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O ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AO ENFRENTAMENTO DO TRABALHO

INFANTO-JUVENIL DOMÉSTICO
THE SOCIAL worker AGAINST THE FACING OF DOMESTIC INFANTO and YOUTH WORK

¹Lana Cristina Rodrigues do Nascimento


²Glauce Barros Santos

RESUMO

INTRODUÇÃO: A presente pesquisa aborda as questões acerca da exploração do


trabalho doméstico infanto-juvenil, chamando a atenção dos leitores para esta temática, pois a
exploração do trabalho doméstico entre a população infanto juvenil ainda hoje persiste na
sociedade brasileira, principalmente no Nordeste, o qual é um estado de grande atraso cultural,
tradicionalista e heranças patriarcais. OBJETIVO: Abordar sobre a participação do assistente
social quanto ao enfretamento do trabalho infanto-juvenil doméstico METODOLOGIA:
Tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se da técnica da revisão
sistemática. RESULTADO/DISCUSSÃO Os estudos apontaram que nos últimos anos só
aumenta a exploração do trabalho doméstico em relação aos adolescentes, devido aos fatores
culturais, econômicos, ideológicos, históricos e sociais. O cenário estudado foi o Nordeste sob
uma curiosidade despertada e por ser ainda um grande atraso cultural e de cunho tradicionalista.
A população estudada foram os jovens adolescentes, que se encontram em estado de exploração
de trabalho doméstico no âmbito doméstico através de terceiros. A exploração dessa classe de
trabalhadores, não é vista como uma forma de prestação de serviço, mas como uma atividade
informal de maneira a favorecer os adolescentes, isso acontece devido as mesmas estarem em
situações de vulnerabilidade sem nenhuma proteção da família e amparo das instituições
responsáveis a proteção e promoção destas pessoas. Geralmente essas vítimas são oriundas do
interior ou de cidades pequenas e que cujas as famílias das mesmas são humildes e pobres, porém,
alvo maior desse tipo de exploração é as crianças e adolescentes que vão para cidade grande em
busca de melhorias de vida e acabam sendo enganadas quando estas saem de seus lares de origem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: É questionador a desvalorização da população infanto-juvenil
no setor doméstico, por pessoas que deveriam serem esclarecidas da não violação dos direitos
dessas jovens, e que, pelo contrário, o que presenciamos são adultos fazendo dessas crianças
robôs domésticos e sem nenhum sentimento de culpa. Também foi relatado a importância do
assistente social frente ao trabalho doméstico entre a população infanto juvenil, onde o mesmo
tem papel significativo, pois este promove ações de melhoria de vida a essa população,
trabalhando em prol das lutas entre as classes, em prol de uma igualdade de direitos para todos.
Palavras-chave: Trabalho Doméstico, Infanto-juvenil, Assistente Social

¹Acadêmica do VI Bloco do Curso de Serviço Social da FAESF


²Docente da Faculdade de Ensino Superior de Floriano-FAESF.Mestranda em Ensino-UNIVATES
ABSTRACT

INTRODUCTION: This research deals with the questions about the exploitation of domestic
work for children and adolescents, drawing readers' attention to this theme, since the exploitation
of domestic work among the child and youth population still persists in Brazilian society,
especially in the Northeast. which is a state of great cultural backwardness, traditionalist and
patriarchal legacies. OBJECTIVE: To address the participation of the social worker in relation
to the infarction of domestic child labor. METHODOLOGY: This was an exploratory and
descriptive research, using the technique of systematic review. RESULTS / DISCUSSION
Studies have pointed out that in recent years the exploitation of domestic work only increases in
relation to adolescents, due to cultural, economic, ideological, historical and social factors. The
scenario studied was the Northeast under an aroused curiosity and for being still a great cultural
backwardness and of a traditionalist character. The study population was the young adolescents,
who are in a state of exploitation of domestic work in the domestic sphere through third parties.
The exploitation of this class of workers is not seen as a form of service provision, but as an
informal activity in a way that favors adolescents, it happens because they are in situations of
vulnerability without any protection of the family and protection of the responsible institutions
the protection and promotion of these people. Generally these victims come from the interior or
from small towns and whose families are humble and poor, but the biggest target of this type of
exploitation is the children and adolescents who go to big city in search of life improvements and
end up being deceived when they leave their homes of origin FINAL CONSIDERATIONS: It
is a question of the devaluation of the children and youth population in the domestic sector, by
people who should be informed of the non-violation of the rights of these young people, and that,
on the contrary, what we witness are adults making these children domestic robots and without
any feeling of guilt. It was also reported the importance of the social worker to domestic work
among the youth population, where it has a significant role, as it promotes actions to improve
life for this population, working for the struggles between classes for a equal rights for all.

Keywords: Domestic Work, Children and Youth, Social Worker

INTRODUÇÃO

Este presente artigo tem como objetivo abordar sobre a participação do assistente social
quanto ao enfretamento do trabalho infanto-juvenil doméstico. Esta temática foi levantada como
uma tentativa de combater essa exploração, chamando a atenção dos leitores que o trabalho
doméstico na população infanto-juvenil ainda persiste e continua muito forte na sociedade
brasileira, principalmente no Nordeste, o qual é um estado de grande atraso cultural, de cunho
tradicionalista e heranças patriarcais. A exploração dessa classe de trabalhadores, não é vista
como uma forma de prestação de serviço, mas como um ato de ajuda, um favor, isso porque as
vítimas estão em situação de vulnerabilidade sem nenhuma proteção da família e amparo das
instituições responsáveis a proteção e promoção destas pessoas. Geralmente essas vítimas são
oriundas do interior ou de cidades pequenas e que cujas famílias são humildes, porém, alvo maior
desse tipo de exploração é as crianças e adolescentes que vão para cidade grande em busca de
melhorias de vida e acabam sendo enganadas, fazendo com que seus direitos sejam violados.

¹Acadêmica do VI Bloco do Curso de Serviço Social da FAESF


²Docente da Faculdade de Ensino Superior de Floriano-FAESF.Mestranda em Ensino-UNIVATES
Segundo Lira e Peruzzo (2016), a exploração do trabalho doméstico à adolescentes,
continua persistindo na realidade brasileira, devido a vários fatores sociais, econômicos,
históricos e culturais. E com as crises do capitalismo vem só aumentando, especialmente no
ideário neoliberal, porque diminuiu os direitos sociais na proteção social como preconizada na
constituição. As autoras citam também estatísticas recentes sobre o trabalho infantil relatando
que segundo os dados do IBGE ainda 3,4 milhões de jovens entre a idade de 05 a 17 anos estão
trabalhando.
Dessa forma, mesmo com todos os avanços que tivemos nos últimos anos no que tange
a garantia dos direitos e a proteção da criança e do adolescente ainda se precisa fazer muito,
porque a família e a sociedade não adquiriram essa consciência e o Estado acaba sendo omisso
fazendo com que esses direitos não se materializem de fato, no qual decorrente disso vivemos
em um sistema capitalista que visa o lucro e o individualismo e que vem reproduzindo as relações
escravocratas de maneira disfarçada alienando e obscurecendo a realidade. Para Melo (1998). O
trabalho doméstico tem o seu início no Brasil escravocrata, praticada de maneira gratuita por mulheres escravas e
livres.
Como podemos observar, a exploração do trabalho doméstico infanto juvenil é um fato histórico, cultural,
econômico e social que continua persistindo na realidade brasileira, esse comportamento dessas meninas
exploradas no ambiente doméstico e da forma como seus patrões a tratam, vem desde o Brasil
colonial, um trabalho que ficou dividido apenas para mulheres e que até hoje carregam esses
traços que continuam fortes principalmente na região nordeste. É também desvalorizada por ser
um trabalho informal e não ter relação diretamente com o capital, sendo trabalho interno nos
lares, acabam sendo invisíveis e de pouca fiscalização. E, é um ambiente onde ocorre mais riscos
para essas adolescentes, como, assédio moral, humilhação, assédio sexual, violação de direitos e
entre outros riscos. Por isso é importante a participação do assistente social nas questões sociais,
no qual eles tem um olhar crítico e propositivo que propõem alternativas para essas pessoas que
se encontram em risco e instabilidade social, trabalhando com políticas, programas e projetos
sociais que integrem esses usuários a promoção e proteção das políticas públicas.
Essa profissão tem uma invisibilidade por ser desenvolvida no interior das casas, o que
dificulta a fiscalização dos direitos trabalhistas, e é ainda reforçada pelo imaginário de
que a mulher tem um determinado papel sexual e exerce um conjunto de atividades
típicas que fazem parte de seu cotidiano, naturalizado. (KOSMINSKY.SANTANA.
2006. P.6)

É difícil a fiscalização porque ocorre no interior dos lares, tornando assim uma situação
de invisibilidade por ser um lugar onde não é visto e nem ouvido e também as vítimas não tem
nem um conhecimento e a pouca educação que tem é informal, ou seja, não sabe como e nem a
quem recorrer. Então, coisificou o trabalho doméstico naturalizando como algo normal, mas que
no caso, é muito além disso, é uma questão histórica, cultural, social e econômica, e que tem que
ser questionada e problematizada, para um dia deixar de ser invisível e se tornar visível, para que
as pessoas vejam de fato que é uma violação de direitos principalmente por serem pessoas que
em vez de estarem “cuidando” dessas crianças e adolescente estão retirando-as de lares saudáveis
e dignos.

¹Acadêmica do VI Bloco do Curso de Serviço Social da FAESF


²Docente da Faculdade de Ensino Superior de Floriano-FAESF.Mestranda em Ensino-UNIVATES
“UMA FILHA PARA CRIAR” OU UMA “ESCRAVA DO LAR”

Para tratar sobre esta temática falaremos um pouco sobre o filme “Que horas ela volta”
dirigido pela autora Muylaert (2015) este filme retrata a história de uma empregada doméstica
tendo como protagonista a atriz brasileira Regina Casé onde a mesma no filme se chama Val, e
natural de Pernambuco. Esta mora com seus patrões a 13 anos e deixando sua filha no interior de
Pernambuco para ir à São Paulo na busca de uma vida melhor para ela e sua família. O filme
retrata a relação entre empregada e patrões, devido os anos que a empregada morava na casa, os
patrões sempre diziam que ela já fazia parte da família, fato questionador que mais tarde gera
conflitos. Passados alguns anos a filha de Val que morava no Nordeste ligou para mãe pedindo
ajuda para se hospedar na casa onde morava, pois Jéssica iria prestar vestibular, começando
assim os conflitos .A filha não conseguia entender porque a mãe ainda continuava a morar com
os patrões depois de tanto tempo, Jéssica questionava a forma que Val era tratada, pois a mesma
vivia no quartinho dos fundos recuada da casa, tudo era separado, a comida dela, o sorvete, tinha
que comer na cozinha, não podia de forma alguma banhar na piscina. Jéssica foi o “estopim”
para que os patrões de Val começassem a incomodar com a filha da empregada. Jéssica foi para
São Paulo prestar vestibular para Arquitetura, o mesmo curso que o filho da patroa também iria
prestar, Val consegui ser aprovada o filho da patroa não.
Nesse sentido, percebemos nesse contexto que a presença do preconceito está embebida
na sociedade e nas famílias, principalmente a elite, por achar que os indivíduos de classe mais
baixa não têm o direito de melhorar de vida, de ter a igualdade de direitos sem distinção de classe.
O filme retrata que a própria empregada era conformada com o tratamento dos patrões e
realmente achava que era importante para a família, devido os anos que morava na casa, e
considerava um absurdo a forma que a filha se dirigia a seus patrões. Val era importante
realmente para os patões mas de uma forma do” jeitinho brasileiro”, como por exemplo: se eu
tratar ela bem e dizermos que ela faz parte da família, ela vai está sempre disponível e sem dizer
nunca não, fazendo com que os patrões tenham um controle sobre a empregada ,isto representa
o sistema capitalista nos dias atuais onde o mesmo tem total controle ,e isso não é novo, é cultural,
social, adquirido e reproduzido questões antigas que até hoje permanece na nossa cultura, só que
com outra linguagem e com caráter disfarçado de fetiche ilusório pela sociedade.
Segundo Patriota e Alberto (2014), o inquietante é que enquanto a estatística do trabalho
infanto-juvenil diminui em alguns setores, no âmbito doméstico eles aumentaram nos últimos
anos. E vem aumentando principalmente porque a massa pauperizada não tem escolha de
melhores condições de trabalho, são pessoas humildes que não tiveram oportunidade de estudo
e conhecimento e acabam que essas crianças e adolescentes vão para casas de terceiros em busca
de uma nova realidade e melhorias de vida.

Existe uma frase que segue a cultura brasileira há muito tempo que é de Benjamin Franklin
onde o mesmo falou que “o trabalho dignifica o homem”, no qual a cultura brasileira arquitetou
contradições e diferentes significados, como por exemplo: essas pessoas que exploram crianças
e adolescentes não acham estranho e nem preocupante se elas trabalham altas horas de jornadas
por dia, sem terem um bom rendimento escolar, um trabalho rotineiro e repetitivo .Acham um
verdadeiro absurdo estas crianças e adolescentes vivenciarem momentos de laser , dormir um
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pouco mais pelo menos no final de semana, como se só os afazeres domésticos é o que importasse
fazendo com que o trabalho desenvolvido por estas adolescentes não a dignificassem, mas retira-
se o direito que elas possuem

Fazendo uma analogia com o filme abordado acima retrataremos o Conto


“Cinderela”(1997) para retratar o trabalho doméstico na população infanto-juvenil. Percebemos
que aparentemente as pessoas sentem mais indignação no conto quando a madrasta proíbe a
mocinha de ir ao baile e de se encontrar com o príncipe, do que o fato dos maus tratos e as
obrigações que Cinderela tem que executar diariamente.
Cinderela é uma jovem órfã de pai e de mãe, e que fica sobre o cuidado da madrasta, que
no caso faz dela uma escrava do lar, ela não tem direito a nada na casa, trabalha altas horas por
dia sem descanso, dorme junto com as galinhas, um lugar insalubre para o ser humano, Cinderela
é uma moça sonhadora, mais que não tem tempo para seus estudos devido aos maus-tratos de sua
madrasta e suas filhas, e mesmo a jovem fazendo tudo, ainda sim é humilhada, vítima de piadas
e difamações.
Dessa forma tudo que se passa com “Cinderela” precisa ser problematizado na vida real,
porque mesmo ela tendo os mesmos direitos na casa e no patrimônio da família, esta é impedida
de usufruir dos direitos apenas pelo fato de ser jovem e órfã, também a madrasta sabe que ela
não tem ninguém por ela e que no caso pode fazer o quiser com a jovem. Na realidade brasileira
temos que ler ou assistir esse conto com um olhar crítico, de que muitas crianças e adolescentes
passam por esse tipo de exploração, muitas vão para as casas de terceiros achando que serão bem
tratadas, que vão poder estudar, achando que realmente fazem parte da família, mais a realidade
é outra, são exploradas, maltratadas, humilhadas, sofrem violência psicológica e em alguns casos
até a física, e isso tudo acontece principalmente porque a cultura brasileira e em particular a
região Nordeste reproduz e recria todos os dias os valores discriminatórios de um Brasil marcado
por ações escravocrata pela massa pauperizada.
Segundo Arruda 2007, como bem retrata o texto, o conto da Cinderela, mesmo com todo
o sofrimento e maus-tratos por parte da madrasta e suas filhas a mocinha tem um final feliz, mais
fora das telinhas de ficção a realidade é outra. Especialmente, na região nordeste é muito forte e
tão pouco pesquisado o “O trabalho infantil doméstico”, isso porque não é visto perante a
sociedade como uma exploração ou crime, porque culturalmente se criou a ideia de que é melhor
está trabalhando de que ficar por aí fazendo algo errado, pois essas crianças que passam por esse
tipo de violência, são geralmente de baixa renda e com histórico familiar que vem de uma mesma
situação, ou seja, estado de miséria. Muitas vezes as vítimas são alvo fácil porque não sabem
diferenciar o “favor ou ajuda” do trabalho em si, e os patrões acabam se aproveitando da situação
por saberem disso e também por terem a mesma ideia da pessoa que está sendo violado, tratando
a situação como uma caridade e um favor de já está fazendo muito, só em da comida e a casa
para morar.

O TRABALHO INFANTO-JUVENIL E SUA REPRESENTAÇÃO


ESCRAVOCRATA

Para Kosminsky (2006), uma preocupação constante, é que o Brasil por ser um País que
carrega em sua trajetória marcas de ações discriminatórias, e que até hoje está sendo reproduzida
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na sociedade brasileira, como por exemplo, o trabalho escravo, e a forma como a mulher em toda
a história foi posta ou imposta na sociedade brasileira, a cultura machista e patriarcal ainda é
muito resistente e forte no Brasil.
E, que no caso, é um país que deveria não ter preconceito principalmente por ser uma
nação mistificada e que não tem raça declarada ou ”pura”. Isso prevalece por causa da
naturalização que a sociedade tem no campo doméstico em que é um campo que culturalmente
se destinou e se impôs a mulher, e que a maioria dessas mulheres acabam se conformando com
essa realidade, principalmente porque a figura da mulher foi” civilizada” para desvalorização,
para barbárie, e submissão, a uma relação de poder que o homem tem sobre a mulher e que foi
criado pela própria humanidade e a mesma naturaliza.
Segundo Freyre (1933), se fez da expressão “ que todo indivíduo brasileiro traz consigo
na alma quando não no seu corpo a sombra do indígena e do negro”, em que no qual se subtende,
que somos todos descendentes dos índios e dos escravos, ele fez uma crítica dessa nação, onde
se impregnou um preconceito que está enraizado na cultura brasileira, e que deve ser indagado o
porquê de tanta discriminação se somos todos mestiços, talvez pelo fato das pessoas mesmo não
conhecerem a história do próprio país, por isso não tem esse entendimento, o que mais falta para
essa nação é uma educação de qualidade em que se forneça informação, conhecimento verdadeiro
e não algo disfarçado de mitos, onde só faz é cada vez mais obscurecer as pessoas de serem
esclarecidos. Cabe um interrogatório: os nossos governantes que estão no poder não querem dá
uma educação de qualidade para todos, por medo de perder sua hegemonia conquistada ao longo
da trajetória brasileira.
Para Santana e Dimenstein (2005), desde da origem do Brasil já se existia preconceito
principalmente da cor negra, foram criados muitos mitos em relação ao trabalho doméstico, e
que um deles é que nessa época as damas brancas não podiam fazer esforço, daí então, todo o
trabalho ficava para criadagem, como cuidar dos filhos das sinhazinhas e de todo os serviços da
casa grande em geral. As crianças filhas das escravas começavam a trabalhar desde de cedo em
especial para fazer companhia as crianças das sinhás que normalmente não tinha ninguém para
brincarem.
Na contemporaneidade o trabalho infantil doméstico vem se reproduzindo
constantemente, dados estatísticos mostram que a região nordeste é onde mais se agravou,
crianças e adolescentes estão sendo exploradas nesse campo de serviços sem jornadas definidas,
sem férias, e muitas sem nenhuma renumeração, as vezes os patrões dão apenas objetos de uso
pessoal, como absorvente, desodorante, sabonete e entre outros, portanto, percebe-se a
desvalorização que os patrões tem por essa profissão, achando que só em dar esses objetos já é
mais do que o suficiente pra essas meninas que não tinham nada. O público maior dessas crianças
e adolescentes que se submete a esse tipo de trabalho é da cor negra, meninas que além de pobres
ainda passam por discriminação dentro do lar em que é explorada e da sociedade
Essa criticidade dos grandes autores é uma alerta para se pensar no quão grande o trabalho
doméstico é em geral consistente, inflexível e desconfortável, não é uma área adequada e
oportuna ao crescimento e progresso de crianças e adolescentes. E o mais ruim é que a história
dos pais influencia na trajetória dos filhos por longas gerações. É como a autora Arruda (2007),
diz nessa frase: ” Uma menina para criar” ou uma criada fácil de mandar. Muitas pessoa da zona
urbana visita os interiores das cidades vizinhas com o intuito de achar crianças ou adolescentes
que queira ir pra cidade grande em busca de melhorias de vida, e fazem proposta como “ lá você
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vai estudar, lá tem shopping, você vai ser tratada como se fosse da família, a única coisa que vai
fazer é buscar e deixar as minhas filhas na escola, e arrumar as coisinhas delas como roupa e
ajudar elas nas tarefas, aí depois a proposta vira um pesadelo, na hora que pais os deixam essas
meninas na casa de terceiros logo elas vão ter que lavar, passar, cuidar de todas as roupas, e ainda
cuidar dos filhos dos patrões, e, isso acontece principalmente porque os patrões sabem que essas
meninas não tem nem um tipo de conhecimento e nem sabem dos seus direitos e acabam
explorando sem nem um remoço ou senso que aquela prática é errada.
Segundo Souza e Parrão (2017), a percepção de habituar crianças e adolescentes de classe
mais pauperizada no setor doméstico é muito comum no Brasil, essas meninas são instruídas a
reproduzir a trajetória dos pais que tratam o âmbito doméstico como uma formação e um
aprendizado para si e para seus filhos, porque assim eles acreditam que os filhos vão criar uma
certa responsabilidade e que também estarão prontos para o mundo, ou seja, estarão preparados
para que se outro emprego não der certo, o campo doméstico na casa de terceiros seria uma
segunda opção. É importante lembrar que os pais não pensam no que seria retirado de seus filhos,
como por exemplo: a infância roubada, sem acesso à educação por que de certo modo limitaria
na educação desses jovens, e os que estudam não teriam estímulo nem animo para continuar, a
péssima saúde porque iriam passar altas horas trabalhando e isso afeta no desenvolvimento das
mesmas.
É algo questionador e contraditório é que não precisa ter conhecimentos pra saber que
crianças e adolescentes não tem a mesma potência de um adulto, elas são mais frágeis na questão
das obrigações que era pra ser feitos pelos adultos, os produtos de limpeza também prejudica
essas meninas muitos podem causar até doenças futura, o trabalho infantil doméstico prejudica
também no rendimento escolar, muitas crianças já chegam cansadas por conta da rotina de
trabalho, não sentem estimulo para o estudo, sentem muito sono, e entra também a questão da
vergonha, muitas delas não se sentem à vontade para falar do assunto, principalmente por
acharem que a culpa de viver essa situação de exploração doméstica é delas mesmas, e o motivo
maior de se calarem é por causa do fator “aceitação” elas querem serem aceita pela as outras
colegas da escola e da sociedade como todo.
COMO COMBATER O TRABALHO INFANTO-JUVENIL DOMÉSTICO?
Extinguir o trabalho doméstico na população infanto-juvenil não é uma questão fácil de
resolver apenas criando leis, as legislações são importante para erradicação, percebe-se que falta
comprometimento por parte da sociedade e do Estado, falta sensibilização por parte das pessoas
em entender que este tipo de exploração não é nova, é uma questão histórica que foi criada e
socializada, então primeiramente tem que haver esclarecimentos de todo o contexto histórico do
trabalho infantil ,para que depois associado as legislações existentes aconteça a necessária
erradicação do trabalho doméstico na população infanto-juvenil.
A Constituição Federal foi bem clara quando afirmou em seu Art.227 que a família,
Sociedade e Estado deve garantir aos adolescentes todos os direitos essenciais para uma vida
plena e digna, como também, proteger esta população de qualquer forma de abandono, qualquer
ato discriminatório, de abuso, de hostilidade, de maldade e submissão. (BRASIL,1988)
Então, ao longo dos anos teve realmente avanços voltados para crianças e adolescentes
como os direitos sociais estabelecidos na carta maior de 1988 e a regulamentação do Estatuto da
Criança e do Adolescente ECA, em que no qual, proíbe qualquer tipo de exploração infantil e os
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jovens de 14 podem até trabalhar mais na condição de aprendiz e frequentando a escola. A
fiscalização tem que ser mais acirrada tanto da Organização Infantil do Trabalho OIT e da
Política Nacional por Amostra de Domicilio PNAD e dos demais órgãos responsáveis, para que
de fato se cumpra com todos esses decretos inseridos nas leis relacionados a criança e ao
adolescente, como por exemplo é preciso averiguar se de fato o menor está realmente
frequentando a escola, se no lugar de aprendiz é só um horário, averiguar se o local do trabalho
é insalubre, enfim, fazer a fiscalização necessária. E principalmente, o trabalho infantil tem que
ser falado, questionado, analisado o porquê que ainda persiste e problematizado.
Nesse sentido, é de suma importância a orientação e esclarecimento quanto aos direitos
das crianças e dos adolescentes e que esses direitos possam ser garantidos a fim de essa
exploração do trabalho doméstico venha a ser extinguido.

O ASSISTENTE SOCIAL E O TRABALHO DOMÉSTICO INFANTO-JUVENIL


Outro ponto importante que tem que ser falado é a atuação do assistente social na questão
ao enfretamento do combate ao trabalho doméstico infanto-juvenil, esse profissional tem a total
capacitação para lidar com esses problemas sociais porque ele é crítico, propõem alternativas
para proteção e promoção desses jovens junto com serviços, programas e projetos, ou seja,
trabalham lado a lado com políticas sociais que viabilizam e garantam todos esses direitos sociais
da criança e do adolescente, até porque o assistente social conhece a realidade dos seus usuários
antes de intervir fazendo visita domiciliares, triagem, faz todo um estudo social para depois
coloca-la sua pesquisa em prática através de um relatório e um parecer social final.
De acordo com Hobsbawn (2009) a mão de obra mais procurada conta na população de
mulheres e crianças, pois considera que estes sejam profissionais que podem ser de fácil controle,
apresentando assim uma desvalorização dessa classe trabalhista.
Nesse sentido, o profissional assistente social desde muitos anos vem trabalhando em prol
das lutas sociais, sendo um agente propositivo e não apenas executivo, atuando nos mais diversos
ramos, sendo sujeitos ativos, críticos e reflexivos, buscando sempre a igualdade de direitos entre
todas as pessoas vulneráveis que necessitam de um olhar diferenciado. Dessa forma, o trabalho
doméstico na população infanto juvenil é uma das atividades que o profissional de serviço social
atua no que tange a garantir os direitos dessa população.

De acordo com Abepss (2004) as concepções éticas que acompanham o assistente social
são as bases de sua capacidade intelectual e sua qualificação acadêmica que o torna capaz de
estimular uma verificação da realidade social, transpondo a um comportamento investigativo.
Nessa dinâmica percebemos que o assistente social exerce um papel relevante dentro do
contexto do trabalho doméstico frente a população infanto juvenil, haja vista que estas pessoas
necessitam de amparo e orientação, pois os mesmos exercem atividades que ferem seus direitos,
possibilitando assim que o assistente social faça uma investigação para que assim possa promover
ações de melhorias para estas pessoas.

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METODOLOGIA
Tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se da técnica da
revisão sistemática a partir dos seguintes elementos: Definição da pergunta; “Quais as
relações evidenciadas pelas pesquisas científicas são mais comuns quanto a prática da
exploração do trabalho infanto-juvenil”. A busca de estudos foi realizada a partir de um
buscador, “Google Acadêmico” e de uma base de dados, “Scielo” (Scientific Eletronic
Library Online), tendo como descritores: trabalho doméstico, infanto-juvenil, nordeste.
Foi adotada a expressão “AND” no cruzamento das palavras. Os critérios de inclusão
foram: artigos publicados de maneira integral em português disponibilizados online. Os
critérios de exclusão forma: qualquer elemento que não atendesse aos critérios de
inclusão.

RESULTADOS/DISCUSSÕES
Na pesquisa realizada foram encontrados 523 artigos no google acadêmico, no entanto,
foram lidos 30 destes artigos no qual 14 se adequaram para a pesquisa. Já no Scielo não obteve
nenhum resultado na pesquisa relacionado a esse tema. No entanto, as áreas de maior
abrangência dos artigos foi a área de saúde devido a questão psicológica e humanas no contexto
social dos indivíduos.
O que mais os autores abrangem, questionam e discutem nos artigos é que nos últimos
anos só aumenta a exploração do trabalho doméstico em relação aos adolescentes, devido aos
fatores culturais, econômicos, ideológicos, históricos e sociais. O cenário estudado foi o Nordeste
sob uma curiosidade despertada e por ser ainda um grande atraso cultural e de cunho tradicional.
A população estudada nessas pesquisas foram os jovens adolescentes, que se encontra em
estado de exploração de trabalho doméstico no âmbito do lar através de terceiros. A exploração
dessa classe de trabalhadores, não é vista como uma forma de prestação de serviço, mas sim é
visto como ajuda, como um favor, isso porque as vítimas estão em situação de vulnerabilidade
sem nenhuma proteção da família e amparo das instituições responsável a proteção e promoção
destas pessoas. Geralmente essas vítimas são oriundas do interior ou de cidades pequenas e que
cujas as famílias das mesmas são humildes e pobres, porém, alvo maior desse tipo de exploração
é as crianças e adolescentes que vão para cidade grande em busca de melhorias de vida e acabam
sendo enganadas juntos com os pais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A exploração do trabalho doméstico infanto-juvenil vem sendo abordado nos artigos
como uma tentativa de combater essa exploração, chamando a atenção dos leitores que este fato
ainda persiste e que é muito forte na sociedade brasileira, principalmente no Nordeste, o qual é
um estado de grande atraso cultural e de cunho tradicional e com heranças patriarcais.
Os autores questionam também, a relação escravocrata que vem reproduzindo na
contemporaneidade, sob um pais que se diz democrático por ter alargado os direitos sociais em
um âmbito legal, mas que não se materializa de fato porque a uma grande concentração de renda
no país sobre a dominação do sistema capitalista.
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Pode-se perceber também, que o âmbito doméstico é um ambiente de difícil fiscalização
porque se encontra no interior dos lares, e que no caso, para haver uma averiguação tem que
existir uma denúncia ou por parte da vítima ou por uma segunda pessoa que visualizou algum
tipo de exploração e maus-tratos. E o que chama atenção é que muitas pessoas até veem, mais
muitas não denunciam por achar aquilo “normal”, algumas usam a expressão “mulher onde foi
que você achou essa mocinha eu quero uma dessa para mim, ela faz tudo e é rápida, será que ela
não tem uma irmã ou prima que possa vim para cidade para eu cuidar, aí eu dou umas coisinhas
de uso pessoal para ela e também uma mesadinha de 30 ou 40 reais”.
É questionador a desvalorização da população infanto-juvenil no setor doméstico, por
pessoas que deveriam serem esclarecidas da não violação dos direitos dessas jovens, e que, pelo
contrário, o que precensiamos são adultos fazendo dessas crianças robôs domésticos e sem
nenhum sentimento de culpa. Também foi relatado a importância do assistente social frente ao
trabalho doméstico entre a população infanto juvenil, onde o mesmo tem papel significativo, pois
este promove ações de melhoria de vida a essa população, trabalhando em prol das lutas entre as
classes, em prol de uma igualdade de direitos para todos.
Dessa forma, falar da desvalorização da criança e do adolescente é desconstruir o que já
está construído na sociedade brasileira, ou seja, é histórico, cultural e social principalmente
porque o Brasil é um País com marcas de ações discriminatórias, com ideologias patriarca lista,
e tradicionalista, hora há uma naturalização no campo doméstico principalmente por causa dessas
ideologias impostas citadas, vale lembrar de um profissional que trabalha frente as essas questões
de enfretamento ao combate do trabalho infanto-juvenil que é o assistente social, que além de
técnico é especialista, criterioso e conhecedor dos direitos das pessoas, é também um profissional
que primeiro vai conhecer a realidade dos indivíduos para depois intervir, e com todo
acompanhamento necessário para atender os seus usuários viabilizando e propondo políticas
sociais que vão de fato proteger e promover essas crianças e adolescente retirando eles de
qualquer situação desumana e vexatória.

¹Acadêmica do VI Bloco do Curso de Serviço Social da FAESF


²Docente da Faculdade de Ensino Superior de Floriano-FAESF.Mestranda em Ensino-UNIVATES
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¹Acadêmica do VI Bloco do Curso de Serviço Social da FAESF


²Docente da Faculdade de Ensino Superior de Floriano-FAESF.Mestranda em Ensino-UNIVATES
¹Acadêmica do VI Bloco do Curso de Serviço Social da FAESF
²Docente da Faculdade de Ensino Superior de Floriano-FAESF.Mestranda em Ensino-UNIVATES
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