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Kelin Moschen2
Verena Augustin Hoch3
RESUMO
Esse estudo buscou compreender, em uma perspectiva subjetiva, a vivência da mulher que vive
no meio rural de um município do extremo oeste de Santa Catarina, a partir do contexto
histórico patriarcal e cultural da região. Os dados foram coletados por meio da realização de
grupos focais, gravados e transcritos na íntegra, e analisados seguindo os pressupostos da
pesquisa fenomenológica. Participaram desta pesquisa, seis mulheres residentes em uma
comunidade rural de um município do extremo oeste catarinense. A partir dos resultados
obtidos, se compreenderam as seguintes essências: dificuldades vivenciadas na família; a
responsabilidade da mulher na criação dos filhos; estudo/oportunidades; o trabalho remunerado
como forma de empoderamento; relações na comunidade; o campo como forma de liberdade,
que por sua vez traduzem as experiências vividas pelas mulheres, sendo compreendidas como
únicas e singulares.
ABSTRACT
This study aimed to understand, from a subjective perspective, the experience of women who
live in the rural environment of a town in western Santa Catarina based on the patriarchal and
cultural-historical context of the region. Data were collected through focus groups, recorded
and transcribed in full, and analyzed following the assumptions of phenomenological research.
Six women living in a rural community in a town in western Santa Catarina participated in this
research. From the results, we obtained the following issues: difficulties experienced in the
family; the responsibility of women in raising children; study/opportunities; paid work as a way
of empowerment; building community relationships; the countryside as a form of freedom,
which in turn translates the singular experiences lived by women.
1 INTRODUÇÃO
A região Extremo Oeste de Santa Catarina foi colonizada por imigrantes, em sua grande
maioria, descendentes de alemães, italianos e poloneses, vindos do Rio Grande do Sul buscando
áreas de terra por menores preços, com o intuito de reprodução social camponesa estabelecendo
então atividades agrícolas na região (RENK; WINCKLER, 2018). Nessa época, a sociedade
vivia fortemente marcada pelas desigualdades de gênero, privilegiando o homem enquanto
chefe de família e da propriedade, enquanto as mulheres tinham o papel de cuidar da casa e das
atividades de reprodução familiar (SILVA; SCHNEIDER, 2010).
Ademais conforme Renk e Winckler (2018), no contexto produtivo, era destinado para
as mulheres os produtos de menor valor, cuja renda obtida era destinada à aquisição de
mantimentos para o lar. Além disso, inseria-se nesse contexto a subalternização que consistia
na mulher ser nomeada pelo sobrenome do marido, além de não possuir acesso a direitos como
título eleitoral e aposentadoria, visto que sua qualificação era considerada do “lar” e não como
agricultora.
Historicamente, o meio rural se constitui em um espaço de múltiplas formas
de desigualdades, em função de raízes históricas, reproduzidas e perpetuadas cotidianamente
em sociedade através das relações desiguais de gênero, do patriarcado e da própria divisão
sexual do trabalho. Ao longo do tempo, a mulher foi colocada em um local de subserviência ao
homem, sendo pela figura paterna ou do marido. Com o esforço de movimentos sociais de
mulheres no campo, para reivindicar o reconhecimento de seus papéis como trabalhadoras e
cidadãs, muitos direitos foram adquiridos, entretanto, o gênero prevalece como um dos fatores
principais na construção de desigualdades, estabelecendo hierarquias de poder, de status e de
renda (HERRERA, 2015).
Conforme dados da Agricultura Familiar (2015), as mulheres representam praticamente
a metade da população no campo, em gênero. Estas, desempenham diferentes papeis e
responsabilidades, sendo eles tanto voltados à produtividade agrícola, quanto ao cuidado do lar,
assim como na comunidade onde vivem. As mulheres rurais desempenham um importante
papel na agricultura familiar, sendo responsáveis pela produção de produtos para o consumo
familiar, além de garantir qualidade de vida na família e na sociedade. São consideradas ativas
nos processos produtivos pois, além do trabalho na roça, também desenvolvem o cultivo de
grande parte da alimentação da família. É a maior responsável e cuidadora do lar e dos afazeres
domésticos, contudo, muitas vezes sem direito a expressar e relatar seus sentimentos e desejos
(PERROT, 1989).
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
produção na roça como um trabalho dele; e nessa perspectiva os filhos e a esposa, mesmo
desempenhando as mesmas atividades, passam a prestar-lhe apenas uma “ajuda”.
Conforme cita Tedeschi (2007), é importante salientar que os primeiros núcleos
coloniais de imigrantes que chegam ao Brasil reproduziram as representações sobre os papéis
da mulher, presentes no imaginário europeu, caracterizadas pela atuação no interior da casa,
junto aos seus filhos e dependentes. A mulher camponesa, juntamente com o marido,
desenvolve a tarefa de colonizar áreas inóspitas e produzir para o consumo, assumindo
responsabilidades e sobrecarregadas com a tarefa de prover os velhos, organizar o trabalho
doméstico e manter a coesão familiar.
Na sociedade patriarcal são os homens que ganham mais, mesmo desempenhando as
mesmas funções das mulheres, e são eles que tomam as decisões pela família. Durante muito
tempo, na divisão da herança familiar, eram os filhos homens quem recebiam mais que as filhas
mulheres. Nos últimos anos houveram avanços, entretanto estas diferenças ainda fazem parte
da realidade, estando enraizadas na sociedade. Além de assumir uma multiplicidade de tarefas,
a mulher no campo pode sofrer com violência doméstica (SEBOLD, 2021).
Conforme destaca Pavan (2012, p. 35):
A autora descreve que, na história as mulheres, aparecem quase sempre sem vontade
própria, sendo partes de uma peça cujo roteiro está determinado pelo destino da família que,
por sua vez, está determinado pela dinâmica social.
Durante muito tempo, as questões de gênero, patriarcado, machismo e as muitas formas
de violência, eram tidos como tabus, “encobertas pelos dogmas impregnados na sociedade que
naturalizaram a violência física e simbólica, a dominação e exploração da mulher pelo simples
fato de ser mulher”. É notório que muitos avanços já foram conquistados, porém, as
desigualdades de gênero ainda se fazem presentes na realidade do campo (SILVA, 2019).
Conforme Perrot (1989), muitas das atividades exercidas pela mulher no campo não se
enquadram nas categorias reconhecidas formalmente dentro do conceito de trabalho, entretanto,
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tal ocupação vai muito além das práticas vinculadas ao trabalho doméstico. As agricultoras
comumente realizam atividades produtivas, como o plantio e a colheita da produção de produtos
agrícolas para comercialização, bem como para o autoconsumo da família, além da ordenha de
vacas, e o cuidado com os animais.
Por causa das tarefas domésticas e atividades que não geram renda diretamente, o
trabalho da mulher se torna invisível. Desse ponto de vista, as relações de gênero adquirem
hierarquias de poder que refletem a estrutura social convencional, na qual o homem está sempre
em posição superior à da mulher, reproduzindo assim uma situação de violência simbólica
(BARROS; BASTOS; RIOS, 2015).
Pereira e Moreira (2021) destacam que, mesmo quando a mulher realiza atividades
voltadas para a produção, conhecidas como masculinas, a mulher é vista como uma ajudante.
As atividades agrícolas exercidas por elas são vistas apenas como extensão das atribuições de
mãe e esposa. Schwendler (2020) ressalta que essa divisão sexual do trabalho no campo está
vinculada à introdução da noção capitalista de trabalho, que reduz o trabalho ao que pode ser
trocado no mercado.
Para Heredia (1979) apud Schwendler (2020), a oposição entre os gêneros vai além da
divisão de tarefas, expressando-se na oposição casa-roçado, que delimita o espaço do trabalho
e do não trabalho no campo, distinguindo os lugares do masculino e feminino. As atividades
que se realizam no roçado, pelo fato de possibilitarem a produção de bens, são consideradas
trabalho, em oposição às atividades vinculadas à casa, que não carregam este reconhecimento.
Ademais, segundo a autora, a divisão do trabalho por sexo/gênero, que atribui o trabalho
chamado “produtivo” aos homens e o “reprodutivo” às mulheres, também dispensa os homens
do trabalho doméstico, visto que a casa é vista como espaço da mulher.
Conforme destaca Faria (2009, p. 5):
Nesse sentido, nota-se que a relação entre os termos “trabalho produtivo” e “trabalho
improdutivo” minimiza o trabalho exercido pelas mulheres nos espaços rurais, até o ponto de
torná-lo irreconhecível, atribuindo maior valor ao trabalho masculino, gerando desigualdades
de poder e prestígio. Esta condição se reflete em uma divisão sexual do trabalho que se
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Ao longo dos séculos, raízes que envolvem as agricultoras na atualidade, têm sido
regadas com diferentes arranjos, visando manter relações de poder. O lugar socialmente
destinado às mulheres agricultoras, continua sendo a família e maternidade, hoje constitui ainda
o componente central, definidor da identidade feminina, mesmo aparentemente sendo opcional.
A mulher é criada desde a infância para os seus tradicionais papéis e todo o seu
desenvolvimento é norteado por esse princípio, mesmo que ela nunca chegue a ser mãe ou que
opte por sair do campo e morar na cidade, como é o caso do grande número das filhas das
agricultoras na atualidade (TEDESCHI, 2007).
Ainda, conforme Tedeschi (2007), tais representações socioculturais a respeito dos
papéis de dona de casa, são a forma como a sociedade configura determinados aspectos da
realidade das mulheres, a ponto de que muitas dessas crenças, que cercam os tradicionais papéis
femininos, como servir, cuidar e nutrir, acabam se transformando em verdade imutável. Nesse
aspecto, relaciona-se o fato de mulheres não estarem em locais tidos como masculinos, como
participar de alguma reunião, devido a este espaço público ser-lhe negado desde a infância.
Na relação familiar, a mulher é responsável pela vida doméstica, poupando o homem
dos problemas presentes no cotidiano familiar. E o homem, com a vida voltada para o mundo
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público, deve proteger a mulher dos “complicados” problemas do mundo fora de casa, dos
bancos ou do empréstimo para a lavoura. A imagem do feminino está ligada aos afazeres
domésticos, sem visibilidade, enquanto que aos homens são destinadas funções mais
qualificadas e mais valorizadas no espaço público (BADINTER, 1986).
Além de tais tarefas, as mulheres também são responsáveis pela formação de uma nova
geração de trabalhadores, que garantirá a reprodução do modo de produção. Essa atribuição do
sexo feminino inclui a gravidez, o parto e a amamentação, funções para as quais a mulher está
biologicamente preparada. A essas funções biológicas, acrescentam-se tarefas que são
culturalmente impostas, mas que são encaradas como exclusivas do sexo feminino - aí se
incluem o preparo dos alimentos, a limpeza da casa, o cuidado com as roupas e a proteção dos
filhos. Ademais, a divisão sexual do trabalho condiciona formas diferenciadas de inserção
social para homens e mulheres, existindo uma identificação cultural entre atividades e papéis
para cada um dos sexos, e os espaços a serem ocupados por cada um, também são definidos a
partir disso, correspondendo ao homem o local público e de produção e, à mulher, a esfera
privada ou doméstica (TEDESCHI, 2007).
Socialmente reforça-se assim o mundo feminino voltado ao lar e que se coloca como
oposto ao mundo público, da rua, tornando-se na vida social um mundo exclusivamente
masculino. Ademais, a figura do pai, como representação principal na história das mulheres
camponesas, reflete significativamente na cultura que elegeu o masculino como responsável
pelo exercício das atividades desenvolvidas na roça, uma vez que o âmbito de trabalho da casa
é o dito lugar da mulher. No geral, essa prática enraizada ainda existe, mesmo quando a
participação da mulher no mundo do trabalho é cada vez mais crescente, porém, invisibilizada
por essas representações (VAITSMAN, 1994).
3 MÉTODO
Para se alcançar os objetivos deste estudo, foi utilizado o método de pesquisa qualitativo
fenomenológico. Conforme Neves (1996), o estudo qualitativo aborda questões relacionadas às
singularidades dos indivíduos pesquisados e a sua relação com o meio, permitindo o
aprofundamento das investigações, combinando histórias de vida com seus contextos, buscando
compreender o significado da vida para a pessoa e o que sua vivência diz sobre ela. Este
corresponde aos significados, crenças e valores tornando possível a compreensão dos sentidos.
Ainda, segundo Minayo (2001), as narrativas permitem ir além da coleta de informações
ou conteúdo, fazendo com que a experiência seja revelada, o que por sua vez envolve aspectos
fundamentais para compreensão tanto do sujeito entrevistado individualmente, como do
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contexto em que está inserido. Essa forma de pesquisa trabalha em um espaço mais profundo
das relações.
O método fenomenológico busca a essência de cada sujeito envolvido na pesquisa. O
objetivo é caracterizar, da melhor maneira possível, o que permeia o pensamento e as atitudes
dos indivíduos buscando compreender a experiência como ela é. Este, procura abordar o
fenômeno de modo que não parte de conceitos pré-estabelecidos, de crenças ou de afirmações
sobre os indivíduos. A fenomenologia procura ir à essência do fenômeno, buscando respostas
claras e significativas para compreender o significado que a pessoa experienciou através de
informações obtidas da própria pessoa (BUFFON; MARTINS e NEVES, 2017).
Participaram deste estudo seis mulheres residentes em uma comunidade rural do
Município de São Miguel do Oeste SC, com idades entre 24 e 73 anos. O número de
participantes foi determinado pela técnica Snowball, ou Bola de Neve, por meio da qual a
indicação das moradoras da comunidade foi realizada a partir da comunicação da proposta do
estudo para uma possível participante, que, por sua vez, convidou as demais. A ponderação para
a escolha das mulheres baseou-se em fatores como: ser do sexo feminino e possuir residência
fixa na comunidade. Se faz necessário frisar que a identidade das integrantes foi preservada,
portanto, seguindo uma característica em comum pelo cultivo de plantas, e que aparentou ser
de grande importância para essas mulheres, seus nomes foram substituídos por nomes de flores:
Margarida, Jasmim, Peônia, Azaleia, Magnolia e Rosa.
Visando a interação das participantes para a realização da pesquisa de campo, os dados
foram coletados através da realização de grupo focal. Morgan (1997 apud Trad 2009) define
grupos focais como uma técnica de pesquisa qualitativa, que coleta informações por meio das
interações em grupo com base na comunicação e na interação dos membros. O grupo tende a
propiciar um debate aberto e acessível em torno de um tema de interesse comum aos
participantes.
Conforme Gaskel (2002), o principal objetivo deste método é reunir informações
detalhadas sobre um determinado tema a partir de um grupo de participantes selecionados. Este
grupo difere da entrevista individual por estar baseado na interação entre os indivíduos para
obter os dados necessários à pesquisa. A formação é estabelecida com base nos critérios
previamente determinados pelo pesquisador, de acordo com os objetivos da investigação,
destinando a este a criação de um ambiente favorável à discussão, que propicie aos participantes
manifestar suas percepções e vivências.
Foram realizados 2 encontros, na comunidade, no período de setembro e outubro de
2022, com duração de aproximadamente 2 horas, sendo que os dados foram coletados através
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dos registros das narrativas obtidas por meio de gravação de áudio mediante assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e Termo de Autorização Para Gravação de Voz.
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, da
Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC, atendendo Resolução CNS/MS n°
466/12, conforme Parecer número 5.545.938.
pequenos animais, voltado ao consumo próprio. Percebe-se, em sua fala, que a alternativa que
encontrou foi sair do campo para conseguir fonte de renda devido à falta de condições para
gerar renda através da pequena propriedade, e que a distância do trabalho é considerada
negativa.
Magnólia, 24 anos, solteira. Atualmente mora com os pais na comunidade. Teve
oportunidade de estudo desde muito cedo e é graduada em nível superior, com formação na
área da saúde. Possui habilitação para dirigir e tem seu próprio meio de transporte. Atualmente
exerce sua profissão em um emprego na cidade e nunca exerceu atividade remunerada no
campo.
Rosa, 73 anos, viúva, aposentada, possui três filhos. Atualmente reside na comunidade
junto com a filha, genro e neta. Teve pouca oportunidade de estudo, porém, recentemente
concluiu o ensino fundamental através de um projeto realizado na comunidade. Atualmente as
atividades que realiza na agricultura são voltadas ao próprio consumo. Rosa nasceu no Rio
Grande do Sul, mas logo depois mudou-se para Santa Catarina e já morou por alguns períodos
na cidade. Em sua fala, refere que as saídas da comunidade foram por se ver sem alternativa
devido à pouca quantidade de terra para exercer atividades lucrativas, e ter que buscar outras
fontes de renda, ou para acompanhar a filha. Já trabalhou como doméstica e merendeira.
Peônia, 37 anos, casada, mãe de um filho. Atualmente reside com o marido e o filho.
Sua profissão é agricultora e realiza atividades com venda de leite, bem como com o plantio,
juntamente com o companheiro. Já exerceu atividade remunerada fora da propriedade e morou
na cidade por um breve período.
Na fala da maior parte das entrevistadas esteve presente a expressão do sofrimento e das
dificuldades enfrentadas na infância junto da família. Conforme Strücker e Maçalai (2016), a
família apresenta-se como um fenômeno social no qual os fatores históricos, econômicos,
políticos e culturais são responsáveis por acarretar inúmeras mudanças, sendo, as mesmas,
refletidas diretamente na sociedade como um todo. Ainda que haja evolução no conceito de
família e em decorrência de diversas mudanças sociais, a família contemporânea brasileira
ainda protagoniza diversos atos de subjugação da mulher. Também, percebe-se que ainda que
existam atualmente as mais diversas formas de núcleos familiares, há um forte resquício da
herança patriarcal colonizadora, que inferioriza a mulher.
Jasmim, refere, durante a sua fala, que percebia diferenças no tratamento que recebia
por ser mulher:
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Os guri ganhava dinheiro e nós não ganhava nada, daí eles, quando saia, em uma
bodega, alguma coisa, eles tinha dinheiro e nós uns troquinho para pegar umas
balinhas, e água toma da manga, e os guri não, eles tomavam cerveja, e em casa
também, mais valorizados sempre os homens, as mulheres mais para trás sempre
(Jasmim, 58 anos).
Ainda, nesse sentido, percebe-se nas falas das participantes que estas precisavam
cumprir padrões que eram impostos, deixando de lado suas vontades, como retrata Margarida:
Como a mãe era muito críca, muito conservadora, não podia trabalhar de dia e
estudar de noite porque daí ia virar mulher da vida, então o jeito foi trabalhar e no
começo ainda nem dinheiro eu via, o dinheiro era ela que manuseava, mas depois de
um tempo eu comecei me impor (Margarida, 53 anos).
No casamento observa-se na fala das participantes que há divisão natural das atividades
entre os sexos e que esta não se dá apenas no trabalho produtivo, mas nas tarefas do cotidiano.
Percebe-se que, em determinado momento, há uma culpabilização dos homens por não terem
essa preocupação e, por outro, lado parece ser normal do ponto de vista delas, que haja esta
divisão, não só de tarefas, mas do tipo de preocupação. Conforme Pavan (2012), essa
concepção expressa, por outro lado, a internalização de que, na relação de gênero, é natural
que as mulheres assumam tarefas, mesmo que sejam as mais desvalorizadas socialmente.
Referente aos trabalhos relacionados ao lar e o desempenho de funções entre os sexos,
as participantes descrevem:
É separado bastante coisa, tem coisa que é junto e tem coisa que é separado, tem
coisas né que o homem faz ele, aquilo lá, vai ele fazer, a cozinha e a casa é da mulher,
o homem não faz nada, uma vez ele fazia, agora não faz nada (Jasmim, 58 anos).
O meu nunca gostou (Margarida, 53 anos).
Daí aquele dia que eu fiquei no hospital com a filha ele “se viu em roda”, encheu a
geladeira de leite, ele não sabia fazer a comida, não tinha mais pão [...] (Jasmim, 58
anos).
Para algumas mulheres, o casamento foi tido como a possibilidade de se libertarem dos
pais. Devido à educação muito rígida que recebiam, elas quase não podiam sair de casa, a não
ser em companhia dos próprios pais ou irmãos. A maior preocupação dos pais era que elas se
preservassem para “não dar o que falar” e, consequentemente, arranjarem um pretendente.
Eu queria sair de casa, não me deixavam. Eu queria namorar, eles queriam que
namorasse com quem eles queriam, sempre me mandando, sempre fui mandada, e daí
eu não gostava, e daí eu fui atrás do namorado, eu mesmo, porque eu gostava dele eu
tive que ir atrás dele para sair de casa porque eu queria sair de casa (Jasmim, 58
anos).
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Instituído sob uma organização social patriarcal, o casamento foi o responsável pela
delimitação de espaços de atuação entre os gêneros. O espaço comum foi dividido em mundo
público e mundo privado, diferenciando papéis sociais entre os homens e mulheres: a sociedade
espera que cada sexo cumpra as atribuições pertinentes ao seu papel social, e, por isso, delimita
os espaços de atuação do homem e da mulher, construindo, dentro dessa delimitação espacial,
a identidade sexual de cada um (TEDESCHI, 2007).
Atualmente, as famílias brasileiras ainda apresentam, dentro do ambiente doméstico
antigos estereótipos, no que tange à divisão de atividades e tarefas. As tarefas domésticas ainda
são delegadas predominantemente ao gênero feminino, mesmo que a mulher também exerça
atividade remunerada fora de casa e contribua, de forma igualitária ou superior ao homem, com
o orçamento familiar (TEDESCHI, 2007).
[...] Ele ajuda, mas a maior responsabilidade era da mulher, porque quando era pra
ir num hospital uma coisa com a criança ele levava só até em cima e não ia junto, e
ainda hoje ele me leva mas ele não quer saber, segunda feira a filha vai vir me buscar
porque ela vai fazer a morfológica e ela quer que eu vou junto daí ela vem me buscar,
mas ele não, ele não vai. Se é coisa bem complicada daí sim, daí ele entra no meio e
ajuda bastante (Jasmim, 58 anos).
Conforme o relato das participantes, foi possível compreender que estas exercem
diferentes papéis nos afazeres da vida cotidiana, assim como no cuidado com os filhos, sendo
que o homem tem um papel secundário na criação dos filhos, se envolvendo apenas diante de
situações de maior complexidade. Além disso, evidencia-se, também, o cuidado do lar sendo
exclusivo do feminino, sendo que o homem busca fazer as atividades apenas quando a mulher
não está presente e não encontra outra opção. Por outro lado, quando o assunto recai sobre
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4.3 ESTUDO/OPORTUNIDADES
A maior parte das entrevistadas dispõem de pouca escolaridade, isso se deve ao fato de
que havia a necessidade de trabalhar, desde muito cedo, na produção de alimentos, tarefas
domésticas ou, ainda, trabalhos remunerados fora do lar para auxiliar na renda da família, como
sita uma das mulheres: “[...] depois, eu fui para a cidade com a minha mãe, e daí estudava um
tempo e depois fui trabalhar de empregada porque não podia estudar, tinha que trabalhar
porque precisava de dinheiro (Margarida, 53 anos)”.
Refere ainda que:
Gostaria muito de ter estudado e ter uma outra profissão, tanto é que depois, quando
me surgiu a oportunidade de trabalhar no posto de saúde, eu queria muito fazer um
estudo, uma faculdade para ser enfermeira e continuar trabalhando, mas aí não deu
porque eu engravidei e daí não me apoiava, o marido né... nunca quis saber, daí se
eu tivesse enfrentado e ido, provavelmente não estava mais aqui porque ele não ia
querer, ele não ia aceitar nunca, daí abandonei de vez e continuamos plantando fumo
e trabalhando na roça (Margarida, 53 anos).
Cunha e Silva (2013) retratam que durante a década de 1950 havia um código de
moralidade conhecido por todos, pais, vizinhos, amigos, educadores, aptos a julgarem as moças,
principalmente no que se referia ao casamento. Para seguir as regras desse código, as moças
deveriam seguir um padrão de vestimentas e locais aos quais frequentar, no intuito de evitar a
fama de namoradeira e de mulher fácil. Observa-se, na fala da participante, que esse pensamento
também se reflete no casamento como forma de manter a mulher em casa.
Ficou claro, ao longo do relato das mulheres, que estas experimentaram condições
juvenis muito diferentes das novas gerações. Para as mais velhas, não haviam muitas opções de
trabalho, escolarização, acesso à informação e tecnologia, quando para as jovens no contexto
atual. Ademias, casaram-se muito cedo e estudaram muito pouco. Por outro lado, Magnólia (24
anos), por ter acesso a oportunidades e o incentivo da mãe, concluiu o ensino superior, tendo
maiores e melhores opções de escolha.
Para Sen (2010) apud Saraiva (2019) o empoderamento econômico da mulher seria
processualmente construído e contaria com o suporte da obtenção de uma renda. O autor reforça
a ideia de que reduzir a pobreza de renda significa, sobretudo, reduzir a diferença que separa
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homens e mulheres. As mulheres destinam parte do seu tempo às tarefas do lar, e que, por não
serem consideradas atividades produtivas, não são contabilizadas nas contribuições para o
sustento da família. Por outro lado, quando elas trabalham fora do ambiente doméstico, com
remuneração, a renda lhes confere visibilidade dentro do lar.
Os posicionamentos das participantes ressaltam a importância da geração de renda,
evidenciando o sentimento de conquista pela liberdade advinda desta experiência. Em seus
depoimentos, as mulheres destacaram a importância da independência, ainda que atrelada à
sobrecarga da dupla jornada de trabalho.
Sen (2010) apud Saraiva (2019), retrata que a independência econômica é fundamental
para o reconhecimento da condição de agente por parte dos indivíduos, por fazer com que eles
se sintam como pessoas responsáveis por sua vida. Após o recebimento dos recursos
financeiros, as mulheres passaram a escolher como utilizar os proventos, seja para o sustento
da casa ou vestuário, bem como comprar o que considerassem importante em dado momento.
Corroborando ao exposto, abaixo segue um trecho do relato da participante Margarida:
Antes tinha que viver com o dinheiro que ele ganhava, no caso, nós trabalhava junto
mas não era como agora, que tem queijo para vender, tem ovo para vender, tem
outras coisas para vender. Na época, não tinha, então, tinha que esperar a safra, daí
tu comprava o que precisava de roupa, calçado e coisa, e daí eu tinha que pedir
dinheiro pra ele para comprar, no caso né, tinha que dar satisfação do que comprava,
por isso que quando surgiu a oportunidade de trabalhar fora e ganhar o meu
dinheiro, e hoje eu não me, não vivo acho se depender dele para comprar as mínimas
coisas ter que estar pedindo dinheiro, eu ganho o meu, trabalho claro, vende queijo,
vende pro sustento da casa, mas também para comprar as minhas coisinhas. [...] É
muito ruim tu ser dependente, porque tu tem vontade... a vou comprar um brinco, vou
comprar um perfume, mas pro companheiro, de repente isso não é uma coisa que tu
precisaria, entende, então pra ele seria uma coisa supérflua, e pra gente seria
importante, ai se tu tem o teu dinheiro, tu vai e compra e não deve satisfação, foi tu
que ganhou e pronto, por isso que é bom poder ter o dinheiro da gente sem depender
dos outros (Margarida, 53 anos).
Nestes relatos, se evidencia que, a partir dos proventos, as mulheres praticam o direito
de escolha sobre os mais diversos espaços que permeiam o cotidiano, além de demonstrarem
um aumento na autoestima pessoal, frente ao período anterior, sem a renda regular.
Ademais, observa-se que a aposentadoria também se mostra como uma experiência de
renda fixa das mulheres, aumentando o protagonismo na tomada de decisão sobre a vida, sendo
esse um fator significante para a autonomia das mulheres, com maior liberdade que outrora,
para tomarem decisões referentes às suas vidas.
Ao referir sobre a geração de renda, Jasmim descreve que foi a partir da aposentadoria
que teve a principal mudança na renda da família, lhe conferindo o seu próprio dinheiro.
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Percebe-se em sua fala, que anteriormente a essa renda, sentia maior dificuldade por ter que
discutir sobre tudo o que seria comprado.
Ali é bem complicadinho, mas eu nunca fiquei sem, eu sempre dizia, não eu to
precisando, tem que fazer, tem que fazer, mas sempre a satisfação tu tem que dar
agora não, hoje não, hoje eu tenho conta no banco e ele também tem [...] Quando me
aposentei, e daí agora tenho a vaca, e a minha pia sai com a vaca, daí melhorou, só
que não fica só pra mim, eu faço o rancho, pago a luz, água e tudo, eu faço tudo com
uma aposentadoria e a outra daí, planta e compra as coisas pros animal e essas coisas
(Jasmim, 58 anos).
A minha vida inteira foi assim, claro, tem os altos e baixos tem o dia que tu ta meio
pra baixo, que tu ta cansada, que tu fica pensando bah... mas porque tanta coisa, mas
depois normaliza e vai embora e... tipo assim, eu acho que não me vejo sem fazer esse
tipo de coisa, tanto é que eu penso assim, bah vou me aposentar e ai?! Vou ter o meu
salário, vou ter o meu dinheiro, mas eu preciso fazer alguma coisa, eu não posso me
ver... trabalhei a minha vida inteira, mesmo estando cheia de dor e tudo quebrada,
mas eu trabalhei a minha vida inteira, então, eu não me vejo parar, vou ter que ter
alguma coisa, ou ter uma vaquinha, vou ter que ter uma coisa para mexer, para
continuar (Margarida, 58 anos).
amizade, bem como conhecer outros locais, quando há visitas para outras comunidades.
Ademais, parece que as mulheres de maior idade se utilizam desses espaços para se divertir,
para além das festas típicas da comunidade, frequentam clube de mães e grupos de idosos, além
dos bailes de casais, que aparecem como um divertimento, dos quais não puderam usufruir
durante muito tempo.
Nesse sentido, observa-se, através da fala de Rosa: “eu gosto, gosto de participar, agora
eu aproveito, to envolvida em duas comunidades, a minha vida foi sofrida, sofrida, meu Deus,
agora não, agora eu aproveito, ultimamente todo final de semana to fora de casa” (Rosa, 73
anos).
Ainda, estas expressam, em suas falas, que a vida na comunidade proporciona um maior
contato com a família, visto que a maior parte das participantes mora com relativa proximidade
de algum familiar, além de terem contato com amigos e vizinhos e se visitarem com frequência.
Percebe-se que as mulheres mantêm relações sociais mesmo com a relativa distância existente
entre suas casas, características do meio rural, além da dificuldade de deslocamento, por não
saberem dirigir.
Kischener; Kiyota e Perondi (2015), descrevem que comunidades são entendidas como
um agrupamento de pessoas de determinada localidade e que mantém ligações de parentesco
ou de vizinhança, vinculadas por sentimentos de localidade e convivência. Os olhares sobre a
influência das relações sociais estabelecidas nas comunidades rurais apontam que estas relações
existentes nas comunidades rurais podem reforçar os sentimentos de pertencimento, confiança
e bem-estar.
Uma percepção que parece ser bastante relevante foi a forma como expressam que morar
no campo proporciona bem-estar para essas mulheres e como a maioria não se percebe morando
em outra realidade como a da cidade.
Assim, percebem o meio rural como promotor de qualidade de vida, apesar da
dificuldade de deslocamento, como expresso na fala das participantes:
Eu gosto de morar na roça, é tranquilo, tu caminha, tu vai para fora, tu vai fazer as
tuas coisas, planta uma verdura. Não me vejo, já morei na cidade, mas não me vejo
morando em cidade, eu acho que eu não consigo mais me acostumar porque é aquele
terreno ali e amém né, e aqui não, aqui tu é livre. A única parte ruim é essa de tipo
ser longe das coisas do centro, do mercado, de loja de qualquer coisa e ter que
depender de alguém pra isso, se eu não fosse dependente nem ia achar ruim, mas
como eu dependo dos outros as vezes complica um pouco, hoje eu não me vejo longe
daqui, tipo aqui é nossa é o paraíso tem dificuldade tem, mas em todo lugar tem, todo
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trabalho é difícil tem um lado bom e um lado ruim então faz parte (Margarida, 53
anos)
Jasmim complementa:
Nem eu e nem ele não queria ir para a cidade, e nem hoje, nós não vamos para a
cidade de jeito nenhum e eu não sairia daqui nunca porque agora tem carro e tem
tudo, nós vamos ficar aqui, eu disse aqui é o meu lugar, gosto daqui me sinto bem
aqui, tenho a minha vaquinha tiro o leitinho faço queijinho e nunca tenho queijo que
chega (Jasmim, 58 anos).
Percebe-se que o campo é visto de forma muito positiva a ponto de as mulheres não
conseguirem se imaginar em outra realidade, apesar das dificuldades encontradas no trabalho e
no cotidiano. Fica evidenciado, nas falas, que o principal ponto que elencam como negativo da
vida no interior é a dificuldade de locomoção. As entrevistadas que não dirigem referem que
quando eram jovens não pensavam na possibilidade de dirigir por ser uma função do homem, e
também por não haver condições financeiras, hoje descrevem que sentem medo e não há mais
vontade de aprender a dirigir.
Magnólia, a mais jovem das entrevistadas, parece ter uma realidade diferente das demais
participantes no que se refere ao acesso a oportunidades e descreve a sua percepção sobre a
moradia na zona rural:
Antes de eu começar a trabalhar, quando eu só saia para estudar eu até preferia a
cidade, porque era mais cômodo, mais perto das coisas, se você precisa de alguma
coisa lá você já tem na mão, morar no interior você tem que sempre estar preparada.
Se vou querer comer alguma coisa final de semana, então eu vou ter que comprar
com antecedência. Quem mora na cidade tem muito mais comodidade, mas depois
que eu comecei a trabalhar, eu comecei a gostar mais... para relaxar, eu até comecei
a cuidar mais do jardim, para desestressar mesmo, é bom poder voltar para casa e
sair caminhar ao ar livre (Magnólia, 24 anos).
Soma-se ao exposto a fala de Rosa que, mesmo aposentada, refere que não para de
realizar atividades na terra, descrevendo os benefícios que a trás: “pra mim o melhor é a
colônia, gosto mais da roça, aqui é mais calmo, não tem muito barulho, aqui eu planto as coisas
para o consumo, minhas flor, se eu fico parada eu fico toda dura, me dói todo o corpo e se eu
trabalho e fico em movimento não” (Rosa, 73 anos).
Em contraponto ao citado pelas demais participantes, Azaleia que tem a sua fonte de
renda advinda do trabalho na cidade, menciona as dificuldades que encontra pela distância e
parece que no momento se sobressaem aos pontos positivos que percebe:
Se fosse poder achar um trabalho aqui e não precisar sair de casa seria muito bom,
agora como ir trabalhar na cidade e sair daqui não é fácil, como não tem meio de
transporte para ir, a gente depende de alguém que leve, porque não tem como ir e
isso é difícil. Trabalhar assim do meu jeito seria melhor morar na cidade porque tu
ia caminhando né, e aqui não tem como (Azaleia, 59 anos).
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A dificuldade na locomoção aparece aqui, para a maior parte das mulheres participantes
da pesquisa, como um fator negativo da moradia na comunidade rural mostrando que, mesmo
a mulher buscando sua liberdade financeira através do trabalho, surge a dependência de alguém
para que seja possível chegar até a cidade ou se locomover para onde desejar.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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