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NOTA DE AULA

Autor(a): Arnon Arruda Simões


Curso: Direito
Disciplina: Ética Profissional
Título: O Operador do Direito e a Profissão de Advogado

O OPERADOR DO DIREITO E A PROFISSÃO DE ADVOGADO - UNIDADE 2

A ética profissional é indispensável para a boa convivência em


sociedade, sobretudo, para o exercício das funções relacionadas à administração da
justiça, como, por exemplo, da advocacia.

Nesse contexto, o estudo da ética profissional se mostra imprescindível


para todos no mundo jurídico, desde acadêmicos até juristas de longa carreira. Por
isso, o aluno do curso deverá se aprofundar no tema, afim de construir um
conhecimento sólido da legalidade, mas também do Direito como um todo,
propiciando-lhe uma visão integral do assunto.

É comum, ao se deparar com a advocacia, que análise se dê no campo


da legalidade ou ilegalidade, relegando as discussões éticas e morais para a análise
da filosofia jurídica.

Todavia, isso não reflete a realidade do exercício da advocacia, pois o


estudo da eticidade no trabalho do advogado é de fundamental importância. Nesse
sentido, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil editou o Código de
Ética e Disciplina da advocacia.
Logo no início de seu preâmbulo, o aludido código de ética assim
preleciona:

O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO


BRASIL, ao instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se
por princípios que formam a consciência profissional do
advogado e representam imperativos de sua conduta, tais como:
os de lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo
cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com
que esta seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com
os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum;
ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de seus
elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas
relações profissionais e em todos os atos do seu ofício [...]

O Código de Ética e Disciplina da OAB, pela sua relevância, trata de


assuntos pertinentes à ética do advogado, tais como seus deveres, os limites da
publicidade profissional, honorários, dentre outros assuntos.

Em seus primeiros artigos, o Código de Ética e Disciplina da OAB trata


das regras deontológicas fundamentais ao exercício da profissão. Não por acaso, o
seu artigo 1º assim determina:

Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com


os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral,
dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual,
social e profissional.

Complementando essa visão da advocacia, o artigo 3º do mesmo código


aponta:
Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um
meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções
justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de
todos.

Contudo, as determinações éticas ao advogado não se restringem às


determinações constantes no Código de Ética e Disciplina da OAB. Há, ainda, as
obrigações impostas em lei, especialmente a lei nacional nº 8.906/1994, que instituiu
o Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil.

O Estatuto da OAB, como é chamado, também elenca deveres do


advogado, o que naturalmente inclui questões éticas.

O Estatuto da OAB preleciona:

Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne


merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe
e da advocacia.

§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter


independência em qualquer circunstância.

§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer


autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve deter o
advogado no exercício da profissão.

Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício


profissional, praticar com dolo ou culpa.
Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será
solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado
com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em
ação própria.

Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os


deveres consignados no Código de Ética e Disciplina.

Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os


deveres do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro
profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o
dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os
respectivos procedimentos disciplinares.

É comum ouvirmos a frase “fulano atentou contra a moral e os


bons costumes”, isso porque a moral é uma espécie de norma
de conduta social que indica algo que é certo ou errado naquela
sociedade. Devido ao caráter cultural e subjetivo da moral, algo
que é permitido em uma determinada moral, pode ser proibido
em outra. Apesar de várias normas morais repetirem-se, elas
são, muitas vezes, diferentes porque as sociedades construíram
diferentes modos de vida. Aquilo que uma sociedade
convenciona como moralmente incorreto pode ser classificado
como um tabu.

Digno de nota que o estatuto da advocacia não é meramente uma


normatização interna da OAB, nem mesmo do seu Conselho Federal. O estatuto da
OAB é uma lei nacional, a lei 8.906/1994. Assim, os direitos e deveres expressos no
Estatuto da Advocacia têm nível legal e não podem ser violados.

Inclusive, o mesmo estatuto elenca as penalidades disciplinares


passíveis de aplicação ao advogado que descumprir seus deveres éticos. Vejamos:

Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:


I - censura;
II - suspensão;
III- exclusão; IV - multa.

Vê-se, portanto, que a ética profissional não é meramente uma faculdade


do advogado, mas seu dever funcional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 8.906 de 04 de julho de 1995. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia


e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm. Acesso em 30 jan. 2023.

CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. CÓDIGO DE


ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB. Disponível em:
https://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaooab/codigodeetica.pdf. Acesso em 30
jan. 2023.

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