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Índice
1. Introdução ......................................................................................................................................... 2
2. O Exercício da advocacia em Angola ................................................................................................ 5
2.1. Notas Preliminares .................................................................................................................... 5
2.2. Enquadramento legal ................................................................................................................ 8
2.3. Formas de Exercício da Advocacia ............................................................................................ 9
3. Actos próprios do Advogado .......................................................................................................... 13
3.1. Razões de exclusão.................................................................................................................. 13
4. Ética e Deontologia Profissional do Advogado (contexto angolano) ............................................ 15
4.1. Generalidades e sua Aplicabilidade ........................................................................................ 15
4.2. Regime de Responsabilização do Advogado por Violação de Regras Deontológicas. ............ 22
Conclusões ............................................................................................................................................... 27
Referências Bibliográficas ....................................................................................................................... 29
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1. Introdução
As relações sociais desde os tempos remotos que sempre envolveu uma natural
conflitualidade entre os humanos. Neste pensamento, a criação e a positivação das
normas a nível das sociedades modernas, sustentou a criação e emancipação dos
Estado Democrático de Direito, sendo que, nesta positivação, sempre esteve adstrita
a valorização de forma subjacente o ser humano nas suas relações de âmbito social.
Assim, no princípio do Estado de Direito de modo geral, pressupõe, a garantia da
protecção jurídica e abertura da via judiciaria, para assegurar ao cidadão uma defesa
sem lacunas.1
O que implica não só a afirmação da Justiça como fim do Estado, mas a sua
concretização por via do princípio da tutela jurisdicional efectiva, numa lógica de que
os cidadãos podem e devem recorrer aos tribunais em caso de conflito entre
particulares ou com o Estado, bem como diante de violações de direitos, não podendo
os Tribunais denegar-lhes Justiça, inclusive mesmo em caso de insuficiência
normativa.2
Este direito a defesa, atribuída ao cidadão no geral, são levados a cabo conforme já
mencionado pelos profissionais forenses (advogados) e estes, tendo em atenção a
tamanha e complexa vida profissional, estão devidamente limitados em termos de
1
Cfr. Raul Araújo e Elisa R. Nunes, Constituição Anotada, tomo I, pág. 184
2
Hortêncio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue, Advogado estagiário titular da Cédula provisória n.º 3951
na sua dissertação de conclusão de estágio.
3
Mandato forense
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Nestes moldes, o trabalho apresenta-se em três partes sendo que na primeira, a nossa
abordagem vai remeter-se à uma contextualização do exercício da profissão de
Advogado em Angola, apresentando de modo geral aos normativos que norteiam o
seu exercício no nosso ordenamento, e na mesma reflexão, enunciando o seu devido
enquadramento legal e as formas de exercício. Na segunda abordagem, analisaremos
também os actos próprios dos advogados bem como as razões de exclusão de outros
profissionais com relação aos actos próprios dos advogados que no seu todo em
termos de preclusão o faremos a abordagem voltada Ética e Deontologia Profissional
do Advogado (Realidade Angolana), enunciando o seu regime de responsabilização
pelos actos praticados pelos advogados que extrapolem com previsto nas normas que
norteiam o exercício da advocacia em Angola, bem como, de outras que com natureza
punitiva.
Nesta senda, aproveitamos desde já endereçar as desculpas pelos possíveis erros que
contenha o trabalho, e com vossa benevolência estritamente humana e profissional,
aceitamos de modos a continuarmos no espírito do trabalho e melhoramento e
superação humana.
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A palavra advogado, (do latim advocatu), significa aquele que advoga em juízo,
Licenciado em Direito, inscrito na Ordem dos Advogados, profissional que exerce as
funções de carácter técnico-jurídico; patrono; protector; defensor;4, acrescenta-se no
mesmo sentido, VOCATOS- chamado, invocado, significando assim, àquele que é
chamado para ajudar e/ou profissional legalmente habilitado para litigar em juízo 5.
Ora durante os primórdios, a profissão de advogado na realidade angolana não foi e
de algum modo acentuado, todavia, verificava-se, a existência de um sistema judicial
de matriz consuetudinária, com cariz quase arbitral onde o soberano dirigia o
julgamento auxiliado pelo conselho de anciãos, com um profundo sentido de justiça``,
tendo a igualdade como ´´regra primária do Direito bantu” 6 , praticamente não se
aplicava in concreto os modus operandis da forma de advogar próprios das realidades
greco-romanas7.
4
Cfr. Dicionário Integral de Língua Portuguesa, Texto Editora, Lda. -Angola pag. 35
5
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/advogar- data: 18-10-20
6
Cfr. Cultura Tradicional Banto, Luanda, 1993 apud Marcolino Moco, Estudos jurídicos Vol. I, Luanda,
Caxinde Editora, 2008, pág. 141. Citado pelo Colega ) Hortêncio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue,
Advogado estagiário titular da Cédula provisória n.º 3951 na sua dissertação de conclusão de estágio.
7
Cfr. Moisés Mbambi, O Direito Proverbial Entre Os Ovimbundu, in Jornal de Angola de 14 de Janeiro de
1990 e ainda Alain Souto Rémy, As ´´autoridades tradicionais`` angolanas, in Revista do Direito de Língua
Portuguesa, n.º 4, Lisboa, IDILP, 2014, pág. 15 Advogado estagiário titular da Cédula provisória n.º 3951 na
sua dissertação de conclusão de estágio: (…) - Todavia, verificava-se ali, a existência de um sistema judicial
de matriz consuetudinária, com cariz quase arbitral onde o soberano dirigia o julgamento auxiliado pelo
conselho de anciãos, com um´ ´profundo sentido de justiça``, tendo a igualdade como ´´regra primária do
Direito bantu``52. Na etnia ovimbundu, por exemplo, Moisés Mbambi avança um cenário em que, de entre os
anciãos que coadjuvam o soberano (soma), os olossekulu, alguns deles, os olongandji, desempenham a função
de advogado de defesa e outros de acusação, com forte recurso à sabedoria proverbial53. Parece-nos ser
legítimo inferir que só os anciãos de idoneidade moral irrepreensível são aceites pela comunidade para
assumir tal papel. Pág. Nº 09 - citado pelo advogado estagiário (na altura) Hortêncio Elias Tancredo da Cruz
Sanumbutue.
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8
Cfr. Raúl Araújo/ Elisa Rangel Nunes e Marcy Lopes, Constituição da República de Angola Anotada, Tomo
II, Gráfica Maiadouro, Luanda 2018, pág. 600
9
Cfr. http://www.oaang.org/content/historial- data de acesso: 17 de 10 de 2020
10
Cfr. Raúl Araújo/ Elisa Rangel Nunes e Marcy Lopes, Constituição da República de Angola Anotada, Tomo
II, Gráfica Maiadouro, Luanda 2018, pág. 601
11
Cfr. http://www.oaang.org/content/historial- acedido aos 18 /2/20 - (…) das reivindicações profissionais dos
advogados do território, razão porque a advocacia praticada em Angola no período colonial caracterizava-se,
essencialmente, por:
1. exercício liberal da profissão;
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15
Ibidem, pág. 604
16
Importa realçar que, tendo em atenção a necessidade de se fazer uma abordagem mais actual, entendemos
não mencionar em termos genéricos as leis até então revogadas. Citamos apenas neste capítulo, as normas
actuais e em vigor, para que haja uma leitura mais actualista para levantar sempre que necessário, interpretações
que facilitem a compreensão da leitura do material.
17
Cfr.CRA. - Artigo 193.º (Exercício da advocacia):
1. A advocacia é uma instituição essencial à administração da justiça.
2. O Advogado é um servidor da justiça e do direito, competindo-lhe praticar em todo o território nacional
acto profissionais de consultoria e representação jurídicas, bem como exercer o patrocínio judiciário, nos
termos da lei.
3. Compete à Ordem dos Advogados a regulação do acesso à advocacia, bem como a disciplina do seu
exercício e do patrocínio forense, nos termos da lei e do seu estatuto.
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18
a) Assembleia Geral;
b) bastonário;
c) Conselho Nacional;
d)Delegados;
e) Concelhos Provinciais;
f) Delegados;
g) comissão de ética e disciplina; e o
h) centro de Estudos e formação
10 | P á g i n a
Tendo em atenção a proliferação de cursos de Direito no país, e por sua vez, causou
uma baixa na sua qualidade, foi aprovado o Regulamento nº 1/19 de 7 Março –de
Acesso à Advocacia, que trouxe novas regras e parâmetros para o acesso à profissão,
exigindo aos interessados nela, a inscrição dependente da aprovação ao exame
nacional da OAA para o exercício da profissão conforme o previsto nos artigos 5.º,
7.º e ss. O estágio de Advocacia, observa também determinadas excepções, isto é,
certos profissionais como Magistrado Judicial e do Ministério Público, como boa
informação por um período igual ou superior a do estágio, equivale à realização do
estágio (nº 2 do artigo 18.º), bem como os docentes e antigos docentes de direito do
ensino superior, com a categoria de professor , nos termos do Estatuto da carreira
docente do Ensino superior e os Doutores em Direito, ( nº 03 do artigo 18.º), todos
do regulamento do acesso à Advocacia.
19
Cfr., artigo 8-º da Leil 8/17 de 13 de Março – LEI DA ADVOCACIA
20
Entidade responsável pela instrução do advogado estagiário. Cabendo ao mesmo, a responsabilidade de
emitir um juízo positivo ou não sobre a preparação do profissional para o livre e continuo exercício da
advocacia. Vide artigo 23.º do regulamento do acesso à advocacia nº 1/19 de 7 Março.
11 | P á g i n a
Para o cumprimento dos desideratos que cada profissional procura dentro das suas
possibilidades, os advogados optam pelos modelos/formas de exercer à profissão
disponíveis no ordenamento jurídico angolano. Assim de modo geral, a forma que
cada um opta, vai em certa medida, estar interligado com a sua perícia e técnica das
matérias que domina. Em função da complexidade das normas jurídicas,
principalmente num país onde a produção normativa é elevada, tanto do ponto de
vista de novas leis, revogações expressas ou parciais, exige do profissional liberal
maior atenção e cuidados redobrados em relação as referidas matérias. Por isto
mesmo, a Ordem dos Advogados, ao elaborar os seus instrumentos de regulação fez
a previsão das variadas formas de exercício da profissão.
O exercício a título singular ou então de forma isolada, remonta dos séculos passados.
Mas com o evoluir do tempo e em atenção as dinâmicas dos mercados, a
complexidade de matérias e elevada produção legislativa, este modelo aos poucos vai
dando lugar a maior concentração de advogados em Associações e em sociedades de
advogados. Entre as várias características que podemos encontrar no exercício da
advocacia a titulo individual, citamos por exemplo, a responsabilidade particular
pelos actos praticados enquanto profissional, a tributação de rendimentos de trabalho,
em percentagens como se dum trabalhador (ligado à um empregador) se tratasse e
pela especialização em função aos vários tipos de problemas/matérias relacionados
ao direito existem, retirando como é evidente, a grande possibilidade de estender os
21
Cfr. Lei das sociedades e Associações de Advogados
22
Cfr. Artigo 2º da Lei 16/16 de 30 de Setembro
12 | P á g i n a
seus serviços para áreas que naturalmente não possua domínios profundos sobre a
matéria.
23
Cfr. Hortênsio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue, trabalho de éctica e deontologia profissional, de
conclusão de estágio.
24
Cfr: SANTOS, Ramiro dos, Tributação da sociedade de Advogados, Incentivos Fiscais e Investimento
Privado, 1ª Edição, 2018, Editora WA-Editora, pág. 26
25
Ibidem.
13 | P á g i n a
26
Os mandatos forenses, têm natureza própria, e não pode ser praticado por qualquer pessoa(salvo melhor
entendimento), tendo em atenção aos dispositivos legais já citados, combinados com o artigo 32.º e seguintes,
do Código de processo civil, e o 29.º da Constituição da República de Angola, determinando deste modo, para
situações relacionados ao tribunal existir a obrigatoriedade da parte interessada, a constituição por mandato
(procuração forense) com a excepção com o previsto na lei assistência judiciaria26 advogado e/ou advogado
estagiário, devidamente legalizado para o representar em juízo ou fora dele.
27
É um dever que apenas recai de forma especial aos advogados, tendo em conta que, os actos próprios dos
advogados, foram totalmente especificados de modos a se evitar pessoas que não dominam de forma profunda
os conteúdos jurídicos, ou até, aqueles que nem formação para o efeito possuem, pratiquem actos inerentes à
Advocacia e/ou ponham em causa direitos dos cidadãos que recorrem a estes serviços.
28
sendo uma faculdade exclusiva dos advogados, apenas estes profissionais devem garantir uma defesa
condigna dos direitos de qualquer cidadão, seje qualquer que seja a sua natureza.
14 | P á g i n a
Muitos são os problemas que as classes da ordem dos advogados se têm debatido,
com relação a procuradoria ilícita bem como ao exercício ilegal da profissão. Destas
nuances acima expostos, afiguram-se inúmeros factores que combinaram para a razão
da exclusão de outros profissionais efectuarem trabalhos de procuradoria forense
como de Advogados se tratassem. Na nossa humilde opinião, os principais factores
resultam essencialmente do seguinte:
29
Cfr. Regulamento de acesso à advocacia, IIº SÉRIE Nº 30 DE 7 DE MARÇO DE 2019
15 | P á g i n a
31
Dada a imensa matéria relacionado ao artigo, sugerimos ao caro leitor a consulta do documento oficial para
efeitos de melhor compreensão.
16 | P á g i n a
actuação pautada nos valores morais, visando ao mesmo tempo proteger o homem e
construir o cidadão,32 «…no advogado, a rectidão de consciência é mil vezes mais
importante do que o tesouro dos conhecimentos. Primeiro, ser bom; depois, ser
firme; por último, ser prudente; a ilustração vem em quarto lugar; a perícia no fim
de tudo».33
Advogado exerce uma função de interesse público, não pode ser respeitado e impor-
se quando a sua vida pessoal merece censura ética, não se consubstanciando na sua
pessoa um pólo de autoridade moral”, e noutro prisma, Rafael José Mendes, reforça
que, à mulher de César não basta ser séria, mas também tem de parecer ser, o
advogado enquanto “órgão auxiliar” da realização da justiça, não deve ter um escopo
deveras antagónico à sua função social, tendo para isso que contribuir com o
necessário decoro ligado à profissão, quer no exercício da profissão quer na sua vida
particular, na medida em que tal não adentre o direito à reserva da vida privada e do
livre desenvolvimento da personalidade35.
32
Cfr. Hortênsio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue, trabalho de ética e deontologia profissional de conclusão
de estágio.
33
Do mesmo autor.
34
Cfr. https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica- acedida: 5 de Novembro de 2020, 18H:07
35
Cfr. Rafael José Ferreira Mendes, os deveres deontológicos dos advogados, O cumprimento dos deveres
comunitariamente impostos en face do Crime de Branqueamento de Capitais, dissertação de mestrado em
direito: especialidade em ciência jurídica forenses, universidade de Coimbra, Janeiro de 2017, Pág. 9 disponível
em: https://eg.uc.pt/bitstream/10316/84236/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Completa.pdf
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36
Cfr. Dicionário Integral de Língua Portuguesa, editor texto editores, Lda. 3ª edição, 2010, Pág. 472
37
Cfr. O Preâmbulo do código de Ética e Deontologia profissional da Ordem dos Advogados de Angola,
aprovada em Assembleia Geral, nos dias 20 e 21 de Novembro de 2003.
38
Cfr. Rafael José Ferreira Mendes, os deveres deontológicos dos advogados, O cumprimento dos deveres
comunitariamente impostos en face do Crime de Branqueamento de Capitais, dissertação de mestrado em
direito: especialidade em ciência jurídica forenses, universidade de Coimbra, Janeiro de 2017, Pág. 13
disponível em:
https://eg.uc.pt/bitstream/10316/84236/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Completa.pdf
39
Cfr. Estatuto da Ordem dos Advogados CAPÍTULO V DEONTOLOGIA PROFISSIONAL. artigo 60º
(Independência e isenção): 1. O advogado deve, no exercício da profissão e fora dela, considerar-se um
servidor da justiça e do direito e, como tal, mostrar-se digno da honra e das responsabilidades que lhe são
inerentes. 2. No exercício da profissão, o advogado manterá sempre e em quaisquer circunstâncias a maior
independência e isenção, não se servindo do mandato para prosseguir objectivos que não sejam meramente
profissionais. 3. O advogado cumprirá pontual e escrupulosamente os deveres consignados neste Estatuto e
todos aqueles que a Lei, usos, costumes e tradições lhe imponham para com outros advogados, a magistratura,
os clientes e quaisquer entidades públicas e privadas.
18 | P á g i n a
40
Artigo 62º do estatuto da O.A.A- Constituem deveres do Advogado para com a comunidade: a) Pugnar pela
boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento das instituições jurídicas;
b) Não advogar contra lei expressa, não usar de meios ou expedientes ilegais, nem promover diligências
reconhecidamente dilatórias, inúteis ou prejudicais para a correcta aplicação da lei ou a descoberta da
verdade; c) Recusar o patrocínio a questões que considere manifestamente injustas; d) Colaborar no acesso
ao direito e aceitar nomeações oficiosas nas condições fixadas na lei e pela Ordem; e) Protestar contra as
violações dos direitos humanos e combater as arbitrariedades de que tiver conhecimento no exercício da
profissão; f) Não solicitar nem angariar clientes por si nem por interposta pessoa; g) Não aceitar mandato ou
prestação de serviços profissionais que, em qualquer circunstância, não resulte de escolha directa e livre pelo
mandante ou interessado.
41
1. Constituem deveres do Advogado para com a Ordem dos Advogados: a) Não prejudicar os fins e prestigio
da Ordem; b) Colaborar na prossecução das atribuições da Ordem, exercer os cargos para que tenha sido
eleito ou nomeado e desempenhar os mandatos que lhe foram confiados; c) Observar os costumes e praxes
profissionais; d) Declarar ao requerer a inscrição, para efeito de verificação de incompatibilidade, qualquer
cargo ou actividade profissional que exerça; e) Suspender imediatamente o exercício da profissão e requerer,
no prazo máximo de 30 dias, a suspensão da inscrição na Ordem quando ocorra incompatibilidade
superveniente; f) Pagar pontualmente as quotas e outros encargos devidos à Ordem, estabelecidos nestes
Estatutos e nos Regulamentos, suspendendo-se o direito de votar e de ser eleito para os órgãos da Ordem dos
Advogados e o exercício da profissão se houver atraso superior a 3 meses; g) Dirigir com empenhamento o
estágio dos advogados estagiários e elaborar a respectiva informação final; h) Participar à Ordem dos
Advogados qualquer caso de exercício ilegal da profissão de que tome conhecimento; i) Comunicar, no prazo
de 30 dias, qualquer mudança de escritório; j) Comparecer, pontualmente, sempre que notificado pela OAA,
para responder em processos disciplinares, constituindo a não comparência injustificada falta disciplinar; k)
Responder, pontualmente, às solicitações de informações e convocatórias do Conselho Nacional e do conselho
provincial da OAA
2. O não pagamento ou atraso no pagamento das quotas devidas à Ordem dos Advogados - e caso o atraso se
prolongue até 3 meses - é passível de pagamento de uma multa, cujo valor etermos devem ser fixados pelo
19 | P á g i n a
c) Segredo profissional42;
d) Deveres do advogado para com o cliente;43
e) Recusa do patrocínio44
f) Deveres recíproco dos advogados;45
g) Deveres para com os julgadores;46
h) Dever geral de urbanidade; 47
Conselho Nacional. Sem prejuizo do disposto no parágrafo anterior, caso o incumprimento se mantenha até
seis meses, deve suspender-se imediata e preventivamente do exercício da profissão o advogado e ser-lhe
instaurado um processo disciplinar em que a sanção a aplicar será a da alínea d) e seguintes do artigo 86º
dos Estatutos.
42
Ibidem, artigo 65.º
43
Ibidem, artigo 67.º
44
Ibidem, artigo 69.º
45
Ibidem, artigo 70.º
46
Ibidem, artigo 71.º
47
Ibidem, artigo 73.º
48
("Quota Litis" e Divisão de honorários) É proibido ao advogado: a) Exigir, a título de honorários, uma parte
do objecto da divida ou de outra pretensão; b) Repartir honorários, excepto com colegas que tenham prestado
colaboração; c) Estabelecer que o pagamento de honorários fique exclusivamente dependente dos resultados
da demanda ou negócio.
49
(“Quota litis”)1. A “quota litis”, em sentido estrito, é proibida e não integra o conceito de honorários
profissionais. 2. Entende-se por “quota litis” em sentido estrito o acordo entre o advogado e o seu cliente,
anterior à conclusão do assunto a tratar, em virtude do qual o cliente se compromete a pagar ao advogado,
unicamente, uma percentagem do resultado do assunto, independentemente de consistir numa soma em
dinheiro, num outro qualquer benefício, ou no valor que o cliente consiga com o assunto. 3. Não constitui
“quota litis” o acordo que tenha por objecto fixar honorários alternativos segundo o resultado do assunto,
sempre que se contemple o pagamento efectivo de alguma quantia que cubra os custos mínimos da prestação
20 | P á g i n a
“quota litis”, que de um modo prático e real, ainda vão se verificando nas relações
entre advogados e consulentes 50 . De um lado este problema está devidamente
relacionado com as situações financeiras que muitos cidadãos encontram para pagar
os serviços jurídicos, e por outro, porque do lado do profissional forense, exista um
provável interesse em manter as relações profissionais com o necessitado observáveis
no plano do imaterialismo. Esta proibição é evidente e aceitável, mas que quando, a
sua aplicabilidade ou até fiscalização está aquém do desejado e acaba sendo uma
tendência mundial, e que tem sido a da admissibilidade de algumas das suas
modalidades por influência das grandes S.A, que envolvidas em avultados contractos,
procuram fixar os seus honorários em percentagens do valor total da transacção,
situação que demonstra bem a vocação mercantil daquelas. Na nossa realidade os
honorários, são fixados obedecendo a critérios definidos no C.E.D. P51. É cada vez
do serviço jurídico acordado, para a hipótese se o resultado ser adverso e essa quantia seja tal que, em face
das circunstâncias e do montante, não se possa razoavelmente presumir que se tratou de uma mera simulação.
4. O pagamento dos serviços profissionais pode também ser feito pela percepção de um montante fixo
periódico, ou calculado à hora, sempre quer isso represente uma adequada, justa e digna compensação pelos
serviços prestados.
50
Prognóstico baseado no empirismo, pois porque, não foi possível obter informações relacionado ao assunto
na ordem.
51
Artigo 19º (Honorários)
1. O Advogado tem o direito de receber uma retribuição ou honorários pela sua actuação profissional, assim
como ser reintegrado de gastos que com a causa tenha efectuado. O montante e o regime do pagamento dos
honorários é livremente estabelecido entre o cliente e o advogado, mas sempre com respeito pelas regras
estabelecidas no Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola.
2. Na falta de um regime expresso entre cliente e Advogado, os honorários são ajustados de acordo com as
normas estabelecidas pela Ordem dos Advogados de Angola e os usos e costumes da profissão, estes sempre
de carácter supletivo.
3. Para efeito de preservação da dignidade do Advogado, os honorários devem ser percebidos pelo advogado
que tenha a direcção efectiva do assunto.
4. A repartição ou distribuição de honorários entre advogados deve ocorrer quando: a) b) Respeite a uma
colaboração jurídica; exista entre os advogados o exercício em colectivo de acordo com qualquer das formas
de associação admitidas pelo estatuto da Ordem dos Advogados de Angola; c) Se trate de uma compensação
a um colega que se tenha afastado do escritório colectivo;
1. Está igualmente vedado ao advogado dividir os seus honorários com pessoas alheias à profissão, salvo se
resultar de acordos de colaboração com profissionais de outras áreas, celebrados com base em normas
aprovadas pela Ordem dos Advogados de Angola.
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52
Success fee se refere a uma espécie de taxa de sucesso. Na realidade, é como se fosse um honorário ou
percentual que é cobrado sobre um determinado desempenho.
53
Constatação prática.
54
A reflexão aqui referida, é uma realidade muito praticada, mas que infelizmente não se tem debatido com
maior preponderância. Com a recente crie financeira que se instalou no país, os cidadãos de modo geral,
perderam a capacidade de compra, diminuindo assim o poder financeiro e de arcar com os encargos dos
causídicos. Um exemplo claro, podemos encontrar a afluência dos cidadãos incapazes de arcar com custos de
advogados a recorrerem constantemente à Ordem dos Advogados para fins e acompanhamento e patrocínio
judiciário. Com estes elementos, conseguimos vislumbrar o quão complexo se tornou o trabalho da O.A.A, na
ajuda que tem prestado aos cidadãos, promovendo assim a eficácia e aplicabilidade do artigo 29-º da C.R.A.
55
Cfr. Artigo 13º (Deveres recíprocos dos Advogados)
1. Os Advogados devem, nas suas relações, manter recíproca lealdade, respeito e companheirismo. 2. Os
advogados com maior antiguidade profissional, desde que solicitados, devem de forma desinteressada prestar
apoio, orientando, guiando e aconselhando os mais recentemente admitidos na profissão. Estes, por sua vez
têm o direito de pedir conselho e orientação à medida que necessitem, para o cabal cumprimento dos seus
deveres. 3. Nas suas relações os Advogados não se devem pronunciar sobre questões que saibam terem sido
confiadas a outro ou a outros Advogados, salvo na presença deste ou destes, ou com o seu acordo. 4. Os
Advogados devem actuar com a maior lealdade, não procurando obter vantagens ilegítimas ou indevidas para
os seus constituintes ou clientes; 5. Os Advogados não devem contactar nem manter relações, mesmo por
escrito, com a parte contrária representada por advogado, salvo se previamente autorizado por este; 6. Não
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facilita a comunicação entre os mesmos, bem como, também acelera o tratamento dos
assuntos relacionados com os seus clientes de forma amigável e extrajudicial, fazendo
com que, os trabalhos desenvolvidos por estes, tornem a prática jurídica numa
“maquina” de resultados positivos e eficazes que elevam a auto-estima do cidadão,
causando conforto e sensação de realização da justiça social, sem muitas vezes, a
presença dos tribunais. Numa vertente mais realística, compreendemos e assim
devemos ser concretos, que em muitos casos as relações entre os profissionais
(advogados) não tem sido das melhores possíveis por razões óbvias, entre elas citam-
se os problemas de foro pessoal e concomitante do foro profissional. Problemas que
até certo ponto são compreensíveis tendo em atenção a própria natureza humana em
conjunto com a finalidade da própria profissão.
Depois da incursão à ética e deontologia no seu modo geral, desde as definições, bem
como o alcance normativo e estatutário na realidade angolana, faremos daqui em
diante, breves notas relacionadas ao regime de responsabilização segundo o E.O.A.A.
Tudo quanto for praticado pelo advogado, se não estiver conforme o plano
deontológico geral, o mesmo incorrerá à um processo disciplinar, com base as normas
da OAA, isto é, LA 58 , LSAA 59 Estatuto da OAA, art. 74-º e 75-º códigos,
regulamento disciplinar da OAA e deliberações dos conselhos.
Por toda e qualquer infracção cometida por um advogado, o mesmo estará sujeito a
jurisdição disciplinar da OAA, conforme prevê o EOAA60, esse regime disciplinar, é
56
Cfr. Artigo 63-º da EOAA
57
In Responsabilidade Civil por Erro judiciário, Coimbra, Almedina, 2012, pág. 29, citado por Hortêncio
Sanumbutue, Trabalho de final de curso, OAA, pág. 28
58
Cfr. Lei nº 8/17 de 13 de Março, art.º. 15-º
59
Cfr. Lei nº 16/16 de 30 de Setembro
60
Cfr. Art. 74-º- e sgts
24 | P á g i n a
Todos actos praticados por qualquer advogado e que constituem ilícitos, podem ser
informados por pessoas devidamente identificados ou então, de forma oficiosa pelo
conselho da respectiva província ou região. Deste modo, o processo disciplinar é
instaurado por decisão do Presidente do Conselho Nacional ou por deliberação deste
ou do conselho provincial conforme acima afirmado. Entre as várias pessoas/sujeitos,
que podem fazer qualquer participação à OAA sobre actos praticados que sejam
susceptíveis de se configuram infracção disciplinar constam também os tribunais ou
outras entidades 63. Ora, o advogado, tendo em conta a sua prestimosa actividade,
desenvolve várias tarefas e em vários lugares, em cada zona de actuação existirão
pessoas respondem por elas e assim, à estas também recaem a incumbência de
efectuarem participação à OAA de qualquer situação que seja nos termos do EOAA
considerada uma infracção disciplinar. Dito de outro modo, se a actuação violar
deveres processuais, como a proibição estatutária do não recurso a manobras
61
Cfr. Art. 76-º do EOAA E art. 15.º do Regulamento disciplinar da OAA
62
Cfr. Art.77-º do EOAA
63
Cfr. Art. 79-º do EOAA
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a) Advertência;
b) Censura;
c) Multa de valor correspondente a até cem vezes o valor da cota mensal;
d) Suspensão de dois a seis meses;
e) Suspensão por mais de seis meses até dois anos;
f) Suspensão por mais de dois anos até oito anos;
g) Proibição definitiva do exercício da advocacia.
Para além do tracto disciplinar que esta norma tem em relação aos actos e infracções
praticados pelos advogados no exercício das suas funções, estas normas buscam criar
no Advogado a atitude e postura mais responsável em relação aos seus trabalhos,
causando assim, um impacto positivo na sociedade e elevando cada vez o bom nome
da instituição que serve como o único garante da defesa dos direitos e interesses de
todo e qualquer cidadão. A aplicabilidade de qualquer pena disciplinar, é procedido
64
Conforme dispõem os art. 62.º b) do EOA e 459.º do CPC. Como afirma Grandão Ramos, um exemplo
frequente de arguição de pretensões ilegais é o pedido de condenação da contraparte no pagamento de
honorários de advogado, sem previsão contratual e fora dos casos previstos para litigância de má-fé e no regime
das Custas Judiciais, cfr. ob. cit. pág. 242.
65
Cfr. Artigo 86-º EOAA
66
Cfr. Artigo 80-º EOAA
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Conclusões
67
Cfr. Artigo 193º e 194º
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Referências Bibliográficas
Hortêncio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue, Advogado estagiário titular da Cédula provisória n.º
3951 na sua dissertação de conclusão de estágio.
MOCO, Marcolino, Cultura Tradicional BantU, Luanda, 1993, Estudos jurídicos Vol. I, Luanda, Caxinde
Editora, 2008, pág.
CANOTILHO, J.J Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª Edição, editora Almedina.
MENDES, Rafael José Ferreira, os deveres deontológicos dos advogados, O cumprimento dos deveres
comunitariamente impostos em face do Crime de Branqueamento de Capitais, dissertação de mestrado em
direito, especialidade em ciência jurídica forenses, universidade de Coimbra, Janeiro de 2017, Pág. 9
disponível: : https://eg.uc.pt/bitstream/10316/84236/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Completa.pdf
MATEUS, Carlos
http://www.verbojuridico.net/ficheiros/forenses/advogados/carlosmateus_deontologiaprofissional_v201
9.pdf – Acesso, aos 24-10-2020
Leis:
Lei constitucional,