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DO
RELATORIO
APRESENTADO
POR
fSaih'M Seduyua.
3-
r,m Commissáo Scientiflca pelo mesmo M inis^So.;
y/m. >•
RIO DE JANEIRO
T Y P O G R A P H 1A NAC IO NAL
1875,
1378—75.
m o CAPIM
então de profundidade.
Cinco milhas acima dos baixos do Tatuaia, passadas
n’um só e lindo rumo, fica a affluencia do rio Gkuaimà pela
margem direita, elevando-se no terreno comprcòeií-
dido entre estee acurva do rio Capim a freguezia de S.
Domingos da Boa Yista, Fica nalat. S de I o 40' 0” e na
long. OdoObs. do Rio de Janeiro 4o 40’ 33” .
Está esta freguezia situada no ponto mais lindo
rio Capim, sobre um terreno solido, que se eleva acm
da preamar tres metros, sendo a maré ahi de 2 a 2,5,
onde a pororoca se apresenta magestosa, dividindo-se»
subindo pelo Guamá até acima de S. Miguel e pelo Ca
pim até acima do engenho do coronel Calixto, como
adiante veremos.
Sobe-se para a povoação por uma ponte de escadas,
feita em 1862, sobre a barranca, escavada ha annos pela
pororoca.
Consta a povoação de 17 casas, edificadas quasi sem
ordem, todas arruinadas, estando uma occupada por um
cominerciante nacional e outra por uma escola publica,
para 0 sexo masculino, que não é tão frequentada,
(1) ymirá, páo — hy, pequeno— tem. corruptella (te tyba, bas
tante.
(2) Corruptella de tatá e maia isto é rabo de tatü.
quanto o podia ser, por haver grande numero de crian
ças que deixam de a frequentar.
A matriz, queé a terceira que se edificou, por terem
as duas primeiras cahido, com as escavações da poro
roca, começou a edificar-se em 1786, á custa de uma
alma caridosa, o padre Manoel Gaspar da Fonseca, de
quem adiante fallarei.
E’ de pedra e cal, espaçosa para a população dahi ;
com um frontispício elegante ; com a capella mór for
rada, tendo o tecto lavores de talha dourados e pintu
ras de côres sombrias, o que faz realçar o ouro de seus
florões.
O altar-mór lambem é dourado e cheio de obras de
talha, onde se vê o estylo antigo bem representado.
Está este templo mal conservado e pouco asseiado. En
contrei aürado para um canto, da sacristia, um quadro
de quasi dous metros de altura, representando Santa
Anna, cuja pintura é demão de mestre, tal é a correc-
ção do desenho ; a disposição das cores e luz, cuja com
binação fazem realçaras massas das dobras da roupagem
com uma naturalidade e singeleza, que só um pincel
muito educado por uma cabeça onde arde o fogo do ge
nio poderia traçar.
E’ tal o estado de decadência desta freguezia que já a
lei provincial n.°736, de 27 de Abril de'1872, transferiu
a sua séde ; para o lugar denominado Ponta, despen
dendo o governo a quantia necessaria para a construc-
ção da nova matriz.
Este lugar fica tres milhas abaixo da actual fregue
zia na margem direita.
O rio com a sua curva e com a recepção do Guamá,
affecta a forma de um T, ficando a povoação no braço
superior, com frente para o inferior onde a vista al
cança um extenso horizonte. Tem abi najunççãodo
Guamá, o ido mais de I 1/2 milha de largura, o Guamá
200 metros e o Capim quasi 1 milha. Conta já esta fre
guezia 117 annos de existência ; foi fundada em 1758
pelo bispo D. frei Miguel de Bulhões, no governo de
2
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d) Anta grande.
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(1) Memorias de t>. Frei João ile S. José Queiroz, pag. 204.
(2) Candirú, uma silltiriovde deste nome, açú grande.'
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il) Sapo.
(2) Ara, arara e yuba, amaréllo.
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'1) Na antiga lingua fupy, não havia açú grande, mas sim ú,
que sendo muito aspirado como que se pronuncia açú.
Yaué; Ig. (agua), Y ; yandú, (aranha), oyanú ; yué
coara, (cova), yucuate; Nheengar , (cantar) , Yacen-
gare, e t c . , etc.
Fastidioso seria a e n n u m eraçã o comparada, das pala
vras que e n c o n trei na gíria dos Tembés, iguaes á dos
T u p in a m b á s ; bastando estas para prova de que aquel-
les indios, não são mais do que filhos de uma das su b d i
visões da t r i b u T upin am b á, que a historia nos conta.
Gomo longa vai esta descripção, passo a fazer u m r a
pido esboço geographico de todo o ri o .
Toma o rio de que trato o nome de Capim, antes Gapy
(1) da confluência dos rios S u r u b i j u (2), e Ararandeua
(3). Vindo o p r i m e i r o pela m a r g e m d ire ita e o segundo
pela esquerda. O p r i m e i r o te m a s s u a s nascentes em terras
paraenses p r o x i m a s às cabeceiras do G urupy e o segundo
em t e rr a s de Santa Thereza do Maranhão. Noticias exac
tas não ha sobre estes dous rios não explorados, porque
da viagem de Francisco N unes nada se sabe. Em 1873
ten to u fazer um re c o n h e c im e n to no rio Surubiju o en
g e n h e ir o belga Alberto Blochausen, e por elle subiu
até ao rio S a ra p u h y (4) onde foi m o rto pelos Amanagés
em Dezembro do m esm o an n o , assim como o missionário
F rei Gandido de H e re m e n c e que o acompanhava. Ia não
sólevantando a p lan ta do rio como explorando suas r i
quezas.
De um a pequena carta achada em uma garrafa que
descia rio abaixo d irig id a á sua m u l h e r D. Honorata
F u rtad o Blcchausen, só colhi que com 11 dias de viagem
da confluência, e n c o n t r a r a m - s e 5 i fozes de igarapés. De
uma outra ca rta, que a n a t u re z a é toda differente; as
m argens são todas m o n ta n h o s a s, as curvas m uito r a p i
das, a c o r r e n t e m u i to fo rte , não é enc achoe irado,
(1) Gapy, Capim, contracção tie caa, plaeta pe, talo e hy,
uno por pequeno isto é, planta de talo fino.
(2) Corruptella de Suruby-u, ou Surubyaçú, isto é Suruby,
peixe deste nome e açú, grande.
(«) Arara, passaro do gênero Ara e deua, abundante.
(4) S a r a p ó , peixe do genero Garapús e hy pequeno.
afc im d á a c a ç a e è h a b i t a d o p e l o s g e n t i o s U a y à y à s o u
rn a h trL Do A r a r a n d e u a , n ã o t i v e i n f o r m a ç . 0 a l -
G u a ja ja ra s. que pelas c a b e c e i r a s d e s t a s ,
Z a - J pel do G urupy, e vai-se às do P i n a r é que
mais ou menos parallelo ao T o c .n t .n s , e qu e e h a -
t i £ S 3 « r . h,bir c « S; t
T e n ò s o e S l o a r e s , m a n d a d o s e m 1632 p e l o s u p e r n o , ■
Ü) Ninho de Jacaré.
(2 ) Porquinho.
(3) Boya, cobra e yuru boca.
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