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HISTÓRIA DO CEARÁ

CEARÁ – A Fundação das Vilas

Em 1612, sob o comando de Martim Soares Moreno (considerado posteriormente o "fundador" do Ceará),
foi construído, às margens do Rio Ceará, o Forte de São Sebastião, local conhecido atualmente como Barra
do Ceará (divisa entre os Municípios de Fortaleza e Caucaia).

A colonização da região, iniciada no século XVII, foi dificultada pela forte oposição das tribos indígenas e
as invasões de piratas europeus. Só tomou impulso com a construção, na embocadura do riacho Marajaitiba,
do forte holandês Schoonenborch, que em 1654, foi tomado pelos portugueses e passou a ser chamado
Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Em volta dessa Fortaleza formou-se a segunda vila do Ceará, a
vila do Forte, ou Fortaleza. Depois de muita disputa política entre Aquiraz (primeira vila cearense) e
Fortaleza, a última passou a ser a capital do Ceará, oficialmente a partir de 13 de abril de 1726 (Data em que
se comemora o aniversário da cidade).

Houve duas frentes de ocupação do território cearense: a do sertão-de-fora, controlada por pernambucanos
que vinham pelo litoral; e a do sertão-de-dentro, dominada por baianos. Graças à pecuária e aos
deslocamentos de pessoas das áreas então mais povoadas, praticamente todo o Ceará foi ocupado ao longo
do tempo, levando ao nascimento de várias cidades importantes nos cruzamentos das principais estradas
utilizadas pelos vaqueiros, como Icó. Ao longo do século XVIII, a principal atividade econômica cearense
foi a pecuária, levando muitos historiadores a falarem que o Ceará se transformou em uma "Civilização do
Couro", pois a partir do couro se faziam praticamente todos os objetos necessários à vida do sertanejo
através de um rico artesanato.

O comércio do charque foi decisivo para a vida econômica do Ceará ao longo do século XVIII e XIX. Com
ele passou a existir uma clara divisão do trabalho entre as regiões do Estado: no litoral se encontravam as
charqueadas e, no sertão, as áreas para criação de gado. O charque também permitiu o enriquecimento de
proprietários de terras e de comerciantes, bem como o surgimento de um pequeníssimo mercado interno
local. Durante o auge do comércio do charque, a principal cidade cearense foi Aracati, de onde eram
exportadas mas também floresceram outros centros regionais, como Sobral, Icó, Acaraú, Camocim e Granja.
A era do charque finda-se depois das secas de 1790/93, período de grandes secas que devastaram o estado e
impossibilitaram a continuação da pecuária cearense. Com este evento a produção do charque mudou para o
Rio Grande do Sul.

Outras cidades nasceram a partir de aldeamentos indígenas, onde os nativos (isto é, o que restava deles)
eram confinados sob o controle de jesuítas, responsáveis por sua catequização e aculturação. Este foi o caso
de cidades importantes como Caucaia (outrora chamada Soure), Crato, Pacajus, Messejana e Parangaba (as
duas últimas atuais bairros de Fortaleza). Os indígenas cearenses foram, em sua maior parte, massacrados,
embora tenham resistido até o início do século XIX. Um dos maiores exemplos de sua resistência foi a
Guerra dos Bárbaros, na qual indígenas de diversas tribos (Kariri, Janduim, Baiacu, Icó, Anacé, Quixelô,
Jaguaribara, Kanindé, Tremembé, Acriú, etc.) se uniram para lutar contra os conquistadores, resistindo
bravamente durante quase 50 anos.

O Ceará torna-se administrativamente independente de Pernambuco em 1799. Nas décadas anteriores, o


cultivo do algodão começou a despontar como uma importante atividade econômica, gerando um período de
prosperidade para a capitania. Com a recuperação da cotonicultura dos Estados Unidos da América, o
algodão e o próprio Ceará entraram em crise, o que explica o envolvimento de cearenses na Revolução
Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador.
O Ceará Império - Movimentos independentistas

O século XIX também foi marcado por alguns movimentos revolucionários e conflitos. Em 1817, alguns
cearenses, liderados pela família Alencar, apoiaram a Revolução Pernambucana. O movimento, no entanto,
ficou restrito ao Cariri e, especialmente, à cidade do Crato, e foi rapidamente sufocado. Em 1824, já após a
independência, os mesmos ideais republicanos e liberais apareceram num movimento mais amplo e
organizado: a Confederação do Equador. Aderindo aos revoltosos pernambucanos, várias cidades cearenses,
como Crato, Icó e Quixeramobim, demonstraram sua insatisfação com o governo imperial. Após choques
com o governo provisório controlado pelo Imperador Dom Pedro I, foi estabelecida a República do Ceará
em 26 de agosto de 1824, tendo Tristão Alencar como presidente do Conselho que governaria a província. A
forte repressão das forças imperiais, no entanto, derrotaram rapidamente o movimento rebelde devido a
diversos motivos: a superioridade militar das tropas do governo imperial; a pouca participação popular; as
principais lideranças terem sido presas ou mortas.

Outro conflito que se destacou na história cearense foi a Sedição de Pinto Madeira, um violento conflito
entre a vila do Crato, liderada por liberais republicanos (com maior destaque para a família Alencar), e a de
Jardim, praticamente dominada por Pinto Madeira, de caráter absolutista e autoritário. As duas elites locais
disputavam pelo controle político do Cariri cearense. Por fim, os cratenses contrataram o mercenário francês
Pierre Labatut e, reagindo com um exército formado por sertanejos humildes, renderam os jardinenses. Pinto
Madeira foi julgado sumariamente no Crato, após ser considerado culpado pela morte do liberal José Pinto
Cidade.

Também no século XIX, o Ceará sofreu um verdadeiro boom econômico durante o período da Guerra de
Secessão (1861-1865) nos EUA, que, afetando a cotonicultura norte-americana, abriu o mercado mundial
para o algodão cearense. Foi nesse período que Fortaleza desbancou Aracati do posto de cidade principal do
Ceará: o algodão substituía o charque em importância econômica. Porém, a Grande Seca(1777/78/79),
interfere na agricultura do algodão, Fortaleza foi invadido pelas vítimas da estiagem, uma grande parte da
população cearense emigra para a Amazônia e assim contribui no boom do primeiro Ciclo da Borracha. E
partir desta seca o Ceará passa a ser fator de atenção dentro da política nacional. Depois do outo período de
seca o Império iniciaram projetos sociais e de infraestrutura (Açude do Cedro), para amenizar as
consequências das estiagens, fato que resultou com criação da Comissão de Açudes e Irrigação (atualmente
DNOCS).

Vítimas das secas de 1877/1878, no Ceará - Brasil No século XIX, um movimento de grande importância
aconteceu no Ceará: a campanha abolicionista, que aboliu a escravidão no Estado em 25 de março de 1884,
antes da Lei áurea, que é de 1888. Foi, portanto, o primeiro estado brasileiro a abolir a escravatura. Dentro
do Ceará, o primeiro município a abolir a escravatura foi Acarape, que depois do evento, passou a ser
chamado de Redenção. O abolicionismo foi favorecido pela pouca importância da escravidão na economia
cearense relativamente às outras regiões do Brasil. Contou com o apoio da Maçonaria e até mesmo de
grupos formados por mulheres da elite do Estado. Além da pequena quantidade de escravos, quando da
campanha abolicionista, muitos escravos eram vendidos para o trabalho em outras províncias com maior
demanda de trabalho compulsório. Pela grande dificuldade em atracar navios, devido ao mar bravio, a
capital cearense era um péssimo ancoradouro, o que fazia dos jangadeiros um elemento de suma importância
para a economia local, já que o embarque e desembarque no porto de Fortaleza tinha que ser feito por meio
de embarcações pequenas e insubmersíveis conhecidas como jangadas, e a forte campanha abolicionista, em
1881, convenceu os jangadeiros cearenses a não mais realizar o transporte de escravos para terra firme. Sob
o lema "No Ceará não se embarcam mais escravos", o movimento, comandado pelo jangadeiro Francisco
José do Nascimento, o "Dragão do Mar", hoje nome de um centro cultural da cidade de Fortaleza, ganhou
significativa simpatia da população cearense.

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