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Quais estratégias podem contribuir para resolver ou amenizar os conflitos daqueles que
têm que conciliar trabalho, filhos e casa?
TEMPO – questão central para dar conta das diferentes demandas.
Conciliar filhos e investimento na carreira pode acarretar cansaço físico e mental difícil de
suportar.
O trabalho é um recorte genealógico de uma pesquisa mais ampla realizada com uma
pessoa da etnia Macuxi (Leandro).
Os objetivos foram:
• Compreender os contextos sócio históricos e geográficos nos quais o narrador, sua
família e seus membros se desenvolveram;
• Atentar para as influências que tanto os personagens familiares quanto o contexto
tiveram sobre ele;
• Observar as migrações familiares que ocorreram.
Os aspectos inconscientes também foram considerados e analisados.
O trabalho foi efetuado com as narrativas (não buscou recompor a “história verdadeira”),
as quais são fruto da memória dos narradores, trabalhadas pelo conjunto das
experiências de vida e pelo momento presente.
Leandro se deu conta que havia uma telescopagem entre as gerações do avô e do bisavô.
A transmissão funciona como um bloco que não pode ser modificadoe traz consigo a
interdição de ser mudada, alterada ou de receber interpretações diferentes da que foi
legada.
Esse tipo de transmissão em cripta ocorre sem que possa ser elaborada pelas gerações
posteriores.
Capítulo 3
Uma intervenção psicoeducativa com avós guardiãs apresentando ansiedade e/ou
depressão
(Cristina Maria de Souza Brito Dias, Célia Maria Souto Maior de Souza Fonseca, Cirlene Francisca Sales da
Silva, Flavia de Moura Rocha Parente Muniz)
Em pesquisas anteriores que investigaram avós que criam netos observou-se que elas se
sentem sobrecarregadas por cuidarem dos filhos e netos.
Inveja dos demais familiares em relação ao tempo e à dedicação ao neto criado pela avó.
Medo de que os netos apresentem os mesmos problemas que seus pais – substâncias
químicas.
O risco das avós desenvolverem stress aumenta quando os cuidados com os netos
coincidem com o declínio físico.
A depressão pode acontecer quando elas sentem que falharam como mães – conflitos
com os filhos e preocupação com o bem estar dos netos.
O isolamento social também contribui.
O desgaste físico decorrente dos cuidados com uma criança pequena podem aumentar a
probabilidade de problemas cardíacos.
Síndrome da avó escrava – mulheres com senso muito forte de responsabilidade, que
assumem as tarefas, mas o acúmulo de papeis (dona de casa, filha, esposa, mãe e avó)
leva ao desgaste e ao desenvolvimento de sintomas, que podem chegar à morte natural
ou ao suicídio.
Desgaste – obter a guarda dos netos na Justiça. Lento, caro e emocionalmente sofrido.
No Brasil: quatro pesquisas prévias com avós, duas em São Paulo e duas em Recife.
• A decisão de cuidar dos netos foi bem acolhida – os avós se renovam como sujeitos
nesse convívio.
• Prova de saúde, amor, trabalho e sentimento de utilidade.
• Ambivalentes – ofereceram-se para cuidar dos netos e querem-nos sob sua
responsabilidade. Mas ressentem-se com a situação dos netos e expressam cansaço,
sobrecarga e estresse.
Questões como idade (das avós e dos netos), situação conjugal, conflitos não resolvidos
com a segunda geração e situação econômica contribuem para a qualidade da relação
estabelecida entre avós, pais e netos.
Em sessão de follow-up, dois meses depois, as avós relataram melhora na relação com os
netos, os filhos e os próprios companheiros.
Na clínica com famílias – número cada vez maior de pais confusos e ambivalentes quanto
a suas funções parentais.
Importante investigar o exercício da parentalidade nas
diversas configurações familiares.
Ambivalência.
CULPA e COBRANÇA.
Poderiam fazer mais do que fazem por seus filhos, não darem a atenção necessária e não
aproveitar mais o tempo que passam juntos.
Conflito – utilização de estratégias para ganhar espaço – reedição de regras familiares que
serão transformadas ou não, dependendo da disponibilidade de mudança da família
naquele momento.
RESOUÇÃO DE CONFLITOS PARA OS PAIS
Castigos físicos – última solução em alguns casos. A maioria é contra essa atitude.
Quando os pais expressam afetos e conversam com os filhos, validando seus desejos, têm
mais êxito nas negociações e na prática da autoridade.
Os pais de hoje não encontram mais referenciais externos que ditem um padrão das
funções parentais. Eles ainda veem um desacerto entre as novas formas familiares e os
padrões tradicionais que tiveram em suas vidas – necessário criar uma nova relação entre
pais e filhos.
RESOUÇÃO DE CONFLITOS PARA AS MÃES
Crianças têm espaço para colocar sua opinião, mesmo que seja diferente dos pais.
Quando os conflitos são vistos de forma diferenciada e ampla, tendo em mente que
brigas existem no convívio familiar, é possível visualizar uma forma de mediá-los.
RESOUÇÃO DE CONFLITOS PARA OS ADOLESCENTES
Mais fácil resolvê-los com o pai do que com a mãe, pois aqueles são mais calmos e estas
apresentam comportamento mais emotivo.
As famílias de Lila – submetida a cirurgia cardíaca, entendeu que tinha dez anos de vida –
aparecimento de sintomas.
Família de origem – abuso sexual, violência – saiu de casa depois de agressão com uma
navalha.
Casou-se muito jovem pois a mãe queria se livrar dela. Marido dependente de drogas,
mantinha amante.
Separada, foi morar no morro e saía com os chefes da empresa em troca de dinheiro.
Novo companheiro usuário de drogas, deu mulher e filho como garantia de pagamento
de dívida com o tráfico.
Devido a ameaças, Lila passou a viver maritalmente com Valdo, que ela cuidava como
filho.
João passa a reivindicar que a mãe mantenha relações sexuais com ele também.
Cuida da mãe até a morte dela e recebe casa como herança, mas “leva volta” do
advogado e perde o patrimônio – confirmação de incapacidade (conforme preconizado
pela mãe).
Muitas brigas em casa, violência física – sexo, dinheiro, afeto, desemprego, desejo de que
Valdo vá embora.
Quais escolhas essas pessoas teriam na vida se não tivessem sido dadas como garantia de
pagamento de dívida ao tráfico?
Lila nunca teve o reconhecimento de seu valor como sujeito – concebida pela mãe como
objeto utensílio para os objetivos narcísicos da mãe – convívio com pessoas sem empatia
por suas necessidades afetivas e psíquicas, nem consideração por seu corpo.
Valdo – rupturas e carências – aos 16 anos era soldado do tráfico que precisava sair de
circulação, longe da família de origem. Lila – mãe e mulher, situação com características
incestuosas.
João – déficits cognitivos visíveis. Reivindicava direitos sexuais com a mãe – dinâmica
incestuosa.
Mesmo sem a intervenção do tráfico, o destino de Lila e sua família decorreria dos
padrões relacionais apresentados – passividade e esvaziamento da vontade.
Lila busca assistência para si e a família, é bem sucedida em sua demanda. Mas não hpa
mudanças.
Passividade destrutiva.
A história das famílias de Lila apresentam situações sociais devastadoras para a família e
para o terapeuta.
Apesar de o terapeuta não estar diretamente envolvido com o tráfico de drogas, este
produz efeitos em sua mente, levando ao questionamento sobre a eficácia de sua
atuação.
A autora fala sobre o conceito de estranheza, que remete a fases da evolução do
sentimento em que o ego não distingue claramente o mundo externo e de outras pessoas
– um período de extrema dependência e consequente desamparo.
Transferência complexa.
Nos atendimentos a Lila e sua família – tabus. Pacto implícito de silêncio – áreas da vida
familiar não conhecidas do terapeuta.
A maioria dos padrastos assume a parentalidade socioafetiva dos enteados, cujos pais
biológicos são ausentes.
Na família recasada, muitas vezes, a complexidade dos papeis parentais e as expectativas
a eles associadas geram sofrimento psíquico, sobretudo quando as bases da
conjugalidade não estão bem estabelecidas, contribuindo para a indiscriminação entre
funções conjugais e parentais.
Três famílias são apresentadas: “Família Superfilha”, “Família Pai Socioafetivo”, “Família
Inclusão/Exclusão”.
M deixou a filha mais velha com sua família quando a criança tinha 9 meses. A partir da
adolescência – relacionamento conflituoso. Passam as férias juntas e a família acusa-a de
abandono.
O casal tem pouco espaço para intimidade. M dorme com a filha e P dorme sozinho e
trabalha exaustivamente para sustentar toda a família.
P se queixa que M não permite que ele se aproxime da filha caçula, apesar de manter
bom relacionamento com ela. Não interfere porque M é boa mãe.
Ele também é distante da enteada.
M relata sérios problemas com a ex-cunhada, que ateou fogo à casa com seus filhos
dentro – P mudou-se para lá a fim de protege-los e mantém bom relacionamento com os
filhos mais velhos.
O comportamento hostil dos filhos mais velhos parece refletir a agressividade familiar e
as falhas no exercício da parentalidade.
M acusada de bater muito nos meninos, perdeu a guarda e havia reconquistado havia
três anos.
O filho de 12 anos roubava incentivado pelo pai. A prisão do filho de 20 desperta revolta
no filho de 16 que quer mata-lo. M se sente culpada por não poder ajudar o filho mais
velho e receia que os mais novos sigam o mesmo caminho.
Pesquisas apontam que as famílias recasadas são mais capazes de promover saúde
emocional quando o(a) padrasto/madrasta desenvolve vínculo afetivo com a criança e o
adolescente, deixando o exercício da autoridade para o(a) pai/mãe.
Deve haver clareza quanto ao reconhecimento dos limites no exercício da autoridade por
parte do padrasto/madrasta para que a mesma não seja abalada, fragilizada ou
esvaziada.
Na “Família Pai Socioafetivo” o padrasto/pai também tem função cuidadora e protetora.
Mas a autoridade é frágil, sendo atribuída à mãe.
Parentalidade esvaziada, pois a mãe também é percebida como figura frágil e pouco
disponível para os filhos.
Modelos parentais – modo como se estabelecem as relações entre pais e filhos e como
essas posições estão demarcadas na família.
Grande paradoxo - ser feliz a qualquer preço e buscar a felicidade no lugar errado – no
exterior, numa zona de conforto na qual as demandas internas não são consideradas e
surgem como sintomas.
Quando se sente contido pelo objeto, o bebê vivencia a segurança e concebe seu lugar no
psiquismo do outro, criando, simultaneamente, seu mundo interno. Tudo isso nos remete
à ideia de que a criança só pode criar uma intimidade consigo quando tem confiança no
objeto externo, quando este, sem ameaças, favorece a emergência do self.
Meltzer (1995) – intimidade é produto da relação entre o sujeito que contém e o que é
contido. Intimidade com os objetos internos depende de uma intimidade partilhada.
Eiguer(1999), noção winnicottiana de self, que surge do encontro primordial da mãe com
o bebê – construção de sua referência no mundo e condição de existir com o outro.
Estranho – o que não é familiar – serve para reafirmar o íntimo. Ao afastar-se do íntimo,
afirma sua presença e sua importância na constituição do psiquismo.
A intimidade contém uma versão que criamos de nossa própria história, mas também
uma síntese da história de cada sujeito com quem nos relacionamos. Ao mesmo tempo,
nela coexistem sonhos, devaneios e interpretações que fazemos do mundo.
A principal criação do ser humano é a de si mesmo. A partir daí o sujeito constitui sua
própria essência e, contanto com a cumplicidade do outro, é capaz de reinventá-la
permanentemente.
Foram realizadas entrevistas com dois casais homoafetivos adotantes e conviviam com
o(s) filho(s) há mais de um ano.
Busca de um filho (biológico ou adotivo) – levar em conta qual a fantasia de
parentalidade e avaliar em que lugar o filho está sendo colocado.
Casal 1: duas mulheres de 46 (A) e 36 (B) anos, conviviam há 15 anos e haviam adotado
um menino recém-nascido.
Casal 2: dois homens de 45 (C) e 33 (D) anos, conviviam há 6 anos e haviam adotado dois
irmãos três anos antes, à época com 2 e 3 anos.
O encontro com a criança: reações e transformações.
Diante das crianças, muito sujas, doentes, sem cabelo ficaram impactados. O olhar deles
pedia socorro: “Esse olhar era como se ele dissesse ‘me socorre’, como se fosse um pedido
de ajuda. A partir daí, já estávamos envolvidos”.
As expectativas em relação ao filho do casal 2 foram completamente alteradas.
As rápidas transformações das crianças a partir do investimento afetivo feito pelos pais
eram gratificantes e os confirmavam nesse lugar parental.
Ambos os casais contaram com a presença da mãe de um deles para ajudar a superar as
dificuldades enfrentadas na adaptação das crianças – situação comum, independente da
orientação sexual do casal.
Casais de homens que criam filhos raramente escapam da presença feminina na rotina –
reconhecem a necessidade de uma mulher para ajudar nos cuidados com a criança.
Acolhimento da criança na família mais ampla.
Inclusão da criança na família mais ampla e o apoio da rede social – impacto benéfico
sobre as relações familiares e favorece a construção do sentimento de filiação.
Para o casal 2, as crianças foram recebidas com muito entusiasmo e os comentários feitos
não diferiram daqueles feitos por casais heterossexuais.
Para o casal 1, que foi rejeitado por ambas as famílias à época da união, após a adoção
ocorreu uma transformação e houve a retomada dos vínculos familiares.
Preconceito e inclusão social.
Evidencia-se o desejo de serem reconhecidos como pais pelos próprios pais, inscrevendo-
se no processo de sucessão de gerações.
As atividades parentais não são inerentes ao sexo do indivíduo, mas seu exercício
depende de como o desejo de filho é por ele construído e como é partilhado com o
parceiro.
Dificuldade dos casais para lidar com os conflitos inerentes à vida a dois.
Principais motivos de desentendimentos:
• Relação com os filhos;
• Tempo que os cônjuges desfrutam juntos;
• Dinheiro;
• Tarefas domésticas;
• Sexo;
• Questões legais.
• Com calma;
• Agressão verbal;
• Agressão física ou arremesso de objetos.
Importante considerar as estratégias de resolução de conflitos como preditores da
qualidade da relação e da violência conjugal.
Pesquisas mostram que os casais com piores níveis de satisfação conjugal utilizam maior
número de afirmações negativas e rebaixando-se mutuamente – negatividade recíproca.
O parceiro que recua transmite a mensagem ao outro de que sua opinião ou ponto de
vista não existe, não é válida ou importante – cresce o sentimento mútuo de não ser
compreendido e amado.
Padrão de demanda e recuo foi preditor de divórcio tanto nos anos iniciais, quanto nos
anos posteriores.
A percepção dos cônjuges acerca da situação conflituosa e dos motivos que levam a ela
geralmente difere.
Percepção do problema como sendo do casal (e não apenas de um dos membros) ajuda a
buscar juntos uma solução.
Entre os destrutivos – diferentes formas de violência conjugal, que pode ser física,
psicológica, sexual , patrimonial e moral (Lei nº 11.340/06 – Lei Maria da Penha).
Padrão de interação estabelecido que tolera atos violentos que não seriam aceitos se
exercidos por pessoas estranhas.
Processo cíclico – construção da tensão (situação ainda sob controle), tensão máxima
(perda do controle e agressões), lua de mel (reestruturação do relacionamento).
Mantenedor homeostático do vínculo conjugal violento.
A violência que permeia os relacionamentos conjugais geralmente é intrínseca ao
contrato de relacionamento estabelecido entre os cônjuges, o qual é estabelecido a partir
da história de vida de ambos, da construção do vínculo afetivo entre eles e da própria
interação conjugal.
Trabalho realizado com dez casais em psicoterapia psicanalítica em uma clínica escola.
Paradoxo – apesar das diversas possibilidades de ser casal e família hoje, ainda há
casamentos baseados no modelo tradicional.
Mulher contemporânea
Igualdade de gênero X conflito entre os papeis conquistados no mundo masculino e a
nostalgia do papel de grande mãe mítica
Toda a discussão envolvendo igualdade de gênero que possibilitou uma nova organização
conjugal e familiar, própria da contemporaneidade, assiste, em paralelo, a manutenção
do modelo tradicional.
Forte influência das heranças geracionais no que diz respeito à manutenção desse tipo de
complementaridade – crises e mal entendidos conjugais.
Dificuldade de construir novas formas de se relacionar no interior do grupo familiar, de
acordo com o esperado na atualidade.
Cônjuges presos a um pacto denegativo, no qual o vínculo que os une representa uma
aliança defensiva para manter recalcados conteúdos da ordem do não significável,
dificultando processos elaborativos e consequentes transformações no relacionamento,
ou a possibilidade da separação.
Raramente ocorre de maneira isolada. Todas as formas deixam marcas, algumas para
sempre.
Objetivo: dar continuidade à reflexão sobre paradoxos presentes em relações conjugais
violentas – pensar a crise do casamento contemporâneo.
Conduta violenta – algo que emerge de uma complexa combinação de fatores históricos,
culturais, sociais, institucionais, familiares, relacionais e sociais.
Entre as mulheres atendidas, muitas subestimam a gravidade da violência sofrida e a
responsabilidade dos agressores em função de mitos.
• Ciúme é prova de amor;
• Atribuição de causas externas para a violência (alcoolismo, estresse,
desemprego, sofrimento intenso vivido na família de origem, falta de
apoio da família).
Ciclo da violência – fase da lua de mel – promessa de que a violência não se repetirá.
Existe a sensação e que uma pessoa não pode viver sem a outra – sentimentos recíprocos
de amor, raiva, carinho e frustração – dificuldade de entender o que realmente sentem
um pelo outro e perceber a dinâmica relacional.
Aspecto religioso – a fé alimenta a expectativa do milagre da mudança e a preservação da
família sobrepõe a integridade física e emocional da mulher.
O apoio para buscar ajuda e denunciar a violência vem em situações extremas ou quando
a violência atinge diretamente os filhos.
Você vai por o pai dos seus filhos e o provedor da sua família na cadeia?
Inseguranças, medos e dúvidas das mulheres que se
sacrificam pela manutenção a família a qualquer preço.
Processos de construção de identidades sociais e de expectativas relacionais contribuem
para a permanência das mulheres nos relacionamentos – toleram a violência do marido.
No contexto das mulheres atendidas, não se vislumbra divisão das tarefas domésticas e
do cuidado com os filhos, nem qualquer possibilidade de igualdade.
Processos perversos – dificuldades dos casais para lidar com as demandas conflitantes e
conciliar necessidades individuais, profissionais e conjugais com o exercício da
parentalidade.
Intensidade do investimento nos filhos – valor dado ao exercício da maternidade (lugar
central na construção da identidade das mulheres).
Necessidade de lutar pela sobrevivência da prole.
Nas relações violentas, o casal vive ambivalências (amor x raiva, apego x separação,
construção x destruição) – os filhos vivem dilemas de lealdade e de afeto em relação
aos pais, o que gera sofrimento.
O casamento ainda traz mais satisfação a homens do que a mulheres. Elas se queixam de
viver em função do marido e da família e não serem reconhecidas, nem receber amor,
carinho e afeto.
O tempo de vinculação nas histórias das mulheres atendidas foi muito curto, de um dia
a três meses – uniões relâmpago. Tentativa de acomodação ao modelo tradicional de
relacionamento.
Tolerância da violência – processo de denúncia traz medo, insegurança e culpa.
Medo de não ser compreendidas e ser culpabilizada – internalização das prescrições
normativas (violência simbólica) – tornam-se incapazes de questionar e se impor.
Relações conjugais violentas evidenciam um paradoxo: novos discursos presentes na
sociedade, enquanto essas relações ainda são pautadas por práticas conservadoras, como
o controle e o cerceamento da liberdade.
Não costuma haver uma abordagem aberta quanto às dificuldades sexuais por parte dos
profissionais de saúde.
Reprodução de um padrão cultural, social e familiar – sexualidade é tabu.
As intervenções da terapia sexual são propostas como ações para mudança, enquanto
as intervenções da terapia de casal tendem a focar aspectos psicológicos construtores
de significados para a sexualidade na relação. Assim, um olhar binocular convida a
considerar essas intervenções como, ao mesmo tempo, mudanças de padrão de
funcionamento da resposta sexual e de novas construções de significados na teia de
relações da conjugalidade.
Desafio: tratar a complexidade da conjugalidade e da sexualidade e oferecer uma visão
mais equilibrada da natureza multicausal, multidimensional e complexa da experiência e
do comportamento sexual e suas dificuldades com a conjugalidade.