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Universidade Federal do Piauí – UFPI

Programa de Pós Graduação Em Sociologia – PPGS


Disciplina – Gênero, Família e Relações de poder
Professora – Mary Alves Mendes
Fichamento do texto: Sentidos de chefia familiar feminina em contextos de
comunidades populares.

1. O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa de cunho


etnográfico realizada com mulheres chefes de família em uma comunidade na
cidade de Santa Maria (RS).
1.1 Logo no resumo, para as autoras “ a chefia familiar é associada ao trabalho, á
administração do orçamento, ao cuidado dos filhos e do lar [...] a mulher fortalece
sua autonomia e constrói um espaço que possibilita sua constituição como sujeito
transformador de sua realidade. Pag 99”.
2. O Brasil, sendo um país extremamente desigual ainda abriga um grande
contingente de pessoas pobres. Os arranjos familiares nas classes populares
tendem a ser numerosas, desfeitas ou as vezes agregadas na busca pela
sobrevivência.
2.1 Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009), houve um
acréscimo de famílias chefiadas por mulheres entre 1996 e 2006 de 79%.
2.2 As autoras apontam que essas mudanças estão calcadas no acréscimo da
participação feminina no mercado de trabalho fazendo com que mulheres
houvessem participação direta nos rendimentos da família.
3. “Pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas Estatísticas Aplicadas (IPEA)
apontam que 90,4% das mulheres, em 2006, além de prover o sustento da família,
ocupavam-se dos afazeres domésticos, enquanto a taxa masculina correspondia a
51,1% nesta situação. Pag 02” .
4. Para Mendes (2004) as camadas pobres abrigam uma grande concentração de
famílias chefiadas por mulheres, que partilham entre si á origem familiar e a
condição socioeconômica.
4.1 A necessidade de sustento, subemprego ou exposição a violência conjugak são
fatores que influenciam no direcionamento e escolhas calcadas na priorização do
trabalho sobre o estudo. Para as autoras o emprego para além de garantir o próprio
sustento é um dos responsáveis diretos para a autonomia das mulheres. Contudo,
para as autoras as condições de vulnerabilidade, subemprego e o enfretamento de
uma dupla jornada de trabalho demonstram o esgotamento cotidiano dessas
mulheres chefes de família.
5. O método de investigação adotado pela autora foi o etnográfico a partir de
Fonseca (1999) e da produção de sentidos das falas das entrevistas realizadas a
partir de Spink (2000; 2000b).
5.1 As autoras realizaram cinco entrevistas com chefes de família entre 27 e 75
anos.
6. “A chefia feminina, quando assumida solitariamente, neste contexto, remete a
uma escolha que possibilita liberdade e reconhecimento para mulher. Pag 5”.
6.1 As chefes de família estudadas partilham traços em comum. As cinco
entrevistadas são oriundas de comunidades rurais; sofreram agressões físicas e/ou
psicológicas.
6.2 Para a autora “o estar sozinha adquire um sentido de escolha que pode livrar a
mulher do peso de um parceiro inerte em casa. O estudo realizado em Santa Maria
– RS contrasta com as favelas de São Paulo estudada por Sarti (1994) cuja
presença masculina era acionada quando o dialogo com a “rua” fosse necessário.
7. A autora elabora um quadro mosaico aonde ela explora os principais sentidos
produzidos a cerca da chefia feminina para as entrevistadas. As palavras presentes
no discurso das entrevistadas foram Trabalho, Sustento, Cuidado, Orçamento,
Decisões, Responsabilidade.
8. Ao contrário do que acontece em famílias de classe média como explorado por
Jenni Vaitsman a vontade individual não sobrepõe as necessidades coletivas. Neste
ponto o estudo reafirma o pensamento de Sarti que demonstra a rede de auto ajuda
entre mulheres pobres. Entre os sentidos dessa rede de ajuda as autoras ressaltam
a busca por segurança através da obrigação de reciprocidade e satisfação pessoal.
9. No caso das entrevistadas, o ato de cuidar e o cuidado traços tidos como
femininos transferem-se para a esfera publica. O sentido da palavra cuidado
assimila-se com trabalho. Ao terem filhos, as entrevistadas relatam que ao ter filhos,
elas teriam que trabalhar e abdicar de parte das suas aspirações iniciais.
10. “ A chefia familiar, ao libertar a mulher de relações conjugais opressoras,
possibilita que esta seja responsável por si e pela famila, constituindo-se como
sujeito diante dessa realidade. Nessa medida, a autonomia pessoal torna-se
fortalecida e proporciona liberdade de escolha. Pag 9”.

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