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PSICOLOGIA
FERNANDA FREITAS CAMILO
ORLEANS
2020
FERNANDA FREITAS CAMILO
OS SENTIDOS PRODUZIDOS POR TRABALHADORAS DOMÉSTICAS
REMUNERADAS ACERCA DA MATERNIDADE
ORLEANS
ANO
RESUMO
Embora a luta dos movimentos feministas pela ampliação dos direitos das mulheres seja de
longa data, suas pautas ainda são atuais e necessárias. Dentro de tal movimento, a questão da
interseccionalidade vem ganhando destaque, pois, busca evidenciar que a categoria
“mulheres” não é universal. Nesse estudo, será problematizado a relação entre trabalho
doméstico remunerado e não remunerado, sua relação com a maternidade e com a divisão
sexual do trabalho. O objetivo geral deste estudo se refere à verificar os sentidos produzidos
por trabalhadoras domésticas remuneradas acerca da maternidade. Tratar-se-á de uma
pesquisa de cunho qualitativa, exploratória. O instrumento de coleta de informação será a
entrevista semiestruturada, que será gravada em áudio e, posteriormente, transcrita. Os
sujeitos de pesquisa serão mulheres, mães, que trabalham com diaristas. As entrevistas serão
analisadas por meio da produção de sentido, conforme apresenta Rey (2015).
1 INTRODUÇÃO 6
1.1PROBLEMA 7
1.2 OBJETIVOS 7
1.2.1 Objetivo geral 7
1.2.2 Objetivos específicos 7
1.3 JUSTIFICATIVA 7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9
2.1 DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E INTERSECCIONALIDADE 9
2.2 CONCEPÇÕES ACERCA DA MATERNIDADE 10
2.3 TRABALHO DOMÉSTICO REMUNERADO, LEGISLAÇÃO E (DES)
VALORIZAÇÃO 12
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 13
REFERÊNCIAS 14
1 INTRODUÇÃO
1.1PROBLEMA
1.2 OBJETIVOS
filhos;
1.3 JUSTIFICATIVA
O trabalho doméstico no Brasil e no mundo tem sua raiz na escravidão. Enquanto os
trabalhadores de diversos setores tiveram seus direitos reconhecidos na maioria dos países, as
trabalhadoras domésticas ficaram, durante anos, as margens de tais conquistas. Estudos
recentes do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa
Econômica e Aplicada (IPEA), mostram que, mesmo na atualidade, a condição das
trabalhadoras domésticas é de desigualdade em relação a outros setores como do comércio e
da indústria. Segundos tais Institutos, no Brasil há mais de 6 milhões de trabalhadores
domésticos, sendo 97% mulheres e 80% negras.
Quanto à remuneração, essa categoria de trabalho esta entra as mais baixas do Brasil e,
apresenta as condições mais precárias1. De acordo com o IBGE (2019) as mulheres recebem
salários inferiores aos dos homens. Entretanto, o caso das mulheres negras e pardas a situação
é ainda mais dramático. Essas trabalhadoras recebem o salário mais baixo em comparação a
todos os outros trabalhadores: em relação aos homens brancos, aos homens negros e pardos e
em relação à mulheres brancas. Esses dados desnudam a desigualdade social.
Faz-se ainda importante problematizar a questão da maternidade, sendo que, um
grande número dessas trabalhadoras, como por exemplo, as diaristas sem estabilidade, não
possuem direito a licença maternidade, se vendo obrigadas a voltar para o trabalho o mais
rápido possível para garantir a renda.
Além das questões relacionadas a desigualdade salarial e de diretos dessas
trabalhadoras, é possível pensar na saúde física e mental. Culturamente falando, os cuidados
com a casa e com as crianças, vem sendo atribuídos às mulheres. Badinter (1985) questiona a
natureza instintiva do amor materno, afirmando que essa ideia é fruto de uma construção
social, e reforçada por cada família. Os pensamentos e autocobrança a acerca de estarem ou
não, sendo boas mães, também contribui para que esse estereótipo prevaleça.
Ao longo dos séculos XIX e XX a vida familiar passou a ser vista como algo de
extrema relevância social, tornando-se preocupação do Estado. Segundo Ariés (1981) e
Donzelot (1986), a infância passou a ser considerada a fase mais importante na vida das
pessoas, exigindo socialmente uma atenção maior para esse público. Juntamente a atribuição
de novos valores, o papel materno ganhou destaque na sociedade. Assim, enquanto
instaura-se a família moderna, as relações afetivas ganham o conceito de essencial para o
1
Em pleno 2020 a mídia brasileira divulgou amplamente o caso de uma mulher foi condenada na Justiça do
Trabalho por manter uma empregada doméstica trabalhando por mais de 35 anos em situação análoga à
escravidão na Bahia. O MPT informou que a vítima foi resgatada no dia 21 de dezembro de 2017, após
denúncias anônimas. A trabalhadora foi encontrada na residência e confirmou em depoimento que trabalhava
sem receber qualquer tipo de pagamento, que o trabalho era trocado pela moradia, alimentação e vestuário.
desenvolvimento da criança, e o que deveria ser família, resume-se a mãe, fazendo com que o
lugar da mulher aos poucos fosse atrelado ao cumprimento das funções de maternas
(Badinter,1985).
A idealização da maternidade e sua relação com o trabalho doméstico remunerado
pode tornar-se uma rotina cansativa e permeada de culpas. Dessa forma, acreditamos ser de
grande importância o fomento de estudos que visibilizem tais problemáticas.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A divisão sexual no trabalho acontece ainda nos dias atuais, colocando a mulher em
um lugar de cuidado e reprodução, e os homens vistos num patamar de força e produtividade,
estabelecendo assim, um padrão concomitante as desigualdades de papéis sociais. A situação
da mulher negra no Brasil, não é muito diferente de antigamente. Embora lutem pelo
reconhecimento, em movimentos feministas e negros, a discriminação ainda é uma realidade
para essa parcela da população.
A divisão sexual do trabalho se refere a comparações realizadas por diversos institutos
e pesquisadores acerca das diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho
(HIRATA; Kergoat, 2007). Tais estudos destacam, além das desigualdades em relação aos
homens, uma marca do trabalho doméstico - relacionado aos cuidados com as crianças e com
a casa – nas atividades realizadas por mulheres no mercado de trabalho remunerado. Há uma
“naturalização” de certas habilidades femininas que são constituídas, de fato, histórica, social
e culturalmente (BADINTER, 1985).
Outra questão que se destaca nos estudos relacionados a divisão sexual do trabalho é,
ainda, o abismo entre as atividades e remuneração das mulheres brancas em relação as negras.
Segundo Abramo (2007), que realizou um estudo sobre divisão sexual do trabalho na America
Latina, entre os pobres do mundo, as mulheres são as mais pobres. E, ainda segundo a autora,
entre as mulheres pobres, as mulheres negras são as mais pobres. Essa é uma das
problemáticas que têm feito a questão da interseccionalidade ganhar força nos movimentos
feministas.
A interseccionalidade, pauta dos atuais movimentos feministas, demarca as múltiplas
fontes que constroem uma identidade. Crenshaw (1989) propõe uma subdivisão em duas
categorias: a "interseccionalidade estrutural", as mulheres negras na intersecção da raça e do
gênero, e a "interseccionalidade política", que são as políticas feministas e antirracistas, que
visam proteger mulheres negras da violência. Bilge (2009) acrescenta na teoria formulada por
Crenshaw, que a interseccionalidade nos proporciona conhecer a complexidade das
identidades e das desigualdades sociais, integrando gênero, classe, raça, etnicidade e
orientação sexual, indo além de reconhecer os sistemas opressores diante dessas categorias,
mas como eles agem na reprodução das desigualdades sociais. A invisibilidade diante das
organizações políticas feministas retratam uma luta desigual e refeição a reprodução do
preconceito, tirando da mulher negra seu direito de fala.
Esse conceito dedica-se a analisar como as diferenças raciais interferem nas relações
de gênero e classe social. Autoras como Leia Gonzalez (1988) e Angela Davis (1983)
dedicaram-se a esses estudos, compreendendo que apenas o feminismo não era capaz de dar
conta da complexidade da categoria “mulheres”, pois, haviam outras questões que contribuem
para a sua discriminação ( TANAKA, 2017). Por volta de 1980, após o termo ser utilizados
por Crenshaw, o mesmo passa a ganhar visibilidade, tornando se um novo conceito a ser
estudado.
3.2 Cronograma
MÊS DE EXECUÇÃO
Defesa do TCC x
REFERÊNCIAS
ABRAMO, Laís. Inserção das mulheres no mercado de trabalho na América Latina: uma
força de trabalho secundária? In: HIRATA, Helena; SEGNINI, Liliana (Orgs.). Organização,
trabalho e gênero. São Paulo: Editora Senac, 2007. p. 21-41.
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. (D. Flaksman, Trad.) Rio de Janeiro.
1981.
BADINTER, Elisabeth. Um Amor Conquistado: O Mito do Amor Materno. (W. Dutra, Trad.)
Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1985.
__________. O Conflito: A Mulher e a Mãe. (V. L. Reis, Trad.). Rio de Janeiro: Record.
2011
BEAUVOIR, Simone. Os dados da biologia. In: O segundo sexo. São Paulo: Difusão
Européia do livro, 1968, p. 25-57.
COSTA, Jurandir Freire. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro: Graal. 1987.
CIAMPA, Antonio da Costa. Identidade. In: Lanes, S.T.M.: Codo, W. (org) Psicologia Social:
O Homem em Movimento. São Paulo. Brasiliense, 1984.
DONZELO, Jacques. A Polícia das Famílias. (M.T. da C. Albuquerque, Trad.) Rio de
Janeiro: Graal. 1986.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2012.
SOUZA, Luana Passos.; GUEDES, Dyeggo Rocha. Desigual divisão sexual do trabalho: um
olhar sobre a última década. Estud. av. São Paulo, v. 30, n. 87, p. 123-139, agosto de 2016.
Disponível em
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142016000200123>
Acesso: junho de 2020.
TAGUCHI, Mychele Capellini Moris.; PIO, Danielle Abdel Massih. Uma leitura psicanalítica
da vivência da maternidade nos casos de aborto e prematuridade. Revista Psicologia e Saúde,
6(2), 56-61. 2014. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S2177-093X2014000200008&script=sci_abstract&
tlng=pt> Acesso em: Junho 2020
ANEXOS
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Agradecemos a vossa participação e colaboração.
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de
forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a
meu respeito serão sigilosos.
Nome por extenso:
___________________________________________________________________
Assinatura __________________________________________
APÊNDICES
APÊNDICE I - ENTREVISTA