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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia - 2008, Vol.

16, no 2, 231 – 241

A demanda para políticas públicas adicionais para


trabalhadores com filhos pequenos: o caso de
professoras

Ana Carolina Gravena Vanalli


Universidade Federal de São Carlos – SP – Brasil

Elizabeth Joan Barham


Universidade Federal de São Carlos – SP – Brasil

Resumo
A participação feminina no mercado de trabalho aumentou nas últimas décadas, sendo que para
a maioria das mulheres brasileiras, as atividades profissionais se somam às tarefas familiares.
Na primeira infância dos filhos, o trabalho no lar pode ser intenso, por isso, pode-se esperar que
o retorno da licença maternidade seja custoso. Neste estudo, levantaram-se formas de apoio
disponíveis no âmbito de trabalho, por meio de entrevistas com 40 professoras, mães de filhos
com até 2 anos de idade. A maioria das professoras recebeu pouco auxílio no trabalho.
Conseqüentemente, muitas experimentavam dificuldades com tarefas profissionais importantes.
As respondentes recomendaram a introdução de políticas públicas mais apoiadoras para reduzir
as demandas profissionais num período crítico para a vida familiar.
Palavras-chave: Políticas públicas, Licença maternidade, Professoras.

The need for additional public policies for workers with young
children: the school teacher situation

Abstract
Women’s participation in the labor force has increased over the past decades, although, for the
majority of Brazilian women, professional activities are added to family and household chores.
While children are infants, family demands are intense. Thus, it is predictable that the period
following maternity leave will be difficult. In this study, forms of support available in the
workplace were investigated, on the basis of interviews with 40 school teachers, mothers of
children under 2. The majority of the teachers received little support at work. As a result, many
experienced difficulties with important work tasks. The respondents recommended the
introduction of supportive public policies, to reduce workplace demands during this critical
period of family life.
Keywords: Public policy, Maternity leave, School teachers.

A condição feminina tem se modificado partir da década de 70, provocada pelo


nas últimas décadas, impulsionada pela movimento feminino, que defendeu o direito
maior participação da mulher no trabalho, o da mulher a ter uma vida pública e, graças à
que transformou os papéis sociais redução nas demandas no lar obtida com a
desempenhados por elas (Ramos, 2002; introdução de métodos anticoncepcionais
Possatti & Dias, 2002; Wagner, Predebon & eficazes, o momento em que o processo de
Mosmann, 2005). De acordo com esses desenvolvimento industrial gerou novos
autores, no Brasil, a participação feminina empregos ao alcance das mulheres. Ao
em empregos remunerados aumentou a mesmo tempo, a queda do poder aquisitivo
______________________________________
Endereço para correspondência: Elizabeth Joan Barham e Ana Carolina Gravena Vanalli. Programa de
Pós-Graduação em Psicologia - Universidade Federal de São Carlos. Rodovia Washington Luis, Km 235.
Caixa Postal 13.565- 905 – São Carlos, SP. E-mails: carolgravena@hotmail.com, lisa@power.ufscar.br.
232 Vanalli, A. C., & Barham, E. J.

dos homens exigiu complementação do (Dessen & Braz, 2000). Esses autores
orçamento familiar, o que pressionou um destacam que a migração de pessoas do
maior número de mulheres a ingressar em campo para as cidades tem levado à redução
atividades remuneradas fora do lar. no número de familiares que convivam em
Ramos (2002), Fleck e Wagner (2003), proximidade geográfica, reduzindo a rede de
Wagner et al. (2005) e Sarti (1997) apoio familiar em função do distanciamento
comentam que a maior participação físico e psicológico que ocorre entre os
feminina nesse campo implicou em membros da família extensa. Além disso, a
mudanças no modo de vida das mulheres. disponibilidade de apoio familiar também
Elas passaram a permanecer mais tempo na baixou em função do envolvimento das avós
escola, adquirindo assim maior qualificação no mercado de trabalho, diminuindo a
profissional, o que lhes possibilitou competir disponibilidade para cuidado dos netos.
de forma mais igualitária com os homens Tendo em vista a redução na
por empregos que exigiam escolaridade disponibilidade de apoio da família extensa,
média ou superior. Além disso, nessa torna-se importante considerar as políticas
conjuntura, foram iniciadas modificações no públicas que permitem um afastamento
funcionamento da família brasileira, já que parcial ou integral do trabalho para cuidado
as mulheres passaram a compartilhar as de filhos pequenos. No Brasil, a licença
responsabilidades pela manutenção paternidade é de cinco dias. Assim, o Estado
financeira da família, desencadeando uma praticamente não oferece incentivos para o
redefinição dos padrões de hierarquia envolvimento mais próximo dos pais com
familiar. seus filhos. A licença maternidade é de
O crescimento da participação feminina quatro meses (remunerado), o que supera a
no mercado de trabalho tem sido licença maternidade oferecida nos Estados
acompanhado por estatísticas favoráveis, Unidos (seis semanas, sem remuneração) e
como o aumento da expectativa de vida e do em vários outros países. No entanto, as
nível educacional, permitindo às mulheres demandas de cuidado com uma criança
romper uniões indesejadas, além de maior pequena são tão altas, que outros países
controle da fecundidade, o que reduziu o adotaram políticas de afastamentos
trabalho no lar (Itaboraí, 2002). Diniz (1999) remunerados (parcial ou integralmente) do
destaca que, em termos de ganhos trabalho profissional, após o nascimento de
psicológicos, trabalhar fora de casa também uma criança, para o período de um ano (por
aumenta a auto-estima e o senso de exemplo, Canadá, Suécia) e para dois anos
confiança da mulher, contribuindo ou mais (por exemplo, França, Finlândia,
positivamente no desempenho dos papéis Itália). Em vários países, permite-se, que
familiares. tanto as mães, quanto os pais possam usar ou
Para autores como Senne (1990), dividir o período de licença (Bradshaw &
Cooper e Lewis (2000) e Franco (2001), o Finch, 2002). Esses mesmos autores também
trabalho remunerado, por um lado, é relatam que na Alemanha e no Japão, os pais
apontado como libertação feminina, com podem usar seu afastamento por um período
possibilidade de afirmação pessoal, mas por muito extenso, reduzindo sua jornada de
outro, esbarra no acúmulo de trabalho para cuidar de crianças em idade
responsabilidades com sobrecarga física e escolar.
emocional, podendo levar as mulheres a não Além disso, Bradshaw e Finch (2002)
terem tempo para si. Diniz (1999) comenta destacam que, apesar de existirem políticas
que as tradições políticas, culturais e sociais públicas que permitem o envolvimento dos
têm dificultado à mulher conciliar homens nos cuidados com seus filhos
responsabilidades familiares e profissionais pequenos, por motivos culturais (papéis
e atingir paridade com o homem no mercado ligados ao gênero) e financeiros (as
de trabalho, visto que as mesmas recebem mulheres ganhando menos do que os
salários menores e têm menos acesso a homens), em todos os países examinados, a
promoções e a cargos de gerenciamento. mãe, quase sempre, foi quem tirou licença
Além das transformações no âmbito após o nascimento do seu filho. Como
profissional, nos últimos anos a rede familiar resultado disso, mesmo quando as mães
de apoio também vem se modificando retornam ao trabalho, na maioria das vezes,
Demanda para políticas públicas para trabalhadores com filhos pequenos 233

possuem contatos mais freqüentes e laços Por isso, o retorno ao trabalho costuma
emocionais mais íntimos com o bebê ser uma fase de insegurança, estresse e
(Coltrane, 2000; Franco, 2001). angústia por parte da mãe, já que ela terá
No Brasil, a licença maternidade que dividir os cuidados com o filho com
constitui-se como um direito social, outras pessoas e a escolha da melhor opção
legalmente previsto, em que ocorre a pode gerar incertezas. Também, ao voltar ao
suspensão temporária das atividades de trabalho e às responsabilidades anteriores,
trabalho da mulher, com interrupção dos sua reintegração exige esforço para lidar
serviços prestados, em virtude do com as novas realidades encontradas
nascimento de um filho, cabendo ao (Cooper & Lewis, 2000).
empregador remunerar a funcionária Uma das primeiras interferências
afastada por 120 dias a partir do nascimento concretas encontradas pelas mulheres em
do seu filho. Se houver necessidade de relação à conciliação entre maternidade e
prorrogação por indicação médica, os trabalho refere-se às dificuldades
períodos de repouso antes e após o parto vivenciadas no período de amamentação e
poderão ser aumentados por mais 14 dias desmame. Muitas vezes, as mulheres
cada um. No período de licença reduzem o período de amamentação para
maternidade, não pode haver prejuízo do não correr o risco de perder o emprego,
emprego ou salário, sendo vedada dispensa transformando o desmame em um período
arbitrária ou sem justa causa da funcionária, penoso física e psicologicamente, com
desde a confirmação da gravidez até cinco impactos sobre a relação mãe-filho
meses após o parto (Mannrich, 2001). (Schirmer, 1997). Nas áreas urbanas, a volta
Após o nascimento de seus filhos, as da mulher ao trabalho é uma das principais
mulheres precisam decidir se retornarão ao razões do desmame precoce, devido à
emprego ou se permanecerão em casa separação diária prolongada da mãe de seu
cuidando de seu bebê. Estudos Americanos filho, condição que se torna pior nas grandes
indicam que em torno de 14% das mulheres cidades em função da distância entre a casa
resolvem não voltar (Friedman, 1990). As e o trabalho (Rea, Venâncio, Batista, Santos
que decidem retornar ao trabalho podem & Greiner, 1997).
enfrentar uma série de preocupações em Além das questões relativas à
relação à manutenção dos cuidados com seu amamentação, Diniz (1999) destaca que a
filho e da qualidade do seu desempenho falta de tempo para a família e as
profissional. dificuldades em acompanhar o crescimento
Faria e Barham (2004) destacam que as dos filhos são vistas pelas mulheres como
pessoas que trabalham fora de casa perdas. É comum, também, que estas se
permitem que as demandas profissionais ressintam, por não ter tempo para seu
(horas extras, reuniões, viagens profissionais cuidado pessoal, lazer e estudos.
etc.) interfiram na sua vida familiar com No caso das mães professoras, alvo do
freqüência maior do que permitem que presente trabalho, somam-se outros fatores
demandas familiares (doença de um filho, de estresse relativos à profissão de
reuniões escolares, etc.) interfiram no seu magistério, além das dificuldades que as
desempenho no trabalho. Assim, o bem estar mulheres constantemente encontram no
familiar, bem como os cuidados com o filho, mercado profissional. A literatura da área
podem estar mais em risco do que a mostra que os professores das escolas
qualidade do desempenho profissional. Isso públicas brasileiras freqüentemente estão
pode criar sentimentos de culpa entre as sujeitos a condições de trabalho estressantes,
mulheres que prosseguem em suas carreiras tais como: baixa remuneração, falta de
enquanto seus filhos são pequenos (Cooper recursos no local de trabalho para
& Lewis, 2000). Assim, ao resolver exercer desenvolver suas atividades (superlotação
a profissão, a mulher sente-se “dividida”, das classes, degradação dos ambientes e
pois tem que optar por trabalhar fora e não poucos instrumentos de trabalho), jornada de
por cuidar do filho. Muitas mulheres, ao trabalho extensa, desvalorização
priorizar o trabalho remunerado, sentem que profissional, escassas oportunidades de
negligenciam a função materna (Franco, crescimento (poucas oportunidades de
2001). treinamento ou de promoção), entre outras
234 Vanalli, A. C., & Barham, E. J.

(Basso, 1998; Lapo & Bueno, 2002; Marin, região central do interior do Estado de São
1998). Outro aspecto desse processo diz Paulo, todas mães de filhos com até dois
respeito à concepção da atividade docente anos de idade. Para encontrar as professoras,
como doação e cuidado, colocando-a como foram visitadas escolas em todos os bairros
uma profissão naturalmente feminina e que de cada cidade. As professoras no perfil
não requer grandes qualificações. Estas desejado eram convidadas para participar da
condições de trabalho atuam de forma pesquisa. Quatro pessoas recusaram o
nociva sobre o bem estar dos professores e convite, dizendo que estavam com
alunos. problemas em relação à disponibilidade de
Como resultado, uma porcentagem tempo. Dessa forma, embora não houve
elevada de docentes apresenta manifestações professoras no perfil desejado em todas as
de sofrimento como: estresse, rouquidão, escolas, sempre havia pelo menos uma
irritabilidade, reumatismos, doenças participante de cada região nas duas cidades.
vasculares, alergias de pele e das vias Assim, a amostra incluiu a grande maioria
respiratórias provocadas principalmente pelo das professoras que trabalhavam nas
uso constante de giz, calos nas cordas condições de interesse desta pesquisa nos
vocais, sobrecarga muscular, tédio e perda municípios incluídos no estudo. As
do sentido de suas práticas. O adoecimento participantes tinham idade entre 20 e 40
dos professores é revelado por elevados anos, sendo a maioria (95%) casada. Elas
casos de readaptação (afastamento tinham tempo médio de profissão de oito
temporário ou permanente para atividades anos e seus salários variaram de R$ 300,00 a
administrativas) e licenças médicas. A R$ 2.100,00, (M = 1.029,00). As diferenças
fadiga mental é freqüente entre professores e salariais existiam em função da variação na
se dá devido a características encontradas no escolaridade, carga horária e o nível de
papel docente como: trabalho que exige ensino lecionado. A carga horária de
atenção com o público, conflitos nas trabalho das professoras variou de quatro a
relações pessoais motivados ou acentuados doze horas diárias, sendo que a maior parte
pela múltipla convivência (maior delas trabalhava entre sete e nove horas.
probabilidade de adquirir doenças
infecciosas ou parasitárias) e excesso de
Instrumentos
responsabilidade pelo tempo e recursos que
possui (Basso, 1998; Lapo & Bueno, 2002; Os dados foram coletados por meio de
Marin, 1998). A insatisfação no trabalho, uma entrevista que coletou informações
por sua vez, apresenta-se como um fator sobre: (a) dificuldades que surgiram com
que pode comprometer o bem estar da relação ao retorno ao trabalho após a licença
mulher e seu desempenho no ambiente maternidade e (b) suas percepções sobre o
familiar (Thompson & Walker, 1989). apoio disponível no ambiente profissional
Dessa forma, este estudo teve por para mães de filhos pequenos e a adequação
objetivo investigar as percepções e das políticas públicas para auxiliar
dificuldades que as professoras trabalhadoras nesse período. Os
experimentaram na sua vida profissional, instrumentos encontram-se descritos a
após seu retorno ao trabalho, durante os seguir:
primeiros dois anos de vida de seus filhos, e Dados das participantes: inclui
o apoio recebido da instituição empregadora questões sobre: nome, idade, nível de
nesse período. escolaridade, estado civil, tempo de união,
número de filhos, profissão, tempo de
profissão, carga horária de trabalho, tempo
Método de serviço, horário de trabalho e questões
abertas que se referem ao período de licença
Descrição das participantes maternidade e ao retorno ao trabalho.
Participaram deste estudo 40 Carga de trabalho profissional
professoras de escolas públicas (educação (CARNET, 1995): escala com quatro itens
infantil, ensino básico e médio) de duas adotados de um instrumento canadense para
cidades de médio porte (cada uma com avaliar equilíbrio entre demandas do
aproximadamente 200.000 habitantes) da trabalho e familiares que verifica o quanto as
Demanda para políticas públicas para trabalhadores com filhos pequenos 235

participantes sentiram-se sobrecarregadas temas presentes nas respostas, para cada


pela quantidade de atividades que questão e para conjuntos de questões
precisavam fazer no seu emprego, pontuada similares (por exemplo, satisfação com a
com uma escala de concordância variando vida de forma global, com a relação
entre 1, “discordo totalmente” a 10, conjugal, com o lazer, com contatos sociais
“concordo totalmente”. etc.). Procurou-se usar termos iguais ou
Ambiente interpessoal no trabalho parecidos para definir as categorias de
(CARNET, 1995): escala com 14 itens que respostas para itens similares. Com base na
indica o grau de concordância das categorização dos dados e na observação do
participantes quanto à adequação do apoio número total de respostas diferentes
que recebiam no seu ambiente de trabalho apresentadas, foi possível calcular a
com relação às interações com seu freqüência de cada tipo de resposta. Nas
supervisor e com os demais colegas de tabelas preparadas para apresentar esses
trabalho, pontuado entre 1, ‘discordo dados, incluiem-se também algumas falas
totalmente’ e 10, ‘concordo totalmente’. típicas dos respondentes, para melhor
Satisfação com o trabalho (CARNET, ilustrar as idéias representadas pelas
1995): escala com 14 itens, que avalia a categorias.
satisfação das participantes com diversos
aspectos relacionados ao trabalho
profissional, pontuada entre 1, “muito Resultados e discussão
insatisfeita” e 10, “muito satisfeita”.
Dificuldades para retornar ao
trabalho
Análise de Dados A maioria das participantes (65%)
A análise dos dados envolveu a retornou ao trabalho em até quatro meses
organização e interpretação de dados após o nascimento do filho, o que equivale à
quantitativos (respostas aos itens com licença maternidade prevista por lei. Das
formato fechado) e qualitativos (respostas demais, nove (22,5%) retornaram ao
aos itens com formato aberto), que foram trabalho em até seis meses após o
obtidos por meio dos instrumentos. Os dados nascimento do filho (utilizando o período de
quantitativos foram analisados férias escolares ou gozando de licenças) e
estatisticamente, segundo medidas cinco (12,5%) retornaram ao trabalho mais
descritivas de tendência central e dispersão de sete meses após o nascimento do filho.
(média, desvio padrão) e de freqüência Das cinco que voltaram mais tardiamente,
relativa. três ficaram desempregadas, uma vez que
Para os dados qualitativos, foram não tinham cargos efetivos antes do filho
realizadas análises de conteúdo, buscando nascer e duas fizeram a opção de retornar ao
consenso entre dois juízes em relação à trabalho quando seus filhos já tivessem mais
escolha de categorias e posterior idade. Das 40 professoras entrevistadas, 37
categorização dos dados, uma abordagem disseram que não consideravam suficiente o
que contribui para a maior fidedignidade dos período de licença maternidade disposto pela
resultados finais (Anfara, Brown, & Consolidação das Leis Trabalhistas, sendo
Mangione, 2002). Cada elemento diferente que 70% relatou que o período adequado
nas respostas de cada pessoa foi para a licença maternidade seria de seis
considerado, separadamente. Assim, o meses (o que equivale ao período
número de respostas pode ser maior do que recomendado pelos órgãos de saúde para o
o número de respondentes. As categorias aleitamento materno exclusivo em função
usadas para organizar os dados foram dos grandes benefícios para a saúde
revistas várias vezes ao longo do processo, posterior da criança (Gurmini, 2004). Mais
com base em discussões entre os juízes e da metade (n= 22) disse que retornar ao
percepções dos temas emergentes e trabalho depois de quatro meses interferia
contradições encontradas nos dados (Strauss negativamente na amamentação, fazendo
& Corbin, 1990). com que as mães abandonem ou diminuam a
Assim, a versão final das categorias freqüência do aleitamento, principalmente
reflete um consenso entre os juízes sobre os pela dificuldade de levar o filho ao trabalho
236 Vanalli, A. C., & Barham, E. J.

para ser amamentado. Uma respondente Uma quarta preocupação em retornar ao


comentou: “Eu estava amamentando e o trabalho após quatro meses do nascimento
tempo permitido para a amamentação não é do bebê envolveu a necessidade de deixar o
suficiente” [P40]. Outra, de forma perspicaz, filho sob os cuidados de outras pessoas, uma
disse: “Campanhas de amamentação são vez que nem sempre a mãe pode contar com
feitas, mas a licença maternidade é curta” alguém de sua confiança para estar com o
[P28]. bebê enquanto está trabalhando (n = 7). Uma
Esses dados são coerentes com as participante comentou: “O tempo não é
afirmações de Schirmer (1997), que também suficiente, pois a mãe fica muito preocupada
comenta que uma das interferências em deixar o filho tão pequeno com outras
encontradas pelas mulheres para a pessoas...” [P1]. Cooper e Lewis (2002)
conciliação entre maternidade e trabalho destacam que um dos aspectos mais difíceis
refere-se às dificuldades vivenciadas no do retorno das mulheres ao trabalho após o
período de amamentação e desmame. Para nascimento de um bebê é deixar o filho
esse autor, muitas reduzem o período de pequeno sob os cuidados de outras pessoas,
amamentação porque precisam cumprir gerando na mãe expectativas, estresse e
horários fixos de trabalho. Para não correr o angústias, sendo que a escolha da melhor
risco de perder o emprego, desmamam seu opção pode gerar muitas incertezas. Assim,
filho precocemente. No mesmo sentido, Rea a grande maioria das participantes (92,5%)
et al (1997) relatam que, nas áreas urbanas, relatou que se pudesse optar, gostaria de ter
uma das razões do desmame precoce é a retornado ao trabalho mais tardiamente.
distância entre o local de trabalho da mãe e a
localização do bebê, devido ao pouco tempo
disponibilizado para amamentação durante o Dificuldades para trabalhar durante a
expediente do trabalho – 30 minutos para primeira infância do filho
sair, aleitar e voltar. Além das preocupações que as
Outro motivo que levou as participantes respondentes experimentaram para retornar
a considerar uma licença maternidade de às atividades profissionais, voltar a trabalhar
quatro meses insuficiente foi a preocupação com um filho pequeno também trouxe várias
com a dependência emocional do bebê em dificuldades para as professoras,
relação aos cuidados maternos, citado por 19 apresentadas as seguir.
professoras. Por exemplo, uma mãe disse, Das 40 participantes, três relataram que
“Com quatro meses, o bebê é muito não tiveram problemas no retorno ao
pequenininho, precisa muito da mãe” [P5]. trabalho. Os problemas principais citados
Vários autores como Klaus e Kennel (1992), pelas outras foram falta de tempo e
Devine (1993) e Newcombe (1999) ansiedade. Em relação à falta de tempo,
ressaltam a importância do contato próximo mencionada por 28 respondentes,
e afetivo entre mãe e bebê em seus primeiros apareceram dois problemas principais: o
meses de vida para seu adequado tempo insuficiente para realização de
desenvolvimento. Um terceiro motivo foca atividades cotidianas e as dificuldades em
a mesma questão, porém, do ponto de vista relação à conciliação dos papéis familiar e
da mãe em relação ao impacto de reduzir seu profissional. O primeiro focou o tempo
tempo com o bebê tão cedo, de forma a insuficiente para realização de atividades
afetar o processo de adaptação da mãe ao cotidianas (como preparar aulas ou
bebê (n = 8), porque dificulta o participar de reuniões, cursos e atividades
estabelecimento de um vínculo afetivo e profissionais extraordinárias). A esse
diminui as oportunidades para descobrir as respeito duas das professoras relataram:
necessidades específicas do bebê nos “Encontrei dificuldades para preparar
primeiros meses de vida, como algumas das atividades diferentes e levar atividades para
professoras responderam: “Muda muita corrigir em casa” [P24] e “Menos tempo
coisa na vida da mulher, e quatro meses é disponível para preparar aulas, já que o
pouco tempo para a adaptação” [P9] e “A meu tipo de trabalho exige que eu faça
licença maternidade é insuficiente, por não muitas coisas em casa” [P38]. Essas
ter dado tempo de criar vínculos com a dificuldades estão relacionadas a atividades
criança” [P10]. do trabalho profissional realizadas fora do
Demanda para políticas públicas para trabalhadores com filhos pequenos 237

expediente. Esse problema também foi professores (M = 9; dp = 1,50),


notado em estudos realizados por Basso oportunidades de usar suas capacidades (M
(1998), Marin (1998) e Lapo e Bueno = 8,4; dp =2,28) e bem estar naquilo que
(2002), que notaram o quanto é comum que faziam (M = 8,1; dp =2,16). Do lado
as professoras tenham que levar uma grande negativo, os três itens que apresentaram
carga de trabalho para fazer em casa, já que menor média foram: oportunidade para
o tempo incluído no período de trabalho para ascensão profissional (M = 4,6; dp =2,96),
a preparação de aulas e correção de salário (M = 3,8; dp =3) e benefícios (M =
atividades escolares é insuficiente. 3,6; dp =3,8), refletindo a percepção das
Outro problema relacionado à falta de participantes a respeito dos problemas que
tempo foi a conciliação entre papéis, uma existem nessa profissão (Marin, 1998;
vez que as professoras, que já Basso, 1998; Lapo & Bueno, 2002). Os
desempenhavam os papéis de profissional e problemas de ordem financeira são
esposa passaram a assumir o papel de mãe acentuados entre professoras com filhos, por
de uma criança nova, causando possuírem despesas familiares maiores.
modificações em seu ritmo de vida. Uma De acordo com Thompson e Walker
mãe comentou que sentia “Dificuldade para (1989), pessoas mais satisfeitas no trabalho
conciliar casa, marido e filhos” [P21]. percebem as demandas deste ambiente de
O segundo conjunto de dificuldades uma forma mais positiva do que pessoas
apresentadas após o retorno ao trabalho insatisfeitas, com benefícios para a
envolveu a ansiedade vivenciada pelas mães capacidade de lidar com demandas
no que diz respeito a dois aspectos: o bem familiares. No entanto, a conciliação do
estar do seu filho durante sua ausência e a trabalho profissional e familiar torna-se
adequação do seu desempenho profissional mais difícil quando as demandas em ambas
(n = 13, 28,8%). Em relação ao primeiro as esferas são muito altas. Assim, faz-se
aspecto, os resultados indicam que, muitas importante observar a carga profissional
vezes, as mães não se sentiam seguras para entender as dificuldades das professoras
quanto aos locais onde deixavam seus filhos e suas necessidades de apoio no âmbito
pequenos enquanto estavam trabalhando. profissional, nesse momento de suas vidas
Por exemplo, duas mães expressaram esta familiares.
preocupação com as seguintes falas:
“"Preocupação constante com o bebê,
Carga de atividades e o tempo
durante o trabalho” [P11] e “Minhas
disponível para sua realização
preocupações eram muitas. Dentre elas,
com quem deixar, uma vez que não tínhamos Os resultados indicam que o aspecto de
dinheiro para pagar uma babá” [P19]. A maior desgaste entre as professoras foi a
partir das falas das participantes, percebe-se escassez de tempo para realizar suas
que a falta de confiança das mães na atividades (M = 7,7; dp = 2,60), sinalizando
qualidade dos cuidados oferecidos aos seus que as professoras percebiam-se como tendo
filhos durante seu expediente de trabalho uma carga de trabalho excessiva. Em relação
estava lhes causando ansiedade. às modificações no desempenho profissional
das participantes, após o nascimento de seus
filhos, houve respostas negativas e positivas.
Nível de satisfação das professoras Nota-se que aproximadamente a metade (n =
com seu ambiente profissional 22; 55%) respondeu que houve diminuição
Embora o foco deste estudo envolva a no tempo que podiam dedicar ao preparo de
investigação das dificuldades enfrentadas suas aulas, com impactos negativos no seu
pelas professoras que retornam de uma desempenho. Por exemplo, uma professora
licença maternidade, é importante destacar comentou: “Tenho tempo muito menor para
que houve, ao mesmo tempo, vários realizar as atividades do trabalho que levo
aspectos positivos no ambiente de trabalho para casa” [P23]. Outra disse: “"Tenho que
que sustentaram seu retorno e permanência dividir o tempo disponível entre a profissão
neste. Dentre eles, os três aspectos que e ser mãe. Assim, nem sempre é possível ser
trouxeram maior satisfação às professoras boa nas duas coisas” [P38]. Além disso,
foram: o relacionamento com outros para dar conta da rotina da sala de aula,
238 Vanalli, A. C., & Barham, E. J.

muitas não aceitaram projetos extras e não pequenos, 29 (72,5%) responderam que sua
participaram de treinamentos. escola não usava qualquer estratégia. As
Entretanto, seis participantes (15%) outras 11 professoras (27,5%) responderam
responderam que haviam notado melhora em afirmativamente, sendo que sete citaram que
sua atuação profissional, devido ao fato de a estratégia utilizada foi uma pequena
perceberem mais claramente as necessidades flexibilização no horário, possibilitando que
de seus alunos e refletirem sobre a elas adaptassem seus horários de trabalho às
importância de seu trabalho para eles. Por demandas familiares. Outras quatro
exemplo, uma professora comentou: participantes disseram que a escola permitia
“Mudou a percepção do meu trabalho. que as professoras tivessem horário de
Passei a valorizar mais o desenvolvimento amamentação, duas disseram que a escola
infantil” [P2]. oferecia creche e uma citou o fornecimento
de uma cesta básica. Devemos considerar
que o auxílio amamentação é previsto por lei
Apoio no ambiente interpessoal de
e não deveria ser uma estratégia incomum
trabalho
nas escolas.
O impacto de ser mãe de um filho
pequeno sobre o desempenho da professora Quando questionadas se as estratégias
também depende do apoio recebido dos utilizadas pela escola eram satisfatórias, 33
colegas e do diretor. Quando existe um participantes (82,5%) relataram que não
ambiente interpessoal de apoio, vários eram satisfatórias. Todas as participantes
problemas podem ser evitados e os que foram questionadas a respeito das estratégias
aparecem tendem a ser mais facilmente que elas acreditavam que pudessem ser
resolvidos. Nesse sentido, investigou-se a implementadas no âmbito escolar para
percepção das participantes sobre o apoio da auxiliar professores com filhos pequenos. As
direção e dos outros professores. Elas estratégias apontadas com maior freqüência
relataram encontrar apoio e satisfação nas pelas professoras foram: o maior apoio da
relações com os outros professores, indicado escola em relação aos compromissos
pelas altas médias nos itens: “Há colegas familiares, maior flexibilidade de horários
que se importam se você tiver dificuldades” para marcar reuniões e atividades
(M = 8,9; dp = 2,02), “Há colegas que a extraordinárias, aumento do tempo
apóiam se você tiver problemas pessoais” disponível para a amamentação e criação de
(M = 8,8; dp = 2,07) e por fim, “Você pode um local para deixar o bebê enquanto elas
depender dos colegas de trabalho” (M = trabalham. No entanto, três disseram que
7,6; dp = 3,02). As médias relativamente qualquer tipo de auxílio se tornava inviável
altas nesses itens indicam que a grande em função da falta de apoio mais sistêmico,
maioria das professoras sentia-se satisfeita com base na legislação brasileira. Com base
com o apoio que recebia de seus colegas de em suas respostas, percebe-se que as escolas
trabalho. teriam duas maneiras de lidar com esta
No que diz respeito aos três itens sobre questão: flexibilizar as normas para que a
a relação com o diretor, esses apresentaram professora tenha maior facilidade para
médias mais baixas (aproximadamente M = cuidar de seu filho ela mesma, ou oferecer
6,0 para os três itens), indicando menor recursos para que outra pessoa cuide das
satisfação com o auxílio que estes lhes atividades relativas à criança (por exemplo,
ofereciam. Assim, percebe-se que as creche próxima ao local de trabalho).
participantes sentiam maior dificuldade em Apesar da falta de políticas nacionais
relação às normas institucionais do que às para ajudar professores, percebe-se que
atitudes individuais dos colegas. algumas escolas encontraram formas de
A satisfação com o apoio no trabalho auxílio informal (por exemplo, permitindo
pode ser influenciada pela existência de maior flexibilidade de horário para reuniões
estratégias institucionais específicas para ou atividades extras, bem como, criando a
mães de bebês pequenos. Quando possibilidade de sair mais cedo ou ausentar-
perguntado se a escola onde trabalhavam se da escola quando necessário), trazendo às
usava algum tipo de estratégia para auxiliar professoras algum apoio por meio dessas
as professoras que fossem mães de filhos estratégias.
Demanda para políticas públicas para trabalhadores com filhos pequenos 239

Discussão final nascimento do filho foi aumentada de quatro


A desvalorização profissional, sob para 12 meses. Na Itália, a licença é de três
muitos aspectos, foi o fator que mais anos. Esses países optaram por adotar uma
desagradou às professoras. Para mães de licença maternidade mais longa, baseada na
filhos pequenos, o sentimento de concepção de que o início da vida infantil é
insatisfação em relação ao salário e aos um período importante para mãe e filho e
benefícios recebidos, além de afetar sua que o retorno ao trabalho nesse período pode
satisfação, afetou também a possibilidade de trazer prejuízos para esse importante
contratarem pessoas para auxiliar com o relacionamento.
maior volume de tarefas que enfrentavam Ainda em relação ao trabalho
para cuidar de seu bebê, contribuindo para profissional, nota-se que as participantes
uma sobrecarga de trabalho profissional e enfrentaram uma série de dificuldades na
familiar. própria realização do trabalho como: falta de
Em relação à satisfação com o apoio no tempo para preparar aulas e realizar
local de trabalho, nota-se que as relações atividades profissionais em casa, dificuldade
com outros professores foram positivas, já para participar de cursos e reuniões fora do
que podiam contar com o auxílio destes em expediente de trabalho e dificuldades para
momentos de maior dificuldade. A relação conciliar os papéis de profissional, mãe e
com o diretor foi descrita como menos dona de casa. Para Senne (1990), Cooper e
satisfatória, principalmente devido à falta de Lewis (2000) e Franco (2001), as
arranjos institucionais oferecidos, que dificuldades para a conciliação dos vários
pudessem favorecer a conciliação de papéis desempenhados pelas mulheres
trabalho e família nessa fase. podem se acentuar quando não existe uma
As maiores dificuldades encontradas divisão de tarefas entre os membros da
na volta ao trabalho, ao término da licença família. Para reduzir a sobrecarga e, de certa
maternidade, foram: precisar interromper a forma, preservar a sua saúde física e mental,
amamentação do seu filho e a forte existem duas opções: reduzir o
preocupação com os cuidados que este envolvimento familiar ou reduzir o
receberia de outras pessoas, pois, muitas não envolvimento profissional. Para proteger a
puderam contar com familiares e pessoas relação mãe-bebê, tão importante para o
próximas para cuidar dos bebês enquanto desenvolvimento da criança, parece
trabalhavam. Esse resultado confirma as interessante que exista uma política que
tendências que Dessen e Braz (2000) permita à profissional, mãe de um bebê,
descrevem, envolvendo a redução na trabalhar em condições diferenciadas, sendo
disponibilidade de apoio da família extensa uma alternativa uma carga menor de
devido à migração para as grandes cidades e trabalho nesse período.
maior distância entre os membros das Percebe-se que as dificuldades
famílias. Desta forma, o retorno ao trabalho encontradas em relação ao trabalho
mais tardio poderia ser benéfico para a profissional estavam concentradas na falta
criança e para a mãe, possibilitando um de políticas institucionais que auxiliassem
período maior de amamentação e maior professoras mães de filhos pequenos,
contato entre ambos, ajudando a tornar o principalmente quanto à flexibilidade de
momento do retorno ao trabalho um pouco horário e quanto à baixa remuneração
mais adequado. No Brasil, está sendo feito recebida que, por vezes, limitou a
um esforço para mudar a legislação possibilidade de contratar profissionais para
trabalhista a fim de aumentar o período da auxiliar no cuidado dos filhos e da casa. De
licença maternidade de quatro para seis certa forma, esses problemas não eram tão
meses. críticos para essa população, uma vez que
Nota-se que o desejo de ficar um não sofriam com a possibilidade iminente de
período superior a quatro meses com o bebê perda de emprego, mas podiam acabar
não se restringe ao Brasil. Numa revisão gerando um sentimento de mal estar nas suas
internacional das políticas que governam a relações com os outros professores ou com a
licença maternidade em diferentes países, direção. No entanto, a falta de tempo para
Bradshaw e Finch (2002) relatam que, no preparar suas atividades profissionais é
Canadá, por exemplo, a licença após o preocupante, pois os alunos poderiam estar
240 Vanalli, A. C., & Barham, E. J.

sendo, de algum modo, prejudicados. A falta profissional (Schirmer, 1997). A busca por
de estratégias institucionais para auxiliar políticas mais igualitárias pode requerer
mães de bebês pequenos reflete a falta de ações que ultrapassem a proteção da mãe
preparo das organizações para lidar com trabalhadora, abrangendo a redefinição das
alterações significativas nas demandas responsabilidades nos âmbitos profissional e
familiares dos funcionários. familiar, reconhecendo a importância e
Em relação ao apoio recebido na esfera impacto de demandas familiares em
profissional, a maioria das respondentes diferentes fases da vida familiar.
(70%) não teve qualquer tipo de apoio
adicional. Poucas receberam alguma ajuda
da direção da escola que envolvia maior
Referências
flexibilidade de horário para marcar reuniões Anfara, V. A., Brown, K. M., & Mangione,
ou horas extraordinárias. T. L. (2002). Qualitative analysis on
No decorrer deste estudo, foram stage: Making the research process more
levantadas várias necessidades das public. Educational Researcher, 31, 28-
professoras. Todas relataram que gostariam 38.
que a instituição empregadora oferecesse
Basso, I. S. (1998). Significado e sentido do
estratégias de conciliação das trabalho docente. Cadernos CEDES, 19,
responsabilidades profissionais e familiares, 19-32.
como ampliação da licença maternidade,
flexibilidade de horário e local para deixar Bradshaw, J. & Finch, N. (2002). A
os filhos enquanto trabalhavam. A maioria comparison of child-benefit packages in
concordou que, se houvesse um 22 countries. DWP Research Report
prolongamento da licença maternidade para Number 17. Leeds, Inglaterra.
seis meses, as mães e os bebês seriam Coltrane, S. (2000). Research on household
beneficiados, principalmente pela labor: Measuring the social
possibilidade de amamentar o filho por mais embededdness of routine family work.
tempo e mais vezes durante o dia. Journal of Marriage and the Family, 46,
Em relação à flexibilidade de horário 1208-1233.
em seus empregos, muitas relataram o Cooper, C. L & Lewis, S (2000). E agora,
desejo de não ter que comparecer às trabalho ou família: pais e mães que
reuniões fora do horário normal de trabalho trabalham fora aprendem como enfrentar
ou assumir atividades extras, bem como, ter as sobrecargas profissionais e familiares
o auxílio de um monitor quando chegassem do dia-a-dia. 1ª Edição. São Paulo.
atrasadas ou tivessem que sair Editora Tamisa.
antecipadamente do trabalho, em função de
demandas familiares. Assim, as professoras Dessen, M. A. & Braz, M. P. (2000). Rede
acreditavam que o retorno ao trabalho social de apoio durante transições
poderia ter sido mais tranqüilo se tivessem familiares decorrentes do nascimento de
recebido maior apoio do seu empregador. De filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16
forma geral, as principais necessidades das (3), 221-231.
professoras estavam ligadas à ampliação do Devine, M. (1993). A fala do bebê e a arte
suporte, precisando de maiores recursos de se comunicar com ele. Petrópolis. Ed
institucionais. Vozes.
Sabe-se que, apesar de desgastante, o Diniz, G. R. S. (1999). Homens e mulheres
período em que o filho é pequeno é frente à Interação casamento-trabalho:
passageiro. Entretanto, este é um período aspectos da realidade Brasileira. In
importante para a criança, seja para o CARNEIRO, F.C.. Casal e família: entre
estabelecimento da relação afetiva com os a tradição e a transformação. Rio de
pais, seja para o desenvolvimento infantil de Janeiro, RJ: Nau, 31-54.
forma geral. Portanto, faz-se necessário
encontrar soluções para viabilizar a Faria, G.S.S. & Barham, E.J. (out./abr.
permanência da mulher no mercado de 2004-05). Uma análise do equilíbrio
trabalho, porém, diminuindo os custos da trabalho e família no contexto brasileiro.
conciliação entre maternidade e vida Revista Núcleos, 3 (1), 33-38.
Demanda para políticas públicas para trabalhadores com filhos pequenos 241

Fleck, A. C. & Wagner, A. (2003). A mulher Ramos, I. M. (2002). A mulher no mercado


como a principal provedora do sustento de trabalho brasileiro. Brasília.
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