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UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

DEPARTAMENTO DE INVESTIGAÇÃO, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM SAÚDE PUBLICA – SAÚDE MATERNO INFANTIL 3ᵃ EDIÇÃO


MÓDULO DE VIGILÂNCIA DA GRAVIDEZ E PREPARAÇÃO PARA A
PATERNIDADE

PAPEL PARENTAL NO PRIMEIRO MÊS POS-PARTO

Mestrando do grupo IV: Professor:

Ussene Francisco Puepue Dr. Patrício Cante, MD, MsC, PHD

Raima Napoleão

Margarida Muacheia A Jamal

Kátia Gisela de C.S. Farinha

Matilde Matiquite

Nampula,

14 de Junho de 2023
Introdução

O entendimento da parentalidade no mundo vem ganhando mais estudos nos últimos


anos na gravidez e no puerpério.

Nos primeiros meses de pós-parto acontecem muitas modificações físicas, orgânicas,


psíquicas e sociais na mulher e no homem, que revelam a divisão de papéis para ambos.

já se vem há mais de 30 anos que o sonho de “Saúde para todos” foi lançado em Alma
Ata, apoiado pela estratégia, “Cuidados de Saúde Primários” (CSP) como forma mais
eficaz e eficiente para atingir esse objectivo.1

Moçambique não difere muito de outros países, em que a presença do pai é necessária
na família, pois, ele oferece o apoio moral e emocional à mãe, para que possa inserir na
vida da criança o senso de ordem e autoridade e em relação ao nível cultural
destacaram-se a mudança dos hábitos alimentares, restrições na forma de vestir, sentar,
abstinência da actividade sexual. As mães adoptam um determinado tipo de dieta, onde
evitam uns alimentos e são aconselhadas o consumo de outros, mas que esta situação
depende muito e em grande medida da condição social e das possibilidades
económicas.3

O objectivo geral do estudo é de compreender o papel parental no primeiro mês pós-


parto e como objectivos específicos, descrever os aspectos socioculturais no primeiro
mês pós-parto, Identificar o papel materno, paterno, provedor de saúde no primeiro mês
pós-parto e dos (ACS, APS e Activistas) na comunidade no primeiro mês pós-parto.
Em relação ao papel parenteral no primeiro mês pós-parto tem maior peso para mãe,
porem à medida que a civilização vai desenvolvendo há necessita romper com o
paradigma social, o qual concebe a mãe como única cuidadora, e incorporar a nova
realidade, em que o pai paulatinamente insere-se no cuidado aos filhos e tem
desempenhado esse papel com autonomia e autoconfiança, o que provavelmente irá
auxiliar com o desenvolvimento biopsicoemocional dos filhos. Daí surge a seguinte
questão norteadora: Ate que ponto o papel parenteral pode influenciar no primeiro mês
pós parto?
Metodologicamente o trabalho buscou abordagem qualitativa, como recurso a uma
revisão de literaturas virtuais indexadas nas bases eletrônicas: Medical Literature and
Retrivial System on Line (Medline), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde
(Lilacs) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo).

2
Transição para parental idade

A parentalidade está descrita como “assumir as responsabilidades de ser mãe e/ou pai;
comportamentos destinados a facilitar a incorporação de um recém-nascido na unidade
familiar, comportamento para optimizar o crescimento e desenvolvimento das crianças;
interiorização das expectativas dos indivíduos, famílias, amigos e sociedade quanto aos
comportamentos de papel parental adequados ou inadequados.1, 8

De acordo com FIGUEREDO 8, (2005), a transição para a parentalidade acarreta


consigo um conjunto específico de tarefas tanto para a mulher como para o homem,
sobretudo no que se refere aos n relacionamentos significativos ao nível individual,
do casal e da família. Ao nível individual, segundo a autora, este processo implica a
revisão dos papéis da infância e dos modelos de interacção observados com e entre os
pais. Do casal espera-se a reorganização das modalidades anteriores de relacionamento e
a preparação em conjunto para a nova tarefa de cuidar do bebé.

Moura Ramos e Canavarro8 (2007), homens e mulheres iniciam a transição para a


parentalidade como entes separados e distintos, com diferentes percursos individuais, na
busca do mesmo objectivo: a formação de uma família. Daí que, homem e mulher, com
diferentes características biológicas, de personalidade, de atitude, prioridades e formas de
gerir os seus papéis sociais, perspectivem o momento de transição para a parentalidade de
forma distinta.

Segundo Brazelton e Cramer 8


(2001) referido por Bayle (2005) quatro aspectos
influenciam a criação de um pai: uma predisposição à parentalidade transmitida pelos
seus próprios pais e pelo seu pai em particular, as solicitações do bebé que vão
desencadear o desejo de interacção e desenvolver as capacidades do pai, a autorização da
esposa que oferece o bebé ao seu marido, implicando-o nesta nova função e a
organização sociocultural que legitima a paternidade e que o apoia nesta função familiar.

A transição para a paternidade começa com o nascimento do primeiro filho, mas o


processo de tornar-se pai começa muito antes como nos referem Gomes 4 e Silva (2008),
que nos remete para uma perspectiva psicanalista, que relata que o desejo de ser pai
começa na infância, como o desejo de ter bebés de si próprio, a partir da identificação
nuclear com a mãe.

3
A paternidade é um método que ocorre a partir de práticas de cuidados introduzidos na
relação entre pais e filhos, através de uma fase indicada por alterações emocionais,
modificações e conhecimentos que o pai busca para expressar seu papel 1.

Aspectos Socioculturais

Na actualidade verificam que os pais participam de forma activa e efectiva na vida dos
filhos, não somente como únicos provedores financeiros do lar. A sociedade exalta o
papel da mulher como mãe e responsável pela gestação, na mesma proporção o papel do
pai também tem sido indispensável, para a autor realização e desenvolvimento sadio de
todos os aspectos da personalidade dos filhos.2

Do ponto de vista teórico-conceptual, social, sabe-se que a transição para a


parentalidade não é necessariamente marcada pelo nascimento do filho, mas pelas
mudanças psicológicas internas e organizações do papel parental e dos seus
relacionamentos mais importantes, designadamente do próprio relacionamento do
casal, relacionamento com a família e, por último, o relacionamento com os amigos 8.

A transição para a parentalidade é um período do ciclo vital familiar caracterizado por


mudanças impactantes sobre a vida e o relacionamento dos indivíduos que a
experimentam, e é um processo complexo, influenciado por factores ligados ao contexto
histórico e social 5 

Assim sendo, a parentalidade poderá ser entendida como modelo cultural, fruto dos
modelos familiares, que por sua vez, transformam-se em prol das exigências sociais,
económicas, políticas e religiosas, com impacto no decorrer da gravidez, nascimento e
pós-parto. As mesmas podem afectar a forma como a grávida se sente, a forma como se
comporta perante a gravidez e o parto e o modo como educa o seu filho 5 

Nesta perspectiva, a parentalidade comporta aspectos etnológicos e culturais e pode


apresentar diversas modalidades, de acordo com os grupos e culturas, não sendo nem
instintiva nem automática, requer aprendizagem. Esta problemática do instinto parental
realça também a importância da cultura no comportamento das pessoas, bem como as
crenças, valores e costumes de determinada sociedade que são condicionantes do
comportamento dos sujeitos. Assim sendo, os valores de uma sociedade são, às vezes,
tão imperiosos que exercem uma influência incalculável sobre os nossos desejos,
condicionando as respostas de cada um, sendo necessário contextualizar os

4
comportamentos, evitando interpretações erróneas que podem limitar a resposta
necessária aos desejados cuidados culturalmente adaptados 6

Papel Materno no primeiro mês Pós-parto

 Esta fase ocorre à medida que a mulher vai interiorizando o novo papel, através
do sentido de harmonia, confiança, satisfação, competência e vinculação, que vai
adquirindo à medida que o desempenha.8
 O primeiro passo para mudar essa relação pode vir da mãe, que precisa dar mais
liberdade para o companheiro exercer seu papel na rotina da família;
 Velar pela saúde do filho e harmonia familiar, desde a alimentação mamilar e
dela, usar roupas confortáveis e aconselha-se o uso de sutiã, adequado,
proporcionando maior sustentação das mamas, prevenindo flacidez, além de
impedir que o “leite empedre”. O uso de cintas não é obrigatório, embora exista
o mito de que elas são necessárias.8
 O ideal é que se beba muito líquido, matéria-prima para produção do leite,
dando preferência para suco de frutas, leite e água, evitando sempre o consumo
de bebidas alcoólicas. Não fumar ou utilizar drogas ilícitas, principalmente se
estiver amamentando, é outro factor de suma importância

Papel Paterno no primeiro mês Pós-parto

Ser Pai Hoje tem um principal papel na educação dos filhos, apoio a mãe, dando-lhe
suporte e segurança afectiva e económica.

 O pai não deve se preocupar por não saber fazer nada deve tirar a licença de
paternidade e aproveitar esses dias (geralmente, são cinco, mas há empresas que
oferecem 20 ou mais) para se dedicar exclusivamente ao bebê.
 O pai pode continuar se encarregando do banho, além de trocar as fraldas e
também as roupas do bebê, conseguindo algumas pausas valiosas na cansativa
rotina de amamentar um recém-nascido.
 Acompanhar e incentivar a amamentação. Ele pode estar ao seu lado nesse
momento e depois da mamada, e também pode segurar o bebê.

 Acalentar o filho na hora de dormir e fazer massagem nos momentos em que o


bebê sente cólica;
 Ajudar nas tarefas gerais da casa. O pai pode providenciar o almoço (ou o
jantar), não se esquecer de contas e se encarregar das compras
5
 . Aproveitar o sol da manhã para passear com o bebê (no colo, no sling ou de
carrinho). Geralmente, as saídas são liberadas a partir de 1 mês, mas é indicado
falar com o pediatra antes;
 10. Conversar com o bebê, fazer brincadeiras para estimular a visão, audição e
tato (brincar de esconder, por exemplo, é um excelente estímulo)
 ;

Papel dos ACS, APS Activistas no primeiro mês Pós-parto

São designados Agentes Comunitários de Saúde (ACS) os indivíduos escolhidos na e


pela comunidade, formados pela Saúde ou pelas ONGs e instituições religiosas para
realizar actividades promotivas, preventivas e/ou curativas a nível das comunidades.
Dentro do grupo dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) encontram-se os Agentes
Polivalentes Elementares (APEs), Parteiras Tradicionais (PTs) e os Activistas.7

Ao nível da comunidade e de acordo com o tipo de organização da estrutura de base, os


Agentes Comunitários de Saúde (ACS) podem estar ligados directamente ao Conselho
de Desenvolvimento Comunitário (CDC), Conselho de Líderes Comunitários (CLC),
desempenhando o seguinte papel: - Participar na identificação dos problemas de saúde
da comunidade e respectivas soluções; - Coordenar das actividades a serem
desenvolvidas pela comunidade com vista a implementação das soluções identificadas
para os problemas de saúde; - Promover as práticas chaves de saúde na comunidade e
nas famílias nomeadamente: - Prevenção das doenças (higiene individual e saneamento
do meio, consumo de água potável, vacinações, uso de redes mosquiteiras, eliminação
de charcos, práticas sexuais seguras, etc.) - Nutrição e desenvolvimento; - Realização de
visitas ao domicílio

Agente Polivalente Elementar (APE) – é um elemento da comunidade, por esta


seleccionado, treinado pelo SNS ou pelas ONGs para prestar cuidados preventivos,
curativos e promocionais a essa mesma comunidade. Visam estender os serviços de
saúde no logo primeiro mês do pós-parto através da transferência de conhecimentos
para a parturientes sobre a realização da primeira consulta pós-parto, e do seu
envolvimento na selecção destes elementos para a formação e garantia da sua
sustentabilidade pela população.

Tem papel de:

6
 Planificar e realizar as actividades educativas no Posto de Saúde (PS) e na
comunidade;
 Realizar de visitas domiciliárias;
 Promover o saneamento e de higiene ambiental da aldeia;
 Reportar à Unidade Sanitária (US) sobre as doenças epidémicas que ocorrem na
aldeia;
 Prestar cuidados curativos aos doentes - Coordenar e supervisar o trabalho dos
activistas;
 Participar no Conselho de Líderes Comunitários (CLC) - Controlar e seguimento
de doentes com alta da US de referência;
 Adquirir e controlar os medicamentos do Kit C

Activista da Saúde - é um voluntário membro da comunidade, por esta seleccionado,


treinado por uma ONG e/ou por uma instituição da Saúde, trabalhando sob a orientação
a apoio metodológico de uma ONG ou de instituições do Estado, ao conselho de líderes
comunitários (CLC).

Papel do activista promotivo de AIDI no Primeiro mês pós-parto:

 Promover formas de saneamento e higiene na comunidade;


 Identificar sinais de perigo nas crianças doentes e referi-las à unidade sanitária
mais próxima;
 Verificar o estado de vacina da criança e analisar o cartão de saúde (curva de
peso da criança) para fazer recomendações à mãe ou a sua família consoante a
idade da criança;
 Aconselhar as mães sobre a importância da consulta das crianças - aconselhar as
mães sobre a importância do cartão de saúde, no controlo do crescimento da
criança - aconselhar sobre as regras de uma alimentação equilibrada para a
criança;
 Aconselhar as mães sobre a importância da alimentação;
 Explicar os perigos da malnutrição no desenvolvimento da criança;
 Promover o aleitamento materno de acordo com as normas do MISAU
 Aconselhar para prevenir a desidratação.

Papel do activista dos cuidados domiciliários/assistenciais pós parto

 Promover as práticas chaves para a prevenção das doenças

7
 Referir os doentes com SIDA a US de referência (hospital-dia, e outros serviços
de rede integrada)
 Fazer visitas aos doentes com SIDA e outras doenças crónicas
 Dar assistance aos doentes com SIDA e outras doenças crónicas
 Aconselhar as famílias sobres os cuidados a ter com os doentes com SIDA e
outras doenças cronicas ( apoio emocional)
 Dar apoio na toma de medicamentos
 Dar apoio na orientação nutricional

Papel da Provedora no primeiro mês Pós-parto

 Promover formas de saneamento e higiene na comunidade;


 Ensinar a mulher grávida como preparar o parto - ajudar o parto de forma
higiénica;
 Incentivar a mulher grávida a ter parto institucional - reconhecer os sinais
verdadeiros do trabalho de parto;
 Aconselhar a grávida sobre os princípios básicos durante o período de dilatação;
 Obedecer as regras de higiene e assepsia para preparar o material de parto;
 Utilizar correctamente o material contido no Kit ;
 Reconhecer/detectar os principais AROs e ARMM e referir a US ;
 Aconselhar as mães sobre as práticas básicas com o recém nascido;
 Identificar os sinais de perigo na gravidez e executar os procedimentos
adequados;
 Aconselhar sobre a higiene no períneo no pós-parto e higiene das mamas.

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Referencia Bibliográfica

1. Dal-Rosso, G. R., Silva, S. O., Pieszak, G. M., Ebling, S. B. D., & Silveira, V.
N. Experiências Narradas por Homens no Exercício da Paternidade: Rompendo
Paradigmas. Revista de Enfermagem UFSM, 9(3), 1-18. 2019.
2. Santos, S. S., Morais, R. C. M., Silveira, A. O., Medeiros, C. C., & Franzo, M.
A. H. A construção da paternidade ao nascimento do filho atermo e saudável.
Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social., 9(2), 767-778.
2021
3. Save the children. Crenças, Atitudes e práticas Sócio-Culturais relacionadas
com cuidados ao recém-nascido: estudo em Chibuto, Búzi e Angoche. Maputo:
KULA. 2007
4. Silva, P. S. D., Comerlato, L. P., Wendling, M. I., & Frizzo, G. BFatores que
influenciam a transição para a parentalidade adotiva: uma revisão
sistemática. Contextos clínicos. São Leopoldo: UNISINOS, 2018. p. 319-334.
5. Hernandez, J. A. E., & Hutz, C. S. Transição para a parentalidade: ajustamento
conjugal e emocional. Psico, 40(4), 2010. Recuperado de
https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/revistapsico/article/view/1490.
6. Kruel, C. S., & Lopes, R. D. C. S. Transição para a parentalidade no contexto de
cardiopatia congênita do bebê: Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28, 35-43, 2012
7. MISAU , Estratégia de Envolvimento Comunitário, 2004
8. Vanessa Filipa Leite Ramos Cunha, Cuidados de Enfermagem Promotores da
Vinculação do Pai e Bebé no Parto e Pós-parto, ESEL, 2013. Disponivel em
papel parental no primeiro mes pos parto - Pesquisa Google, acesso aos 12 de
Junho de 2023

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