tendo em vista que
tem gente que diz que isso aconteceu durante o reinado de Carlos V da Alemanha e que
foi também Carlos I da Espanha, tendo em vista o contingente germânico que passou a
morar na Península Ibérica. Mesmo assim não se tem prova que tenha sido os
germânicos que tenham trazido tal palavra para Portugal, pois, sabemos que Carlos V
26
escovas para sapato, roupa e dentes; um espelho pequeno; uma tesourinha; um pente
fino; um par de chinelos; e quatro guardanapos. Isso variava de seminário para
seminário. Foi diante de tantas exigências que José Mesquita as cumpriu e ingressou no
seminário, tendo em vista seus tutores anônimos. Todos esses momentos aconteceram à
sombra da Capela de Nossa Senhora do Desterro, fundada em 1869, por Carlos Gomes
de Mello, local onde o futuro padre e seus familiares assistiam missas celebradas pelo
Padre José João Pessoa da Costa, dedicadas a Virgem do Desterro, e bem assim, as
novenas e os mensários marianos, tamanha era a fé dos habitantes da referida
localidade. É importante mencionar de que repousam no cemitério secular localizado no
pátio da Capela de Nossa Senhora do Desterro, esperando a ressurreição suprema.
Inclusive os parentes do futuro Padre Mesquita, ao lado de Ana Gomes de Mello Cunha
(casada com Antônio Carneiro de Cunha (o avô e não o neto de igual nome), pais de
uma relativa grande prole, onde destacamos suas ilustres filhas, todas “in memorian”:
Felicia (casada com José da Cunha de Vasconcelos e que residia no terreiro da capela
do Desterro); Josefa (casada com Francisco Carneiro da Cunha - sobrinho de seu
genitor; e Ana Gomes de Mello, mãe de dona Maria da Luz Mello Cunha (dentre seus
rebentos destacamos: Edmilson (médico/Sapé/PB); e Francisco de Assis (ex-prefeito de
C.E.Santo/Pb) Enaura (esposa do ex-presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba,
Desembargador Joaquim Sérgio Madruga), Elza (casada com Dr. Genival), dentre seus
filhos e filhas ilustres. Onde podemos destacar o grande amor de mãe revelado em uma
simples dedicatória no verso de uma fotografia (Anexo IV):
conferida depois de quarenta e quatro anos de seu falecimento, tendo como justificativa
que “no dia de seu sepultamento os sinos tocaram incessantemente às cinco horas da
manhã, anunciando o encontro de um santo padre com o senhor Jesus”, ele foi sepultado
às dez horas da manhã do dia 24 de abril de 1970, e que:
“[...] após as cinco horas todas as igrejas e capelas onde ele costumava
cuidar como Gurinhém, Cruzeiro, Gomes, Pau Ferro e senhora do ó
tocaram seus sinos de hora em hora até a hora do sepultamento que foi
às dez horas da manhã em Gurinhém, quem não foi, mas pode sentir o
clima de comoção tomado pelos cristãos católicos e até mesmo não
católicos que respeitavam o trabalho realizado pelo padre que fez
história em Mulungu3”.
__________________
1
Cf. CARVALHO, Juliano Loureiro de. Uma concentração de tempos – apreendendo a
paisagem do Rio Paraíba Açucareiro. (Palestra/2009) - IPHAN - SE. Disponível in.:
<http://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/palestras/Juliano_Loureiro_Carvalho.pdf >. Acesso em
15. Nov. 2013. (ANEXO I).
31
2
Cf.: Capela de Sant'Ana - Situada no Engenho do mesmo nome, na margem direita do rio
Paraíba em Cruz do Espírito Santo. Foi construída em 1914 e atualmente é patrimônio do
INCRA. Disponível in.: <http://www.paraiwa.org.br/paraiba/igrejas.htm >. Acesso em 12.
Out.2014.
3
Cf.: William informa in.:<http://williaminforma.blogspot.com.br/2014/04/mulungu-
comemora-o-1-feriado-do-padre.html> Acesso em: 22. Out/2014.
4
Cf.: Padre José M. Mesquita in.: <http://padrejosemariamesquita.blogspot.com.br/> Acesso
em: 22. Out. 2014.
5
Cf. Facebook foto in.:
<https://www.facebook.com/photo.php?fbid=391456801018936&set=a.112702338894385.224
31.100004638574155&type=1&theater > . Acesso em 25. Out. 2014.
6
Wikipedia in.:.: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Melquisedeque> . Acesso em 25.Out.2014.
32
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO III
A POESIA E A SAGRADA FAMÍLIA
34
AVE MARIA!
Francisco de Paula Melo Aguiar
À VIRGEM DO DESTERRO
Francisco de Paula Melo Aguiar
MINHA MÃE
(Para Maria do Carmo Melo Aguiar)
____________________
MEU PAI
( Sebastião José de Aguiar )
____________________
ANEXO I
40
Fonte.: CARVALHO, Juliano Loureiro de. Uma concentração de tempos – apreendendo a paisagem do
Rio Paraíba Açucareiro. (Palestra/2009, p.25) - IPHAN - SE. Disponível in.:
<http://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/palestras/Juliano_Loureiro_Carvalho.pdf > . Acesso em 15. Nov.
2013.
41
ANEXO II
42
ANEXO III
44
Fonte.: TAVARES, J. de L., A Parahyba. Paraíba [João Pessoa]: Imprensa Oficial, 1910, vol. 2,
p. 537. Disponível in.: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&id=vpI9AQAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=Desterro >. Acesso em, 03. Abr.
2015.
45
ANEXO IV
46
[...] Senhora Ana Gomes (Mãe de Dona Dedicatória de próprio punho de mãe
Maria da Luz Melo Cunha, casada com para a filha querida em Cruz do Espirito
José Carneiro da Cunha, pais do Dr. Santo, 12/10/1953. AGUIAR, Francisco
Edmilson Cunha Melo, nascido em 23 de de Paula Melo. Monsenhor José João, 50
setembro de 1934, em Cruz do Espirito anos depois. Biografia. Disponível
Santo/PB, médico e Diretor Hospital in.:<https://www.recantodasletras.com.br/
Regional Dr. Sá Andrade, por décadas no e-livros/6387590>. Acesso em: 31
Sapé e na Capital da Paraíba. Jul.2018.
47
ANEXO V
48
Registro fotográfico com o Padre José Maria de Mesquita (Vigário de Gurinhém/PB), logo após
a celebração da Santa Missa, na Capela do Hospítal Regional Dr. Sá Andrade – Sapé - Paraíba,
em 27 de Setembro de 1953, entre enfermeiros, auxiliares, visitantes e médicos, dentre os quais
destacamos: o médico Vicente Rocco (que fez o parto de Maria do Carmo Melo Aguiar no dia
03/04/1952 que nasceu Francisco de Paula Melo Aguiar) e o enfermeiro Adalberto Pereira
(esposo da parteira Noemia – in memoriam, madrinha do Dr. José Vicente de Aguiar), ambos de
saudosa memória.
49
ANEXO VI
ICONOGRAFIA
DA
CAPELA DO DESTERRO
50
ANTES...
51
Foto 24 – Visão interna do telhado e parede da sacristia do lado direito da Capela do Desterro
em, 21/12/2012.
65
Foto 28 - Capela do Desterro - Sacristia do lado direito: porta e visão interna, em 21/12/2012.
67
Foto 41 – Nave central da capela servindo de depósito de portas, janelas, telhas e resto de
madeira podre e com cupins, em, 23/12/2012.
Foto 44 - O sol visto pelas brechas da porta da sacristia do lado esquerdo da capela, em,
24/12/2012.
75
ANEXO VII
DURANTE...
ICONOGRAFIA
77
Foto 48 – Idem.
78
Foto 49 – Idem.
Foto 50 – Idem
79
Foto 51 – Idem.
Foto 52 – Idem.
80
Foto 55 – Idem.
Foto 57 – Idem.
Foto 58 – Idem.
83
Foto 62 - Idem
Foto 63 – Idem.
86
Foto 64 – Idem.
Foto 65 – Idem.
87
Foto 66 – Idem.
Foto 67 – Idem.
88
Foto 68 – Idem.
Foto 69 – Idem.
89
Foto 70 – Idem.
Foto 71 – Idem.
90
Foto 73 – Idem.
91
Foto 77 – Idem.
93
Foto 78 – Idem.
Foto 79 – Idem.
94
Foto 80 – Idem.
Foto 81 – idem.
95
Foto 82 – Calçadas...
Foto 83 – Idem.
96
Foto 84 – Limpeza.
Foto 86 – Idem.
Foto 89 – Idem.
99
Foto 90 – Idem.
Foto 91 – Idem.
100
Foto 93 – Idem.
101
Foto 94 – Idem.
Foto 95 – Idem.
102
Foto 96 – Idem.
Foto 97 – Idem.
103
Foto 98 – Idem.
Foto 99 – Idem.
104
ANEXO VIII
DEPOIS...
I – Registro oficial da inauguração da restauração...
______________________
Foto 127 – Dom Aldo Pagotto e Padre Moacir – Vigário da Paróquia do Divino Espírito
Santo - Cruz do Espírito Santo/PB.
119
Foto 132 – A nora e o filho de Antonio Gomes de Melo - in memoriam (do Sapé/PB).
Foto 134 – Visão interior (escuro) para o exterior (luz) da sacristia do lado direito da
Capela de Nossa Senhora do Desterro.
123
Foto 136 - Dr. Diêgo Ponce de Leon Aguiar e esposa Dra. Lariça Madruga.
124
Foto 141 – Senhor Luiz Carlos – Caio e demais membros do Terço dos Homens de
Santa Rita.
Foto 142 - Fiéis assistindo a pregação de Dom Aldo Pagotto durante a missa.
127
Foto 143 – Padre Moacir Carrero; Dom Aldo Pagotto usando da palavra; Professora
Betinha Aguiar e esposo.
Foto 144 – Dom Aldo Pagotto, Padre Moacir e fiéis do Terço dos Homens de Santa Rita
e C.E. Santo/PB.
128
Foto 145 – Dom Aldo e Padre Moacir, ambos concelebrando a Santa Missa.
Foto 149 – Dr. Francisco de Paula Melo Aguiar ( entre o Padre Moacir Carrero e Dom
Aldo Pagotto) fazendo a primeira leitura da missa.(28/09/2013).
Foto 150 – Dra. Severina Bezerra da Silva Melo Aguiar - Betinha Aguiar - (entre o
Padre Moacir Carrero e Dom Aldo Pagotto) fazendo a segunda leitura da
missa.(28/09/2013).
131
Foto 151 – Dr. Francisco Aguiar agradecendo a Dom Aldo, ao Padre Moacir Carrero e
aos fiéis pela presença na inauguração da restauração da Casa de N. Sra. do
Desterro.(28/09/2013).
Foto 152 – Fiéis diante do altar de Nossa Senhora da Conceição na Capela de N. Sra. do
Desterro.
132
Foto 155 – Dom Aldo circulando e pregando durante a missa na capela de N. Sra.
Desterro.
Foto 158 - Fiéis na parte externa entre a capela e cemitério de N.Sra. Desterro.
135
ANEXO XIX
II – Reportagem da inauguração por terceiros
136
ANEXO X
III – Pós-inauguração
138
ANEXO XI
Homenagem
Ao centenário de nascimento de meu pai
Sebastião José de Aguiar
31/01/1913 a 31/01/2013
Acesse e leia in.:
<https://www.recantodasletras.com.br/biografias/5347610>
Acesso em.: 15 Ago. 2015.
147
Foto 174 - Sebastião José de Aguiar e Maria do Carmo Melo Aguiar - In memoriam -
benfeitora, devota e zeladora da Capela de Nossa Senhora do Desterro – Meus pais
148
ANEXO XII
Homenagem Póstuma
À benfeitora da Capela de Nossa Senhora do Desterro
Severina Bezerra da Silva Melo Aguiar
-Betinha Melo Aguiar-
149
ANEXO XIII
A restauração da Capela de Nossa Senhora do Desterro foi patrocinada pelo
IESPA – Instituto de Ensino Superior da Paraíba Ltda – mantenador(a) da
FAFIL - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; e
COFRAG – Colégio Dr. Francisco Aguiar
Santa Rita - Paraíba
154
Foto 184 – COFRAG – Colégio Francisco Aguiar / 1968 (2º prédio – Rua Maria
Santiago nº 67 – B. Popular – Santa Rita – Paraíba).
155
BIOGRAFIA DO AUTOR
163
http://www.oguialegal.com/08-favelaontemehoje.htm
http://www.oguialegal.com/08-favelaemespanhol.htm
http://www.oguialegal.com/08-palavrafavela.htm