Você está na página 1de 6

Causas da Independência do Brasil

A Independência do Brasil ocorreu a partir do desencadeamento de uma série de fatores.


Por isso, o termo correto a ser empregado é processo.

Dentre os principais fatores que geraram o processo de independência. A começar pelo


desentendimento entre os deputados portugueses e brasileiros nas Cortes de
Lisboa. Com a elevação do Brasil de Colônia a Reino Unido a Portugal e Algarves,
deputados brasileiros passaram a atuar também nas Cortes portuguesas.

Isso gerou diversos atritos com os lusitanos, que não viram com bons olhos a autonomia
política que o território brasileiro vinha ganhando.

A vontade da elite econômica brasileira em acabar com o monopólio comercial


português, instaurado desde o início da colonização, foi outro fator. Monopólio
comercial ocorre quando uma única empresa ou grupo de empresas é autorizado a
comercializar determinado tipo de produto.

O Exclusivo Metropolitano (ou Pacto Colonial) obrigava o Brasil a comprar produtos


industrializados apenas de algumas empresas portuguesas, o que elevava o preço final
dos itens comercializados na Colônia.

Essa prática era comum entre países colonizadores, pois beneficiava uma pouca
quantidade de comerciantes portugueses, que teriam autorização para comprar e vender
produtos no Brasil.

Tanto na Europa quanto no continente americano, as ideias iluministas a respeito da


liberdade dos povos ecoaram no Brasil e influenciaram movimentos separatistas
contrários ao absolutismo português, como Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana e
Revolução Pernambucana de 1817.

A Guerra da Independência
Revista das tropas brasileiras destinadas a combater os rebeldes em Montevidéu. Óleo
sobre papel colado sobre tela (41,6 x 62,95 cm) de Jean-Baptiste Debret. Domínio
público, Pinacoteca de São Paulo
AGuerra da Independência, ocorrida entre 1822 e 1824, representou a luta dos patriotas,
aqueles que, imbuídos de um forte nativismo, se contrapunham à recolonização
proposta pelas Cortes portuguesas.

Oficializada a separação política de Portugal, a Independência não foi aceita


imediatamente por todos. Governadores de algumas províncias resistiram a aceitar a
separação, apoiados pelas tropas militares portuguesas. Embora o Sul permanecesse
coeso, nas províncias do Norte – Maranhão e Grão-Pará –, na Bahia, no Mato Grosso e
nas Províncias Unidas do Prata houve lutas entre partidários de Portugal e os defensores
da Independência do Brasil. Essas províncias contavam com grande número de tropas e
comerciantes portugueses com interesses muito mais ligados a Portugal do que ao Rio
de Janeiro. Além disso, muitos ressentimentos acumulados contra a "nova Lisboa"
faziam com que as juntas governativas permanecessem ligadas às Cortes de Lisboa.

Como as forças militares brasileiras não formassem ainda uma tropa bem treinada, era
necessário organizá-las. Providenciou-se a compra de armas, de navios e foram
recrutados militares estrangeiros, franceses e ingleses, que atuaram como mercenários.
A ajuda das milícias populares, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, foi muito
importante na luta contra os portugueses.

Na Bahia, em inícios de 1822, a população se rebelou contra as tropas portuguesas


comandadas por Madeira de Melo, cercando a cidade de Salvador. Apesar do envio de
tropas do Rio de Janeiro, lideradas pelo brigadeiro francês Labatut, os rebeldes não
conseguiram vencer os portugueses, que, por seu lado, também receberam reforços, mas
ficaram isolados em Salvador. Nessa ocasião, os soldados portugueses invadiram o
Convento da Lapa, em busca de "patriotas" escondidos, assassinando a madre superiora,
irmã Joana Angélica, que tentou impedir a invasão.

A baiana Maria Quitéria lutou ao lado de outros guerrilheiros em prol da independência.


Detalhe de gravura de Augustus Earle e Edward Finden, originalmente publicada em
1824, no Journal of a Voyage to Brazil, de Maria Graham. Domínio público
Os patriotas retiraram-se para o interior, dominaram todo o Recôncavo Baiano,
controlando inclusive a Ilha de Itaparica. Nesses grupos de guerrilheiros voluntários
estava Maria Quitéria de Jesus Medeiros, filha de um fazendeiro do interior, que teve
atuação importante na luta contra as tropas de Madeira de Melo, recebendo, mais tarde,
a medalha da Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul.
Em maio de 1823 chegou à Bahia uma esquadra comandada pelo almirante Lord
Cochrane. As tropas de Madeira de Melo não tinham mais condições de resistir.
Ameaçadas pela fome, pois com o Recôncavo dominado pelos "patriotas" era cada vez
mais difícil conseguir alimentos, deixaram Salvador no dia 2 de julho, data em que, na
Bahia, se comemora a Independência.

As províncias do Norte, formadas pelo Maranhão, Piauí e pelo Grão-Pará, estavam mais
ligadas a Portugal do que às províncias do Sul. Assim, quando foi proclamada a
Independência, preferiram se manter fiéis a Lisboa. Em São Luís, capital do Maranhão,
a esquadra de Lord Cochrane ameaçou bombardear a cidade, conseguindo a rendição
dos portugueses em 28 de julho de 1823. No Piauí, as tropas de João da Cunha Fidié
foram derrotadas e a província aderiu à Independência por volta de agosto do mesmo
ano.

Na província do Grão-Pará, mesmo antes da Independência já havia lutas entre a


população e a junta governativa. O ano de 1823 marcou o auge dos conflitos. Quando o
navio Maranhão, comandado por Lord Grenfell, chegou à costa paraense, trazendo a
notícia da chegada da esquadra do almirante Cochrane, a população invadiu o palácio
do governador, demitiu a junta e entregou o poder provincial aos líderes populares.
Grenfell reprimiu violentamente a população e seus líderes. Muitos foram fuzilados, e
cerca de 300 prisioneiros foram colocados no porão de uma embarcação com escotilhas
fechadas e cal jogada sobre eles. Todos morreram asfixiados.
Tropa brasileira, em 1823, desfilando vitoriosa pelas ruas de Salvador, depois da
rendição das forças portuguesas. Óleo sobre tela de Prisciliano Silva, 1930. Domínio
público, Pinacoteca do Memorial da Câmara Municipal de Salvador
Nas Províncias Unidas do Prata, as forças da junta estavam divididas. Os favoráveis às
Cortes, chefiados por D. Álvaro da Costa, obrigaram os partidários da Independência a
retirar-se de Montevidéu. Após a vitória sobre as forças de Madeira de Melo, na Bahia,
o almirante Cochrane enviou à Cisplatina cinco navios, que bloquearam Montevidéu.
Em fins de 1823, as tropas portuguesas foram expulsas.
Com o término da Guerra da Independência, todas as províncias estavam incorporadas
ao Império brasileiro, o que, no entanto, não significou o fim das rivalidades entre as
forças favoráveis a Portugal

Você também pode gostar