A ocupação do nordeste colonial ocorreu em virtude da instalação de
atividades produtivas e procurando evitar as invasões estrangeiras, além de catequizar e combater a resistência indígena. ✓ O primeiro donatário da atual região do Ceará foi Antônio Cardoso de Barros, que recebeu a capitania de Siara Grande. ✓ A primeira expedição colonizadora à região aconteceu em 1603, com o capitão Pero de Coelho. Conquistou a região da Ibiapaba após vencer alguns franceses que haviam invadido a capitania. Ao retornar à barra do Rio Ceará, construiu o Fortim de São Tiago, em 1604. ✓ Em 1611, Martins Soares Moreno aliou-se aos índios potiguares e construiu o Forte São Sebastião. Moreno foi o segundo capitão-mor do Ceará e participou da expedição colonizadora de Pero Coelho. Também lutou contra os holandeses após estes tomarem o Forte. ✓ Uma provisão régia de 30 de junho de 1698 determinava que os pecuaristas levassem seus gados para o interior, uma vez que eles davam prejuízos aos lavradores do litoral cearense. Com isso, a economia pecuarista, apesar da pequena rentabilidade no litoral, deu sentido à ocupação do interior nordestino. ✓ A movimentação dos colonizadores na região do Ceará ocasionou a chamada Guerra dos Bárbaros (ou Confederação dos Cariris), entre a segunda metade do século XVII e a primeira do XVIII. Representa a resistência indígena à ocupação dos portugueses em suas terras, além da ação dos europeus, que escravizavam os nativos. ✓ A presença holandesa no norte pernambucano, no RN e no Ceará foi violenta, sendo que ocorreram vários massacres e conflitos religiosos. Os holandeses tomaram o Forte de São Sebastião, mas em 1644 os indígenas tomaram o Forte e o destruíram. ✓ Em 1649, Matias Beck, administrador holandês, lutou contra nativos e construiu um Forte para abrigar sua tropa, conhecido como Forte Schoonenborch, embrião da atual cidade de Fortaleza. Entregou a administração do Ceará em maio de 1654. ✓ Ao longo dos primeiros 40 anos de colonização cearense, a construção das vilas possibilitou a centralização do poder e tomadas de decisões nas mãos do governo português, que articulou a organização espacial pensando no desenvolvimento da economia e sociedade. ✓ O primeiro caminho cearense utilizado pelos colonizadores é chamado de Estrada Velha, que surgiu com o objetivo de ligar as regiões do Maranhão e Pernambuco também por terra. ✓ Com exceção de Aquiraz e Fortaleza, presentes no litoral, a estrutura organizacional das localidades produtivas e comerciais cearenses se manteve até meados dos primeiros anos do século XIX em regiões estratégicas para a pecuária. ✓ A situação social e econômica da capitania do Ceará passou a se modificar a partir do ano de 1799, por meio de sua independência em relação a Pernambuco. ✓ No ano de 1812 foi nomeado para governador do Ceará o português Manuel de Sampaio e Pina Freira, esse que veio a reunir literatos incentivando a produção das artes e projetos de Silva Paulet para a urbanização da capital. A família real portuguesa estava no país desde 1808 e isso deu início ao nosso processo de independência do Brasil, em 1822.
RESUMO PERÍODO IMPERIAL
✓ Com a transferência da Corte Portuguesa ao Brasil, em razão das invasões napoleônicas em Portugal, no ano de 1807, a família real portuguesa chegou ao Brasil e parte da esquadra em que estava D. João VI, devido a uma tempestade, foi direcionada à baía de Todos os Santos, em 22 de janeiro de 1808. ✓ Uma das primeiras medidas adotadas pela Corte no Brasil foi a abertura dos portos às nações amigas, para que os navios de outras nações entrassem no porto da Bahia. Em 28 de janeiro de 1808, o decreto assinado por D. João colocava fim ao pacto colonial e abria os portos brasileiros ao livre comércio. ✓ O Ceará havia se envolvido em relações conflituosas no decorrer do século XIX, em movimentos insurrecionais, como o da República de Crato, no ano de 1813, marcado pelas ideias liberais em que tinha como referência a família cratense dos Alencar. Porém, esse movimento foi reprimido pelo então governador do Ceará, Manuel Inácio de Sampaio. ✓ Em 1824 ocorreu a chamada Confederação do Equador, que buscava a implantação do sistema republicano e a separação do Brasil. Entre os fatores da Confederação do Equador estão a condição da recém-independência do Brasil, a presença de uma Constituição centralizada nas mãos do imperador com plenos poderes, crise na produção da cana de açúcar e do algodão e a insatisfação do povo nordestino, principalmente de setores da elite influenciados por ideias liberais. ✓ As ideias liberais chegaram ao Ceará, sobretudo na região do Cariri com participação ativa da família Alencar sobre influência da dinâmica social pernambucana. ✓ No ano de 1825, além da família Alencar, ganha destaque a figura de Tristão Gonçalves, um liberal que, por meio de um golpe, chegou à chefia do governo cearense. Com a decadência do movimento separatista, Tristão foi morto pelas tropas imperiais, sendo que os conflitos terminaram com a Revolução Pintista, tendo como referência Pinto Madeira, que objetivava o retorno da monarquia. ✓ Nas terras cearenses a presença da economia pecuarista era seguida pelo setor algodoeiro, tendo seu auge de produção no momento em que passou a abastecer o mercado interno e o externo com grandes exportações entre os anos de 1861 e 1865. ✓ A implementação das ferrovias cearenses por um grupo de comerciantes liderados pelo senador Thomaz Pompeu possibilitou auxiliou expansão das informações da influência política. A primeira estação de Fortaleza foi inaugurada no ano de 1873, tendo seu primeiro trecho (sete quilômetros) ligando o centro da capital à cidade de Parangaba, também chamada de Arrouches. Já no ano de 1877, o grupo do senador passa por dificuldades financeiras e deixa a administração da Companhia Cearense da via férrea de Baturité S/A por conta do império, que no ano posterior inicia a estrada de Ferro de Sobral. Essas linhas férreas auxiliam fortemente a expansão do comércio cearense do algodão. ✓ A estruturação e funcionalidade social do império cearense perpassava pela questão de identidade, em que os membros das elites e dos cargos institucionais utilizavam a ideia de “nós” e “os outros”, garantindo privilégios nas fragilidades da lei e nas relações econômicas e políticas, na qual estabeleceu um certo tipo de autocracia em que não restringia o uso da violência para garantir sua posição e privilégios sociais. ✓ O Ceará passou a construir seu espaço político no país a partir do momento em que começa a estruturar sua aparelhagem pública (Assembleia Provincial, polícia pública, poder legislativo com maior autonomia) no decorrer do século XIX. ✓ A autoridade existente principalmente nas regiões interioranas ficava nas mãos dos senhores de terra, sendo caracterizada pela informalidade, em que através da herança da tradição municipalista ibérica, esses chamados “homens bons” exerciam a função de autoridade local. ✓ O surgimento do Estado no Brasil e no Ceará se deu através da mediação da família parental, que por meio de suas imposições e vontades veio a organizar as regiões interioranas. ✓ A particularidade do Ceará era sua grande divisão territorial entre ilhas, fazendas, pequenas povoações e vilas em que havia uma minoria branca e rica e o restante formado por caboclos e pardos submetidos a um paternalismo que os colocava em condições de servidão. ✓ A família Alencar veio a participar da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador em 1824, depois aderiram à legalidade, tendo como destaque Martiniano de Alencar, que participou de forma direta na montagem da máquina pública provincial. Ainda sob influência dessa família, criou-se a Lei n° 13 de 24 de maio de 1835, na qual estabelecia a criação do Corpo Policial do Ceará, que posteriormente deu origem à polícia militar. ✓ A junção entre os Paula, Pompeu e Accioly promoveu uma tríade de oligarquias familiares que participaram ativamente da política provincial. ✓ Durante o período imperial, três ciclos de secas aconteceram (1844- 1845; 1877-1879; 1888), sendo este um fenômeno natural caracterizado pela falta de chuva no Nordeste brasileiro. Suas características climáticas exerceram grande influência na estrutura social, política e econômica do Ceará. ✓ Além da ênfase na economia cafeeira ocorreu também a decadência da produção açucareira e da pequena agricultura na região nordeste devido à concorrência vinda do comércio do açúcar das Antilhas, ficando então a região do Ceará em segundo plano em relação aos interesses e investimentos econômicos feitos pelo imperador. ✓ A postura de marginalização do governo imperial em relação ao Ceará provocou o surgimento de interesses da elite local, sendo que durante o século XIX as Assembleias Provinciais e Legislativas foram transformadas em ferramentas para uso dessa elite, pois transformaram o problema da seca em um negócio que, através de manipulação e trocas de favores, gerou dominação local, poder político e lucros, surgindo assim a indústria da seca. ✓ As atividades produtivas e econômicas cearenses, como a pecuária, eram exercidas por vaqueiros (nativos, homens livres e pobres) que trabalhavam por meio do sistema de quarteação (pagamento em cabeças de gado) e que depois de algum tempo de serviço poderiam prestar contas, recolher suas reses e se deslocar para outras regiões. ✓ Essas atividades não exigiram grande montante de mão de obra escrava, estimulando um tráfico pequeno e indireto entre as áreas de São Luís e Recife. Outro fator relacionado à baixa presença de escravos está ligado à problemática da seca, que provocava constantes prejuízos aos donos de terras e aumentava o custo da manutenção dos escravos. ✓ A campanha pela Abolição no Ceará ganhou intensidade, surgindo as associações emancipacionistas por toda a província. O abolicionismo foi um movimento urbano com envolvimento de setores médios da população, que posteriormente tiveram respaldo na Câmara dos Deputados e no Senado. Nesse movimento podemos citar entidades como a Sociedade Perseverança e Porvir (1879), composta por comerciantes que compravam cartas de alforria, a Sociedade Cearense Libertadora, o Centro Libertador (1882) e a Sociedade das Senhoras Libertadoras. ✓ Embora a abolição não tenha sido feita de forma incisiva no Ceará, pois ainda havia a existência de escravos na região de Milagres até 1889, formalmente a província decretou o fim da escravidão em 25 de março de 1884, sendo então chamada de “Terra da Luz”. ✓ Outro movimento que veio a colaborar com o abolicionismo foi o dos trabalhadores do mar (Jangadeiros), responsáveis pelo embarque de mercadorias e escravizados no porto da capital. Em 27 de janeiro de 1881, promoveram uma greve em que estabelecia a proibição de escravos, atingindo diretamente o tráfico interprovincial de escravos. Destacam o nome de seus líderes Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, que seria chamado de “Dragão do Mar” e José Luís Napoleão que tiveram apoio da maioria da população presente no porto do Mucuripe. ✓ Os grandes períodos de seca, a queda dos preços dos escravos e as agitações urbanas compostas por diferentes grupos resultaram em um emaranhado de circunstâncias que vieram a concretizar a abolição no Ceará.
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