Curso: Direito Disciplina: Ética Profissional Título: O Operador do Direito e a Profissão de Advogado
O OPERADOR DO DIREITO E A PROFISSÃO DE ADVOGADO - UNIDADE 2
A ética profissional é indispensável para a boa convivência em
sociedade, sobretudo, para o exercício das funções relacionadas à administração da justiça, como, por exemplo, da advocacia.
Nesse contexto, o estudo da ética profissional se mostra imprescindível
para todos no mundo jurídico, desde acadêmicos até juristas de longa carreira. Por isso, o aluno do curso deverá se aprofundar no tema, afim de construir um conhecimento sólido da legalidade, mas também do Direito como um todo, propiciando-lhe uma visão integral do assunto.
É comum, ao se deparar com a advocacia, que análise se dê no campo
da legalidade ou ilegalidade, relegando as discussões éticas e morais para a análise da filosofia jurídica.
Todavia, isso não reflete a realidade do exercício da advocacia, pois o
estudo da eticidade no trabalho do advogado é de fundamental importância. Nesse sentido, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil editou o Código de Ética e Disciplina da advocacia. Logo no início de seu preâmbulo, o aludido código de ética assim preleciona:
O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO
BRASIL, ao instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se por princípios que formam a consciência profissional do advogado e representam imperativos de sua conduta, tais como: os de lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que esta seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum; ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas relações profissionais e em todos os atos do seu ofício [...]
O Código de Ética e Disciplina da OAB, pela sua relevância, trata de
assuntos pertinentes à ética do advogado, tais como seus deveres, os limites da publicidade profissional, honorários, dentre outros assuntos.
Em seus primeiros artigos, o Código de Ética e Disciplina da OAB trata
das regras deontológicas fundamentais ao exercício da profissão. Não por acaso, o seu artigo 1º assim determina:
Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com
os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional.
Complementando essa visão da advocacia, o artigo 3º do mesmo código
aponta: Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos.
Contudo, as determinações éticas ao advogado não se restringem às
determinações constantes no Código de Ética e Disciplina da OAB. Há, ainda, as obrigações impostas em lei, especialmente a lei nacional nº 8.906/1994, que instituiu o Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil.
O Estatuto da OAB, como é chamado, também elenca deveres do
advogado, o que naturalmente inclui questões éticas.
O Estatuto da OAB preleciona:
Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne
merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter
independência em qualquer circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer
autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício
profissional, praticar com dolo ou culpa. Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria.
Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os
deveres consignados no Código de Ética e Disciplina.
Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os
deveres do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.
É comum ouvirmos a frase “fulano atentou contra a moral e os
bons costumes”, isso porque a moral é uma espécie de norma de conduta social que indica algo que é certo ou errado naquela sociedade. Devido ao caráter cultural e subjetivo da moral, algo que é permitido em uma determinada moral, pode ser proibido em outra. Apesar de várias normas morais repetirem-se, elas são, muitas vezes, diferentes porque as sociedades construíram diferentes modos de vida. Aquilo que uma sociedade convenciona como moralmente incorreto pode ser classificado como um tabu.
Digno de nota que o estatuto da advocacia não é meramente uma
normatização interna da OAB, nem mesmo do seu Conselho Federal. O estatuto da OAB é uma lei nacional, a lei 8.906/1994. Assim, os direitos e deveres expressos no Estatuto da Advocacia têm nível legal e não podem ser violados.
Inclusive, o mesmo estatuto elenca as penalidades disciplinares
passíveis de aplicação ao advogado que descumprir seus deveres éticos. Vejamos:
Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:
I - censura; II - suspensão; III- exclusão; IV - multa.
Vê-se, portanto, que a ética profissional não é meramente uma faculdade
do advogado, mas seu dever funcional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 8.906 de 04 de julho de 1995. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia
e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm. Acesso em 30 jan. 2023.
CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. CÓDIGO DE
ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB. Disponível em: https://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaooab/codigodeetica.pdf. Acesso em 30 jan. 2023.