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CAMPOR LARGO, PRIMEIRO NÚCLEO DE CIVILIZAÇÃO

À margem esquerda do Rio Grande, em uma área totalmente plana, onde nenhuma
montanha se avista, a 80 km de onde depois surgiria Barreiras, foi fundado Campo
Largo, que abrangeria, durante dois séculos, toda a administração da nossa área, até as
fronteira de Goiás. Desse primeiro núcleo civilizador, criado pó D. João de Lancastre, os
colonizadores pernambucanos e baianos foram espalhando por toda a nossa Região,
fundando povoados que depois evoluíram, transformando-se nas atuais cidades.
Primeiro município da Região, Campo Largo, possuía todos os órgãos administrativos:
Intendência (prefeitura), Conselho Municipal (Câmara) e era sede da comarca do Rio
Grande, Possuindo os primeiros cartórios e gerida por juiz de direito e promotor. Até
fins do século passado era em Campo Largo que se faziam as eleições para escolha dos
deputados e senadores da corte de D. Pedro II e até para casar-se no civil era
necessário ir ao cartório de Campo Largo. Também de lá partia a administração
religiosa, possuindo Vigário residente. Desse passado conservou-se apenas a belíssima
igreja, em estilo tão diferente das que foram construídas, séculos depois, nas outras
cidades da região: o altar da igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Campo Largo,
feito estilo colonial, foi esculpido em madeira e primorosamente policromado por
mãos de artistas, sendo, inclusive, pintado a ouro, do que restam alguns vestígios. O
artista plástico barreirense, Agamenon Amorim, que foi encarregado pelo festeiro de
1991, Alberto Lins, de fazer uma recuperação nesse altar, dos estragos produzidos pelo
tempo, admirou-se de que, na sua construção, que vai do piso ao teto, todas as peças
são encaixadas e podem ser desmontadas. A data dessa reforma, que incluiu toda a
igreja, foi escrita no coro, ao lado da referência a uma outra, feita 1888,por iniciativa
do vigário Jose Soares Portela, que constituiu uma comissão para proceder à reforma
da igreja e solicitou por ofício de 22 de outubro de 1886 uma ajuda ao governo do
Estado. Conservou-se uma carta, de 1887, dirigida por um órgão estadual a essa
comissão, encaminhando o donativo de um conto de réis, o que atesta importância
que a região já tinha.
Havia também em Campo Largo o quartel do comando da 65ª brigada da
Guarda Nacional da Comarca do Rio Grande, destacamento policial e professor
público. Infelizmente, já em nosso século, serias disputas políticas levaram de Campo
Largo, para Cotegipe, a sede do município, e, com o passar dos anos, o edifício da
intendência e outros sem manutenção, desabaram, restando apenas à igreja como
testemunho da civilização que já existiu ali. Campo Largo perdeu até o nome, por
determinação estadual (estendida a muitas outras localidades antigas da Bahia),
passando a se chamar Taguá.
Pelo seu porto, descendo o rio exportavam-se cera de carnaúba, carne seca,
cereais; eram importados medicamentos, sal, tecidos e outros produtos farmacêuticos,
do que serve de testemunho os documentos de lojas ali existentes, conservados pelos
familiares desses comerciantes , como Pompílio Camerino da Costa. Hoje não existem
lojas em Taguá, cessou a exportação e só os sinos da matriz e a festa de Nossa Senhora
do Rosário, quando são representadas as cerimônias tradicionais, a 26 de dezembro,
fazem recordar que foi ali que começou a civilização na zona de Barreiras.
Subindo o rio, ultimo porto ficava poucos km acima de Barreiras, era na fazenda
Limoeiro, da família do Cel. Severino Angelo.
Aos poucos, outros povoados foram se desenvolvendo e obtendo do governo
estadual a sua emancipação de Campo Largo: primeiro foi Angical, que levou junto
Barreiras: em seguida Barreiras se emancipou de Angical, a 26 de maio de 1891,
levando os outros núcleos, como São Desidério, Catolândia, e Baianópolis, que se
desmembraram de Barreiras há 30 anos. Assistimos, hoje, à luta de Mimoso para se
destacar de Barreiras, e, em São Desidério, é o Sitio do Rio Grande que pretende sua
independência administrativa e política.

DISPUTA PELO SÃO FRANCISCO

Pernambuco não concorda em perder esse território de grande fertilidade e em 1718,


após varias gestões, o Capitão General de Pernambuco obtém da coroa portuguesa a
anexação de todo vale do São Francisco, tendo-se aí instalado, em 1810 a Comarca do
Sertão de Pernambuco, que abrangia até Carinhanha, na fronteira com Minas Gerais.
Anos depois, essa comarca é dividida em duas com nome de Comarca do Rio São
Francisco e Alto Sertão do Rio São Francisco, continuando pertencentes a Pernambuco
até 1817, quando os pernambucanos organizaram uma revolução que pretendia
proclamar a independência de Pernambuco do domínio português. Em represália, a 28
de maio de 1817 foram as duas províncias anexadas a Minas Gerais. Durou pouco,
porém, o domínio mineiro, pois eram as dificuldades de transporte até a capital, Ouro
Preto, que impossibilitavam a administração, de forma que outro decreto, de julho do
mesmo ano, reincorporou toda comarca a Pernambuco, em caráter administrativo e
religioso, ficando, porém, a esfera judicial sob administração da Bahia. Após a
independência do Brasil, a província de Pernambuco opôs-se ao governo prepotente
de D. Pedro I com a revolta que criou a Confederação do Equador, pretendendo sua
independência. Após dominar os rebeldes, o imperador, em represália, reincorporou a
Minas Gerais a comarca do São Francisco, em 1824. Como persistissem as dificuldades
de transporte que inviabilizavam a administração mineira, por decreto de 1827. Foi a
comarca do São Francisco anexada a Bahia gerando disputa com Pernambuco, pois
com esse decreto, a Bahia passou a ter o governo da região, na esfera administrativa e
judicial, ficando para Pernambuco apenas a esfera eclesiástica, até que, em 10 agosto
de 1853, também passou para a Bahia.
PROVÍNCIA DE SÃO FRANCISCO

Distante das capitais de Minas, Pernambuco e até da Bahia, a Região do São Francisco
passou a ambicionar sua emancipação, ainda no tempo do
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valcanti, deputado pernambucano, mas nem sequer teve tramitação. Outro projeto
apresentado por deputados da Bahia também não foi aprovado e no livro de 1888,
Província da Bahia, vemos que, mesmo após sua derrota, é criticado, do ponto de vista
da diminuição do território e riquezas da Bahia. Na constituinte de 1988, novamente
surgi a idéia, com projeto de criação do Estado de São Francisco, pelo deputado de
Rondônia, José Viana, descendente de baianos, atendendo a solicitação do barreirense
Marlan Rocha. Paralelamente, entraram projetos de Pernambuco e Minas Gerais,
reivindicando a anexação da região, não sendo nenhum deles aprovado.
Mais de cem anos de lutas pela autonomia de nossa região, que embora no
Nordeste, difere do padrão normal, destino, tem seu ecossistema único e necessita de
uma administração em sintonia com os problemas e a realidade local. Símbolo disso a
necessidade que temos da implantação de uma universidade que, iniciando-se pela
faculdade de agronomia, fosse a geradora de soluções adaptadas a nosso contexto,
tornando-se a matriz de idéias economicamente viáveis para aproveitamento das
riquezas próprias da nossa zona. Do Campus dessa universidade brotariam as
pesquisas que seriam concretizadas em empresas para aproveitar de forma racional
todas as nossas potencialidades, convertendo-se em pólo de desenvolvimento, mais
estável que fatores que deram origem aos diversos ciclos econômicos já vividos por
nós.

A CASA DA TORRE E A CASA DA PONTE

Nenhum aspecto é mais difícil à compreensão dos estudantes barreirenses que o papel
das sesmarias: estas eram grandes concessões, isto é, doações de terra feitas pelos
governantes portugueses àqueles homens que dispusessem a vir colonizar essas áreas,
empregando seus próprios recursos, dedicando-se ao empreendimento, que se
tornava, assim, do maior interesse pela corte de Lisboa, pois assegurava, para
Portugal, o domínio das terras do Brasil, que vinha sendo invadidas e disputadas por
franceses e holandeses. Com progresso das sesmarias, eram sempre ampliadas pelas
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