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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE

PSICOLOGIA
FERNANDA FREITAS CAMILO

OS SENTIDOS PRODUZIDOS POR TRABALHADORAS DOMÉSTICAS


REMUNERADAS ACERCA DA MATERNIDADE

ORLEANS
2020
FERNANDA FREITAS CAMILO
OS SENTIDOS PRODUZIDOS POR TRABALHADORAS DOMÉSTICAS
REMUNERADAS ACERCA DA MATERNIDADE

Projeto de pesquisa apresentado à como


requisito parcial para obtenção da aprovação
no Curso de Psicologia, avaliação do avaliação
do Comitê Científico) do Centro Universitário
Barriga Verde-UNIBAVE.

Professor (a) Orientador (a): Fábia Galvani

ORLEANS
ANO
RESUMO

Embora a luta dos movimentos feministas pela ampliação dos direitos das mulheres seja de
longa data, suas pautas ainda são atuais e necessárias. Dentro de tal movimento, a questão da
interseccionalidade vem ganhando destaque, pois, busca evidenciar que a categoria
“mulheres” não é universal. Nesse estudo, será problematizado a relação entre trabalho
doméstico remunerado e não remunerado, sua relação com a maternidade e com a divisão
sexual do trabalho. O objetivo geral deste estudo se refere à verificar os sentidos produzidos
por trabalhadoras domésticas remuneradas acerca da maternidade. Tratar-se-á de uma
pesquisa de cunho qualitativa, exploratória. O instrumento de coleta de informação será a
entrevista semiestruturada, que será gravada em áudio e, posteriormente, transcrita. Os
sujeitos de pesquisa serão mulheres, mães, que trabalham com diaristas. As entrevistas serão
analisadas por meio da produção de sentido, conforme apresenta Rey (2015).

Palavras-chave: Maternidade. Divisão sexual do Trabalho. Trabalho Doméstico.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 6
1.1PROBLEMA 7
1.2 OBJETIVOS 7
1.2.1 Objetivo geral 7
1.2.2 Objetivos específicos 7
1.3 JUSTIFICATIVA 7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9
2.1 DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E INTERSECCIONALIDADE 9
2.2 CONCEPÇÕES ACERCA DA MATERNIDADE 10
2.3 TRABALHO DOMÉSTICO REMUNERADO, LEGISLAÇÃO E (DES)
VALORIZAÇÃO 12
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 13
REFERÊNCIAS 14
1 INTRODUÇÃO

O trabalho doméstico no Brasil é emblemático, pois em suas entrelinhas há questões


raciais, de gênero e classe social, fatores estes que estão ligados diretamente à excludentes
sociais e reprodutores da desigualdade. Segundo os dados do IBGE (2019,) no Brasil há 6,24
milhões de empregados domésticos, sendo 97% Mulheres e 80% negras. Nesse mesmo ano, o
país teve uma grande queda nos trabalhadores com carteira assinada: apenas 28,4% possuíam
os direitos trabalhistas. Outro fator se refere aos baixos salários, muitas vezes, inferior ao
salário mínimo. A pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
traz um perfil característico das trabalhadoras domésticas no Brasil: mulheres negras, com
baixa escolaridade e com baixa renda.
Em 2013, com a votação da PEC das domésticas, houve grandes mudanças. A
emenda estendeu aos trabalhadores domésticos os mesmos direitos da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), que rege as relações o de trabalho no Brasil desde meados do século XX.
As principais mudanças para os trabalhadores domésticos foram: jornada de trabalho de no
máximo 44 horas semanais, o pagamento de adicional noturno, hora extra, seguro desemprego
e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (BRASIL, 2013). Entretanto o cumprimento da
legislação não é uma realidade comum. Embora não seja possível negar os avanços que a PEC
das domésticas pode possibilitar para essa categoria de trabalhadores, no Brasil, o trabalho
doméstico foi – e ainda é - considerado um dos empregos com a menor remuneração, que
possibilita um acentuado processo de exploração e que, em grande medida, por acontecer em
espaços privados, dificulta a fiscalização e, consequentemente, o cumprimento de legislação.
Em se tratando do trabalho doméstico remunerado, é possível pensar que há um
terreno fértil para a pesquisa. Como a relação entre trabalho remunerado e não remunerado
afeta a saúde física e mental de trabalhadoras que são mães? Quais as condições de trabalho
dessas profissionais? Essas mulheres se sentem reconhecidas legalmente e socialmente?
(GAMA, 2012). O estudo busca visibilizar o trabalho dessas mulheres, tão importante para a
manutenção da reprodução da vida – própria e dos outros. Para tanto, elaborou-se a
problemática e objetivo de pesquisa apresentados em seguida.

1.1PROBLEMA

Quais os sentidos produzidos por trabalhadoras domésticas remuneradas acerca da


maternidade

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Verificar os sentidos produzidos por trabalhadoras domésticas remuneradas acerca da


maternidade

1.2.2 Objetivos específicos

✔ Levantar a trajetória de vida e profissional das entrevistadas;

✔ Descrever quais as funções realizadas pelas entrevistadas no trabalho remunerado e no

contexto da própria casa;

✔ Verificar quais as concepções das trabalhadoras acerca da função materna;

✔ Levantar como e com quem as trabalhadoras dividem as responsabilidades com os

filhos;

✔ Verificar se tais trabalhadoras têm conhecimento acerca de seus direitos e se elas

consideram que tais direitos são cumpridos.

1.3 JUSTIFICATIVA
O trabalho doméstico no Brasil e no mundo tem sua raiz na escravidão. Enquanto os
trabalhadores de diversos setores tiveram seus direitos reconhecidos na maioria dos países, as
trabalhadoras domésticas ficaram, durante anos, as margens de tais conquistas. Estudos
recentes do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa
Econômica e Aplicada (IPEA), mostram que, mesmo na atualidade, a condição das
trabalhadoras domésticas é de desigualdade em relação a outros setores como do comércio e
da indústria. Segundos tais Institutos, no Brasil há mais de 6 milhões de trabalhadores
domésticos, sendo 97% mulheres e 80% negras.
Quanto à remuneração, essa categoria de trabalho esta entra as mais baixas do Brasil e,
apresenta as condições mais precárias1. De acordo com o IBGE (2019) as mulheres recebem
salários inferiores aos dos homens. Entretanto, o caso das mulheres negras e pardas a situação
é ainda mais dramático. Essas trabalhadoras recebem o salário mais baixo em comparação a
todos os outros trabalhadores: em relação aos homens brancos, aos homens negros e pardos e
em relação à mulheres brancas. Esses dados desnudam a desigualdade social.
Faz-se ainda importante problematizar a questão da maternidade, sendo que, um
grande número dessas trabalhadoras, como por exemplo, as diaristas sem estabilidade, não
possuem direito a licença maternidade, se vendo obrigadas a voltar para o trabalho o mais
rápido possível para garantir a renda.
Além das questões relacionadas a desigualdade salarial e de diretos dessas
trabalhadoras, é possível pensar na saúde física e mental. Culturamente falando, os cuidados
com a casa e com as crianças, vem sendo atribuídos às mulheres. Badinter (1985) questiona a
natureza instintiva do amor materno, afirmando que essa ideia é fruto de uma construção
social, e reforçada por cada família. Os pensamentos e autocobrança a acerca de estarem ou
não, sendo boas mães, também contribui para que esse estereótipo prevaleça.
Ao longo dos séculos XIX e XX a vida familiar passou a ser vista como algo de
extrema relevância social, tornando-se preocupação do Estado. Segundo Ariés (1981) e
Donzelot (1986), a infância passou a ser considerada a fase mais importante na vida das
pessoas, exigindo socialmente uma atenção maior para esse público. Juntamente a atribuição
de novos valores, o papel materno ganhou destaque na sociedade. Assim, enquanto
instaura-se a família moderna, as relações afetivas ganham o conceito de essencial para o

1
Em pleno 2020 a mídia brasileira divulgou amplamente o caso de uma mulher foi condenada na Justiça do
Trabalho por manter uma empregada doméstica trabalhando por mais de 35 anos em situação análoga à
escravidão na Bahia. O MPT informou que a vítima foi resgatada no dia 21 de dezembro de 2017, após
denúncias anônimas. A trabalhadora foi encontrada na residência e confirmou em depoimento que trabalhava
sem receber qualquer tipo de pagamento, que o trabalho era trocado pela moradia, alimentação e vestuário.
desenvolvimento da criança, e o que deveria ser família, resume-se a mãe, fazendo com que o
lugar da mulher aos poucos fosse atrelado ao cumprimento das funções de maternas
(Badinter,1985).
A idealização da maternidade e sua relação com o trabalho doméstico remunerado
pode tornar-se uma rotina cansativa e permeada de culpas. Dessa forma, acreditamos ser de
grande importância o fomento de estudos que visibilizem tais problemáticas.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E INTERSECCIONALIDADE

A divisão sexual no trabalho acontece ainda nos dias atuais, colocando a mulher em
um lugar de cuidado e reprodução, e os homens vistos num patamar de força e produtividade,
estabelecendo assim, um padrão concomitante as desigualdades de papéis sociais. A situação
da mulher negra no Brasil, não é muito diferente de antigamente. Embora lutem pelo
reconhecimento, em movimentos feministas e negros, a discriminação ainda é uma realidade
para essa parcela da população.
A divisão sexual do trabalho se refere a comparações realizadas por diversos institutos
e pesquisadores acerca das diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho
(HIRATA; Kergoat, 2007). Tais estudos destacam, além das desigualdades em relação aos
homens, uma marca do trabalho doméstico - relacionado aos cuidados com as crianças e com
a casa – nas atividades realizadas por mulheres no mercado de trabalho remunerado. Há uma
“naturalização” de certas habilidades femininas que são constituídas, de fato, histórica, social
e culturalmente (BADINTER, 1985).
Outra questão que se destaca nos estudos relacionados a divisão sexual do trabalho é,
ainda, o abismo entre as atividades e remuneração das mulheres brancas em relação as negras.
Segundo Abramo (2007), que realizou um estudo sobre divisão sexual do trabalho na America
Latina, entre os pobres do mundo, as mulheres são as mais pobres. E, ainda segundo a autora,
entre as mulheres pobres, as mulheres negras são as mais pobres. Essa é uma das
problemáticas que têm feito a questão da interseccionalidade ganhar força nos movimentos
feministas.
A interseccionalidade, pauta dos atuais movimentos feministas, demarca as múltiplas
fontes que constroem uma identidade. Crenshaw (1989) propõe uma subdivisão em duas
categorias: a "interseccionalidade estrutural", as mulheres negras na intersecção da raça e do
gênero, e a "interseccionalidade política", que são as políticas feministas e antirracistas, que
visam proteger mulheres negras da violência. Bilge (2009) acrescenta na teoria formulada por
Crenshaw, que a interseccionalidade nos proporciona conhecer a complexidade das
identidades e das desigualdades sociais, integrando gênero, classe, raça, etnicidade e
orientação sexual, indo além de reconhecer os sistemas opressores diante dessas categorias,
mas como eles agem na reprodução das desigualdades sociais. A invisibilidade diante das
organizações políticas feministas retratam uma luta desigual e refeição a reprodução do
preconceito, tirando da mulher negra seu direito de fala.
Esse conceito dedica-se a analisar como as diferenças raciais interferem nas relações
de gênero e classe social. Autoras como Leia Gonzalez (1988) e Angela Davis (1983)
dedicaram-se a esses estudos, compreendendo que apenas o feminismo não era capaz de dar
conta da complexidade da categoria “mulheres”, pois, haviam outras questões que contribuem
para a sua discriminação ( TANAKA, 2017). Por volta de 1980, após o termo ser utilizados
por Crenshaw, o mesmo passa a ganhar visibilidade, tornando se um novo conceito a ser
estudado.

2.2 CONCEPÇÕES ACERCA DA MATERNIDADE

De acordo com Ciampa (1984), a identidade é algo construído conforme a atribuição


de papéis desempenhados, ou seja, não algo biológico. A figura da mãe é criada ao longo da
vida de uma mulher. A maternidade pode ser considerada um fenômeno social, pois no início
do período gestacional, estima-se que a identidade de mulher seja alterada, mudando hábitos,
gostos, tornando-se automaticamente um ser humano perfeito, de amor incontestável, que
encontrou em seu feto o sentido real da vida.
Badinter (1985) questiona a natureza instintiva do amor materno, afirmando que essa
ideia é fruto de uma construção social e reforçada por diversas instituições. Os pensamentos e
cobrança por “estarem ou não sendo boas mães”, também contribui para que esse estereótipo
prevaleça. Quando uma mulher não consegue desempenhar a maternidade conforme “o ideal”,
ou não se sente feliz em fazê-lo, é possível que seja tomada por um sentimento de culpa, de
fracasso. O desejo – assim como as habilidades - de ser mãe acaba por ser naturalizado, como
se, segundo afirma Beauvoir (1968), o destino da mulher fosse a maternidade.
Ao longo dos séculos XIX e XX a vida familiar – privada - passou a ser vista com
extrema relevância social, tornando-se, inclusive, uma preocupação do Estado. Segundo Ariés
(1981) e Donzelot (1986), a infância passou a ser considerada a fase mais importante na vida
das pessoas, exigindo socialmente uma atenção maior para esse público. Estudos como os de
Freud () destacam como questões da infância influenciam a vida adulta. Não é difícil entender
que, se o cuidado com as crianças é historicamente atribuído às mulheres, a mudança do olhar
sobre a infância amplia a exigência sobre as mães. Juntamente a atribuição de novos valores,
o papel materno ganhou destaque na sociedade. Assim, enquanto instaura-se a família
moderna, as relações afetivas ganham o conceito de essencial para o desenvolvimento da
criança, e o que deveria ser família, resume-se a mãe, fazendo com que o lugar da mulher aos
poucos fosse atrelado ao cumprimento das funções de maternas (Badinter, 1985).
A mulher que, anteriormente era restrita a uma função de progenitora, agora assume
uma função social. Cabia – e cabe - a ela cuidar da saúde e bem-estar dos membros da
família, além de ser responsável pelo desenvolvimento emocional dos filhos. Ao mesmo
tempo em que eram engrandecidas por seu trabalho, ao mínimo dos erros eram
desqualificadas por “fracassarem” em seu papel, pois ser “perfeita” deveria ser “normal". A
mãe ideal cuida sozinha da educação dos filhos, da higiene, estimula seu desenvolvimento, o
alimenta, leva a escola, compra roupas, brinquedos, não o deixa adoecer, ela é protetora em
tempo integral.

2.3 TRABALHO DOMÉSTICO REMUNERADO, LEGISLAÇÃO E (DES)


VALORIZAÇÃO

O trabalho doméstico, seja ele remunerado ou não, foi historicamente associado às


mulheres, enraizado nas construções das relações de gênero, reduzido ao biológico,
elementos, que são, de fato, culturais. (HIRATA, KERGOAT, 2007).
Os afazeres domésticos, geralmente são realizados pelas mulheres. Fato que, por fim
beneficia todos os outros integrantes da família. Enquanto a mulheres precisam enfrentar
diferentes jornadas de trabalho, os homens podem dedicar-se aos estudos ou ao trabalho
remunerado. Esse fato da a falsa impressão de que o lugar de natureza das mulheres é o lar,
sendo sua participação no trabalho remunerado um mero acidente (ABRAMO, 2007). Isso se
reflete quando, por exemplo, as mulheres não conseguem alcançar cargos de maior
responsabilidade e, consequentemente, melhor remunerados dentro das empresas
(CAPPELLIN, 2008). Esses dados levaram autores a abordar o tema e conceituar o que seria a
feminilização do mercado de trabalho, seriam profissões direcionadas ao público feminino,
como faxineiras, cuidadoras, cozinheiras, funções desvalorizadas financeiramente e
socialmente (GUIÉRREZ RODRÍGUEZ, 2014).
As mulheres serem associadas ao trabalho doméstico, como uma extensão de vinho
natural, limita a igualdade de gênero no mercado de trabalho, esses limites dizem também a
respeito da cor e as classes sociais. Uma vez que o trabalho doméstico é desvalorizado e visto
como inferior, acentua a desigualdade (TANAKA, 2017).
A naturalização de tal função é utilizada como forma de exploração, como se, a
mulher realizasse as atividades domésticas por amor. Não à toa, é comum ouvir patrões
relatando que “tratam a trabalhadora doméstica como se fosse da família”. Essa naturalização
dificulta, por exemplo, que tais trabalhadoras tenham os mesmos direitos de outros
trabalhadores de setores diferentes. Além de problematizar a questão da divisão sexual do
trabalho, Bernardino e Costa (2015) explicam que é necessário se debruçar sobre questões de
raça. Segundo os autores, podemos trazer dois grupos de mulheres no mercado de trabalho:
brancas e negras. O padrão conceituado na hierarquização e superioridade racial ainda
continua a mesma após o período de colonização. Essas ideias limitam o mercado de trabalho
e ascensão social dos negros.
Estudos sobre as relações de empregados e empregadores mostraram como a
naturalização da discriminação gerado pelo papel de superioridade ainda são comuns no
Brasil. Assim as crianças aprendem desde cedo a naturalizar atitudes discriminatórias e
racistas. A contratação de empregadas domésticas, em sua grande maioria negra, desnuda os
valores escravocratas que, mesmo após anos, fundamentam as desigualdades econômicas e
sociais. E, ainda, destaca a importância de estudos sobre interseccionalidade que visem dar
conta da complexidade que o tema exige (TANAKA,2017).
A Emenda Constitucional 72/2013, que originou a Lei Complementar 150/2015,
popularmente conhecida como PEC das Domésticas, trata-se de uma das primeira medidas
que buscou regularizar o trabalho doméstico, onde esses trabalhadores pudessem obter algum
direito legal por sua ocupação profissional, entre essas a definição da carga horária, férias,
salário mínimo fixo, e benefícios adicionais. Com a nova lei os patrões também teriam
obrigações, como formalizar a situação da/o funcionário, registrando sua carteira e pagando
os tributos essenciais e previdenciários (BRASIL,2015).
O trabalho doméstico é analisado como um campo de constituição e reprodução de
desigualdade de gênero, raça e classe. Por isso, esse estudo busca compreender, não apenas a
função em si, mas as relações que se constroem na relação entre trabalho doméstico
remunerado e não remunerado e, ainda, desnaturalizar elementos que reforçam desigualdades.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo consiste em uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa.


Esse método caracteriza-se pelo fato do pesquisador ser o instrumento principal, enfatizando o
processo de modo descritivo, tendo como foco principal, a interpretação dos fenômenos de
seu estudo. (SILVA; MENEZES, 2005).
Para o desenvolvimento dessa pesquisa será realizado uma análise bibliográfica a
respeito do tema, usando as palavras chaves: gênero, raça, interseccionalidade, trabalhadoras
domésticas e maternidade. Serão selecionados artigos científicos, teses, dissertações, livros,
dados do IBGE e a legislação do trabalhador doméstico. Os sujeitos de pesquisa serão 10
trabalhadoras domésticas – registradas ou não. O método de análise será baseado na produção
de sentidos, conforme Rey (2005). De acordo com o autor, a pesquisa de caráter qualitativo
visa, muito além de respostas fechadas acerca do problema, busca explorar os fatos e construir
o conhecimento na relação entre pesquisador e pesquisado. A aproximação com as mulheres
entrevistadas será por acessibilidade e as informações serão coletadas por meio de entrevista
semiestruturada, gravadas e em áudio e, posteriormente, transcritas.
As entrevistadas receberão um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes da
realização das entrevistas. Às mesmas, fica livre a decisão de desistirem da entrevista em
qualquer etapa desse estudo.

3.2 Cronograma

MÊS DE EXECUÇÃO

ATIVIDADES/ MÊS 2020


2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Projeto de Pesquisa x x x x x
Revisão da literatura x x x
Qualificação do projeto x
Submissão ao CEP x
Pesquisas x x
Sistematização dos resultados x x
Análise e interpretação dos dados x x
Considerações finais e redação final x x
Entrega do relatório de pesquisa - TCC x
Preparação da apresentação e defesa x

Defesa do TCC x

REFERÊNCIAS

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força de trabalho secundária? In: HIRATA, Helena; SEGNINI, Liliana (Orgs.). Organização,
trabalho e gênero. São Paulo: Editora Senac, 2007. p. 21-41.

ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. (D. Flaksman, Trad.) Rio de Janeiro.
1981.

BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Emenda Constitucional no 72, de 2 de Abril


de 2013.

__________. Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015.Brasília, 2015.

__________. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Censo Demográfico.


2019.

BADINTER, Elisabeth. Um Amor Conquistado: O Mito do Amor Materno. (W. Dutra, Trad.)
Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1985.

__________. O Conflito: A Mulher e a Mãe. (V. L. Reis, Trad.). Rio de Janeiro: Record.
2011

BEAUVOIR, Simone. Os dados da biologia. In: O segundo sexo. São Paulo: Difusão
Européia do livro, 1968, p. 25-57.

BERNARDINO-COSTA, Joaze 2015. Decolonialidade e interseccionalidade emancipadora:


A organização política das trabalhadoras domésticas no Brasil. Soc. estado. 30(1), 147–163.
Disponívem em :
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922015000100147>
Acesso em: junho de 2020.

CAPPELLIN, Paola. As desigualdades impertinentes: telhado, paredes ou céu de chumbo?


Revista Gênero. Niteroi, v.9, n.1, p.89-126, 2. sem. 2008. Disponível em
<http://www.revistagenero.uff.br/index.php/revistagenero/article/viewFile/97/73>. Acesso
em: junho de 2020.

COSTA, Jurandir Freire. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro: Graal. 1987.

CIAMPA, Antonio da Costa. Identidade. In: Lanes, S.T.M.: Codo, W. (org) Psicologia Social:
O Homem em Movimento. São Paulo. Brasiliense, 1984.
DONZELO, Jacques. A Polícia das Famílias. (M.T. da C. Albuquerque, Trad.) Rio de
Janeiro: Graal. 1986.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2012.

MOURA, Solange Maria Sobottka Rolim. ARAÚJO, Maria de Fátima. A Maternidade na


história e a história dos cuidados maternos. Revista Psicologia: Ciência e Profissão.
2004.Disponível em :
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-98932004000100006&script=sci_abstract>
Acesso : Julho de 2020

GUTIÉRREZ-RODRÍGUEZ, Encarnación. Domestic work-affective labor: On feminization


and the coloniality of labor. Women’s Studies International Forum 46, 45–53. 2014.

HIRATA, Helena. KERGOAT, Danièle. Novas configurações da divisão sexual do trabalho.


Cadernos de pesquisa, v.37, n. 132, p.595- 609, set./dez. 2007.Disponível em:
<http://scielo.br/pdf/cp/v37n132/a0537132>. Acesso em: jullho de 2020.

REY, González. Pesquisa qualitativa e subjetividade: Os processos de construção da


informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

SILVA, Edna Lúcia da.; MENEZES, Estera Muszkat Metodologia Da Pesquisa E


Elaboração De Dissertação. 4. ed. Florianópolis, 2005.

SOUZA, Luana Passos.; GUEDES, Dyeggo Rocha. Desigual divisão sexual do trabalho: um
olhar sobre a última década. Estud. av. São Paulo, v. 30, n. 87, p. 123-139, agosto de 2016.
Disponível em
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142016000200123>
Acesso: junho de 2020.

TAGUCHI, Mychele Capellini Moris.; PIO, Danielle Abdel Massih. Uma leitura psicanalítica
da vivência da maternidade nos casos de aborto e prematuridade. Revista Psicologia e Saúde,
6(2), 56-61. 2014. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S2177-093X2014000200008&script=sci_abstract&
tlng=pt> Acesso em: Junho 2020

TANAKA, Sheila. Interseccionalidade e Trabalho Doméstico:O Debate Público Sobre a


Emenda Constitucional 72 no Brasil. Cadernos Cedec n 123, 2017.

ANEXOS

CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE


ANEXO I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O(a) senhor(a) está sendo convidado a participar de uma pesquisa científica de


graduação, intitulada “Os Sentidos Produzidos Por Trabalhadoras Domésticas Remuneradas
Acerca Da Maternidade” tendo como objetivos: Verificar os sentidos produzidos por
trabalhadoras domésticas remuneradas acerca da maternidade. Levantar a trajetória de vida e
profissional das entrevistadas; descrever quais as funções realizadas pelas entrevistadas no
trabalho remunerado e no contexto da própria casa; verificar quais as concepções das
trabalhadoras acerca da função materna; levantar como e com quem as trabalhadoras dividem
as responsabilidades com os filhos; verificar se tais trabalhadoras têm conhecimento acerca de
seus direitos e se elas consideram que tais direitos são cumpridos.
Os riscos destes procedimentos serão mínimos, por envolver medições não-invasivas.
Os benefícios e vantagens em participar deste estudo será a contribuição científica para estudos
nessa áreas, as pessoas que acompanharão os procedimentos serão as pesquisadoras Fernanda
Freitas Camilo e a professora responsável Fábia Alberton Galvane.

CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE

Solicitamos a sua autorização para o uso de seus dados, fotografias, filmagens e/ou
gravações para a produção e publicação interna e externa de artigos técnicos e científicos. A sua
privacidade será mantida através da não identificação do seu nome e respectivos dados.
Acrescentamos que, mesmo aceitando participar do estudo, o senhor (a) poderá desistir a
qualquer momento, bastando para isso informar sua decisão aos responsáveis. Fica esclarecido
ainda que, por ser uma participação voluntária e sem interesse financeiro, o (a) senhor (a) não
terá direito à remuneração. Os dados referentes à sua pessoa serão sigilosos e privados,
preceitos estes assegurados pela Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, podendo
o (a) senhor (a) solicitar informações durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a
publicação dos dados obtidos a partir desta.
Agradecemos a vossa participação e colaboração.

Dados do Comitê de Ética em Pesquisa do UNIBAVE:


Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão
Rua Padre João Leonir Dall´Alba, n.601, Bairro Murialdo
Orleans – SC
Telefone (48) 3466-5600
E-mail: cep@unibave.net

FERNANDA FREITAS CAMILO FÁBIA ALBERTON GALVANE


ALUNO RESPONSÁVEL PELA PESQUISA PROFESSOR RESPONSÁVEL PELA PESQUISA
NÚMERO DO TELEFONE:(48)991253282 NÚMERO DO TELEFONE: ------------------------
E-mail: camilofernanda7@gmail.com E-mail: :---------------------------

TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de
forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a
meu respeito serão sigilosos.
Nome por extenso:
___________________________________________________________________

Assinatura __________________________________________

Local: __________________ Data: ____/____/____

APÊNDICES

APÊNDICE I - ENTREVISTA

1. Qual foi seu primeiro emprego ?


2. Você tinha quantos anos?
3. A quanto tempo trabalha como doméstica?
4. Já teve a carteira assinada ? Recebe férias, décimo terceiro, hora extra, entre outros
direitos estabelecidos por lei?
5. Tem conhecimento da Lei Complementar 150/2015, sobre o trabalho doméstico?
6. Quais funções você desempenha em seu trabalho? Foi algo acordado ?
7. Hoje você desempenha funções diferentes de quando começou a trabalhar?
8. Você já dormiu no trabalho? Se sim, com frequência ?
9. Você mora longe do trabalho?
10. Qual meio de transporte você usa para chegar ao trabalho?
11. Quantas pessoas moram com você?
12. Quem realiza o serviço doméstico na sua casa?
13. Você trabalhou até quantos meses de gestação? Como foi sua rotina de trabalho até
esse último mês ?
14. Teve licença maternidade? Foi remunerada durante esse período ?
15. Seu/sua(s) filho/a(s) frequentam a creche? Se sim, começaram a frequentar com que
idade?
16. Como é a sua rotina com seu filho?
17. Com quem você divide as responsabilidades do/da(s) seu/sua(s) filho/a(s)?
18. Você já precisou levar seu/sua(s) filho/a(s) para o trabalho?
19. Já precisou sair do trabalho por causa do seu/sua(s) filho/a(s)? Como foi ?
20. Já recebeu alguma crítica que você passa pouco tempo com seu/sua(s) filho/a(s)?
21. Como você vê a sociedade em relação a maternidade?

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