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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Diler Cleide Da Lídia António José Paúa

Juízo Francisco Pascoal

A ÉTICA DO ADVOGADO

NAMPULA

2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO

Diler Cleide Da Lídia António José Paúa

Juízo Francisco Pascoal

A ÉTICA DO ADVOGADO

Trabalho em grupo de carácter avaliativo,


elaborado pelo 5º Grupo, referente à cadeira de
Ética e Deontologia Profissional, ministrada na
Faculdade de Direito da UCM, Licenciatura em
Direito, 4o Ano, 2º Semestre. A ser entregue no
dia 19 de Setembro de 2023.

Docente: José Muluta, Padre.

NAMPULA

2023

i
LISTA DE ABREVIATURAS

OAM – Ordem dos Advogados de Moçambique

Art.º – Artigo

Pp – Páginas

P - Página

Nº - Numero

S/ed – Sem Edição

Ed - Edição

Ob. cit. - Obra citada

Idem – O mesmo autor ou mesma obra

Ss – Seguintes

ii
ÍNDICE
A ÉTICA DO ADVOGADO .................................................................................................. 1

A ÉTICA DO ADVOGADO ................................................................................................... i

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

A ÉTICA DO ADVOGADO .................................................................................................. 2

1. Deveres para consigo mesmo .......................................................................................... 2

2. Das relações com o cliente .............................................................................................. 3

3. Do sigilo profissional ...................................................................................................... 4

4. Relações com o Juiz, MP e Colegas ................................................................................ 4

5. Dos Honorários do Advogado ......................................................................................... 4

CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 6

iii
INTRODUÇÃO
A ética profissional é intrínseca a natureza humana e se explicita pelo facto de
a pessoa fazer parte de um grupo de pessoas que desenvolvem determinado agir na produção
de bens ou serviços. Assim, cada conjunto de profissionais deve seguir uma ordem de conduta
que permita a evolução harmónica do trabalho de todos, a partir da conduta de cada um,
através de uma tutela no trabalho que conduza a regulação do individualismo perante o
colectivo.

O advogado, como qualquer outro profissional está submetido à normas de


conduta profissional, tendo em vista a necessidade de uma postura ilibada, digna, decorosa,
correcta, independente, leal e verdadeira para que a própria classe de advogados seja vista
como tal, dando-lhe credibilidade e respeito dos que dela precisam, além de se evitar as
sanções estabelecidas. O presente trabalho se propõe a realizar uma breve análise sobre a ética
do advogado, tendo como suporte teórico a legislação vigente, assim como a doutrina e
produções académicas que tratem do tema. Pretende, portanto, trazer a conceituações
importantes para dar início a introdução no tema, como também vislumbrar os princípios que
cerne a deontologia forense, e, por fim, ressaltar questões relevantes presentes nos manuais
que regem o factor ético na profissão do advogado.

A Ética está presente na vida em sociedade, assim também acaba por


normalizar as condutas profissionais. De acordo com as demandas e especificidades de cada
categoria, tem-se necessidade de uma específica linha de postura. As profissões jurídicas têm
também suas normas éticas e morais que lhes são próprias.

O advogado é indispensável à administração da justiça e, como tal, deve ter um


comportamento público e profissional adequado à dignidade e responsabilidade da função que
exerce, cumprindo pontual e escrupulosamente os deveres consignados no Estatuto da Ordem
dos Advogados de Moçambique e todos aqueles que a lei, os usos, costumes e tradições
profissionais lhe impõem. No entanto, para alcançar os objectivos elencados, a metodologia
usada na elaboração deste trabalho foi a dedução. O presente trabalho segue a seguinte
estrutura: elementos pré-textuais; elementos textuais: introdução, desenvolvimento e
conclusão; e elementos pós-textuais: Referências Bibliográficas, seguindo as normas de
produção académica, adoptadas pela faculdade de Direito da Universidade Católica de
Moçambique e com a estrutura exigida pelo Docente.

1
A ÉTICA DO ADVOGADO
A advocacia é um sacerdócio, a reputação do advogado se mede por seu talento
e por sua moral.1 Assim, a ética profissional do advogado consiste, portanto, na persistente
aspiração de amoldar sua conduta, sua vida, aos princípios básicos dos valores culturais de
sua missão e seus fins, em todas as esferas de suas actividades. 2 O advogado é indispensável à
administração da justiça e, como tal, deve ter um comportamento público e profissional
adequado à dignidade e responsabilidade da função que exerce, cumprindo pontual e
escrupulosamente os deveres consignados no Estatuto e todos aqueles que a lei, os usos,
costumes e tradições profissionais lhe impõem. 3 A honestidade, probidade, rectidão, lealdade,
cortesia e sinceridade são obrigações profissionais, nos termos do art.º 72 do Estatuto da
ordem dos Advogados.4

Os advogados têm a regulação de sua conduta ética, no estatuto da OAM. Esse


instrumento normativo é a síntese dos deveres desses profissionais, considerados pelo
constituinte como essenciais à administração da justiça. Além de regras deontológicas
fundamentais, a normativa contempla capítulos das relações com o cliente, do sigilo
profissional, da publicidade, dos honorários profissionais, do dever de urbanidade e do
processo disciplinar. Dentre as linhas norteadoras do Estatuto incluem-se o aprimoramento no
culto dos princípios ético e no domínio da ciência jurídica.5

1. Deveres para consigo mesmo

A independência dos juízes e autonomia do MP corresponde para os advogados


a liberdade no exercício da sua profissão. Nenhuma autoridade pública ou privada pode
impedir, directa ou indirectamente, os advogados, de praticarem os actos necessários ao
patrocínio do seu cliente, uma vez que sejam respeitadas as regras previstas.6 7

Entretanto, quem escolhe a profissão de advogado deve ser probo. Nada mais
trágico do que advogado improbo. A probidade, é mais que dever, é a condição essencial,
inerente mesmo à pessoa do advogado. O primeiro dever do advogado é ser probo, diligente,
delicado e discreto. Pois, quem procura um advogado está quase sempre em situação de

1
NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 1997, p.182
2
NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 1997, p.183
3
CAMARGO, Marcolino, Fundamentos de ética geral e profissional, 11ª edição, vozes editora, 2013, p.31
4
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 28/2009 de 29 de Setembro, Estatuto da Ordem dos Advogados de
Moçambique, in Boletim da República. I Série, N.º38
5
NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 1997, p.183
6
BRITO, José Henrique Silveira De, Ética das Profissões, Braga, 2006. p.131
7
BRITO, José Henrique Silveira De, Ética das Profissões, Braga, 2006. p.131
2
angústia e desespero, precisa nutrir ao menos a convicção de estar a tratar com alguém acima
de qualquer suspeita.8

Outro dever e esmerar-se para se tornar instrumento insubstituível na


concretização da defesa dos interesses jurídicos do seu constituinte.9 O advogado, no
exercício da profissão mantem sempre em quaisquer circunstâncias a sua independência,
devendo agir livre de qualquer pressão, especialmente a que resulte dos próprios interesses ou
influências exteriores, abstendo-se de negligenciar a deontologia profissional no intuito de
agradar ao seu cliente, aos colegas, ao tribunal ou a terceiros, nos termos do art.º 73 do
Estatuto da ordem dos Advogados.10

2. Das relações com o cliente

O advogado esta, primeiro, a serviço da justiça nos termos do art.º 74 do


Estatuto da OAM, mas, directa e secundariamente, a serviço de quem o constitui, nos termos
do art.º 81 do Estatuto da OAM.11 O primeiro dever ético, é informar o cliente, de forma clara
e inequívoca, quanto a eventuais riscos da sua pretensão e das consequências que poderão
advir da demanda.12

Em síntese dos deveres éticos do advogado para com o cliente poderia ser
resumida na lealdade para com o constituinte. Por essa lealdade o advogado há de se inteirar
da causa, conferir-lhe o melhor tratamento técnico, empenhar-se para fazer jus à confiança do
cliente, representando-o da melhor maneira técnica e estratégica, sem prejudicar a sua
independência, recordando-se de que ao advogado o cliente não dá ordens. Profissionais
liberais há que, vinculados contratualmente a uma obrigação de resultado, podem receber
ordens de quem os contratou. Já os advogados, subordinados a uma obrigação de meios, não
recebem ordens. Estão eticamente sujeitos a desenvolver o melhor de si na boa representação
dos clientes, procurando a justiça em primeiro lugar, o interesse do constituinte em seguida,
mas não podendo prometer quanto resultado de sua lide.

8
NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 1997, p.185
9
NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 1997, p.185
10
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 28/2009 de 29 de Setembro, Estatuto da Ordem dos Advogados
de Moçambique, in Boletim da República. I Série, N.º38
11
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 28/2009 de 29 de Setembro, Estatuto da Ordem dos Advogados
de Moçambique, in Boletim da República. I Série, N.º38
12
NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 1997, p.187
3
3. Do sigilo profissional

O cliente não guarda reserva alguma para com seu advogado. Confia nele
plenamente. Sabe que o sigilo profissional é inerente à profissão, nos termos do 79 do
Estatuto da OAM.13 Não precisa pedir segredo ao seu procurador, pois o advogado que
revelar, sem justa causa, segredo de que tem ciência em razão de profissão, e cuja revelação
possa produzir dano a outrem, pratica crime.

4. Relações com o Juiz, MP e Colegas

Não existe hierarquia entre juiz, procurador e advogado. Isso não significa
estar o advogado liberado de se portar de maneira respeitosa em relação ao titular da função
estatal de dizer o direito. O procurador, merece o mesmo respeito devoto ao juiz e a tais
operadores deve idêntica postura. Quando o procurador atua na condição de parte, o advogado
deve com ele contender com lealdade e lhaneza.14

O advogado deve tratar todas as pessoas, autoridades e funcionários do juízo,


advogados, com respeito, discrição e independência, exigindo igual tratamento e zelando
pelas prerrogativas a que tem direito. Os advogados não devem competir entre si, menos
ainda se referir desairosamente a actuação do colega, nos termos do art.º 85 do Estatuto da
AOM.

5. Dos Honorários do Advogado

A profissão do advogado é uma árdua fadiga posta ao serviço da justiça. A


missão do advogado não consiste na venda dos seus conhecimentos, por um preço chamado
honorários, senão na luta diária pela actuação da justiça nas relações humanas. Esta missão
não tem equivalente pecuniário e, por ela, a remuneração que se paga, não é preço da paz que
se procura, se não o das necessidades de quem se consagra a essa nobre forma de vida. 15
Mostra-se necessário o contrato escrito para a fixação dos honorários, sua correcção, quando o
caso e sua majoração. Esse contrato devera prevê todas as especificações e forma de
pagamento, inclusive no caso de acordo, nos termos do art.º 85 do Estatuto da AOM.16

13
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 28/2009 de 29 de Setembro, Estatuto da Ordem dos Advogados
de Moçambique, in Boletim da República. I Série, N.º38
14
NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São Paulo, p. 201
15
NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São Paulo p. 194
16
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 28/2009 de 29 de Setembro, Estatuto da Ordem dos Advogados
de Moçambique, in Boletim da República. I Série, N.º38
4
CONCLUSÃO
O presente trabalho se dispôs a tratar sobre a ética profissional presente na
actuação dos operadores do Direito, em específico os advogados. Com uma breve análise a
partir da doutrina sobre o tema, pretendia observar a importância da ética para actuação
profissional na advocacia. Portanto, percebe-se que o advogado, como qualquer outro
profissional está submetido à normas de conduta profissional, tendo em vista a necessidade de
uma postura ilibada, digna, decorosa, correcta, independente, leal e verdadeira para que a
própria classe de advogados seja vista como tal, dando-lhe credibilidade e respeito dos que
dela precisam, além de se evitar as sanções estabelecidas.

A ética profissional trata-se de um conjunto de normas de conduta que as


pessoas que desempenham determinada função são submetidas, seriam morais singulares.
Compondo, assim, os direitos e deveres dos advogados, nesse caso específico. A ética
profissional trata-se de um complexo de princípios que servem de directrizes no exercício de
uma profissão, estipulando os deveres que devem ser seguidos no desempenho da atividade
profissional. Assim, a conduta do advogado seguindo a ética profissional diz respeito ao
relacionamento com o cliente, mas não só isso, como também com todas as suas relações de
trabalho e com a sua própria actuação profissional. As normas de postura ética do profissional
do direito possibilitam a existência de confiança e respeito entre o advogado e seus cliente,
assim como seus colegas de profissão.

A Deontologia forense compreende e sistematiza, a partir da ética profissional,


a conduta dos operadores do direito e seus deveres derivados da sua actuação. Trata-se da
ciência do dever ser. Com essa ciência vem também os princípios que norteiam toda a
actuação ética do advogado. O princípio da Conduta Ilibada, seria aquele do comportamento
correto, sem nada que se possa moralmente levantar contra, seja na vida pública ou na vida
privada. Importante ressaltar desse princípio, que ele traz uma ideia de mescla entre a vida
íntima e profissional, trazendo a relevância das acções do advogado também no seu particular
para a sua actuação na profissão.

In fine, a importância da existência dos estatutos de ética, vem da garantia de


publicidade, oficialidade e igualdade para que segue determinada carreira, como a dos
operadores de direito. Assim, os advogados encontram no Estatuto da OAM um comando de
conduta que tem o intuito de fazê-lo agir com probidade, moralidade, dignidade e
independência.

5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legislação:

 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 28/2009 de 29 de Setembro, Estatuto da


Ordem dos Advogados de Moçambique, in Boletim da República. I Série, N.º38

Doutrina:

 BERNARDES, Marcelo di Rezende. Os princípios éticos e sua aplicação no


exercício do direito, Verba Legis, Goiânia, 2010.
 BRITO, José Henrique Silveira De, Ética das Profissões, Braga, 2006.
 CAMARGO, Marcolino, Fundamentos de ética geral e profissional, 11ª edição, vozes
editora, 2013.
 GONÇALVES, Mariane; DAROSSI, Michele; STACCIARINI, Samantha. Ética e
direito na convivência social: breve análise sobre a importância do código de ética
profissional do advogado, Revista da UNIFEBE, Brusque, 2010.
 MAFRA, Júlio Cesar. A ética profissional do advogado: uma reflexão dos limites da
publicidade na advocacia. Monografia (Bacharel em Direito). Universidade do Sul de
Santa Catarina, Palhoça, 2010.
 NALINI, José Renato, Ética Geral e Profissional, Editora revista dos tribunais, São
Paulo, 1997.

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