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HISTÓRIA DA ÉTICA:

Ética Grega e Helenista

Prof. Dr. Marcos Rohling – IFC


Ética Grega Antiga

O Período Clássico: Aristóteles


Aristóteles
• Em grego, Ἀριστοτέλης, nasceu em Estagira, na
Macedônia (384-322 a.C.), sendo pertencente à
nobreza da real macedônica, de modo que tenha
vivido em Pela, capital real.
• Seu pai se chamava Nicômaco, e sua mãe, Féstis, e
morreram quando Aristóteles ainda era bastante
novo.
• Foi discípulo de Platão, desde o 18 anos, permanecendo com ele até a
sua morte, quando Aristóteles contava com 37 anos – é importante dizer
que Platão foi a principal influência da vida de Aristóteles, ainda que
posteriormente tenha desenvolvido uma filosofia própria.
• Foi, também, preceptor de Alexandre da Macedônia e da corte imperial.
• Além disso, foi o fundador da sua própria escola, o Liceu, cujos
discípulos eram chamados de peripatéticos.
• Morreu na ilha de Cálcis – para onde foi depois de fugir de Atenas, ao
que tudo indica, de câncer no estômago aos 62 anos aproximadamente.
Aristóteles: a Ética como Ciência
• Aristóteles é autor de uma obra extremamente complexa e não
menos vasta – que vai desde a biologia, lógica, física, passando
pela retórica, poética, política, ética, cosmologia, psicologia,
chegando à metafísica.
• Aristóteles foi o primeiro pensador a escrever sistematicamente
tratados sobre a ética. Escreveu três tratados:
▪ Ética a Nicômaco – o livro mais conhecido;
▪ Ética a Eudemo;
▪ Magna Moralia;
• Além disso, é importante ter em conta que, em matéria de ética –
e isso é negligenciado quando se discute a questão – Aristóteles
não afasta dos ideais afiançados por Platão, sendo sua teoria ética,
em certo sentido, uma continuidade original, singular e particular,
daquela que fora produzida por seu mestre.
Aristóteles: a Ética como Ciência
• Aristóteles foi um sistematizador não apenas da ética, mas do
conhecimento em geral.
• Ele estabeleceu a ciência, seguindo o esquema da ciência
especulativa [que visa à verdade], ciência prática [que tem em
conta a conduta e a ação] e ciência produtiva [que tem por
objetivo a produção de objetos úteis ou belos], três tipos de
ciência:
▪ Teórico: resulta da pura contemplação da verdade, de modo que seus
objetos não estão sujeitos à mudanças.
▪ Prático: resulta da atividade prática, da ação no mundo e, em razão
disso, está sujeito à mudança em função da liberdade e de outros
elementos.
▪ Poiético: tem por propósito produzir um determinado resultado.
Física

TEORETIKÉ
Matemática
Ciências que buscam o
saber em si mesmo
Metafísica

Lógica
PRAKTIKÉ
EPISTÉME Ciências que buscam o
Estética
(Saber elevado) saber para, através dele,
alcançar a perfeição Política e Ética: trata das
moral ações e das condutas
humanas em vista do fim
moral e político.
POIETIKÉ
Ciências que buscam o Artes Liberais
saber em função da
atividade de fazer
Aristóteles: a Ética como Ciência
• A ética de Aristóteles é teleológica, isto é, determina que as ações
humanas se constituem em vista de um fim, um télos, que, no
homem é a felicidade (eudaimonia) – uma atividade da alma
segundo sua virtude (areté).
▪ Não se trata da felicidade pautada nas emoções e sentimentos, como
compreendemos hoje, mas na especificidade do agir de forma racional,
isto é, na realização plena do indivíduo, numa atividade conforme a
virtude, a qual se dá, em última instância, na polis.
• A vida moral se realiza através da aquisição de certos modos
constantes de agir (ou hábitos) que são as virtudes.
▪ Estas, as virtudes, não são atitudes inatas, mas modos de ser que se
adquirem ou conquistam pelo exercício – além disso, devem-se ao fato
de o homem ser ao mesmo tempo racional e irracional.
• Isso quer dizer que a virtude pode ser ensinada e que a sua
aquisição, antes de qualquer coisa, como excelência moral,
significa a prática, isto é, o hábito.
Aristóteles: a Virtude e as suas Classes
• Aristóteles entende que a virtude consiste no termo médio, isto é,
o meio termo entre dois extremos – ou seja, aquilo que se coloca
entre dois extremos: um excesso e um defeito.
▪ a virtude (areté) “é uma disposição de caráter relacionada com uma
escolha deliberada e consiste num justo-termo relativo a nós, que é
determinado por um princípio racional próprio do homem dotado
de sabedoria prática” (ARISTÓTELES, Ética à Nicômaco).
• A virtude, assim, é um equilíbrio entre dois extremos instáveis e
igualmente prejudiciais. Com efeito, são divididas em dois
grupos:

a) As virtudes intelectuais b) As virtudes práticas (éticas), que operam


(dianoéticas), que operam na naquilo que há, no homem, de irracional, isto
é, operam nas suas paixões e apetites,
parte racional do homem. canalizando-os de modo racional.
Aristóteles: a Virtude e as suas Classes
• Aristóteles entende que a virtude é o que faz de alguém claramente
alguém com a excelência moral e resulta diretamente da educação,
tornando-se uma segunda natureza, cultivada pelo desempenho
continuado de bons hábitos.
▪ O homem é, por isso, o que ele continuamente faz e pratica, sendo a virtude
então um modo de ser, um estado do caráter do agente moral.
• A ação moral e virtuosa é, assim, uma ação que resulta de uma escolha
deliberada. No mesmo sentido, alguém é responsável, isto é, tem uma
ação livre e voluntária quando satisfaz a três critérios:
a. uma condição ontológica: parte do ser é contingente – isto é, não agimos sobre
o que é necessário.
b. uma condição epistêmica: deve-se conhecer as circunstâncias particulares da
ação e das regras da ação. E,
c. uma condição prática: a causa eficiente da ação deve ser interna ao próprio
agente, isto é, um ato não pode ser, por exemplo, compulsório.
• Assim sendo, a ação livre é uma característica dos atos virtuosos: eles
são voluntários, livres e condição necessária da eudaimonia.
Vício por VIRTUDE Vício por
excesso deficiência
Temeridade CORAGEM Covardia

Libertinagem TEMPERANÇA Insensibilidade

Esbanjamento PRODIGALIDADE Avareza

Vulgaridade MAGNIFICÊNCIA Vileza

Vaidade RESPEITO Modéstia


PRÓPRIO
Ambição PRUDÊNCIA Moleza
Vício por VIRTUDE Vício por
excesso deficiência
Irascibilidade GENTILEZA Indiferença

Orgulho VERACIDADE Descrédito


próprio
Zombaria AGUDEZA DE Rusticidade
ESPÍRITO
Condescendência AMIZADE Enfado

Inveja JUSTA Malevolência


INDIGNAÇÃO
Aristóteles: a Vida Moral e a Pólis
• Desde o ponto de vista de Aristóteles, a comunidade social e
política é o meio necessário para a vida moral, uma vez que o
homem é, por natureza, um animal político – não se realiza
sozinho e não atinge ao sumo bem isoladamente.
• A vida moral é uma condição ou meio para uma vida
verdadeiramente humana: a vida teórica na qual consiste a
felicidade (que é possível apenas a um grupo mais restrito).
• Sumariamente, a ética de Aristóteles afirma que há moral porque
os seres buscam inevitavelmente a felicidade. E, para alcançá-la,
precisam de orientações morais – as virtudes. Para isso, oferece
critérios racionais para averiguar que tipo de comportamentos e
que tipo de virtudes, ou seja, que tipo de caráter moral, é
adequado para se atingir tal fim – por isso, a ética de Aristóteles é
uma ética da autorrealização, uma ética eudaimonista.
Ética Grega Antiga

O Helenismo: o Pensamento Moral de


Epicuro, o Estoicismo e o Cinismo
O Helenismo e o Mundo Grego
• De modo objetivo e simples, pode-se dizer que o helenismo é o período
da história e, também, da história do pensamento, no qual tem-se a
expansão da cultura helênica (grega) – o que se deve particularmente à
ação de Alexandre Magno. Com efeito, após a sua morte, houve a
desintegração do gigantesco império em pelo menos quatro outros reinos.
• No plano da filosofia, destacam-se o aparecimento de algumas questões:
▪ A substituição do ideal da pólis pelo do ideal cosmopolita: com a perda da
autonomia política definitiva em 146 a.C., por parte dos gregos, aparece o ideal
cosmopolita, o qual considera o mundo todo como uma cidade – Roma dá conta
de realizar o ideal de Alexandre, mas de forma diversa.
▪ A descoberta do indivíduo: o homem não é mais identificado como cidadão da
pólis e, em razão disso, precisa buscar uma nova identidade. Essa identidade
encontrada é a do indivíduo, o qual pode forjar sua própria forma de vida e
fisionomia da moral. Assim, a ética se estrutura de forma autônoma, tendo o
homem, como tal, singular, como sua base.
▪ O desmoronamento da visão preconceituosa do Bárbaro: Alexandre tentou
instruir os não-gregos (os Bárbaros) nos cânones da cultura grega.
Gradualmente, os antigos preconceitos que separavam gregos de bárbaros,
foram contestados (inclusive, a própria escravidão).
Ética Grega Antiga

O Helenismo: o Pensamento Moral de


Epicuro
Epicuro e a Fundação do “Jardim”
• Em grego, Ἐπίκουρος, Epicuro (341-270
a.C.) nasceu em Samos e faleceu em Atenas,
e fundou a primeira das grandes escolas
helenistas – o Jardim (Epicurismo).
• Epicuro teve acesso a uma formação com
um pensador platônico e, insatisfeito,
buscou junto aos herdeiros do atomismo a
continuidade da sua formação.
• Fundou a sua escola em Atenas, no subúrbio, apontando
para o que entendia ser necessário para os novos tempos:
uma vida longe da vida citadina e próxima do silêncio do
campo – que rompia com a filosofia de então.
• A filosofia de Epicuro é bastante abrangente e encampa
áreas como a lógica, a física e a ética.
Epicuro e a Ética: a Felicidade e os
Prazeres
• Epicuro entende que a alma e tudo que há no mundo é formado por
átomos materiais, os quais possuem certo grau de liberdade (podem se
desviar na sua queda). Além disso, concebe (como Platão e Aristóteles)
que os deuses não intervém nos fenômenos físicos, nem na vida do
homem. Em razão disso, cabe ao homem buscar seu destino no mundo.
• A ética de Epicuro é teleológica, isto é, persegue um fim. No entanto,
diversamente de Platão e de Aristóteles, entende que o verdadeiro bem
(o Sumo Bem) é o prazer (hedos). Por isso, sua teoria é hedonista – a sua
teoria é particular: o máximo prazer é identificado com a ausência de
dor.
▪ Mas há muitos prazeres, e nem todos são igualmente bons. Por isso, Epicuro
considera que o prazeres (e as dores) da alma superiores aos do corpo –
considerando que a alma sofre por conta de experiências passadas e das
futuras, ao passo que o corpo somente por aquelas presentes.
▪ A ausência de dor, tanto em relação à alma (ataraxia) quanto em relação ao
corpo (aponia), é considerada como o sumo prazer porque é o único que pode
crescer posteriormente e, assim, não pode deixar o agente moral insatisfeito.
Epicuro e a Ética: a Felicidade e os
Prazeres
• Com efeito, para alcançar a ataraxia, Epicuro distinguiu cuidadosamente
entre os vários tipos de prazeres:
a. Naturais necessários: são os que se impõe pela necessidade – comer para matar a
fome, beber para a sede (...);
b. Naturais não-necessários: há uma necessidade natural, mas sem que seja necessária
a forma de execução ou satisfação – comer um alimento refinado, beber uma bebida
exótica (...); e
c. Não-Naturais não-necessários: que não se impõe de nenhuma forma – os prazeres
ligados à riqueza, às honras, ao poder (...).
• Nesse sentido, é preciso escolher entre eles para encontrar os mais
duradouros e estáveis, que não são os corporais (fugazes e imediatos), mas
os espirituais que contribuem para a paz da alma, que são justamente os
primeiros; os segundos, eventualmente devem ser buscados, enquanto que
os últimos devem ser evitados, pois são insaciáveis para o agente moral.
• Sobre o mal (físico, moral e a morte), Epicuro afirma, pois, o seguinte:
▪ o mal físico ou é suportável facilmente ou, caso seja insuportável, dura pouco e
leva à morte.
▪ sobre a morte, ela não é um mal: quando se existe, ela não existe, e, quando ela
existe, o agente moral não existe mais, levando-o para o nada.
▪ o mal moral, por sua vez, pode ser curado pela filosofia e libertar o agente
completamente deles.
Epicuro e a Ética: o Homem e o Ideal
Moral
• Para atingir esse ideal moral, o homem deve fechar-se em si, e
permanecer distante da multidão e dos encargos políticos, que só trazem
perturbação e fastio para si.
▪ Por isso, o célebre mandamento epicurista: “Vive oculto!” Pois, somente assim,
podem ser encontradas a tranquilidade, a paz da alma e a ataraxia.
▪ Para Epicuro, o Direito, a lei e a justiça só têm sentido e valor na medida que
estão ligados ao útil, de modo que os seus fundamentos são invariavelmente a
utilidade.
• A única ligação com os outros a ser cultivada deve ser a amizade, que
nasce certamente pela busca do útil ou para ter determinadas vantagens,
mas depois, uma vez nascida, torna-se ela própria fonte autônoma de
prazer.
▪ a amizade é concebida, com efeito, como laço livre que reúne juntos aqueles
que sentem, pensam e vivem de modo idêntico.
▪ na amizade, pensa Epicuro, nada é imposto de fora e de modo não-natural –
nada violando a intimidade do indivíduo: o amigo é o outro si mesmo. Assim,
dizia:
▪ “De todas as coisas que a sabedoria busca, em vista de uma vida feliz, o maior
bem é a conquista da amizade”.
Epicuro e a Ética: o Quadrifármaco e o
Ideal do Sábio
• Através de sua filosofia, Epicuro ofereceu um quádruplo remédio para a
vida feliz da seguinte forma:
1. São vãos os temores dos deuses e do além;
2. É absurdo o medo da morte;
3. O prazer, quando for entendido de modo justo, está a disposição de todos;
4. O mal ou é de breve duração ou é facilmente suportável
• Aplicando estas regras a si mesmo, o homem pode assumir a atitude de
absoluta imperturbabilidade que distingue o sábio e que lhe concede
felicidade intangível, análoga à divina (ele dizia: com exceção à
imortalidade, Zeus não possui nada mais que o sábio).
• E o que tem o sábio? O sábio é senhor de si nesse sentido, pois nada mais
tem a temer – nem mesmo os mais atrozes males e sofrimentos: “o sábio
será feliz entre os tormentos”.
• Epicuro apontou, com sua obra moral, que a felicidade vem de dentro do
homem, independentemente de como as coisas estejam fora dele –
porque o verdadeiro bem, à medida que se vive e enquanto se vive, está
sempre e somente no homem: o verdadeiro bem é a vida, e para mantê-la
basta pouquíssimo, e esse pouquíssimo está à disposição de todos, de
cada homem; e tudo o mais é vaidade.
Epicuro e o Epicurismo
• São filósofos epicuristas, pois, os seguintes:
▪ Polieno
▪ Hermarco
▪ Colotes
▪ Dionísio de Lamptras
▪ Diógenes de Tarso
▪ Apolodoro
▪ Demétrio da Lacônia
▪ Zenão de Sídon
▪ Filodemo de Gádaros
▪ Lucrécio
▪ Diógenes de Enoanda
Ética Grega Antiga

O Helenismo: o Estoicismo
O Estoicismo
• No plano da vida ética, como desdobramento do fato de que a
polis deixa de ser o lugar de realização ética, o que se observa é
que o bem supremo é concebido como um modo de viver de
acordo com a natureza racional, com consciência do destino
individual e da função de cada ser no universo, sem se deixar
levar por paixões ou afetos interiores ou pelas coisas exteriores.
• A linguagem ética acomoda novos termos e conceitos: para os
estoicos e os epicuristas, pela prática da apatia e da
imperturbabilidade, o homem (sábio) se firma contra as suas
paixões ou contra os reveses do mundo exterior, e conquista a sua
liberdade interior bem como sua autarquia (autossuficiência)
absoluta.
• O indivíduo define-se moralmente sem necessidade da
comunidade como cenário necessário da vida moral (o estoico
vive moralmente como cidadão do cosmos, não da polis).
O Estoicismo
• Há três períodos na história do estoicismo:
a. o da Antiga Estoá – que vai de fins do IV ao final do séc. III
a.C. e no qual a filosofia estoica toma corpo e é
sistematizada nas obras de Zenão de Cício, Cleanto de Assos
e Crisipo de Sôli (a quem se deve a doutrina acabada – ainda
que seus mais de 70 livros se tenham perdido);
b. o da Média Estoá – que se desenvolve entre o II e o I
séculos, e que se caracteriza pela infiltração ecléticas na
doutrina originária; e
c. o da Estoá Romana – que, situando-se já na era cristã,
caracteriza-se por ser basicamente uma meditação moral,
assumindo fortes tons religiosos, em conformidade com as
aspirações daqueles novos tempos.
O Estoicismo
• Os temas da ética da Antiga Estoá são condensados nos seguintes
tópicos:
a) viver segundo a natureza: buscando a felicidade ao longo da vida,
o homem a persegue vivendo segundo a natureza. E este se dá pela
tendência de conservar a si mesmo (oikéiosis) que, no homem,
manifesta-se pela razão – sua essência. Assim, no homem o viver
segundo a natureza será um viver conciliando-se com o próprio ser
racional, conservando-o e atualizando-o plenamente (e fugindo de
todas as coisas que prejudicam a sua razão).
b) o bem e o mal: o bem moral é exatamente aquilo que incremente o
logos, e o mal é aquilo que lhe causa dano. O verdadeiro bem, para
o homem, é somente a virtude; o verdadeiro mal é só o vício.
c) as “ações perfeitas” e os “deveres”: as ações humanas cumpridas
em tudo segundo a natureza e por tudo segundo o logos chamam-se
ações moralmente perfeitas; já as contrárias, são ações viciosas ou
erros morais. Os deveres são as ações cumpridas “conforme à
natureza” – isto é, de modo racionalmente correto que tem plena
justificação moral.
O Estoicismo
d) o homem como “animal comunitário”: o homem é impulsionado
pela natureza a conservar o próprio ser e amar a si mesmo,
levando em conta a todos os seus semelhantes e parentes – é a
natureza que nos leva a, do mesmo modo que amamos a nós
mesmos, a amar aqueles que geramos e que nos geraram, do
mesmo modo que a unir-se aos outros, se for útil. Assim, o
homem se torna um “animal comunitário”.
e) a superação do conceito de escravidão: para os estoicos, os
conceitos verdadeiros de nobreza, liberdade e escravidão ligam-
se à sabedoria e à ignorância – assim, o verdadeiro homem livre
é o sábio, o verdadeiro escravo é o tolo.
f) a noção de apatia: para os estoicos, a apatia consiste no tolhimento
e na ausência de toda paixão, que é sempre um perturbação do
espírito – de modo que a verdadeira felicidade é apatia,
impassibilidade.
O Estoicismo Grego: Zenão de Cício
• Zenão de Cício (333-263 a.C.), em grego, Ζήνων ὁ
Κιτιεύς, nasceu no Chipre, na ilha de Cício.
• Zenão fundou a Estoá (que significa ‘pórtico’, isto é,
lugar onde os filósofos se encontravam), uma escola
em Atenas, por volta do ano 300 a.C., que se tornara
uma das mais influentes durante a civilização romana
por enfatizar a paz de espírito, que seria conquistada
através de uma vida plena de virtude consoante as leis
da natureza.
• Todos os seus escritos se perderam e se sabe do seu ensinamento de
forma indireta.
• Sobre a ética, Zenão reconhecia que a felicidade é o único propósito a
ser atingido, o que se dava através do uso da razão correta coincidente
da com a razão universal – o logos, que tudo governa.
• Nesse contexto, um mau sentimento seria um distúrbio da mente a um só
tempo repugnante à razão e contra a natureza.
• A virtude seria, então, a essência de onde as ações moralmente boas
emergem. O verdadeiro bem, então, consiste apenas na virtude.
O Estoicismo Romano
• Apenas para ilustrar, são outros grandes representantes do
estoicismo – particularmente entre os romanos – os
seguintes:
▪ Antípatro de Tiro (Médio Estoicismo)
▪ Atenodoro de Tarso (Médio Estoicismo)
▪ Panécio de Rodes (Médio Estoicismo)
▪ Posidônio (Médio Estoicismo)
▪ Sêneca (Estoicismo Romano ou Novo Estoicismo)
▪ Epiteto (Estoicismo Romano ou Novo Estoicismo)
▪ Marco Aurélio (Estoicismo Romano ou Novo Estoicismo)
▪ Caio Musônio Rufo (Estoicismo Romano ou Novo Estoicismo)
▪ Júnio Rústico (Estoicismo Romano ou Novo Estoicismo)
▪ Hiérocles (Estoicismo Romano ou Novo Estoicismo)
Ética Grega Antiga

O Helenismo: o Cinismo
O Cinismo: Diógenes de Sinope
• Em grego, Διογένης ὁ Σινωπεύς, Diógenes de
Sinope (404-323 a.C.) nasceu em Sinope e faleceu
em Corinto. Do ponto de vista filosófico, ele
refundou o cinismo – que havia sido fundado
primariamente por Antístenes.
• O cinismo de Diógenes tem uma clara orientação
anticulturalista, pois considerou completamente
inútil a pesquisa abstrata e teórica para fins de
alcançar a felicidade.
• O pensador considerava que eram necessários o exemplo e a ação e, por
isso, o seu ensinamento se voltou a uma vida vivida fora de qualquer
convenção e reduzindo as necessidades ao essencial.
• O ideal cínico foi o autarquia, isto é, o do bastar-se a si mesmo e do
tornar-se independe dos outros. A vida cínica se concretizava em
conduta inteiramente livre, em que sem regras, exercia-se o direito à
palavra (parrhesía) e da ação (anáideia). Para alcançar esse objetivo, era
preciso o total desprezo ao prazer e libertar-se dele, tornando-se
independente das necessidades supérflua.
Tarefas
1. Ler no Livro Didático, no Capítulo Teorias Éticas, o tópico
sobre Ética Grega.
2. Ler os textos que vão como anexo:
a) Texto da Ética de Aristóteles;
b) Texto de Epicuro (Carta a Meneceu:
https://abdet.com.br/site/wp-
content/uploads/2014/11/Carta-Sobre-a-Felicidade.pdf).
3. Partindo-se desses textos, fazer uma reflexão (10 a 15 linhas)
sobre a virtude, a amizade e os seus papeis na vida moral
(oportunamente, será cobrada essa atividade para formar nota
de participação. Por isso, deve-se enviá-la, pelo Sigaa, até o
início das atividades do módulo 4).
4. Outras atividades serão requisitadas em conjunto com as aulas
do módulo 4.

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