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João Pires

Advogado Estagiário, Céd. Prof. º n. º 7.328

O Valor Social do Advogado: A Importância da Ética e Deontologia Profissional

A Patrona:
Ilda Maria da Costa Simões Fernandes
Céd. Prof. º n. º 709

Luanda, 2020
Índice

Agradecimento................................................................................................................... I

Principais Abreviaturas..................................................................................................... II

Resumo ........................................................................................................................... III

Abstract ........................................................................................................................... III

1. Introdução ................................................................................................................. 1

2. O valor social do advogado e a Importância de ética e deontologia ........................ 2

3. A ética e a Constituição ............................................................................................ 6

4. A ética e a crise comportamental .............................................................................. 8

5. Ser-se Advogado .................................................................................................... 11

6. Função social do Advogado ................................................................................... 13

7. A credibilização do Advogado e da Advocacia...................................................... 15

8. O Advogado e o Cliente ......................................................................................... 17

9. A Inidoneidade Moral ............................................................................................. 20

10. Conclusão ............................................................................................................... 20

11. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 21

11.1. Legislação Consultada ........................................................................................ 21


Agradecimento
Terminada a realização deste trabalho, não devo deixar de expressar o meu penhor para com
todos aqueles que contribuíram para a sua realização, de uma forma ou de outra,
nomeadamente:
A Deus Todo-Poderoso pelo dom da vida, protecção e saúde para nunca desalentar e para
conclusão deste trabalho de fim de estágio da advocacia, em 20 de Setembro de 2020.
À Dra. Ilda Fernandes, minha patrona, bem como toda a equipe da SVA – Sociedade de
Avogados, com sede em Talatona, cuja união e competência tem permitido trilhar um
caminho de sucesso, visível nos bons frutos que se colhem.
Devo dizer que os Ilustres causídicos suplantaram todas as expectativas e foram ainda mais
longe que o esperado. Portanto, é um orgulho compartilhar local de trabalho com
profissionais tão capazes e dedicados.
Finalmente, agradeço à minha mãe pelo amor, carinho e confiança que sempre depositou em
mim.
Luanda, 20 de Setembro de 2020

I
Principais Abreviaturas
OAA – Ordem dos Advogados de Angola
EOAA – Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola
CEDP – Código de Ética e Deontologia Profissional
LA – Lei da Advocacia
RAA – Regulamento de Acesso à Advocacia
Pág. – Página
i.e. – Isto é
A – Autor
AA – Autores
C.R.A – Constituição da República de Angola
C.P.C – Código de Processo Civil

II
Resumo
O presente trabalho tem por objectivo principal cumprir com o exposto no artigo 22.º, do
RAA, que exige, no final de estágio, a elaboração de um trabalho de fim estágio sobre a ética
e deontologia profissional.
Atenta a obrigação, elegeu-se como tema “O valor social do Advogado: A Importância de
Ética e Deontologia”, onde procuramos discutir, de modo geral, o comportamento ou o
modus operandi do Advogado no exercício da profissão e fora dela, e de forma específica,
buscou-se aqui demonstrar que a competência técnica ou qualitativa do Advogado e do
Advogado Estagiário não é elemento suficiente ou bastante para o bom exercício da
advocacia. Portanto, demonstramos, neste trabalho, a necessidade de observância e o
respeito às regras de ética e deontologia profissional com vista a garantir relações saudáveis
e duradoiras com os clientes, com a sociedade e com os demais operadores de justiça.
O Advogado é um dos construtores da paz social, o garante e o guardião da CRA, a última
voz que se cala e a primeira a protestar contra e quaisquer violações dos direitos humanos.
Tendo em conta a nobre missão, o Advogado deve ser um profissional “irrepreensível” no
exercício das suas funções e fora delas.
Palavras-Chave: o valor social, o Advogado, a confiança e as regras de ética e deontologia
profissional
Abstract
The main objective of the present work is to comply with the provisions of article 22 of the
RAA, which requires, in the final stage, the preparation of an end-stage work on ethics and
deontology.
Mindful of the obligation, the theme "The Social Value of the Lawyer: The Importance of
Ethics and Deontology" was chosen, where we seek to discuss, in general, the behavior or
modus operandi of the Lawyer in the exercise of the profession and outside it, and
Specifically, we sought to demonstrate that the technical or qualitative competence of the
Lawyer and the Trainee Lawyer is not a sufficient or sufficient element for the good practice
of law. Therefore, we demonstrate, in this work, the need to observe and respect the rules of
ethics and professional deontology with a view to healthy and lasting relationships with
clients, with society and with other justice operators.
The lawyer is one of the builders of social peace, the guarantor and guardian of CRA, the
last voice to be silent and the first to protest against all violations of human rights.
Taking into account a noble mission, the Lawyer must be a “faultless” professional in the
exercise and outside of his duties.

III
Keywords: social value, lawyer, trust and rules of ethics and professional deontology.

IV
1. Introdução
Este trabalho visa discutir a temática relativa ao “Valor Social do Advogado: A
Importância de Ética e Deontologia.
A escolha desta temática deveu-se a certos comportamentos vividos e apresentados por
alguns advogados e advogados estagiários que se considerou reprovável.
O Advogado é servidor do Direito e da Justiça, como melhor veremos, deve adoptar
comportamentos e postura que enalteçam a profissão durante o seu exercício e fora dele,
conforme impõem o n.º 1 do artigo 60.º, do EOAA, o n.º 2 do artigo 2.º, do CEDP e o n.º
1 do artigo 48.º, do RAA.
O termo deontologia emana do grego mediante a junção da: i) deon: que significa o
“dever ser ou que deve ser feito” e ii) logia: que se traduz em “o conhecimento metódico
e/ou sistemático”.
Este trabalho é divido em três partes, i.e. de acordo com a estrutura prevista no n.º 2 do
artigo 22.º, do RAA, nomeadamente, o resumo, a introdução, desenvolvimento e a
conclusão, pelo que, a realização do mesmo deve obedecer a ordem indicada.

1
2. O valor social do advogado e a Importância de ética e deontologia
profissional
Preocupa-nos, em primeiro lugar, estabelecer o conceito de deontologia profissional com
o propósito de delimitarmos as balizas da sua abordagem, antes de tecermos quaisquer
considerações sobre o tema em referência.
Mas, afinal, o que é a deontologia profissional?
Segundo o Prof. Grandão Ramos, a deontologia profissional é o complexo de deveres
éticos impostos aos advogados1. Já António Arnaut2, a deontologia profissional é o
“conjunto de regras, fundadas na lei ou na tradição forense, pelas quais o advogado
deve pautar o seu comportamento público, profissional e cívico”.
A ética e deontologia enformam o conjunto de regras de conduta, mandamentos ou
decálogos que funcionam como imperativos categóricos aos advogados para o bom
exercício da advocacia e para sua vida privada de acordo com o n.º 2 do artigo 2.º. do
CEDP.
O advogado é um servidor da Justiça com dignidade e previsão constitucional. Tem,
portando, o dever de contribuir para a boa realização da Justiça em Angola.
O Advogado, servidor da Justiça, é obrigado a observar e respeitar os princípios éticos e
deontológicos por serem considerados alicerces e pilares no processo de feitura e da
realização da Justiça3, tal como se verifica nos termos do n.º 1 do artigo 1.º, do CEDP.
Os respectivos princípios encontram-se, mormente, plasmados no EOAA e no CEDP.
A obrigação da observância e do respeito aos princípios e valores da ética e deontologia
profissional afigura-se justificável em virtude de a actividade de advocacia ter natureza
“humanística”.
A natureza humanística, a confiança e utilidade pública da advocacia justifica a todos os
níveis, que os respectivos princípios e valores de deontologia sejam de cumprimento

1
Grandão Ramos, Um Advogado, Um Conceito, Uma Ética, in I Conferência Nacional de
Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 134.
2
António Arnaut, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005, pág. 89.
3
No mesmo sentido, Alcíneo Cristóvão Luís, Juízes e Advogados: Sujeitos ao mesmo destino,
Edições Loyola, págs. 137 e ss., diz o A., que “a ética e a deontologia de Juízes, Advogados e
Procuradores têm desmedido valor social, por constituírem garantia de uma justiça serena,
racional e de qualidade”.

2
obrigatório por parte de todos os Advogados para que a actividade seja exercida com o
brio profissional, com vista a salvaguardar o bom nome da classe dos Advogados.

A relevância e a imperativa importância atribuída aos princípios de ética e deontologia


profissional justificam o valor social, humanístico e ético da nossa nobre profissão4.
A actividade de advocacia é humanística em virtude de estar relacionada com a vida, aos
homens, aos seus valores e aos seus múltiplos interesses e problemas. Este entendimento
resulta do exposto no quinto parágrafo do preâmbulo do CEDP.
A actividade de advocacia é ética porque os deveres e os princípios de ética e deontologia
profissional são, em primeiro lugar, observados e respeitados pela consciência do
advogado e, em segundo lugar, a actividade é exercida de acordo com os respectivos
princípios, ou seja, estabelece o modus operandi.
Em outras palavras, o Advogado deve considerar na sua consciência que os deveres e os
princípios de ética e deontologia profissional sejam de cumprimento obrigatório para a
sua consciência e para o exercício da sua profissão, devendo sempre ponderar as
consequências da não observância das respectivas regras deontológicas, seu
procedimento, sobretudo, enquanto profissional.
Neste último parágrafo, consegue-se extrair dois conceitos, a saber: - o de consciência
moral e o de consciência profissional.
Segundo Carlos Lega, citado pelo Prof. Grandão Ramos5, a consciência profissional é a
obrigação de actuar de acordo com as regras de ética e deontologia profissional. Já a
consciência moral é o dever de ponderação das consequências dessas regras (da ética e
deontologia profissional) no âmbito da aplicação concreta.
Por esta razão, o Prof. Grandão Ramos ensina que “a consciência moral é o filtro da sua
[Advogado] consciência profissional6”.

4
Alcíneo Cristóvão Luís, ob. cit. pág. 141, entende que a observância e o respeito aos referidos
princípios se destinam a assegurar o “seu douto ministério sacerdotal [advocacia: - ministério]”.
5
Grandão Ramos, Um Advogado, Um Conceito, Uma Ética, in I Conferência Nacional de
Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 136.
6
Grandão Ramos, Um Advogado, Um Conceito, Uma Ética, in I Conferência Nacional de
Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 136. Este Ilustre
Professor conclui nesta página que “a advocacia é uma ética, ou a expressão concretizada de

3
Do exposto, percebe-se que as regras de ética e deontologia se destinam a orientar o
Advogado de modo que, no exercício da sua profissão, não pessoalize ou evite a
pessoalização dos interesses dos seus constituintes sob pena de transforma-se em parte
do acordo ou processo.
Acredita-se, se ocorrer a respectiva transformação, haverá maior probabilidade de o
Advogado perder ou desrespeitar os princípios da ética e deontologia profissional e, em
consequência, agir de moldes menos abonatórios, tornando-se repreensível, sujando a
classe perante o cidadão, a comunidade, etc., violando, deste modo, o artigo 11/a, do
CEDP.
Por esta razão, afirmamos que a observância e o respeito aos princípios de ética e
deontologia profissional são de cumprimento obrigatório e não facultativo7.
O exposto até aqui não coloca em causa a defensável independência8 ou autonomia dos
Advogados, pelo facto de não estarmos a defender aqui a observância escrupulosa de

uma ética ou, pelo menos, que a deontologia profissional «imposta» aos advogados e reguladora
da sua actividade profissional é a tradução jurídica de uma ética”.
7
É defensável que os valores e princípios de ética e deontologia têm também como a fonte o
costume. Aliás, a alínea c) do artigo 11.º, do CEDP, conjugado com o n.º 3 do artigo 60.º, do
EOAA e o n.º 3 do artigo 48, do RAA que impõem este entendimento.
8
Não se almeja retirar a independência “por ser um dos principais valores de referência da
profissão, significando a total discricionariedade técnica no exercício do patrocínio judiciário e
a exclusiva vinculação a critérios de legalidade e à deontologia da profissão e é tão importante
como a imparcialidade do Juiz para a afirmação da autoridade e a conquista da confiança na
Justiça. Daí a incompatibilidade com o exercício de funções que diminuam a independência e a
dignidade do Advogado”, neste sentido e com maior desenvolvimento, vide Bastonário Manuel
Gonçalves, O Advogado e a Realidade da Administração da Justiça, in I Conferência Nacional
de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 117.
Advoga-se também que a independência do advogado se justifica pelo facto de ser intermediário
entre o povo e o juiz de modo que não seja destruído durante o rude caminho da defesa dos direitos
individuais perante a autoridade pública. Mas mesmo assim, a posição não é bem entendida por
certos operadores de justiça. A intervenção do advogado no processo tira a preguiça do
Magistrado do Ministério Público, dos Juízes com vista a pesquisarem e produzirem provas e
instauração de contraditórios cujo deslinde se protrai o tempo, neste sentido, vide Paulo Sérgio
Leite Fernandes, Na Defesa das Prerrogativas do Advogado: Ordem dos Advogados do Brasil –
Conselho Federal, 2004, pág. 35.

4
regras a aplicar ao mérito dos assuntos submetidos ou confiados aos distintos causídicos
pelos seus constituintes, consulentes, etc.
Entretanto, estamos simplesmente dissertando sobre o modus operandi, com vista a
assegurar a “serenidade, exactidão, rectidão e verticalidade no dever ou com a obrigação
de tratarem com urbanidade as partes litigantes no processo, bem como todas as demais
pessoas que forem legalmente chamadas ao processo”9.
Abrindo parêntesis para esclarecimento da nossa posição com o propósito de evitar
interpretações erróneas ou ambíguas sobre o presente trabalho, os valores como a
independência e a liberdade são necessários e imprescindíveis para o exercício da nossa
nobre profissão, pois sem os quais não se consegue “dar voz aos que não a têm quando
estão em causa a honra, a liberdade, a propriedade ou difusos interesses10”.
Por esta razão, o n.º 5 do artigo 154.º, do C.P.C, não considera “ofensivas as expressões
e imputações necessárias à defesa da causa”.
Aliás, a independência é um dos sublimes valores ético e deontológico fulcral à dignidade
da advocacia, sem a qual o cliente não depositaria confiança ao advogado. Não se pode
confiar ou submeter assunto a certa pessoa que careça de independência. Os advogados
não teriam palavras diante dos magistrados do Ministério Público ou Juízes se não
houvesse a independência. O n.º 1 do artigo 2.º do CEDP diz claramente que a
independência é um imperativo do Estado de Direito. Fechando parêntesis!
Voltando ao nosso tema, a observância e o respeito aos princípios de ética e deontologia
profissional visam assegurar a urbanidade, banir a arrogância11, furar o balão de

9
Neste sentido, vide Alcíneo Cristóvão Luís, ob. cit. pág. 141.
10
Bastonário Manuel Gonçalves, O Advogado e a Realidade da Administração da Justiça, in I
Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004,
pág. 117. Vasco Grandão Ramos, O Advogado, Um Conceito, Uma Ética, in I Conferência
Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 127,
ensina que “o Advogado conhece do direito e da lei e esse conhecimento não está ao alcance de
qualquer cidadão. Por isso, em situações determinadas a presença e a actuação dos advogados
é fundamental e, por vezes, imprescindível”.
11
Ainda sobre a arrogância, reforçou-se nas conclusões do III Conferência Nacional de
Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 267, que “os
advogados e Magistrados devem procurar superar as vaidades que não meramente assaltam o
ego humano, velando pela sua independência, mas tendo sempre como princípio orientador a

5
superioridade de modo que o Advogado seja i) um verdadeiro defensor de interesses de
outrem, ii) a exaltador da profissão e do bom nome da OAA ou da classe, iii) gerador e
conquistador da confiança do cidadão, e iv) garante de boas relações entre colegas da
profissão, Juízes, Procuradores, dos Agentes da Polícia Nacional, etc.
O Advogado deve ser um homem de bem, ou por outra, o Bastonário português, Carlos
Pires, citado por António Arnaut12 dizia que “onde está um advogado deve estar um
homem de bem”.
Na mesma esteira, Alcíneo Cristóvão Luís13, entende que a advocacia é a “profissão que
mais honra a criatura humana […], no seu fim sacerdotal, de garante dos valores mais
sublimes e elementares dos homens”.
Esse objectivo reprime, repugna e reprova veemente os maus comportamentos dos
Advogados que se preocupam apenas com os honorários ou com os benefícios a retirar
do mandato forense. Tal como dissemos, os tornam partes processuais, perdendo, em
consequência, a independência funcional, a lealdade, a honestidade em troca dos
benefícios prometidos pelos clientes corruptos14.
3. A ética e a Constituição
Tendo em conta a relevância da nossa nobre profissão, resulta do n.º 1 do artigo 193.º, da
CRA que a “advocacia é uma instituição essencial à administração da justiça e o seu n.º
2, reza que “o Advogado é um servidor da justiça e do direito, competindo-lhe praticar
em todo o território nacional actos profissionais de consultoria e representação
jurídicas, bem como exercer o patrocínio judiciário, nos termos da lei”.
A CRA reforça a ideia de que o Advogado é servidor da justiça e do direito que contribui,
nos termos da lei, para administração da justiça em Angola. Portanto, não se deve abrir
portas de actuação subjectiva e contrárias às regras de ética e deontologia ao ponto de

busca incessante pelo justo, o que exige uma actuação de saudável colaboração e isenta de
sentimentos de rivalidades, tendo como escopo a realização da justiça”.
12
António Arnaut, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005, pág. 107.
13
Ob. cit. pág. 145.
14
A perda da autonomia e/ou a independência faz com que o constituinte instrua o Advogado
(não se defende que o cliente não pode apresentar opiniões, sugestões) a adoptar práticas que
violam os deveres, princípios da ética e deontologia profissional. Prática condenada e vedada nos
termos do n.º 5 do artigo 2.º, do CEDP.

6
criar rivais, adversários, no sentido negativo da palavra, pois tais actos mancham o nome
da classe.
Se a CRA, lei suprema do país, reconhece a advocacia como uma instituição essencial à
administração da justiça não se deve defraudar este mérito, tutelado através de
consagração de garantias em prol do Advogado, de acordo com o artigo 194.º, da CRA15,
pelo facto de contribuírem na resolução dos conflitos sociais, sobretudo, os submetidos a
apreciação judicial16.
Reitera-se que o Advogado é um profissional livre e independente17 no exercício da sua
profissão, mas não lhe dá o direito de faltar ou violar o dever de urbanidade que se traduz
na correção, moderação, equilíbrio, bom senso, prudência, educação e respeito pelos
tribunais, colegas, clientes, etc18/19. É por esta razão que o CEDP, no n.º 1 do artigo 2, a
independência do Advogado é um direito e um dever.

15
Sobre as garantias dos Advogados no ordenamento jurídico angolano, apesar de ser um
conteúdo muito pobre em termos de desenvolvimento, recomenda-se, Raul Carlos Vasques
Araújo, Elisa Rangel Nunes e Marcy Lopes, Constituição da República de Angola Anotada, Tomo
II, Luanda, 2018, Gráfica Maiadora, págs. 605 e ss.
16
A representação judicial profissional é o lugar por excelência destinado ao Advogado, ao longo
da sua milenar história, segundo Fernando Faria de Bastos, Os Novos Desafios da Advocacia Em
Angola, in I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça,
OAA, 2004, pág. 156.
17
Sobre a liberdade e a independência do Advogado, o Prof. Grandão Ramos, o Advogado, Um
Conceito, Uma Éica, in I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios
da Justiça, OAA, 2004, págs. 132 e ss., ensina que desde da antiga Grécia já se exigia que os
“Advogados fossem homens livres, i.e. independentes, dignos, i.e. honestos, probos e honrados,
corteses e capazes de guardar para si e não revelar as confidências e segredos daqueles que em
si confiavam a vida, a liberdade e a fazenda, que em Roma, pelo menos no início, a gratuitidade
dos serviços que prestavam era a marca da nobreza de quem exercia a advocacia e que, depois
de um longo colapso da profissão, ela acabou por se impor na Europa pela sabedoria e o
prestígio consequente dos «doutores em leis e jurisprudências»”.
18
António Arnaut, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005, pág. 107,
vais mais longe quando diz que o dever de urbanidade consiste na obrigação de o advogado ser
“correcto para todos”, ser firme nas suas intervenções, requerimentos e alegações.
19
Bastonário Manuel Gonçalves, O Advogado e a Realidade da Administração da Justiça, in I
Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004,
pág. 117, vai mais longe, ensina que a urbanidade não é “subserviência ou submissão, cobardia

7
Por isso, se advoga que o Advogado é obrigado a adoptar comportamento digno tanto no
exercício das suas funções como fora dela, ou seja, pretende-se dizer que o Advogado
deve ser um profissional “irrepreensível” no exercício das suas funções e fora delas.
A conduta privada do Advogado pode afectar e sujar a classe quando for desprimorosa,
desonrosa e lesiva.
Por exemplo, o Advogado que se embriague publicamente. Dizia a mulher de César, “não
basta ser honesto, é preciso parece-lo, e sê-lo20.
Reconhece-se, claramente, que a independência, segredo profissional, honestidade,
probidade, rectidão, lealdade, etc., destinam-se, para além de outras finalidades, a reforçar
a obrigação de o Advogado se empenhar na defessa dos direitos e legítimos interesses dos
seus constituintes de forma imaculada.
4. A ética e a crise comportamental
De acordo com a experiência adquirida nestes últimos 18 (dezoito) meses, enquanto
advogado estagiário, percebeu-se que há necessidade de adopção de novos
comportamentos para o bom nome da classe e da profissão.
Há uma grande descrença e/ou até desconfiança por parte dos cidadãos ou da sociedade
em geral tendo em conta a representação e as defesas deficientes dos interesses dos
constituintes por parte de Advogados que já não têm tempo suficiente para estudarem os
assuntos dos clientes com o propósito de garantir uma boa defesa21.
Vítor Mira Miragaia22 aponta alguns factores de crise comportamental no exercício da
advocacia, nomeadamente:

ou comodismo, justificando-se a acutilância sempre que a imponha os mais altos interesses da


defesa e quantas vezes justificada pela luta de paixões que a advocacia é e pela aspereza do
litígio em discussão”.
20
Para mais desenvolvimento, António Arnaut, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed.
9ª, Coimbra, 2005, págs. 89 e ss.
21
Segundo Bastonário Manuel Gonçalves, O Advogado e a Realidade da Administração da
Justiça, in I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça,
OAA, 2004, pág. 118, a boa defesa perde o seu valor, respeito se for feita com arrogância ou
juízos depreciativos ou ofensivos e «abstendo-se de qualquer ataque pessoal ou alusão
deprimente».
22
Vítor Miragaia, A Advocacia e a Ordem dos Advogados: Acesso à Profissão, Deontologia e
Defesa dos Direitos do Homem, in Advocacia: Que Fazer? (Coord. Alfredo José Castanheira
Neves), Impresa de Coimbra, lda., 2001, págs. 331 e ss.

8
a) A proliferação das Faculdades de Direito nas Universidades Privadas23 onde se
preocupam mais com o lucro24 resultante, máxime, das propinas;
b) A advocacia tornou-se refúgio dos incompetentes que não conseguem aceder à
“magistratura” ou qualquer outro emprego ou não tenham oportunidade de um
emprego;
c) A baixa qualidade no nível cultural e do ensino do direito em Angola;
d) O aumento exponencial dos Advogados onde a procura pelos serviços de
advocacia é baixa e as necessidades de sobrevivência dos Advogados falam mais
alto25, levando os Advogados a “descurar a observância das regras
deontológicas por que se rege o exercício da profissão26”;
e) A venda da liberalização do exercício da advocacia para promover a concorrência
desleal e ataques pessoais27.
Tendo em conta o exposto no parágrafo anterior, advoga-se a necessidade de condicionar,
por exemplo, o acesso à advocacia mediante exames nacionais. Neste afã, parabeniza-se
a Ordem dos Advogados por implementar mediante Regulamento n.º 1/19, de 7 de Março

23
As universidades Privadas são verdadeiros estabelecimentos comerciais pertencentes um
comerciante em nome individual e/ou em nome colectivo (art. 13.º, do CC).
24
Em abordagem paralela, chamou-se atenção nas conclusões do III Conferência Nacional de
Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 266, que “a deficiente
formação [pela inclinação excessiva, mormente, das Faculdades de Direito das Universidades
Privadas em Angola], quer dos magistrados quer dos advogados, é um obstáculo a uma evolução
na cooperação e colaboração desejada para uma efectiva defesa dos direitos fundamentais e
para a realização plena da justiça”.
25
Rodrigo Bertozzi, Advocacia: As leis do relacionamento com o cliente – Pessoa Física, Sindical
e Empresarial, ed. 1ª, Editora Afiliada, 2007, pág. 34, a respeito, entende que o Advogado almeja
relacionar-se com um número grande de pessoas. “E por quê? A vida está mais cara, mais repleta
de prazeres materiais e consumismo. Isso leva à necessidade de ter mais clientes, e, como mera
consequência, uma rede mais abrangente de relacionamentos”.
26
Sobre a procura e a oferta de trabalho jurídico, recomenda-se vivamente, Orlando Rodrigues,
O Mercado de Trabalho para o Profissional do Direito, in I Conferência Nacional de Advogados:
A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, págs. 141 a 150.
27
Vítor Miragaia, A Advocacia e a Ordem dos Advogados: Acesso à Profissão, Deontologia e
Defesa dos Direitos do Homem, in Advocacia: Que Fazer?, (Coord. Alfredo José Castanheira
Neves), Impresa de Coimbra, lda., 2001, pág. 334.

9
– Regulamento de Acesso à Advocacia (RAA) que exige exames nacionais aos candidatos
à profissão com o desiderato de controlar e apreciar as habilidades dos candidatos a
formação, bem como a formação obrigatória dos Advogados estagiários.
Deve-se referir que a Ordem não deveria limitar-se a isso, i.e. o controlo rigoroso de
acesso à profissão, mas deveria exercer também com firmeza a acção disciplinar de modo
célere28, celebrar memorandos ou protocolos que se destinam a criação de condições da
actividade de advocacia, por exemplo, nas esquadras não existem salas para advogados e
em certos tribunais também.
Por ora, todos os comportamentos que violam as regras deontológicas, por ex.: o sigilo
profissional, que promovam negligências indesculpáveis na condução dos assuntos que
os constituintes confiam aos Advogados não podem ser punidas com meras advertências,
censuras ou multas de pequenas quantidades por parte da OAA.
Tais medidas deveriam ser reforçadas. Note-se que não se pretende defender aqui um
regime disciplinar de terror, mas de medidas que consciencializem e dirijam ou façam
com que os comportamentos dos Advogados sejam mais humanísticos, i.e. aceites pela
comunidade como dignos e sejam espelhos da sociedade29.
É bastante devastadora a falta de observância e o respeito aos princípios de ética e
deontologia profissional porquanto, a honradez, a independência funcional, a rectidão, a
lealdade serão ofuscados em virtude de o Advogado, liberadamente, decidir menosprezar

28
Neste sentido, vide Vítor Miragaia, A Advocacia e a Ordem dos Advogados: Acesso à Profissão,
Deontologia e Defesa dos Direitos do Homem, in Advocacia: Que Fazer?, (Coord. Alfredo José
Castanheira Neves), Impresa de Coimbra, Lda., 2001, pág. 332. Bastonário Manuel Gonçalves,
O Advogado e a Realidade da Administração da Justiça, in I Conferência Nacional de
Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 114, em abordagem
paralela, reforça que “o valor da confiança tem base na autoridade do Advogado, tanto quanto
maior for a sua formação teórica, profissional e o seu acervo cultural, o rigor da regulamentação
do acesso e do exercício da profissão e o recorte das normas ético-deontológicas a que se
vincula”. (o sublinhado é nosso!).
Fernando Faria de Bastos, Os Novos Desafios da Advocacia Em Angola, in I Conferência
Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 155,
entende que o exercício efectivo e célere da acção disciplinar constitui uma das formas de
assegurar os ditames da ética e deontologia profissional.
29
Se não tomar medidas necessárias, pode-se considerar que a existência de má-fé por parte da
Ordem.

10
o Estatuto da OAA, o Código de Ética e Deontologia Profissional. O que é inaceitável e
reprovável a todos os níveis!
Reconhece-se que a crise tem também factores externo por ser um fenómeno global já
que a sociedade exige a melhoria das condições de vida dos cidadãos, o respeito pelos
direitos dos cidadãos, justiça célere, desburocratização dos serviços administrativos, a
obrigatoriedade (por imperativo legal30) da intervenção dos advogados de modo que haja
uma maior procura dos serviços de justiça.
Pretende-se que a observância e o respeito aos princípios de ética e deontologia possam
garantir que os Advogados estejam vigilantes face ao terrorismo legislativo, i.e.
violadores de direitos fundamentais, estarem unidos e organizados em torno da nossa
Ordem para se efectuar, com urbanidade, denúncias públicas contra leis injustas,
comportamentos indecorosos por parte dos operadores de justiça.
O Advogado é guardião da dignidade da pessoa humana, dos direitos fundamentais, da
democracia, etc. Portanto, não se afigura correcto tomar atitudes indecorosas mesmo
estando em apuros ou sofrendo as consequências de Covid-19. O Advogado deve ser a
última voz que grita, quando todas as vozes se calam, reafirma-se!
Neste caso, cabe também à OAA defender sempre a classe31 quando se colocam em causa
tanto o exercício da advocacia e do patrocínio judiciário, bem como, a organização e
funcionamento dos tribunais e os direitos e deveres fundamentais32.
5. Ser-se Advogado
Segundo Amadeu Teles Marques33, ser-se advogado “foi, é e deverá ser sempre qualquer
coisa que permanece e atravessa verticalmente o tempo e horizontalmente a sociedade e
os espaços”.

30
Neste sentido, deve-se felicitar mais uma vez a OAA pela iniciativa imposta nos termos do n.º
2 do artigo 20.º, da LA. Portanto, não a existência da lei, é necessário fiscalizar dentro dos
escritórios para perceber se há ou não violação deste diploma. Este objectivo será concretizado se
o OAA cria comissões especificas ou especializada com estas finalidades.
31
Deve-se felicitar mais uma vez pela manifestação promovida pela Ordem no dia 14 de Março
de 2020.
32
Neste sentido, vide Vítor Miragaia, A Advocacia e a Ordem dos Advogados: Acesso à Profissão,
Deontologia e Defesa dos Direitos do Homem, in Advocacia: Que Fazer?, (Coord. Alfredo José
Castanheira Neves), Impresa de Coimbra, Lda., 2001, pág. 338.
33
Amadeu Teles Marques, Ser-se Advogado, in Advocacia: Que Fazer?, (Coord. Alfredo José
Castanheira Neves), Impresa de Coimbra, lda., 2001, pág. 55.

11
Ser excelente Advogado não se limita, embora seja essencial, no conhecimento e na boa
aplicação das leis. Aliás, este entendimento resulta do primeiro parágrafo do preâmbulo
do CEDP.
Deve-se deixar claro que não estamos a recusar o aspecto qualitativo do Advogado34 por
ser importante para garantir um bom aconselhamento e/ou boa defesa dos interesses dos
seus constituintes.
Pretende-se sugerir que o aspecto qualitativo não deva estar dissociado dos valores
sociais, éticos e deontológicos da nobre profissão porque o “o futuro da Advocacia é
aquele que a nossa realidade social lhe permitir, havendo que partir desta para aquela
e não o inverso”35.
As regras de ética e deontologia têm também como fonte o costume, os valores sociais,
portanto, é imperativo e categórico conhecer os ditames e comandos que deverão nortear
a sua actividade do ponto de vista cívico, ético e deontológico.
O bom Advogado deve ter a consciência moral e profissional porque a sua vida é definida
pela convergência entre a “corrida do dia e o pesadelo da noite”. A corrida do dia reporta-
se à falta de pausa, a vertigem sem pausa, de julgamento para julgamento, de diligência
para diligência, de comarca para comarca, de adiamento para adiamento, de cliente para
cliente36.
O pesadelo da noite traduz-se nos prazos que o fazem cobrir de suor frio que arrepia e só
desaparece quando se confirma que afinal o prazo ainda não tinha passado, da

34
Concorda-se com o Amadeu Teles Marques, Ser-se Advogado, in Advocacia: Que Fazer?,
(Coord. Alfredo José Castanheira Neves), Impresa de Coimbra, lda., 2001, pág. 56., quando diz
claramente que a advocacia exige “qualidades, reflexão e empenhos permanentes e quotidianas,
e da capacidade de transmitir com clareza, oportunidade e convicção o resultado desse
conhecimento, o que determina um continuado aperfeiçoamento dos meios técnicas de todas as
formas de comunicação […]”.
35
Esta frase é do Dr. Guilherme Palma Carlos, citado pelo Fernando Faria de Bastos, Os Novos
Desafios da Advocacia Em Angola, in I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os
novos desafios da Justiça, OAA, 2004, págs. 153 e 160.
36
Neste sentido, Amadeu Teles Marques, Ser-se Advogado, in Advocacia: Que Fazer?, (Coord.
Alfredo José Castanheira Neves), Impresa de Coimbra, lda., 2001, pág. 58. O A., na mesma
página acrescenta que a vida do Advogado “é uma corrida e um pesadelo, uma vida feita de
pressão e de opressão e de dependência vinte e quatro horas em cada vinte e quatro horas de um
só dia”.

12
preocupação em terminar as alegações, da desconfiança que sofre por parte da amante ou
da esposa pela falta de dedicação no seu lar, etc.
Segundo António Arnaut37, o grande papel do Advogado consiste em defender “com
firmeza os interesses legítimos do seu constituinte, não sejas subserviente perante os
magistrados, mas actua sempre segundo a sua consciência, com isenção, rigor e
urbanidade, respeitando os valores éticos da sociedade. O Advogado serve o direito e a
justiça, e não pode ser um instrumento dos ódios ou paixões do seu constituinte”.
Por esta razão se diz que ser advogado é ser, primeiro, Advogado de si mesmo antes de
ser dos outros porque nós carregamos nos ombros os problemas dos nossos clientes todos
os dias. Reconhece-se que o Advogado é homem, portanto, falível, com fraquezas,
deslizes, debilidades, limitações, mas ainda assim exige-se “verticalidade, dignidade,
lealdade e honestidade”38 no exercício da sua profissão.
6. Função social do Advogado
Se o Advogado é chamado para defender os direitos, liberdades e legítimos interesses dos
cidadãos perante qualquer autoridade, deve fazê- lo com brio profissional, honestidade e
lealdade com vista, por um lado, a solidificar a confiança e crédito em prol da classe e da
profissão, por outro, “contribuir para o equilíbrio e a paz social, concorrer para a
melhoria da ordem jurídica e pugnar pelo aumento da cultura de constitucionalidade e
legalidade das normas e actos, assumindo-se como defensor do Direito e da Justiça, o
advogado exerce uma função ético-social que se traduz em autêntica magistratura
cívica”39.
O grande papel ou a maior função social do Advogado é justamente intervir sempre que
houver défice por respeito de direitos fundamentais e por quaisquer outros direitos de
cidadania.
Esta função demonstra que o Advogado não é um simples defensor de direitos e
liberdades fundamentais, mas também é um activista social na medida que certas
intervenções serão da iniciativa do Advogado. Portanto, constitui também

37
António Arnaut, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005, pág. 90.
38
Amadeu Teles Marques, Ser-se Advogado, in Advocacia: Que Fazer?, (Coord. Alfredo José
Castanheira Neves), Impresa de Coimbra, lda., 2001, pág. 59.
39
Neste último sentido, vide Bastonário Manuel Gonçalves, O Advogado e a Realidade da
Administração da Justiça, in I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos
desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 115.

13
responsabilidade social do Advogado protestar contra as violações dos direitos
humanos40.
Nesta ordem de considerações, Prof. Grandão Ramos41 cita uma brilhante declaração feita
em homenagem ao A. Palma Carlos pela Ordem dos Advogados portuguesa nos seguintes
moldes:
“Ser advogado é tocar as estrelas; é ter o poder de profligar todos os abusos;
de afrontar todas as violências; de denunciar todos os crimes; de defender os
oprimidos, os perseguidos e os fracos; de dar apoio ao que dele carecem; de
pugnar pelo Direito em cuja existência assenta a Humanidade; é, afinal,
manter o facho da legalidade, sem a qual o Mundo se subverte na mais atroz
confusão”.
A função social do Advogado consiste em defender os direitos e os interesses legítimos
dos homens, realizar a justiça social, a boa aplicação das leis42.
Neste afã, Rui Barbosa, citado por Fernando Macedo43, defende que "o Advogado não
deve ter receios de desagradar os poderosos, fazendo o que for possível para a defesa do
interesse do seu constituído, não devendo jamais recuar, ainda mais quando está na
defesa de pessoas hipossuficiente economicamente”.
Em síntese, a função social do advogado assenta-se em dois pressupostos de grande
envergadura, primeira, pela utilidade social da advocacia, ou seja, a actividade da
advocacia é indispensável44 à administração da justiça e em segundo lugar, pela base

40
Em sentido próximo e com maior desenvolvimento, António Arnaut, Estatuto da Ordem dos
Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005, pág. 89. Fernando Faria de Bastos, Os Novos Desafios
da Advocacia Em Angola, in I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos
desafios da Justiça, OAA, 2004, págs. 153 e ss.
41
Grandão Ramos, Um Advogado, Um Conceito, Uma Ética: in I Conferência Nacional de
Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 134.
42
Sobre a função política do advogado, vide Fernando Macedo, Advocacia e Cidadania¸ in II e
III Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004,
pág. 228.
43
Fernando Macedo, Advocacia e Cidadania¸ in II e III Conferência Nacional de Advogados: A
Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 236.
44
Não há Estado de Direito sem Advogados é, assim, insofismável, diz Bastonário Manuel
Gonçalves, O Advogado e a Realidade da Administração da Justiça, in in I Conferência Nacional
de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 115.

14
social de confiança depositada pelos cidadãos nos advogados na defessa dos seus
direitos e legítimos interesses45.
7. A credibilização do Advogado e da Advocacia
Segundo Bastonário Manuel Gonçalves 46, “a advocacia é uma relação de confiança,
imperativo do reconhecimento público da sua importância social”. Na mesma ordem de
ideias, António Arnaut47 entende que “só podem existir relações de confiança se a
honorabilidade, a honestidade e a integridade do advogado estiverem para além de
qualquer dúvida”.
A valorização da confiança e da credibilização em face do constituinte e/ou do cidadão
requer, em geral, observância e respeito permanente aos comandos de ética e deontologia
profissional, pois, o exercício da actividade não basta ou não se limita no bom
conhecimento e aplicação das leis, dissemos.
A credibilização só existe se o cidadão se sentir seguro e confiante diante do Advogado
para lhe dar voz quando ele (in casu: o cidadão) não possa mais declarar ou tudo esteja
quase perdido ou irrecuperável. A respectiva confiança só é assegurada se o Advogado
observar e respeitar os comandos da ética e deontologia profissional, por exemplo, o
segredo profissional48.

45
Em abordagem paralela, vide Grandão Ramos, Um Advogado, Um Conceito, Uma Ética: in I
Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004,
pág. 133.
46
Bastonário Manuel Gonçalves, O Advogado e a Realidade da Administração da Justiça, in I
Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004,
pág. 114. No mesmo sentido, Fernando Faria de Bastos, Os Novos Desafios da Advocacia Em
Angola, in I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça,
OAA, 2004, págs. 154 e ss.
47
António Arnaut, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005, pág. 109.
48
Em síntese, sobre o dever de sigilo profissional, vide António Arnaut, Estatuto da Ordem dos
Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005, págs. 97 e ss., o segredo profissional é um dos valores
que fundamenta e reforça a relação de confiança entre o cliente e o advogado e, em consequência,
conforta o cliente a contar toda a verdade, ou seja, fazer uma “confissão”. Este dever só cessa
quando se trata da defesa da dignidade, direitos e interesses legítimos do advogado, cliente ou
seus representantes mediante prévia autorização do Presidente do Conselho Provincial, de acordo
com o n.º 3 do artigo 4.º, do CEDP.

15
A credibilização é sustentada pelos valores sociais, morais, éticos e deontológicos da
nossa nobre profissão sem descurar a competência individual de cada Advogado de modo
que se conquiste “a confiança de clientes, a reverência dos demais operadores judiciais
e o respeito do seu pleno envolvimento no papel de servidor da Justiça e do Direito”49.
Face ao exposto, concordamos com os cinco (5) pilares de credibilização do Advogado e
da Advocacia, propostos por Fernando Faria de Bastos, nomeadamente i) a adequada
preparação técnica do advogado, ii) o grau de cumprimento das exigências éticas da
profissão, iii) o acesso ao apoio jurídico, iv) a melhoria do sistema judicial e v) a
exclusividade profissional da advocacia aos Advogados.
Todos os pilares citados são de extrema relevância, mas interessa-nos o segundo pilar por
ser foco do nosso trabalho onde o Autor, citado no último parágrafo, sugere que a OAA
seja promotora de seminários com vista a fortificar e solidificar a cultura de observância
e o respeito permanente aos valores de ética e deontologia profissional em virtude de
verificar um elevado número de violações destes ditames pelos Advogados50.
Mas, não deve descurar que o cidadão não poderá depositar a confiança no Advogado se
o próprio Estado não reconhecer a dignidade e a importância da Advocacia, se o exercício
não for exclusivo aos Advogados reconhecidos pela OAA e de quem esteja sujeito às
exigentes regras deontológicas da profissão51.
A credibilização do Advogado está associada a um construtor de uma sociedade melhor,
mais justa, construída de acordo com a sua sapiência jurídica e experiência conforme os
ditames da ética e deontologia profissional.

49
Neste sentido, vide Fernando Faria de Bastos, Os Novos Desafios da Advocacia Em Angola, in
I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004,
pág. 155.
50
Fernando Faria de Bastos, Os Novos Desafios da Advocacia Em Angola, in I Conferência
Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 155.
51
Fernando Faria de Bastos, Os Novos Desafios da Advocacia Em Angola, in I Conferência
Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004, pág. 157. Por
isso, a Lei n.º 8/17, de 13 de Setembro – Lei da Advocacia, veio exactamente tipificar os actos
próprios de advogados para banir os infiltrados na profissão de modo que quem exercer a
actividade sem o credenciamento da OAA possa constituir crime.

16
8. O Advogado e o Cliente
A relação entre advogado e cliente é sustentada por uma chave de ouro que não pode ser
quebrada: a lealdade e a confiança, pois se faltar um destes valores, restará apenas um
remédio: ou o Advogado renuncie ao mandato ou o cliente procure outro patrono. A
confiança e a lealdade são, portanto, reputados como valores indispensáveis para a
manutenção desta relação52.
Em tese, os clientes com capacidade económica e financeira considerável gostam de
solicitar advogados de renome, com destaque, com grande respeitabilidade nacional.
Neste caso, a confiança é gerada pelo destaque e, por conseguinte, gera optimismo ao
cliente.
Mas, deve-se referir também que muitos cidadãos, sem necessidade de precisar exemplos
concretos, sentiram-se decepcionados ou defraudadas as suas expectativas ou porque o
renomado advogado não tem tempo para se dedicar ao seu caso ou porque o distinto
causídico não tem a consciência jurídica e a consciência moral53.
Desde o início do presente trabalho, predispomo-nos a defender que as qualidades
técnicas do advogado são muito importantes, mas não são suficientes, pois precisam de
observar e respeitar as regras de ética e deontologia.
Constitui, por exemplo, violação do dever de lealdade, o advogado que não tenha tempo
para estudar e resolver o caso do cliente.
Não se deve olvidar que melhor sucesso é aquele obtido de forma justa, honesta, sob
trabalho árduo. Importa chamar a atenção para o facto de a advocacia moderna
apresentar-se nos dias que correm de modo titânico, onde opera a necessidade de
actuação em escala, optimização de serviços, corte de custos, devendo ser veloz54 na
administração (de acordo com o artigo 10/1,a, do CEDP), atendendo ao facto de os

52
Em sentido próximo, António Arnaut, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed. 9ª,
Coimbra, 2005, pág. 111. O A., defende que o advogado não pode ser promotor de ódio ou
vingança, apesar de admitir e louvar o “calor na defesa da causa”.
53
A distinção entre a consciência jurídica e a consciência moral, vide o que dissemos no ponto 2
deste trabalho.
54
Ser veloz não pressupõe a tomada de posições imaturas. Aliás, o Advogado tem uma obrigação
de meios e não de resultado, mas pode apresentar previsões do resultado, de acordo com a alínea
c9 do n.º 2 do artigo 14.º, do CEDP.

17
clientes estarem cada vez mais exigentes e progressivamente infiéis tanto aos advogados
bem como aos tribunais.
Ora, uma forma ideal de fidelizar os clientes consiste na observância e respeito aos
deveres e princípios de ética e deontologia profissional, como a honestidade, a lealdade,
urbanidade, etc.
Quanto mais obedientes formos aos princípios de ética e deontologia profissional maior
probabilidade teremos de conquistar o cliente para uma relação permanente, ou seja,
conseguiremos gravar a nossa marca na consciência do cliente.
Rodrigo Bertozzi55 defende que a boa marca “constrói na mente do cliente uma imagem
diferenciada, carregada de princípios e valores”.
A marca criada na mente do cliente precisa ser sustentada sob pena de declinar-se no
decurso da relação estabelecida entre o cliente e o advogado. Dito de outro modo, deve
existir um investimento por parte de advogado porque facilmente as más condutas nos
separam das pessoas que tanto amamos ou consideramos.
Defende-se que é melhor manter um cliente antigo que conquistar um cliente novo, pois
haverá necessidade de investimento neste último, sendo conquistado, pode ser também
perdido facilmente se o cliente não se adaptar ao ambiente de trabalho e modo de
tratamento do advogado.
Normalmente os advogados arrogantes, prepotentes e renomados não têm tempo para
falar com o cliente, salvo o caso de se tratar de cliente com “divisas altas”. Estes últimos
clientes têm retirado a independência técnica dos advogados em troca de promessas ou
fundos porque instruem o advogado sobre o que deve fazer, inclusive, até a litigância
contra leis expressas. Prática proibida nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 10.º, do
CEDP.
Entende-se que os bons advogados são aqueles que estão sempre preparados para levar a
bom porto as causas ou interesses dos seus constituintes pobres ou ricos.
Tendo em conta as regras de ética e deontologia profissional, é vedado ao advogado
escolher as melhores diligências para defender os interesses do cliente rico em virtude de
honorários altos em detrimento dos constituintes pobres. De outro modo, o advogado deve
mover-se pela arte e não pelo materialismo deste mundo56.

55
Rodrigo Bertozzi, Advocacia: As leis do relacionamento com o cliente – Pessoa Física, Sindical
e Empresarial, ed. 1ª, Editora Afiliada, 2007, pág. 62.
56
Neste sentido, Alcíneo Cristóvão Luís, ob. cit. pág. 86.

18
O Advogado deve seguir o exemplo de Deus que assegura a vida dos bons e dos maus.
Portanto, defende-se que o advogado não deve promover práticas discriminatórias em
razão dos bens materiais.
Por esta razão, está previsto na constituição no seu artigo 29.º, n.º 1 o seguinte: “A todos
é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses
legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência dos meios
económicos57”.
Uma verdadeira advocacia não olha pelo valor ou quantum de honorários, apesar de ser
importante, a receber dos constituintes, pois a actividade deve ser exercida a todo custo
para a defesa, não por dinheiro ou bens materiais, mas sim para a realização do Direito e
da Justiça porque um dos perfis da nossa profissão é a solidariedade, sobretudo, para com
as causas dos pobres58.
No entanto, o advogado não garante o resultado, simplesmente, emprega meios
necessários para o êxito, portanto, não é aconselhável fazer promessas aos clientes sobre
o ganho do processo sob pena de criar confusão se não for obtido o respectivo resultado
prometido.
O que se exige, para além das qualidades técnicas que são consideradas necessárias, é que
o Advogado seja honesto, diligente e empregue mecanismos ou diligências necessárias.
Ao ser assim, poderá ser criada a esperada e almejada confiança do cliente que será
facilmente conquistada, por isso, se diz o exercício da advocacia é uma actividade baseada
na confiança, pois sem a qual não há relações duradoiras.

57
O Acesso ao Direito consiste na protecção dos direitos e interesses legalmente protegidos,
incluindo o acesso à informação e à consulta jurídica mediante o reconhecimento aos cidadãos -
o direito à acção. Já a Tutela Jurisdicional Efectiva pressupõe que os tribunais são os órgãos
garantes dos respectivos direitos por meio da prolação de decisões judiciais em prazo razoável e
mediante processo equitativo. Para mais desenvolvimento, vide Hermenegildo Cachimbombo,
Manual de Processo Civil: Perspectivas da Reforma, 2ª ed. Casa das Ideias, Luanda, 2017, p. 38
58
Segundo António Arnaut, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005,
págs. 128 e ss., a solidariedade é um valor ético-deontológico que se estende aos colegas
advogados para tomar a defesa de um colega que injustamente impedido ou sofre quaisquer
medidas ilegais ou arbitrais que lhes impeçam de intervir na causa, apesar de o artigo 9.º, do
CEDP não se referir expressamente.

19
9. A Inidoneidade Moral
A inidoneidade moral manifesta-se de diversas formas, dentre elas, a recepção de
honorários sem um esforço mínimo na condução ou intervenção dos assuntos que os
clientes confiam aos advogados. Tais situações ocorrem pela violação do dever de
honestidade.
Se a relação estabelecida entre advogado e o cliente é baseada na confiança tal como vem
disposto nos termos do n.º 1 do artigo 3.º, conjugado o n.º 1 do artigo 14.º, ambos do
CEDP, não pode o advogado o aproveitar-se do estado de necessidade ou da aflição do
cliente para fixar, por exemplo, honorários altos ou irrazoáveis. Entende-se também que
esta procedência é reprovável em virtude de o advogado estar a violar a sua consciência
jurídica e consciência moral.
Espera-se que o advogado seja espelho da sociedade, seja homem íntegro, recto, honesto
e leal. As ausências destes valores caracterizam o que denominamos por falta de
idoneidade moral.
10. Conclusão
Face ao exposto, somos a concluir que o reconhecimento constitucional do profissional e
da profissão simboliza que a nossa actividade dispõe de uma grande utilidade social,
primeiro, por ser indispensável à administração da justiça, segundo, pela base social de
confiança depositada pelos cidadãos nos advogados na defessa dos seus direitos e
legítimos interesses.
É importante frisar que a confiança do cidadão não deve ser defraudada, o Advogado
precisa dar-lhe voz quando ele não possa mais declarar, ou tudo esteja perdido ou
irrecuperável.
Tendo em conta esta particularidade constitucional, o Advogado não deve ser um simples
defensor de direitos e liberdades fundamentais, mas deve ser também um activista social,
por isso, deve, por iniciativa própria, protestar contra todas as violações dos direitos
humanos.
A ser assim e por causa da responsabilidade social, o Advogado deve ter uma postura
digna no exercício da profissão e fora dela, por isso, configura-se necessária a observância
e o respeito escrupuloso de regras de éticas e deontologia. Almeja-se com isto, o bom
exercício da profissão.
Em derradeiro, o Advogado deve ser construtor de boas práticas, de uma sociedade
melhor, mais justa, construída de acordo com a sua sapiência jurídica e experiência
conforme os ditames da ética e deontologia profissional.

20
11. Referências Bibliográficas
Araújo, Raul Carlos Vasques, Nunes, Elisa Rangel e Lopes, Marcy, Constituição da
República de Angola Anotada, Tomo II, Luanda, 2018, Gráfica Maiadora
Arnaut, António, Estatuto da Ordem dos Avogados Anotado, ed. 9ª, Coimbra, 2005
Bastos, Fernando Faria de, Os Novos Desafios da Advocacia Em Angola, in I Conferência
Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004
Bertozzi, Rodrigo, Advocacia: As leis do relacionamento com o cliente – Pessoa Física,
Sindical e Empresarial, ed. 1ª, Editora Afiliada, 2007
Cachimbombo, Hermenegildo, Manual de Processo Civil: Perspectivas da Reforma, 2ª
ed. Casa das Ideias, Luanda, 2017
Fernandes, Paulo Sérgio Leite, Na Defesa das Prerrogativas do Advogado: Ordem dos
Advogados do Brasil – Conselho Federal, 2004
Gonçalves, Bastonário Manuel, O Advogado e a Realidade da Administração da Justiça,
in I Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça,
OAA, 2004
Luís, Alcíneo Cristóvão, Juízes e Advogados: Sujeitos ao mesmo destino, Edições Loyola
Macedo, Fernando, Advocacia e Cidadania¸ in II e III Conferência Nacional de
Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA, 2004
Marques, Amadeu Teles, Ser-se Advogado, in Advocacia: Que Fazer?, (Coord. Alfredo
José Castanheira Neves), Impresa de Coimbra, Lda., 2001
Miragaia, Vítor, A Advocacia e a Ordem dos Advogados: Acesso à Profissão, Deontologia
e Defesa dos Direitos do Homem, in Advocacia: Que Fazer? (Coord. Alfredo José
Castanheira Neves), Impresa de Coimbra, lda., 2001
Ramos, Vasco Grandão, Um Advogado, Um Conceito, Uma Ética, in I Conferência
Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA
Rodrigues, Orlando, O Mercado de Trabalho para o Profissional do Direito, in I
Conferência Nacional de Advogados: A Advocacia e os novos desafios da Justiça, OAA,
2004
11.1. Legislação Consultada
Constituição da República de Angola
Código de Ética e Deontologia Profissional
Decreto n.º 28/96, de 13 de Setembro – que aprova o Estatuto da Ordem dos Advogados
Decreto Presidencial n.º 55/95, de 10 de Novembro – que fixa o regime de Assistência
Judiciária

21
Decreto n.º 56/05, de 10 de Agosto – que aprova as Alterações aos Estatutos da Ordem
dos Advogados de Angola
Regulamento n.º 1/19, de 7 de Março – Regulamento de Acesso à Advocacia
Lei n.º 8/17, de 13 de Março – Lei de Advocacia

22

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