1) O documento descreve uma pesquisa sobre como famílias de baixa renda em São Paulo conciliam trabalho e família, com foco em mães e pais com crianças pequenas. 2) A pesquisa encontrou que as mães gastam muito mais tempo com tarefas domésticas e cuidados com os filhos do que os pais, e mães solteiras têm menos apoio. 3) A falta de acesso a creches públicas dificulta o acesso das mães, especialmente solteiras, ao mercado de trabalho.
Descrição original:
Título original
Como famílias de baixa renda em São Paulo conciliam trabalho e família
1) O documento descreve uma pesquisa sobre como famílias de baixa renda em São Paulo conciliam trabalho e família, com foco em mães e pais com crianças pequenas. 2) A pesquisa encontrou que as mães gastam muito mais tempo com tarefas domésticas e cuidados com os filhos do que os pais, e mães solteiras têm menos apoio. 3) A falta de acesso a creches públicas dificulta o acesso das mães, especialmente solteiras, ao mercado de trabalho.
1) O documento descreve uma pesquisa sobre como famílias de baixa renda em São Paulo conciliam trabalho e família, com foco em mães e pais com crianças pequenas. 2) A pesquisa encontrou que as mães gastam muito mais tempo com tarefas domésticas e cuidados com os filhos do que os pais, e mães solteiras têm menos apoio. 3) A falta de acesso a creches públicas dificulta o acesso das mães, especialmente solteiras, ao mercado de trabalho.
Disciplina – Gênero, Família e Relações de poder Professora – Mary Alves Mendes Fichamento do texto: Como famílias de baixa renda em São Paulo conciliam trabalho e família?
1. O artigo busca investigar, a partir do contexto de bairros de famílias pobres (das
classes C, D e E) articulam a jornada de trabalho com o trabalho domestico e cuidado com crianças pequenas (de até 6 anos) e renda de 1500 mensais ou menos. 1.1 Trata-se de uma pesquisa que utiliza de métodos qualitativos e quantitativos. Foram entrevistadas 700 mães e pais com crianças pequenas. 2. O estudo é dividido em cinco partes. Na primeira uma introdução aonde as autoras fazem um breve contexto da visão que o enfoque econômico atribui a parentalidade. 2.1 A paternidade é enxergada como vantagem pelas empresas, pois parte-se do pressuposto que homens com filhos prezarão pelo emprego devido a responsabilidade de criação dos filhos. A segunda seção é o referencial teórico que ancora a pesquisa. A terceira seção relata como foi realizada a pesquisa de campo e as entrevistas. A quarta seção apresenta descrição dos resultados encontrados na pesquisa e os interpreta a luz do referêncial teórico. A seção cinco conclui o estudo. 3. “È bastante conhecido o resultado de que, enquanto a paternidade tende a ser boa para a carreora dos homens, a maternidade prejudica a carreira das mulheres pag 03”. 3.1 As empresas tendem a preferir figuras paternas á maternas. Existe a concepção de mulheres mães reduzem sua força de trabalho, ou evadem do trabalho quando mães, sobretudo casadas. Enquanto a paternidade tende a reduzir a inatividade de trabalho para os homens. 4. “ Duas significativas teorias sociológicas apresentam diferentes interpretações a respeito da redução da participação de mães no mercado de trabalho: a teoria das prefêrencias e a teoria do papel do conflito. A primeira afirma que as mães preferem ficar em casa e responsável pelo trabalho domestico e ligado ao cuidado das crianças; enquanto a segunda defende que a responsabilidade do cuidado das crianças decai sobre a mulher independente de suas preferências pessoais. 4.1 A autora, assim como Bevilaqua & Buais (2012) demonstra o aumento da chefia feminina no Brasil. 4.2 “Mulheres de alta renda, bem como homens de baixa renda, tem mais que o dobro da probabilidade de estar na força de trabalho – e empregados – do que as mulheres de baixa renda, refletindo a interação entre classes sociais e desigualdades de gênero. pag 4”. 4.3 As famílias das classes mais abastadas, incluindo as mulheres tem condições de terceirizarem o serviço domestico e cuidados ao setor privado (escolas de tempo integral; babás, empregadas domesticas). 5. A pesquisa conta contou com quatro grupos focais: Dois grupos de mulheres que tinham um companheiro residindo em seu domicilio; um com mulheres solteiras, divorciadas ou viúvas; Um grupo de homens que residiam com sua companheira. 5.1 Cada entrevista tinha duração média de duas horas e as perguntas versavam sobre os seguintes aspectos: 1) Como é a vida de uma mãe/pai com filhos pequenos. 2) A questão da escola e vagas em escolas publicas. 3) A distribuição de responsabilidades dentro da família [trabalho domestico, trabalho remunerado e cuidado com as crianças 4) Desejos para melhorar a qualidade de vida. 5) Conflitos com empregadores e analise geral de politicas públicas ou serviços públicos. Pag 5 5.2 A partir do estudo focal, houve a formulação do questionário a ser aplicado em campo. 6. Mães não casadas – media de 1.8 filhos; maioria negras (61%); Mães e pais casados 2.1 e 2.2 filhos (Os pais, na maioria das entrevistas tinham filhos de um outro casamento que residiam com a esposa, por isso a média era pouco maior) 46% e 35% de pais e mães casados se identificaram enquanto brancos. 6.1 “As mães casadas da amostra apresentam níveis mais elevados de educação, com quase metade delas tendo concluído o ensino médio em comparação com 45% dos pais e 37% das mães não casadas. No entanto, é importante salientar que 20% das mães não casadas e não empregadas relatam ainda estudar. [...] a renda mensal familiar das mulheres não casadas é, em media, R$ 1168,00 representando 77% do valor da renda familiar média para mulheres casadas, que é de 1526. 6.2 Os dados da pesquisa demonstram que os pais casados estão mais inseridos no mercado de trabalho (90%); enquanto mulheres de família monoparentais tendem a ter menos acesso a trabalho e emprego (47%). 7. “Estudos empíricos tem demonstrado que países ou regiões que disponibilizam acesso a creches a preços acessíveis tem taxas de participação da força de trabalho muito maior entre mães. [...] Tanto para o Chile, como para a Argentina, estudos concluíram que o acesso á educação p´re-escolar e a creches de baixo custo (ECEC) ou escolas em tempo integral tem efeito positivo sobre as taxas de participação na força de trabalho das mães. Pag 8 ‘’. 7.1 A educação para crianças de ate 5 anos é um direito constitucional garantido desde 2009 a partir de uma emenda constitucional que valeria em 2016. Contudo a realidade demonstra que a criança passe em media 4 horas na escola, a metade de um dia integral de trabalho. 7.2 Entre as mulheres entrevistadas cujos filhos não estão nas ECEC’s públicos (51%) mais da metade estão com seus filhos na lista de espera por uma vaga. A procura é ainda maior entre mães não casadas que trabalham 7.3 Para mulheres não casadas a ECEC aparece como uma fator crucial que possibilitaria a busca por emprego enquanto que, para pais e mães casados a ECEC significaria não ter que depender de outras formas para o sustento da criança. 7.4 Os pais querem a creche para as esposas poderem arranjar emprego. 8. Houve um a acréscimo do cuidado domestico e de crianças realizado pelos pais, mas que ainda na contemporaneidade pese mais nos ombros femininos. 8.1 Para a autora os estudos de classes populares dos países industrializados mostra que aos homens ainda permanece o papel de provedor econômico, mesmo com as mulheres estando inseridas no mercado de trabalho. As mulheres que tem empregos em horários integrais (40 – 44 horas semanais) ainda gastam em média 20 horas com afazeres domésticos enquanto os homens gastam em média apenas 5 horas no serviço domestico. 8.2 A autora demonstra uma divisão sexual e de tempo gasto dentro dos trabalhos domésticos. 9. As autoras a partir de BRUSCHINI e RICOLDI (2009) chama atenção de como os dados do PNAD 2002 ou ate do IBGE colocam o trabalho domestico e o trabalho com crianças dentro da mesma categoria por envolverem a questão do “cuidado”. Isso demonstra ser muito perigoso, sobretudo por camuflar a realidade laboral de mulheres na esfera doméstica. 9.1 Mães que não estão casadas tendem a gastar 10 horas a menos no serviço domestico em comparação com mulheres casadas. Mães casadas e que trabalham gastam em média 38,9 horas por semana no cuidado com as crianças, enquanto as mães não casadas gastam 36,9 horas por semana cuidando de seus filhos. 9.2 O estudo indica que os pais gastavam em media 27 horas no cuidado com os filhos, com a esposa estando empregada ou não. O tempo gasto com as crianças na parentalidade masculina acaba sendo uma preferência, quase que optativo entre as figuras paternas. 9.3 “Em suma, para casais onde as mães trabalham fora, elas gastam 50% mais de horas no cuidado com seus filhos do que os pais e, para aqueles casais onde as mulheres não trabalham fora, as mães dedicam o dobro de horas do que os pais no cuidado com as crianças. Por fim, filhos de mães não casadas simplesmente recebem menos tempo de atenção parental total. Pag13”. 9.4 A pesquisa revelou que apenas 5% dos pais não residentes veem seus filhos ao menos uma vez por semana evidenciando o abismo no que tange as relações de gênero e paternidade. 9.5 “ Os homens declaravam a percepção de que a responsabilidade com as crianças era das mães, eles somente “ajudavam” . Um dos entrevistados declarou, inclusive, concordar que sua esposa trabalhasse fora de casa desde que ela também conseguisse manter o gerenciamento das responsabilidades com a casa e a família. Pag 20” 10. Assim como evidenciado por Sarti (1994), existe uma rede informal de cuidado das crianças que conta com a ajuda de avós, filhos mais velhos, parentes, amigos, vizinhos ou babás. 10.1 O peso pelo cuidado e o trabalho domestico acabam caindo sobre as mulheres, fazendo com que ainda na contemporaneidade a divisão do trabalho domestico e no que tange o cuidado dos filhos seja distribuída de forma desigual. No caso de mães não casadas as obrigações no âmbito domestico acabam por dificultar seu acesso no mercado de trabalho, sobretudo o formal. A autora relata como a falta de creches e pré-escolas poderiam ter um impacto direto na decisão de mães não casadas em participar (ou não) do mercado de trabalho.