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Texto: Não se fazem pais e mães como antigamente

Nilza Rocha Féres

                
          A presença e a importância da família são uma verdade
indiscutível, enquanto a sua forma varia ao sabor dos tempos,
representando os atores – pai, mãe e filhos – papéis os mais
diversificados, que nem sempre se assemelham aos da família
patriarcal da tradição clássica. Nesta, o pai, marido da mãe, cabeça
do casal, é o único responsável pela sobrevivência financeira e pelo
destino de todos.
          Transformações sociais, econômicas e políticas modificaram
este quadro, desenhando um outro perfil da família, onde o divórcio
e as separações vieram modificar e escrever um outro roteiro,
distribuindo novos papéis e diferentes formas de representação.
Neste novo cenário, encontramos mulheres trabalhando e
sustentando a família, enquanto o homem desempenha tarefas
domésticas e se reveza na criação e educação dos filhos. A
sociedade e mesmo a indústria já se organizaram e produzem
serviços para atender a pais e mães solteiros e a filhos que não
moram com o pai e a mãe sob o mesmo teto.
           Quando se veem pais ou mães solteiros cuidando sozinhos
dos filhos, sem auxílio de avós, tias ou outros parentes, é o caso de
indagar se este estilo já foi incorporado pela sociedade.
            Pesquisas norte-americanas mostram o grande crescimento
do número de homens criando filhos e desempenhando tarefas
domésticas, que normalmente eram consideradas femininas,
indicando, também, o surgimento de novas organizações e grupos
para atender às suas demandas, bem como a criação de página na
Internet para ajuda-los no desempenho de suas tarefas.
Informações como conseguir babás, creches e como lidar com os
problemas domésticos e conciliar criação de filhos e desempenho
profissional em suas carreiras já se tornaram assunto de homem.
            Por conseguinte, podemos dizer que é agora que os
resultados dos movimentos feministas estão aparecendo, embora
não se saiba com certeza se eram os previstos, pois tais efeitos têm
assustado algumas mulheres, mesmo aquelas a favor do
feminismo, diante deste novo homem que está disposto a trocar de
lugar com elas em casa desempenhando tarefas domésticas e
cuidando dos filhos, enquanto elas vão à luta em suas profissões ou
em empregos. Três décadas após a revolução feminista é que tanto
o homem quanto a mulher começam a se dar o direito de lidar com
mais tranquilidade com esses efeitos. Papéis e comportamentos
que foram considerados exceção no passado, na atualidade se
tornam a regra, quando o casamento e direitos igualitários passam
a ter uma função educadora nos relacionamentos, de acordo com
as pesquisas americanas e mesmo relatos de experiência no Brasil.
Assim, tanto o homem quanto a mulher podem ser o cabeça do
casal, bem como desempenhar tarefas independentemente de seu
sexo.
                  Nilza Rocha Féres, in Estado de Minas, 25 ago.1996.
Fonte: Livro- Oficina de Redação – Leila Lauar Sarmento, 7ª Série. Editora Moderna,
1ªedição,1998.p.24/25.
Entendendo o texto
1)   Você concorda com o título do texto? Justifique sua resposta.

2)   A participação dos pais na criação e formação dos filhos é


fundamental? O que você acha?

3)   Como você vê este novo “perfil” familiar de que nos fala a autora?

4)   De que forma você desempenha o seu papel de filho(a)? Explique o


seu relacionamento com a sua família.

5)   O que você acha da relação da sociedade em relação a pais e


mães solteiros?

6)   Os filhos hoje vão morar sozinhos cada vez mais cedo? O que você
pensa sobre isso? Por quê?

7)   A inversão dos papéis entre o homem e a mulher, no casamento, é


uma experiência positiva ou negativa? Dê a sua opinião.

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