Você está na página 1de 12

Segunda-feira, 19 de Abril de 2021 I Série – N.

º 68

DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 510,00
ASSINATURA
Ano

O Presidente da República decreta, nos termos da alí-


nea l) do artigo 120.º e do n.º 3 do artigo 125.º, ambos da
Constituição da República de Angola, o seguinte:
Decreto Presidencial n.º 94/21:
Aprova o Regulamento da Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas. ARTIGO 1.º
— Revoga o Decreto Presidencial n.º 43/12, de 13 de Março. (Aprovação)
Despacho Presidencial n.º 48/21:
Aprova a Estratégia de Abordagem dos Activos e Bens Recuperados É aprovado o Regulamento da Lei das Micro, Pequenas
pelo Estado, no âmbito da Lei n.º 15/18, de 26 de Dezembro, sobre e Médias Empresas, anexo ao presente Diploma de que é
o Repatriamento Coercivo e Perda Alargada de Bens.
parte integrante.
ARTIGO 2.º
(Revogação)

É revogado o Decreto Presidencial n.º 43/12, de 13 de


Decreto Presidencial n.º 94/21 Março, que aprova o Regulamento da Lei n.º 30/11, de 13 de
de 19 de Abril
Setembro, das Micro, Pequenas e Médias Empresas.
O fomento do desenvolvimento e da competitividade das
ARTIGO 3.º
Micro, Pequenas e Médias Empresas é a principal maneira
(Dúvidas e omissões)
de assegurar o processo de geração de emprego, distribuição
de renda, inclusão social, redução da informalidade e forta- As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e apli-
lecimento da economia nacional. cação do presente Diploma são resolvidas pelo Presidente da
República.
do acesso aos diversos incentivos e apoios previstos na Lei
ARTIGO 4.º
n.º 30/11, das Micro, Pequenas e Médias Empresas, com
(Entrada em vigor)
normas regulamentares que propiciem a desburocratização
de procedimentos de constituição e funcionamento, bem O presente Decreto Presidencial entra em vigor na data
como que acelerem a formalização das actividades econó- da sua publicação.
micas e o aumento das oportunidades do crescimento das Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 2 de
Micro, Pequenas e Médias Empresas em Angola;
Março de 2021.
Atendendo à necessidade de no âmbito da reforma do
Estado e do processo de harmonização, desburocratização, Publique-se.

Luanda, aos 7 de Abril de 2021.

tornar exequível as políticas de apoio às Micro, Pequenas e O Presidente da República,


Médias Empresas;
2552 DIÁRIO DA REPÚBLICA

REGULAMENTO DA LEI DAS MICRO, nos termos previstos no n.º 2 do artigo 8.º e no n.º 2 do
PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS artigo 9.º da Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas.

CAPÍTULO I Médias Empresas é responsável por manter actualizada uma


Disposições Gerais Base de Dados das Micro, Pequenas e Médias Empresas e
ARTIGO 1.º
(Objecto)
O presente Diploma estabelece os procedimentos para SECÇÃO II

- ARTIGO 6.º
renciado e os mecanismos de apoio institucional às Micro,
Pequenas e Medias Empresas (MPME).
ARTIGO 2.º nomeadamente:
(Âmbito de aplicação)
a)
O presente Regulamento aplica-se às empresas, clas- dos processos nos quais se requer o estatuto de
Micro, de Pequena e de Média Empresa;
constam do âmbito de aplicação da Lei n.º 30/11, de 13 de
b) -
Setembro, das Micro, Pequenas e Médias Empresas.
nição das Micro, Pequenas e Médias Empresas
ARTIGO 3.º
(Âmbito de exclusão) no âmbito dos diferentes apoios concedidos
pelas entidades públicas;
Ficam excluídas do âmbito de aplicação do presente
Diploma as entidades: c) Permitir a participação das Micro, Pequenas e
a) Em cujo capital participe, independentemente da per- Médias Empresas nos diferentes programas do
centagem, o Estado ou outras entidades públicas, Governo e garantir uma informação adequada às
excepto Universidades e Centros de Investigação, entidades interessadas;
nestes casos com limite máximo de 49% do capital d) Garantir que as medidas e apoios destinados às
social, nos termos da Lei n.º 10/17, de 30 de Junho; Micro, Pequenas e Médias Empresas se apli-
b) Em cujo capital participe outra empresa que não quem apenas às empresas que comprovem esta
seja MPME, independentemente do tipo societá-
qualidade;
rio em causa;
e)
c)
com sede no exterior do País;
d) - ARTIGO 7.º
cário e não bancário;
e) As MPME cujo sócio maioritário detenha partici- 1. É estabelecida a interoperabilidade entre os sistemas
pações noutras empresas em que a facturação informáticos dos diferentes serviços públicos que permi-
bruta anual exceda o limite máximo previsto
para as médias empresas.
assegurando a actualização da Base de Dados das Micro,
CAPÍTULO II

criado para apoiar as Micro, Pequenas e Médias Empresas


SECÇÃO I

2. As empresas requerem, em qualquer circunstância,


ARTIGO 4.º
Pequena ou Média Empresa, aos serviços públicos criados
para o efeito.
sendo Micro, Pequena ou Média estão previstos na Lei das
Micro, Pequenas e Médias Empresas. ou Média Empresa têm validade no exercício económico da
ARTIGO 5.º sua emissão, devendo ser renovados sempre que se pretenda
ter acesso aos benefícios relacionados com a condição da
1. A qualidade de Micro, Pequenas ou Médias Empresas é
obtida imediatamente no acto de registo da mesma, para todas ARTIGO 8.º
as formas societárias previstas na Lei das Micro, Pequenas e
1. As Micro, Pequenas e Médias Empresas têm acesso a
criado para apoiar as Micro, Pequenas e Médias Empresas,
I SÉRIE –– N.º 68 –– DE 19 DE ABRIL DE 2021 2553

2. É da competência do Guiché Único da Empresa, CAPÍTULO III


abreviadamente designado por GUE, sem estar sujeito a Regime de Prestação de Contas
qualquer regra de competência territorial, o procedimento ARTIGO 10.º
(Registos contabilísticos)
Empresas. 1. As micro-empresas e os comerciantes em nome indi-
3. Para efeitos da constituição de MPME, ao abrigo do vidual, quando não possuírem contabilidade, devem utilizar
presente Diploma, é requerido o modelo preenchido do para o registo das suas compras, vendas e serviços pres-
tados, o modelo aprovado pelo Titular do Departamento
Titular do Departamento Ministerial responsável pelo Sector Ministerial responsável pelo Sector das Finanças Públicas.
da Justiça e dos Direitos Humanos. 2. As pequenas empresas devem, para o efeito de registo

o preenchimento do requerimento para a sua matrícula na aprovado pelo Titular do Departamento Ministerial respon-
Conservatória. sável pelo Sector das Finanças Públicas.
5. A constituição pode ser feita na plataforma electrónica 3. As médias empresas devem dispor de contabilidade,
do GUE, mediante declaração oral dos interessados. de acordo com o Plano Geral de Contas e demais regras esta-
belecidas pelo organismo representante da classe.
6. O funcionário competente insere toda a informação os
2e3
relevante na plataforma em nome dos interessados.
devem ser assinadas por contabilista, regularmente inscrito
7. Após concluído o previsto no número anterior, os inte-
no organismo de representação da classe.
ressados podem:
ARTIGO 11.º
a) Optar por receber ou aceder electronicamente a (Apoio na preparação da prestação de contas)
informação da constituição; ou
Para efeito do disposto no artigo 9.º do presente Regula-
b) Receber a documentação da constituição, presencial-
mente. as Micro, Pequenas e Médias Empresas para solicitar apoio
8. Sempre que for possível o recurso à assinatura electró- para preparação do processo de prestação de contas ou soli-
nica presencial é dispensado o reconhecimento de assinatura. citar o patrocínio do organismo de representação da classe.
9. Nos casos em que o interessado não possa, ou não
saiba, assinar basta a aposição da sua impressão digital, CAPÍTULO IV
Mecanismos de Apoio Institucional

10. Feito o registo na Conservatória do GUE, é disponi- SECÇÃO I


Benefícios Fiscais
bilizada a Certidão do Registo Comercial electronicamente
e/ou de forma impressa aos interessados. ARTIGO 12.º
(Acesso aos benefícios e incentivos)
11. A inscrição na Segurança Social e na Administração
Geral Tributária é feita depois da emissão da Certidão do
- a quaisquer outros benefícios por parte das MPME, está
petentes do GUE, com base na informação constante do reservado àquelas que comprovadamente demonstrem pos-
Registo feito.
-
12. Para as localidades do território nacional em que não
existem instalações do GUE em funcionamento, compete às
Administração Fiscal.
Conservatórias do Registo Comercial locais a realização dos
2. As MPME que tenham acordado com o Estado, ou
actos previstos no presente artigo.
-
ARTIGO 9.º cal gozam, igualmente, dos apoios constantes do presente
(Locais de registo)
Regulamento.
1. O processo de registo ou de constituição pode ocor- SECÇÃO II
rer em qualquer instituição pública, designadamente SIAC, Incentivos Não Financeiros
INAPEM e Lojas de Registo, que funcionam como extensão ARTIGO 13.º
da área de atendimento do GUE, com todas as competências (Resolução de constrangimentos burocráticos)
para o efeito.
2. Podem ser realizadas campanhas de registo ou cons- do apoio para a resolução de constrangimentos burocráti-
tituição de actividades económicas por meio de brigadas
móveis de formalização de actividades económicas, asso- -
ciadas às iniciativas do Governo, de transição da economia culdades do exercício da sua actividade registadas com
informal para a formal. entidades públicas, com o intuito da sua rápida resolução.
2554 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Para assegurar o cumprimento do previsto no número


Médias Empresas deve, no prazo de até 72 horas, comunicar anterior do presente artigo deve ser observado o seguinte
aos requerentes o estágio da resolução dos constrangimen- procedimento:
tos apresentados, assegurando um apoio permanente para a a) As unidades orçamentais devem inscrever no
resolução dos mesmos. Plano Anual de Contratação Pública, que
ARTIGO 14.º
remetem ao Serviço Nacional de Contratação
Pública, concursos públicos dedicados para as
Para facilitação do acesso ao crédito, as MPME gozam, Micro, Pequenas ou Médias Empresas, cujo
compromisso da despesa corresponda ao valor
Médias Empresas, de um serviço de apoio ao acesso ao cré- mínimo de 25% do total do Orçamento de bens
e serviços;
dito prestado nos seguintes termos:
b) Na apresentação do Balanço do Plano Anual de
a) Recepção do pedido de apoio;
Contratação Pública, as Unidades Orçamentais
b) Triagem e caracterização do processo de candida-
apresentam o grau de cumprimento do estabele-
tura;
cido na alínea a) do presente artigo.
c) Apoio na constituição do dossier de crédito;
3. As MPME gozam de direito de preferência, nos ter-
d) Apoio na fase de negociação com instituições mos da Lei dos Contratos Públicos.
ARTIGO 18.º
e) (Tratamento diferenciado nas grandes empreitadas)
aprovado. 1. Nos procedimentos de Concurso Público e Concurso
ARTIGO 15.º -
tos de empreitada de obras públicas, é obrigatória a reserva
- de, no mínimo, 25% para as MPME, nos termos do n.º 3 do
artigo 15.º da Lei n.º 30/11.
2. Para assegurar o cumprimento do previsto no número
2. Para efeitos do disposto no número anterior, os ser- anterior do presente artigo deve ser observado o seguinte
procedimento:
forma pedagógica na primeira vez que a MPME é achada a) As Unidades Orçamentais devem inscrever no
em falta. Plano Anual de Contratação Pública que reme-
tem ao Serviço Nacional de Contratação Pública,
ARTIGO 16.º
(Tratamento diferenciado nas relações laborais) concursos públicos e concursos limitados por

1. Anualmente, as Micro, Pequenas e Médias Empresas


Pequenas ou Médias Empresas do respectivo
remetem informação sobre o vínculo laboral com os seus
exercício económico, cujo compromisso da
trabalhadores, mediante o preenchimento de um modelo
despesa corresponda ao valor mínimo de 25%
aprovado pelo Departamento Ministerial responsável pelo
do total do Orçamento de empreitadas de obras
Trabalho.
públicas;
2. No cumprimento do previsto no n.º 1 do presente
b) Na apresentação do Balanço do Plano Anual de
artigo, as MPME, depois da remessa do modelo do seu pri-
Contratação Pública, as Unidades Orçamentais
apresentam o grau de cumprimento do estabele-
anos seguintes, a informar, apenas, as desvinculações e
cido na alínea a) do presente artigo.
novas contratações, ao Departamento Ministerial responsá-
ARTIGO 19.º
vel pelo Trabalho. (Apoio na contratação pública)
ARTIGO 17.º 1. Para efeitos de cumprimento do disposto nos
(Tratamento diferenciado nas compras públicas)
artigos 16.º e 17.º do presente Regulamento, as entidades
1. O Estado e demais entidades públicas devem destinar adjudicatárias devem consultar a base de dados de MPME,
para MPME, no mínimo, 25% do seu orçamento de aquisi- a ser elaborada pelo órgão criado para apoiar as Micro,
ções de bens e serviços, nos termos do n.º 1 do artigo 15.º Pequenas e Médias Empresas, disponibilizada via web ou
da Lei n.º 30/11. por outro meio formal.
I SÉRIE –– N.º 68 –– DE 19 DE ABRIL DE 2021 2555

e) Assegurar a continuidade e estabilidade dos acti-


criado para apoiar as Micro, Pequenas e Médias Empresas, vos empresariais recuperados com viabilidade
bem como as Entidades Públicas Contratantes, coope- económica, visando a preservação e melhoria do
ram na actualização da Base de Dados de Oportunidades seu valor;
de Concursos Públicos para as Micro, Pequenas e Médias f) Priorizar a alienação dos activos empresariais
Empresas. mediante a sua introdução no Programa de Pri-
vatizações (PROPRIV);
Médias Empresas de forma regular e com base no calen- g) Proceder ao levantamento da estrutura de gestão
dário de lançamento de concursos públicos, disponibiliza
dos activos empresariais recuperados até à data e
serviços de divulgação, formação e apoio na preparação de
tomar as medidas necessárias que salvaguardem
Micro, Pequenas e Médias Empresas para as diversas fases
o interesse público, sem comprometer o normal
dos concursos públicos.
funcionamento das empresas;
O Presidente da República,
h)
e patrimonial das empresas, visando a determi-
nação da estratégia a ser adoptada.
Despacho Presidencial n.º 48/21
de 19 de Abril
3. Ao Ministro de Estado para a Coordenação Económica
é incumbida a missão de, no âmbito da Comissão
Interministerial para a Implementação do Programa de Priva-
Política Estratégica de Combate à Corrupção, que prevê,
tizações, supervisionar a execução da presente Estratégia.
-
4. As dúvidas e omissões suscitadas na aplicação e inter-
pretação do presente Despacho Presidencial são resolvidas
produtos, desviados ilicitamente, que se encontram no País
pelo Presidente da República.
ou no estrangeiro, no âmbito do Processo de Repatriamento
5. O presente Despacho Presidencial entra em vigor no
Coercivo e Perda Alargada de Bens, nos termos da Lei
dia seguinte à data da sua publicação.
n.º 15/18, de 26 de Dezembro;
Havendo a necessidade de assegurar a prudente e dili- Publique-se.
gente gestão dos bens e activos por formas a assegurar a sua Luanda, aos 8 de Abril de 2021.
optimização, prevenir a perda de valor comercial, a deterio-
O Presidente da República,
ração, bem como a afectação a favor de serviços públicos
essenciais;
O Presidente da República determina, nos termos da alí-
nea d) do artigo 120.º e do n.º 5 do artigo 125.º, ambos da ESTRATÉGIA DE ABORDAGEM DOS ACTIVOS
Constituição da República de Angola, o seguinte: E BENS RECUPERADOS PELO ESTADO
1. É aprovada a Estratégia de Abordagem dos Activos e I. ENQUADRAMENTO
Bens Recuperados pelo Estado, no âmbito da Lei n.º 15/18, 1. O desenvolvimento e rápido crescimento económico
de Dezembro — Sobre o Repatriamento Coercivo e Perda de Angola nos últimos anos potenciou o aumento da car-
Alargada de Bens, anexo ao presente Despacho Presidencial, teira de investimentos públicos e privados. Contudo, muitos
de que é parte integrante. destes aconteceram sem o adequado acompanhamento das
2. A abordagem dos activos e bens referidos no número autoridades e instituições públicas competentes.
anterior visa garantir a gestão racional dos mesmos atra-
vés da minimização dos custos, optimização e eliminação Estratégica de Combate à Corrupção que prevê uma série de
da ociosidade, evitando o seu perecimento ou deterioração acções e medidas a serem tomadas, conferidas nos termos da
da sua capacidade de produção de receitas para a economia, lei com vista à promoção da integridade, transparência dos
bem como: Sectores Empresariais Público e Privado e de que resultam
a) Eliminar os riscos de perda de valor, optando por vários processos de investigação e instrução criminal.
alternativas de maior rentabilidade; 3. Dentre as várias medidas, a Política Estratégica de
b) Promover o aumento da receita do Estado com a
optimização, rentabilização ou sua alienação; -
c) Contribuir para a manutenção e geração de empre- dutos relacionados com crimes que se encontram no País ou
gos e igualdade de oportunidades económicas; no estrangeiro, e acções por parte de entidades judiciárias
d) Assegurar o registo da titularidade da transferência com vista à recuperação de activos constituídos com fun-
dos activos recuperados ao favor do Estado; dos públicos.
2556 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. Estes activos assumem naturezas diversas, nomea- 11. Nesta senda, para além da componente judicial asso-
ciada aos processos de recuperação de activos e tendo em
imobiliários e activos circulantes que estão domiciliados conta que os referidos activos resultaram de actividades
tanto no País, como no estrangeiro. ilícitas que lesaram o erário, a decisão sobre a abordagem
5. A transferência para a esfera do Estado de vários acti- aos activos recuperados deve assentar sobre as seguintes
premissas:
de uma abordagem clara sobre o destino de cada um destes
a) Legalidade — assegurando que a recuperação de
para orientar a acção das diferentes instituições envolvidas
activos decorram com estrita observância da lei,
no processo, evitar ambiguidade no tratamento dos casos,
bem como minimizar eventuais custos associados à gestão bem como o cumprimento e execução célere dos
destes e preservar o seu valor e operação, enquanto perma- trâmites legais para a transferência efectiva da
necem na esfera do Estado. titularidade para a esfera do Estado, permitindo
6. O presente Memorando tem como objectivo apre- assim que os órgãos do Estado consigam assumir
sentar a estratégia transversal de abordagem do Executivo controlo e dispor de todos os direitos enquanto
aos activos e produtos relacionados com crimes, recupera- proprietário;
dos pelo Estado, no País ou no estrangeiro. Importa referir b) Continuidade — aplicável aos activos empresa-
que a Estratégia aplica-se a empresas, acções e títulos, bens
riais economicamente viáveis para permitir a
móveis, propriedades imobiliárias e activo circulante.
estabilidade e continuidade das operações eco-
Exclui-se do presente documento os depósitos bancários ou
equivalentes recuperados no âmbito de processos crimes e nómicas das empresas, não tendo intenção nem
processos cíveis. necessidade de entrar em liquidação ou paralisar
II. VISÃO GERAL SOBRE OS ACTIVOS
RECUPERADOS c) Papel do Estado de Regulador da Economia —
7. O processo de apreensão e recuperação de activos pressupondo a redução do peso do Estado na
constituídos com recursos públicos enquadra-se na política economia e a promoção de iniciativas económi-
do Executivo de prevenção e combate à corrupção e impu- cas do Sector Privado, incluindo a privatização
nidade, que de resto, é um dos pilares do novo paradigma de
ou reprivatização de activos em sectores não
governação.
considerados como estratégicos para o Estado,
8. A recuperação de activos constituídos de forma ilícita
deve ser vista essencialmente como um importante instru- repassando, deste modo, a titularidade dos acti-
mento da aplicação da lei visando alcançar, de um modo vos para a esfera privada;
geral, a justiça social, a responsabilização, a introdução d) Satisfação das Necessidades Colectivas e a Justa
de mudanças estruturais na economia e a consolidação do Repartição da Riqueza Nacional — o destino
Estado de direito. Trata-se de um forte instrumento legal que
desincentiva o cometimento de crimes contra o erário.
9. Os activos recuperados resultam quer de processos- económica e social em prol dos cidadãos. Isso
-crime, quer de processos de natureza civil em que o
inclui a arrecadação de receitas por via da alie-
Estado tenha sido lesado, nos termos da legislação vigente
nação de imóveis e activos empresariais a preços
no Ordenamento Jurídico, nomeadamente a Lei n.º 9/18,
de 26 de Junho — Do Repatriamento de Recursos de mercado;
Financeiros, e da Lei n.º 15/18, de 26 de Dezembro — e) Economia — devendo o Estado procurar maximi-
Sobre o Repatriamento Coercivo e Perda Alargada de Bens. zar as receitas e minimizar os custos associados
10. Sem prejuízo do principal objectivo do processo de aos activos recuperados. Esta premissa inclui a
recuperação de activos que constitui na transferência, de liquidação célere de activos empresariais sem
activos e proventos resultantes de actividades ilícitas lesi-
vas ao erário, o Estado deve igualmente procurar aumentar
as suas receitas, por via da alienação dos bens, potenciando
f) Transparência — o processo de recuperação de
a sua acção na melhoria das condições de vida dos cidadãos
activos, a gestão e a eventual alienação destes
-
des ilícitas em causa. Estas medidas podem contribuir para deve ser o mais aberto e transparente possível.
Uma vez recuperado o Estado deve assegurar a
Estado de direito, antes enfraquecido com a impunidade de preservação do activo, evitando a deterioração
condutas criminosas lesivas ao Estado. da sua qualidade e respectivo valor.
I SÉRIE –– N.º 68 –– DE 19 DE ABRIL DE 2021 2557

12. Na sequência da recuperação de activos pelas


entidades judiciárias é fundamental a realização de um pré- responsável por: i) Manter a informação actualizada sobre
-
pré-diagnóstico deverá permitir a avaliação da viabilidade tos do Estado enquanto accionista no Sector Empresarial
Público; iii) Elaborar políticas de gestão das participações
abordagem a ser aplicada. do Estado e iv) Titular, em nome do Estado, as participa-
III. ESTRATÉGIA DE ABORDAGEM AOS ções sociais.
ACTIVOS RECUPERADOS 19. Uma vez consumado o acto de recuperação de activo
deve ser realizado um pré-diagnóstico que deverá permitir a
custos de preservação do valor dos activos pode colocar em
-
causa os benefícios económicos e sociais no âmbito de ges-
-os de acordo com o resultado de uma auditoria prévia com
tão desses activos. Por isso, é fundamental a determinação
vista a aferir a sua viabilidade económica. Este pré-diagnós-
de uma estratégia clara, bem como a gestão cuidadosa dos
tico deverá ser realizado pelo GT-PROPRIV (cf. capítulo
activos para assegurar a preservação do valor económico
V). A abordagem aos activos empresariais dependerá do
dos bens recuperados sob pena dos custos/perdas superarem
os seus proveitos.
mesmos, nomeadamente:
-
ridos activos, estes devem ser agrupados em função do risco, a) Abordagem para as Empresas Recuperadas com
Viabilidade Económica:
de optimizar o uso de recursos necessários para a sua ges- i. Tratar dos processos administrativos visando
tão, ao mesmo tempo que se potência a sua rentabilidade de a transferência efectiva da titularidade da
forma coordenada e sistemática.
15. Assim sendo, a Estratégia a ser adoptada suportará para que este usufrua dos plenos direitos das
a decisão de operar, manter e ou renovar, descartar (dissol- suas participações;
ver) ou alienar os activos recuperados a favor do Estado ii. Proceder-se ao levantamento da estrutura
directiva das empresas com vista ao seu
de actividade em que os vários activos se inserem apre- acompanhamento e nomeação imediata de
senta-se a seguir uma abordagem distinta para as diferentes representantes do Estado Angolano, caso se
classes de activos recuperados ou a serem recuperados no considere necessário para a salvaguarda do
futuro. interesse público, materializando assim a
a) Destino e Abordagem para os Activos Empre-
sariais iii. Considerar a possibilidade de nomeação de
16. No Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, Administrador(es) Delegado(s) com poderes
o Executivo reconhece a necessidade de reduzir o peso do gerais de supervisão e veto, lá onde a pru-
Estado na economia como fornecedor directo de bens e ser- dência indicar como medida mais adequada
viços para permitir o aumento da intervenção do Sector
e/ou a manutenção dos órgãos de gestão em
Privado e, consequentemente, promover a competitividade
funções por altura da intervenção do Estado.
das empresas e aumentar a qualidade e variedade de servi-
Deve ser feita uma análise casuística de cada
ços disponíveis à população. O Estado deve cada vez mais
-
actuar essencialmente como regulador, facilitador e coorde-
dade desta medida;
nador do desenvolvimento económico nacional harmonioso,
iv.
exercendo uma função de liderança na geração de sintonias
direcção, o Executivo deve imediatamente
e consensos baseados numa visão estratégica.
17. Por esta razão, defende-se que os activos empresariais nomear uma comissão de gestão, visando a
transferidos para a esfera do Estado, em sede do Processo de manutenção da operação e preservação do
Recuperação de Activos constituídos com recursos públicos, valor da empresa até a sua privatização;
sejam rapidamente devolvidos para a esfera privada, por via v. Inclusão no Programa de Privatizações
de reprivatização ou liquidação. (PROPRIV) em curso, através de um
18. Importa realçar que de acordo com o Estatuto Decreto Presidencial que actualiza o refe-
Orgânico aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 141/18,
de 7 de Junho, o Instituto de Gestão de Activos e Participações de acções, visando a sua alienação, no mais
do Estado (IGAPE), no domínio da gestão e controlo das curto espaço de tempo possível;
2558 DIÁRIO DA REPÚBLICA

vi. No âmbito da privatização, e considerando 21. Obviamente que, com o abrandamento do cresci-
a Oferta em Bolsa de Valores como o pro- mento económico nos últimos anos, o Sector Imobiliário foi
cedimento de privatização a adoptar para as negativamente afectado, resultando numa redução da procura
empresas mais rentáveis, deve-se considerar por activos imobiliários. Este elemento reduz o potencial de
a possibilidade do Estado reter uma parti-
arrecadação de receitas por via da sua alienação. No entanto,
cipação nas referidas empresas, uma vez
os custos associados à manutenção dos mesmos e os riscos
que a sua rentabilidade poderá trazer gan-
de deterioração, em caso de desuso, devem nortear a abor-
de progressão empresarial e de negócio. Ao dagem aos mesmos.
mesmo tempo, potencia-se a oportunidade de 22. Por outro lado, algumas instituições do Estado
alavancar e desenvolver o mercado bolsista e debatem-se com necessidades gritantes de instalações para
de valores mobiliários em Angola; acomodar, de forma condigna, as suas actividades. Em
vii. -
ceira independente, custeado pela empresa o aluguer de escritórios. Por esta razão, recomenda-se um
intervencionada, com vista a apurar a situa- levantamento junto aos órgãos interministeriais que não pos-
suam imóvel (sede) próprio ou que o possuam em regime
sustentar a estratégia a ser adoptada. Importa
enfatizar que o aqui mencionado insere-se no
leque de medidas a serem tomadas a curto de alguns destes activos como forma de redução de custos e
- optimização da despesa do Estado.
bilidade para os activos que está directamente 23. Com a conclusão da transferência da titularidade dos
activos imobiliários para a esfera do Estado deve ser reali-
ser feito ao negócio. zado um trabalho entre o Ministério das Obras Públicas e
b) Abordagem para as Empresas Recuperadas Não Ordenamento do Território e o Ministério das Finanças, atra-
Rentáveis ou sem Viabilidade Económica:
i. Acelerar os trâmites legais para a transferên-
cia efectiva da titularidade para a esfera do
com a elaboração de um relatório.
Estado, permitindo o pleno gozo de direitos;
24. Propõe-se uma abordagem distinta aos activos imobi-
ii. Promover a sua capitalização com os meios
monetários disponíveis e pertencentes as pró- liários, de acordo com a sua natureza, conforme o seguinte:
prias empresas recuperadas; Caso se mostre a) Abordagem aos Activos Imobiliários para os Fins
Comerciais ou Escritórios:
conforme ponto seguinte; i. Tratar dos procedimentos administrativos para
iii. Liquidação da empresa e alienação dos res- a transferência efectiva da titularidade do
pectivos activos, permitindo o encaixe activo imobiliário para o Estado, visando o
exercício dos plenos direitos sobre o imó-
e cumprir com os compromissos assumidos
vel, sob gestão da Direcção Nacional do
com eventuais credores;
Património do Estado;
iv. Privilegiar o modelo de leilão electrónico ou
concurso público para garantir maior transpa- ii. Promover a avaliação imobiliária indepen-
rência e maximizar o potencial de arrecadação
de receitas para o Tesouro. Comissão de Mercado de Capitais;
b) Destino e Abordagem para os Activos Imobiliá- iii. Realizar as diligências necessárias para a
rios Recuperados no País alienação destes imóveis, privilegiando as
20. Vários estudos internacionais indicam que o Sector modalidades de concurso público, leilão elec-
Imobiliário está entre os principais destinos dos recursos trónico ou a contratação de um intermediário
provenientes de actividades ilícitas ou aquelas relaciona- imobiliário, em função da dimensão do imó-
vel. O intermediário deverá ser remunerado
terrorismo. Por esta razão e como resultado de investiga-
na base de uma taxa de sucesso; e
ções criminais, entidades judiciárias nacionais têm vindo a
recuperar vários activos imobiliários construídos com iv. Os custos associados à preservação destes
recursos públicos. É expectável que o Estado venha a activos devem ser cobertos pelo Fundo do
recuperar mais activos imobiliários, em função de novas Programa de Privatizações e executados pelo
descobertas nos processos de crime em curso. Instituto Nacional de Habitação.
I SÉRIE –– N.º 68 –– DE 19 DE ABRIL DE 2021 2559

b) Abordagem aos Activos Imobiliários para os Fins 26. Para os activos circulantes recuperados no País deve
Habitacionais: ser adoptada a seguinte abordagem:
i. Registar a titularidade do activo imobiliário i. Registar a titularidade do activo circulante em
em nome do Estado, visando o exercício dos nome do Estado, visando o exercício dos ple-
plenos direitos sobre o imóvel, sob gestão da
nos direitos sobre o imóvel, sob gestão da
Direcção Nacional do Património do Estado;
Direcção Nacional do Património do Estado;
ii. Os imóveis considerados premium (com valor
de mercado acima da média) devem ser alie- ii. Proceder ao diagnóstico do estado de con-
nados com recurso à intermediários/agentes
imobiliários que deverão ser remunerados na a melhor estratégia de valorização e conse-
base de uma taxa de sucesso (success fee) ou quentemente projectar-se o potencial valor a
por via de leilão electrónico, de acordo com ser arrecado para o Estado;
a dimensão do activo. Esta tarefa deverá ser iii. Alienação dos activos circulantes recupe-
realizada pelo Ministério das Finanças, atra-
rados por via de concurso público ou leilão
vés da Direcção Nacional do Património do
electrónico;
Estado;
iv. -
iii.
sob gestão do Instituto Nacional de Habitação, nir um limite que vai até 50% dos meios
enquanto órgão responsável por assegurar circulantes recuperados para reverter a favor
a gestão e venda dos imóveis construídos de instituições públicas, como a Polícia
no âmbito dos projectos habitacionais do Nacional, hospitais públicos, Governos
Provinciais, Administrações Municipais e
na modalidade de renda resolúvel à seme- outros, de acordo com as suas necessidades e
lhança dos restantes projectos de habitações
características dos meios em causa.
sociais construídos ao abrigo do Programa
d)
Nacional de Urbanismo e Habitação;
Encontrem no Estrangeiro
iv. Para as residências ainda em fase de cons-
trução, sem as infra-estruturas de base, 27. Em primeira instância, a abordagem para os acti-
recomenda-se, a elaboração de um plano de vos que se encontrem no estrangeiro são distintas, uma vez
conclusão obras, pelo Ministério das Obras que os processos legais para o efeito implicam a cooperação
Públicas e Ordenamento do Território, atra- judiciária internacional e procedimentos mais complexos e
vés do Instituto Nacional de Habitação, morosos, relativamente aos activos no País.
visando a sua posterior comercialização nos 28. Por outro lado e uma vez consumada a recuperação
termos da alínea anterior;
dos referidos activos, o seu tratamento deve diferenciar-se
v. Relativamente às habitações sociais ainda em
dos activos domiciliados no País, na medida em que nem
fase de construção, com as infra-estruturas
sempre estes poderão ser repatriados. Assim sendo, propõe-
já integradas, sugere-se a sua alienação ao
Sector Privado (empresas e cooperativas), -se a seguinte abordagem para os activos recuperados no
ou considerar uma parceria público-privada, estrangeiro:
para a conclusão e comercialização destes i. Procurar a cooperação judiciária para asse-
fogos habitacionais. Em ambos os casos, des- gurar a transferência da titularidade dos
carta-se a possibilidade de haver desembolsos activos empresariais para a esfera do Estado
Angolano através do IGAPE ou indicar uma
para a conclusão das referidas obras.
empresa pública para o efeito;
c) Destino e Abordagem para os Activos Circulan-
ii. Avaliar a viabilidade económica das empre-
tes
sas recuperadas no estrangeiro, visando a
25. É previsível que no decorrer dos processos em curso
ou no futuro sejam recuperados bens desta natureza, que inclusão no PROPRIV para as empresas eco-
incluem automóveis, motociclos, barcos e aviões. Deste nomicamente viáveis e liquidar as empresas
não rentáveis, potenciando as receitas decor-
rentes deste processo;
2560 DIÁRIO DA REPÚBLICA

iii. Relativamente aos activos imobiliários, con- V. COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL


tratar um intermediário para auxiliar no 34. A gestão de activos provenientes de actividades ilí-
processo de alienação, prevendo a sua remu- citas lesivas ao Estado, e posterior alienação, implica uma
neração na base de uma taxa de sucesso. Nos coordenação estreita entre as instituições do Estado visando
- a redução de custos, a preservação da operação e do valor
dos activos e a maximização das receitas provenientes de
ções próprias para as missões diplomáticas ou
eventuais processos de venda.
consulares angolanas propõe-se a afectação a
35. É fundamental que, a nível das estruturas do
estas, de uma parte dos imóveis recuperados;
iv. Para os activos circulantes, propõe-se a sua pela recepção formal dos diferentes activos recuperados, de
alienação imediata, com o apoio das missões acordo com a sua natureza. Considerando as atribuições das
diplomáticas dos respectivos países; diferentes instituições do Executivo, ao que sugere-se que a
v. As receitas decorrentes de todos os activos, distribuição seja da seguinte forma:
tanto no País, como no estrangeiro, devem ter

no Banco Nacional de Angola. TABELA 1


IV. COMUNICAÇÃO
29. O processo de gestão de activos deve prever um Recuperados do Estado por Fase de Recuperação

de todas as partes interessadas sobre a agenda do Executivo Fase de


Entidade
Recuperação
nesta matéria e a sua fundamentação, por forma a aumentar
Activos Empresariais
a cooperação com as entidades do Estado.
Instituto de Gestão de Activos
a) Comunicação Interna Participações em empresas, e Participações do Estado de
títulos e equivalentes
30. A comunicação interna visa em primeira instância do Activo

partilhar com entidades do Estado a estratégia do Executivo Activos Imobiliários


Activos
- Formalmente
- Direcção Nacional do Patri-
ciais ou escritórios mónio do Estado
cientização sobre os objectivos e metodologia a adoptar no Entregues ao
Estado Imóveis habitacionais (pre- Direcção Nacional do Patri-
processo, bem como informar e monitorar a sua implemen- mium) mónio do Estado
Imóveis habitacionais (Casas Instituto Nacional de Habi-
tação, promovendo a cultura de transparência. sociais) tação
31. De igual modo, é importante manter uma comunica- Activo Circulante
Automóveis, Aviões, Motoci- Direcção Nacional do Patri-
clos, barcos e outros mónio do Estado
sobre as empresas transferidas para a esfera do Estado. Esta
comunicação é fundamental para garantir um alinhamento 36. Uma vez formalmente entregues ao Estado, o IGAPE
com os parceiros privados sobre o futuro das empresas e as é indicado para fazer a gestão das empresas recuperadas por
respectivas abordagens a serem adoptadas.
exercer os direitos do Estado enquanto accionista no Sector
b) Comunicação Externa
Empresarial Público e elaborar políticas de gestão das par-
32. Tendo em conta o interesse público, a necessidade ticipações do Estado, conforme estabelecido no Decreto
- Presidencial n.º 141/18, de 7 de Junho, que aprova o seu
mento do estado de direito e enfatizar na coerência da agenda Estatuto Orgânico.
37. No entanto, a supervisão e coordenação metodoló-
das acções no domínio da gestão dos activos recuperados e gica das actividades das empresas transferidas para a esfera
da estratégia do Executivo sobre os mesmos. do Estado deve ser sempre feita pelo Ministério de tutela
33. Esta comunicação tem como alvo a sociedade em do respectivo sector de actividade, em coordenação com o
Ministério das Finanças, enquanto órgão de tutela do sector
geral e incluem o público externo, tais como: academia,
empresarial público.
media e sociedade civil e deve assegurar a compreensão
38. Os bens patrimoniais, uma vez transferidos para a
da agenda geral do Executivo nesta matéria, a visibilidade
- congregue representantes das diferentes instituições que
sados em colaborar com o Estado na sua materialização.
Esta comunicação deve ser transmitida pelos mais diversos activos recuperados, visando atingir a prossecução da estra-
I SÉRIE –– N.º 68 –– DE 19 DE ABRIL DE 2021 2561

39. Assim sendo, no intuito e evitar a duplicação de iv. Propor a nomeação de administradores-dele-
gados, gestores ou comissões de gestão para
recuperados terá como destino a privatização, recomenda- os activos empresariais, caso seja necessário
-se que a coordenação institucional para o efeito seja feita para salvaguardar os interesses do Estado;
a nível da Comissão Nacional Interministerial responsável v. Propor a contratação de serviços de auditoria
pela Execução do PROPRIV, nos seguintes termos: para a revisão às contas e proceder um diag-
i. Atribuir à Comissão Nacional para a
Implementação do Programa de Privatizações patrimonial das empresas recuperadas;
— CNIPROPRIV, coordenada pelo Ministro vi. Propor a alienação (reprivatização) dos acti-
de Estado para a Coordenação Económica, a vos recuperados, nos termos da estratégia de
incumbência de executar a estratégia de abor- abordagem aos activos recuperados;
dagem aos activos recuperados; vii. Criar uma base de dados actualizada sobre os
ii. Esta opção implica o envolvimento dos auxi-
liares dos Ministros representados na referida atempada da estratégia a adoptar; e
Comissão, ao nível do Grupo Técnico de viii. Propor a realização de despesas com vista à
apoio à CNIPROPRIV; preservação do valor dos activos recuperados.
iii. Criação de um subgrupo técnico da VI. BENCHMARKING INTERNACIONAL
CNIPROPRIV, coordenado pelo Secretário
de Estado para as Finanças e Tesouro
e produtos relacionados com crimes e recuperados pelo
Estado, no País ou no estrangeiro aproveitando as experiên-
CNIPROPRIV na execução da estratégia de
abordagem aos activos recuperados. O refe-
boas práticas que se relacionam com a abordagem da estra-
rido subgrupo tem a seguinte composição:
tégia delineada.
i. Secretário de Estado das Finanças e
42. Neste contexto, da análise comparativa considerar
Tesouro (Coordenador);
experiências baseadas em vários países, tais como Itália,
ii. Secretário de Estado da Justiça;
França, Tailândia, Estados Unidos e Brasil que apresentam
iii. Secretário de Estado da Economia;
as seguintes soluções para a gestão desses activos:
iv. Secretário de Estado da Indústria;
i. Designação de uma estrutura existente para
v. Secretário de Estado do Ordenamento do
desempenhar as funções previstas na lei,
Território;
assumindo esta a coordenação e o controle
vi. Vice-Governador do Banco Nacional de
físico dos activos;
Angola;
ii. Estabelecimento de um gabinete novo (agên-
vii. Presidente do Conselho de Admi-
nistração do IGAPE; cia) centralizado para a administração, gestão
viii. Representante do Secretário do Presi- e armazenamento dos activos recuperados;
dente da República para os Assuntos iii. Remoção de entes privados de activos e
Judiciais e Jurídicos. proventos resultantes de actividades ilíci-
40. O Subgrupo Técnico acima referido tem as seguin- tas lesivas ao erário público, procurando o
tes atribuições: Estado aumentar as receitas por alienação dos
i. Auxiliar o Ministro de Estado para a Coor- bens e potenciando a acção deste na melhoria
denação Económica na execução da Estratégia -
de Abordagem aos Activos Recuperados;
ii. Assegurar a transferência efectiva da titula- no funcionamento do estado de direito;
ridade dos activos recuperados no processo iv. Privatização ou reprivatização de activos em
de recuperação de activos, para a esfera do sectores não considerados estratégicos para o
Estado; Estado, passando para a esfera privada;
iii. Despoletar o processo de levantamento das v. Maximizar as receitas e minimizar os custos,
condições e realizar um pré-diagnóstico da tendo como premissa a liquidação célere de
situação actual em que se encontram os acti- activos sem viabilidade económica, redu-
vos transferidos para a esfera do Estado;
2562 DIÁRIO DA REPÚBLICA

vi. Garantia da transparência em todo o processo conta a salvaguarda do interesse público até à
de gestão de activos recuperados, assegu- sua privatização, bem como a contratação de
rando o Estado a preservação do activo,
evitando deterioração da qualidade e valor, ix. Com vista a maior arrecadação de recei-
podendo pôr em causa a credibilidade do tas para o Tesouro do Estado os modelos
processo; de leilão electrónico e ou concurso público
vii. garantem maior transparência;
x.
económica e modelos de gestão, potenciando Programas de Recuperação de Activos de
a sua rentabilidade que deve ser de forma sis- forma mais geral, dando um valor simbólico
temática e coordenada; que o produto do crime é usado para comba-
viii. Nos activos com viabilidade económica são ter o crime.
nomeados representantes do Estado ou cons- O Presidente da República,
tituída uma Comissão de Gestão, tendo em

O. E. 589 - 4/68 - 150 ex. - I.N.-E.P. - 2021

Você também pode gostar