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Abstract: There is socially rooted the standard model of family formation and,
therefore, pre-shaped roles of how each member should behave and what their
obligations are when it comes to the family. It is also known that the traditional model
splashes with machismo the woman who is placed, in most cases, as inferior to the
male figure. Paradoxically, it is simple for a man to distance himself from his duties,
because society, despite not applauding him, does not punish him or exclude him, a
common fact with the rare women who do what men do daily: not take care of their
own offspring. This study, therefore, focuses on studies on what are the
consequences generated in the woman who needs to assume alone, a responsibility
that should be shared and the analysis of a possible civil reparation due to the mental
and physical overload suffered.
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Graduanda em Direito pela Universidade Potiguar. E-mail: nathalianbezerra@gmail.com
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Graduanda em Direito pela Universidade Potiguar. E-mail: silnara_grazielle@hotmail.com
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Professor orientador. Professor especialista. E-mail: bruno.morais@unp.com
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1. INTRODUÇÃO
seus filhos. O inverso, por sua vez, não ocorre. As mulheres não possuem tamanha
“regalia”.
De acordo com a Primeiríssima Infância – Creche, dos casos analisados em
uma pesquisa divulgada no ano de 2017, constatou-se que 89% dos filhos de até 03
(três) anos de idade são cuidados pelas mães. O percentual supracitado indica a
disparidade no que tange ao cumprimento das obrigações com os filhos e ao tempo
dispensado pelas mães nessa função.
É evidente, portanto, que as mulheres ocupam sozinhas as obrigações que
deveriam ser partilhadas com os genitores, o que finda, inegavelmente, em uma
sobrecarga mental que tende a ocasionar problemas relacionados à saúde psíquica.
Em se tratando de casais que rompem seus relacionamentos e possuem
filhos, a mãe é especialmente exposta a situações de estresse, cansaço e
constrangimento - uma vez que mães solo ainda são subjugadas na sociedade
brasileira.
Faz-se necessário, então, que haja meios que visem, de alguma maneira,
equilibrar a balança e compensar as mulheres que cumprem sozinhas o papel de
duas pessoas, sacrificando inúmeras atividades e responsabilidades do cotidiano.
Desse modo, pensou-se em estudar a fundo a possibilidade de uma
responsabilização civil objetivando reparar a mulher e punir o homem que não
colabora com a criação da prole, onerando a mãe.
Neste presente projeto analisamos a medida da responsabilização civil dos
cônjuges em se tratando da sobrecarga mental que recai sobre as mães no tocante
à educação e mantença dos filhos e a possibilidade de reparação por via judicial.
Apresentando a possibilidade de responsabilização civil do cônjuge em um contexto
de sobrecarga materna, abordando o contexto histórico para que o modelo familiar
que ocupa exacerbadamente a mãe e isenta o cônjuge tenha sido normalizado e
ainda utilizado e explorando as possibilidades para que haja a responsabilização
civil dos pais por suas omissões.
Serão utilizadas como base do estudo a documentação indireta, por meio de
obras que tratam do tema, tais como livros, artigos científicos, jurisprudências,
monografias e a legislação civil e processual civil. Sendo esse tipo de pesquisa
indispensável por apresentar ao pesquisador uma gama de fenômenos mais amplos
sobre os acontecimentos. Após a leitura e interpretação dos dados, eles são
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Foi através das atitudes que tomavam com as crianças que se tornou
possível retratar como as famílias agiam em cada época.
Até meados do século XV, as crianças permaneciam em casa até os sete ou
nove anos, idade em que os meninos deixavam de ser cuidados pelas mulheres e
ingressavam na escola ou no mundo dos adultos; estas crianças, meninos e
meninas, eram levados para as casas de outras pessoas, para aprender os serviços
pesados e os serviços domésticos. As crianças permaneciam nas casas de outras
famílias até completar de quatorze a dezoito anos; durante este período elas eram
chamadas de aprendizes. Os pais mandavam seus filhos para casas alheias, e
recebiam os filhos de outros casais em suas casas, atitude que se tornou comum no
Ocidente medieval.
Até algum tempo atrás, o modelo de família existente era pai-mãe-prole. Este
era considerado o modelo ideal pelo seu modo dominante de pensar na sociedade.
Atualmente, segundo Ariès (1981) é possível observar diversos tipos de estrutura
familiar, decorrentes da cultura e dos novos padrões de relações humanas
existentes.
A família intitulada monogâmica é considerada um ponto de partida no
decorrer da história. Bock, Furtado e Teixeira (2002) citam:
Com o passar dos anos ouve uma grande mudança no instituto do pátrio
poder, acompanhando o avanço das relações familiares, distanciando-se de sua
função natural que era focada no interesse do chefe de família e no exercício de
poder dos pais sobre os filhos.
Essa evolução, restringiu os poderes concedidos ao chefe de família, sob o
aspecto pessoal, reduzindo o absolutismo opressivo dos pais a simples direito de
correção.
Atualmente o denominado poder familiar, chamado até 2002 de pátrio poder,
está previsto na Legislação Civil, Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, cuja matéria
vem disciplinada nos artigos 1.630 a 1.689.
O centro do poder familiar resulta de uma necessidade natural do homem.
Constituída a família e nascidos os filhos, não basta prover os alimentos e deixá-los
crescer à lei da natureza, como os animais, é necessário educá-los e dirigi-los, com
a intenção de prover a proteção necessária nos primeiros anos de vida.
Sobre as necessidades dos seres humanos, ressalta Carlos Roberto
Gonçalves:
O ente humano necessita, durante sua infância, de quem o crie e eduque,
ampare e defenda, guarde e cuide dos seus interesses, em suma, tenha a
regência de sua pessoa e seus bens. As pessoas naturalmente indicadas
para o exercício dessa missão são os pais. A eles confere a lei, em
princípio, esse mistério, organizando-o no intuito do poder familiar
(GONÇALVES, 2006, p. 357).
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.
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O poder familiar é um poder-dever dos pais para com seus filhos. Ao Estado
cabe a legitimidade de fiscalizar e defender os menores que nele vivem. Assim,
reserva-se o direito de fiscalizar o adimplemento de tal encargo, podendo suspender
ou excluir o poder familiar. Quando um ou ambos os genitores deixam de cumprir
seus deveres decorrentes do poder familiar, o estado pode e deve intervir.
A lei disciplina casos em que o titular, os pais, devem ser privados de seu
exercício temporariamente ou definitivamente.
Nesse sentido preceitua Paulo Lôbo (2010):
Por sua gravidade, a perda do poder familiar somente deve ser decidida
quando o fato que ensejar for de tal magnitude que ponha em perigo
permanente a segurança e a dignidade do filho. A suspensão do poder
familiar ou adoção de medidas eficazes devem ser preferidas à perda,
quando houver possibilidade de recomposição ulterior dos laços de
afetividade. A perda é imposta no melhor interesse do filho; de sua
decretação que lhe trouxe prejuízo, deve ser evitada (LÔBO, 2010, p. 305).
Além disso, o Estado é chamado para que assegure a saúde das crianças e
adolescentes, mediante o fornecimento de medicamentos necessários para o
combate de doenças, pela estrutura de hospitais e para redução de dificuldades
vivenciadas no dia-a-dia pelos portadores de necessidades especiais (LAMENZA,
2011).
No sistema de garantias do Estatuto da Criança e do Adolescente, cabe à
família, à comunidade e o poder público assegurar esse direito fundamental. Cabe
aos pais, como dever inerente do poder familiar, cuidar do bem-estar dos filhos,
levando-os regularmente no médico e principalmente na infância, período mais frágil.
No aspecto psíquico, já que os filhos acolhidos, amados e ouvidos terão menos
problemas de sofrerem abalos psicológicos (AMIN, 2014).
No tocante aos direitos fundamentais à liberdade, ao respeito e à dignidade.
O direito à liberdade não pode ser tolhido das crianças e adolescentes, eles são
livres para ir e vir, para pensar, para se expressar e para se dedicar ao credo
religioso. O art. 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que
liberdade é também a liberdade de brincar, praticar esportes e participar da vida em
família.
No entanto, essa liberdade não é absoluta, há oportunidades que o Estado
pode valendo-se de seu papel de protetor dos interesses infanto-juvenis expressos
na Lei nº 8.069/90, não apenas como dever de intervir, mas garantir a integridade
física e moral, conforme salienta Lamenza (2011, p. 42):
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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MARTINS, Helena. Mães são responsáveis pela criação dos filhos até 3 anos em
89% dos casos. Agência Brasil. Fortaleza, 7 nov de 2017. Disponível em: <
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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 18. ed. – São Paulo :
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