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Índice
1. Introdução ......................................................................................................................................... 2
2. O Exercício da advocacia em Angola ................................................................................................ 5
2.1. Notas Preliminares .................................................................................................................... 5
2.2. Enquadramento legal ................................................................................................................ 8
2.3. Formas de Exercício da Advocacia ............................................................................................ 9
3. Actos próprios do Advogado .......................................................................................................... 13
3.1. Razões de exclusão.................................................................................................................. 13
4. Ética e Deontologia Profissional do Advogado (contexto angolano) ............................................ 15
4.1. Generalidades e sua Aplicabilidade ........................................................................................ 15
4.2. Regime de Responsabilização do Advogado por Violação de Regras Deontológicas. ............ 22
Conclusões ............................................................................................................................................... 27
Referências Bibliográficas ....................................................................................................................... 29
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1. Introdução

As relações sociais desde os tempos remotos que sempre envolveu uma natural
conflitualidade entre os humanos. Neste pensamento, a criação e a positivação das
normas a nível das sociedades modernas, sustentou a criação e emancipação dos
Estado Democrático de Direito, sendo que, nesta positivação, sempre esteve adstrita
a valorização de forma subjacente o ser humano nas suas relações de âmbito social.
Assim, no princípio do Estado de Direito de modo geral, pressupõe, a garantia da
protecção jurídica e abertura da via judiciaria, para assegurar ao cidadão uma defesa
sem lacunas.1

O que implica não só a afirmação da Justiça como fim do Estado, mas a sua
concretização por via do princípio da tutela jurisdicional efectiva, numa lógica de que
os cidadãos podem e devem recorrer aos tribunais em caso de conflito entre
particulares ou com o Estado, bem como diante de violações de direitos, não podendo
os Tribunais denegar-lhes Justiça, inclusive mesmo em caso de insuficiência
normativa.2

Do exposto, ressalta-se a inquestionável importância do direito a defesa que todo e


qualquer cidadão possui diante de um litígio de foro particular e/ou diante de qualquer
autoridade do estado. Este direito de defesa, deverá em toda medida ser tida em conta
tendo em atenção aos actos que são praticados pelos profissionais forenses, e que,
estes nas vestes de defensores do Estado de direito na real perspectiva, deverão estar
munidos de poderes próprios3 para satisfazer e garantirem o direito de outrem bem
como, o alcance do sentido de justiça e do bem-estar social.

Este direito a defesa, atribuída ao cidadão no geral, são levados a cabo conforme já
mencionado pelos profissionais forenses (advogados) e estes, tendo em atenção a
tamanha e complexa vida profissional, estão devidamente limitados em termos de

1
Cfr. Raul Araújo e Elisa R. Nunes, Constituição Anotada, tomo I, pág. 184
2
Hortêncio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue, Advogado estagiário titular da Cédula provisória n.º 3951
na sua dissertação de conclusão de estágio.
3
Mandato forense
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prática de actos às normas que definem a sua actuação. Referimo-nos em concreto ao


código de ética e deontologia profissional da OAA. É neste sentido que nos foi
proposto o desafio de analisarmos e descortinar elementos essências m torno da
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL DO ADVOGADO, recaindo para o
tema, “O Plano Deontológico do Exercício da Advocacia em Angola”, uma vez
que, mais do que perspectivas legais e profissionais, a missão da advocacia, é crucial
e de interesse público, e a razão dela hoje ter maior afirmação e dignidade
constitucional como instituição essencial à administração da justiça nos termos do
art. 193.º da CRA.

Nestes moldes, o trabalho apresenta-se em três partes sendo que na primeira, a nossa
abordagem vai remeter-se à uma contextualização do exercício da profissão de
Advogado em Angola, apresentando de modo geral aos normativos que norteiam o
seu exercício no nosso ordenamento, e na mesma reflexão, enunciando o seu devido
enquadramento legal e as formas de exercício. Na segunda abordagem, analisaremos
também os actos próprios dos advogados bem como as razões de exclusão de outros
profissionais com relação aos actos próprios dos advogados que no seu todo em
termos de preclusão o faremos a abordagem voltada Ética e Deontologia Profissional
do Advogado (Realidade Angolana), enunciando o seu regime de responsabilização
pelos actos praticados pelos advogados que extrapolem com previsto nas normas que
norteiam o exercício da advocacia em Angola, bem como, de outras que com natureza
punitiva.

E no final, apresentamos a nossa conclusão feita em torno desta investigação, com as


devidas recomendações que achamos necessárias para o contínuo cumprimento das
regras deontológicas adstritas a OAA.

Contudo, antes de enveredarmos para o desenvolvimento dos conteúdos propostos,


recaímos aos princípios básicos da falibilidade humana, isto é, primeiramente, o
trabalho foi desenvolvido numa perspectiva meramente teórica sem no entanto, uma
investigação concreta de casos a nível da nossa ordem, e segundo, tal como afirmam
os latinos que “errar Humanum est”, eventualmente o trabalho possa conter erros.
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Nesta senda, aproveitamos desde já endereçar as desculpas pelos possíveis erros que
contenha o trabalho, e com vossa benevolência estritamente humana e profissional,
aceitamos de modos a continuarmos no espírito do trabalho e melhoramento e
superação humana.
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2. O Exercício da advocacia em Angola


2.1. Notas Preliminares

A palavra advogado, (do latim advocatu), significa aquele que advoga em juízo,
Licenciado em Direito, inscrito na Ordem dos Advogados, profissional que exerce as
funções de carácter técnico-jurídico; patrono; protector; defensor;4, acrescenta-se no
mesmo sentido, VOCATOS- chamado, invocado, significando assim, àquele que é
chamado para ajudar e/ou profissional legalmente habilitado para litigar em juízo 5.
Ora durante os primórdios, a profissão de advogado na realidade angolana não foi e
de algum modo acentuado, todavia, verificava-se, a existência de um sistema judicial
de matriz consuetudinária, com cariz quase arbitral onde o soberano dirigia o
julgamento auxiliado pelo conselho de anciãos, com um profundo sentido de justiça``,
tendo a igualdade como ´´regra primária do Direito bantu” 6 , praticamente não se
aplicava in concreto os modus operandis da forma de advogar próprios das realidades
greco-romanas7.

4
Cfr. Dicionário Integral de Língua Portuguesa, Texto Editora, Lda. -Angola pag. 35
5
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/advogar- data: 18-10-20
6
Cfr. Cultura Tradicional Banto, Luanda, 1993 apud Marcolino Moco, Estudos jurídicos Vol. I, Luanda,
Caxinde Editora, 2008, pág. 141. Citado pelo Colega ) Hortêncio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue,
Advogado estagiário titular da Cédula provisória n.º 3951 na sua dissertação de conclusão de estágio.
7
Cfr. Moisés Mbambi, O Direito Proverbial Entre Os Ovimbundu, in Jornal de Angola de 14 de Janeiro de
1990 e ainda Alain Souto Rémy, As ´´autoridades tradicionais`` angolanas, in Revista do Direito de Língua
Portuguesa, n.º 4, Lisboa, IDILP, 2014, pág. 15 Advogado estagiário titular da Cédula provisória n.º 3951 na
sua dissertação de conclusão de estágio: (…) - Todavia, verificava-se ali, a existência de um sistema judicial
de matriz consuetudinária, com cariz quase arbitral onde o soberano dirigia o julgamento auxiliado pelo
conselho de anciãos, com um´ ´profundo sentido de justiça``, tendo a igualdade como ´´regra primária do
Direito bantu``52. Na etnia ovimbundu, por exemplo, Moisés Mbambi avança um cenário em que, de entre os
anciãos que coadjuvam o soberano (soma), os olossekulu, alguns deles, os olongandji, desempenham a função
de advogado de defesa e outros de acusação, com forte recurso à sabedoria proverbial53. Parece-nos ser
legítimo inferir que só os anciãos de idoneidade moral irrepreensível são aceites pela comunidade para
assumir tal papel. Pág. Nº 09 - citado pelo advogado estagiário (na altura) Hortêncio Elias Tancredo da Cruz
Sanumbutue.
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Em termos gerais, em conformidade com os dados históricos relacionados ao


exercício da advocacia em Angola, importa realçar que, a Ordem dos Advogados de
Angola, foi proclamada no dia 20 de Setembro de 1996, dando assim, início a um
novo período da história da advocacia em Angola 8 . O acto da proclamação foi
precedido da aprovação do Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola pelo
decreto n. º28/96, de 13 de Setembro do Conselho de Ministros (Dr. n. º39, I Série,
1996) e seguido de um acto eleitoral para o provimento dos seus cargos estatutários.
As eleições do Bastonário, Conselho Nacional e Conselho Provincial de Luanda da
Ordem dos Advogados de Angola para o 1º triénio (1996/1999) realizaram-se no dia
16 de Novembro de 19969.

Antes da existência da ordem dos Advogados de Angola, não existia a amplitude


desses serviços tudo porque, para além da realidade cultural e pela forma que as
entidades tradicionais procuravam resolver os problemas a nível das comunidades
depois da chegada dos colonizadores, existiram contactos directos que de algum
modo ligaria os serviços de justiça à então província ultramarina de Angola. Mas,
durante o período colonial e mau grado de existência da Ordem dos Advogados
Portuguesa, criada em 1926, esta organização nunca estendeu as suas acções à colónia
de Angola devido a falta de juristas no seu país, e em virtude da fuga massiva de
quadros 10. Em termos de dados comparativos, no historial apresentado pela própria
ordem dos Advogados realça que em função das sucessivas reclamações, existiu uma
forma própria que a actividade era praticada em Angola enquanto província
ultramarina11.

8
Cfr. Raúl Araújo/ Elisa Rangel Nunes e Marcy Lopes, Constituição da República de Angola Anotada, Tomo
II, Gráfica Maiadouro, Luanda 2018, pág. 600
9
Cfr. http://www.oaang.org/content/historial- data de acesso: 17 de 10 de 2020
10
Cfr. Raúl Araújo/ Elisa Rangel Nunes e Marcy Lopes, Constituição da República de Angola Anotada, Tomo
II, Gráfica Maiadouro, Luanda 2018, pág. 601
11
Cfr. http://www.oaang.org/content/historial- acedido aos 18 /2/20 - (…) das reivindicações profissionais dos
advogados do território, razão porque a advocacia praticada em Angola no período colonial caracterizava-se,
essencialmente, por:
1. exercício liberal da profissão;
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Em função do que se vivencia, pela realidade política da época pós-independência,


conforme os países do bloco socialista, foi aprovado a lei nº 9/82, lei sobre
Advocacia.12

Com base a aprovação da referida lei, a mesma foi regulamentada pelo


Decreto Executivo nº 88/82, do Ministro da Justiça, determinou que o
exercício da advocacia tinha de estar dependente do Ministério da Justiça.
Para o efeito, os advogados tinham de estar inscritos em colectivos de
Advogados de nível provincial, estando a sua inscrição dependente da
aprovação do Ministério da Justiça. Foi criado um Conselho Nacional da
Advocacia (art.20) que era o órgão disciplinar de orientação metodológica e
de apoio técnico profissional (…)13.

Com o crescimento no período pós-independência e com a implementação do Estado


de Direito e Democrático, o país começou a enveredar às políticas mais adequadas
em função de cada sector. Assim depois da aprovação da lei Constitucional de 1992,
em detrimento da mudança acima citada, o sector da advocacia também teve
alterações relacionados ao modo de operacionalização da advocacia. Deste modo, em
1995 foi aprovada a lei nº 1/95 de 6 de Janeiro, Lei da Advocacia, tornando-a numa
profissão liberal com e a obrigatoriedade da inscrição dos advogados na ordem dos
Advogados de Angola.14
Atendendo as especificidades próprias da profissão, o exercício da advocacia em
Angola apenas pode ser praticado por Advogados inscritos na Ordem dos Advogados
de Angola. De acordo com o descrito no artigo 1.º do Estatuto da Ordem dos
Advogados, ela é uma instituição representativa pelos licenciados em Direito, que em

2. inscrição dos advogados no Tribunal da Relação de Luanda;


3. controle ético-deontológico e competência disciplinar dos Juízes.
12
Cfr. Raúl Araújo/ Elisa Rangel Nunes e Marcy Lopes, Constituição da República de Angola Anotada, Tomo
II, Gráfica Maiadouro, Luanda 2018, pág. 601
13
Ibidem.
14
Ibidem.
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conformidade com os preceitos do presente estatuto e das demais disposições legais,


aplicáveis, exercem à advocacia15.

2.2. Enquadramento legal16

No Estado democrático e de Direito, as profissões obedecem ao requisito de estarem


em conformidade com as leis, isto é, tendo em atenção aos dados remotos, desde a
Lei constitucional de 1991 e que depois dela, foi aprovada a agora Constituição da
República de Angola em 2010, doravante designada CRA) e estas concatenadas com
as normas ordinárias aprovadas pelos órgãos competentes o exercício da advocacia
em função da sua importância jurídico-social, não fugiu à regra.

No plano normativo, o exercício da advocacia em Angola sem descurar as leis


salientadas no âmbito das notas preliminares, obedece a previsão constitucional,
concretamente no artigo 193.º (exercício da advocacia), 17 e no âmbito das normas
infraconstitucionais, actualmente com a aprovação da CRA em 2010, e recentemente
pela Lei nº 8/17 de 13 de Março que revoga todo o normativo contrário a ela, com
objectivo principal de estabelecer o regime jurídico sobre o exercício da advocacia em
Angola, a definição dos actos próprios dos advogados, bem como o regime de
responsabilização pelo exercício ilegal da profissão, tal como estabelece o artigo 1º da
mencionada lei. Na vertente inovadora da presente lei, constam aspectos bastantes
relevante na vida profissional do Advogado, que em função das ambiguidades e
lacunas que existiam na anterior lei, na actual ficou mais esclarecida a sua abrangência

15
Ibidem, pág. 604
16
Importa realçar que, tendo em atenção a necessidade de se fazer uma abordagem mais actual, entendemos
não mencionar em termos genéricos as leis até então revogadas. Citamos apenas neste capítulo, as normas
actuais e em vigor, para que haja uma leitura mais actualista para levantar sempre que necessário, interpretações
que facilitem a compreensão da leitura do material.
17
Cfr.CRA. - Artigo 193.º (Exercício da advocacia):
1. A advocacia é uma instituição essencial à administração da justiça.
2. O Advogado é um servidor da justiça e do direito, competindo-lhe praticar em todo o território nacional
acto profissionais de consultoria e representação jurídicas, bem como exercer o patrocínio judiciário, nos
termos da lei.
3. Compete à Ordem dos Advogados a regulação do acesso à advocacia, bem como a disciplina do seu
exercício e do patrocínio forense, nos termos da lei e do seu estatuto.
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realística dentro dos parâmetros determinados. Para além da actualização legislativa


que a profissão de modo geral teve, também foi aprovada antes mesmo da Lei da
Advocacia, a Lei nº 16/16 de 30 de Setembro, a Lei das Sociedades e Associações dos
Advogados. Ora, no que toca a sua razão de ser, o preâmbulo da referida lei, é bastante
cristalino, pois esclarece no seu artigo 1º, que a referida lei procura regular o regime
jurídico aplicável as formas de constituição e funcionamento das sociedades e
Associações de Advogados, matéria esta que teremos a oportunidade de aprofundar
quando falarmos sobre as formas de exercício da advocacia.

A Ordem dos Advogados possui um regime jurídico associativo (de interesse


público), tudo porque, a sua regulação, para além da imposição legal (conforme já
vimos), a ela e aos seus associados, servem-se do instrumento via de regra que melhor
orienta e disciplina que é o Estatuto. Como sabemos, o Estatuto da O.A.A, teve a sua
efectivação com sua proclamação aos 29 de Setembro de 1996 e adicionalmente com
as alterações introduzidas pelo decreto 56/05 de 13 de Maio, que definiu o âmbito,
atribuições, organização e regime disciplinar dos advogados em conformidade com
artigo (artigo 7.º)18.

2.3. Formas de Exercício da Advocacia

O exercício da advocacia obedece a determinadas formas definidas pelos diplomas


legais que regulam a referida profissão. Enquanto organização, o exercício da

18
a) Assembleia Geral;
b) bastonário;
c) Conselho Nacional;
d)Delegados;
e) Concelhos Provinciais;
f) Delegados;
g) comissão de ética e disciplina; e o
h) centro de Estudos e formação
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advocacia assenta em escritórios de advogados singulares, e em associações e/ou


sociedades de advogados19.

A iniciação à advocacia, afigura-se como um grande desafio para todos os que


terminam o curso de Direito. É uma profissão que exige um conhecimento profundo
sobre as ciências do Direito, o proeminente profissional deverá mostrar na prática, os
conhecimentos adquiridos em sede da academia. E para que o mesmo seja
concretizado, em Angola não existe de modo geral uma admissão directa para à OAA,
é necessário efectuar uma inscrição através de um Patrono20. Em sede do anterior
regulamento de acesso à advocacia, a iniciação à Advocacia dependia da apresentação
de uma declaração de aceitação de patrocínio por parte de um patrono, depois da
mesma, estavam reunidas as condições documentais para a finalização da inscrição.
Depois deste passo, cabia a deliberação do conselho nacional e provincial, sobre a
admissão ou não, do advogado estagiário para a iniciação à profissão.

Tendo em atenção a proliferação de cursos de Direito no país, e por sua vez, causou
uma baixa na sua qualidade, foi aprovado o Regulamento nº 1/19 de 7 Março –de
Acesso à Advocacia, que trouxe novas regras e parâmetros para o acesso à profissão,
exigindo aos interessados nela, a inscrição dependente da aprovação ao exame
nacional da OAA para o exercício da profissão conforme o previsto nos artigos 5.º,
7.º e ss. O estágio de Advocacia, observa também determinadas excepções, isto é,
certos profissionais como Magistrado Judicial e do Ministério Público, como boa
informação por um período igual ou superior a do estágio, equivale à realização do
estágio (nº 2 do artigo 18.º), bem como os docentes e antigos docentes de direito do
ensino superior, com a categoria de professor , nos termos do Estatuto da carreira
docente do Ensino superior e os Doutores em Direito, ( nº 03 do artigo 18.º), todos
do regulamento do acesso à Advocacia.

19
Cfr., artigo 8-º da Leil 8/17 de 13 de Março – LEI DA ADVOCACIA
20
Entidade responsável pela instrução do advogado estagiário. Cabendo ao mesmo, a responsabilidade de
emitir um juízo positivo ou não sobre a preparação do profissional para o livre e continuo exercício da
advocacia. Vide artigo 23.º do regulamento do acesso à advocacia nº 1/19 de 7 Março.
11 | P á g i n a

Para o cumprimento dos desideratos que cada profissional procura dentro das suas
possibilidades, os advogados optam pelos modelos/formas de exercer à profissão
disponíveis no ordenamento jurídico angolano. Assim de modo geral, a forma que
cada um opta, vai em certa medida, estar interligado com a sua perícia e técnica das
matérias que domina. Em função da complexidade das normas jurídicas,
principalmente num país onde a produção normativa é elevada, tanto do ponto de
vista de novas leis, revogações expressas ou parciais, exige do profissional liberal
maior atenção e cuidados redobrados em relação as referidas matérias. Por isto
mesmo, a Ordem dos Advogados, ao elaborar os seus instrumentos de regulação fez
a previsão das variadas formas de exercício da profissão.

Em relação a regulação já enumerada, acrescenta-se que, para além da previsão


enunciada pela Lei da Advocacia, a classificação da forma de exercício, também
encontra respaldo na lei nº 16/16 de 30 de Setembro 21 , que qualifica em termos
práticos o exercício da Advocacia a título singular, mediante a constituição das
sociedades civis “pluripessoais” ou unipessoal de advogados e mediante constituição
de associações de advogados sem personalidade jurídica.22

O exercício a título singular ou então de forma isolada, remonta dos séculos passados.
Mas com o evoluir do tempo e em atenção as dinâmicas dos mercados, a
complexidade de matérias e elevada produção legislativa, este modelo aos poucos vai
dando lugar a maior concentração de advogados em Associações e em sociedades de
advogados. Entre as várias características que podemos encontrar no exercício da
advocacia a titulo individual, citamos por exemplo, a responsabilidade particular
pelos actos praticados enquanto profissional, a tributação de rendimentos de trabalho,
em percentagens como se dum trabalhador (ligado à um empregador) se tratasse e
pela especialização em função aos vários tipos de problemas/matérias relacionados
ao direito existem, retirando como é evidente, a grande possibilidade de estender os

21
Cfr. Lei das sociedades e Associações de Advogados
22
Cfr. Artigo 2º da Lei 16/16 de 30 de Setembro
12 | P á g i n a

seus serviços para áreas que naturalmente não possua domínios profundos sobre a
matéria.

O exercício da advocacia a título colectivo, segundo o postulado no artigo art. 109.º


do EOA e art. 8.º da LA que remetem a disciplina da matéria para a LSAA, cujo
objecto nos termos do seu preâmbulo é a de ‘fixação de pressupostos para disciplina
do exercício da advocacia sob a forma societária ou associativa, bem como fixar as
atribuições, o quadro organizacional e funcional das sociedades e associações de
23
advogados ``. Depreende-se que o exercício da advocacia em termos de
concretização na vertente colectiva, subdividem-se em: sociedades e associações de
advogados.

As sociedades de advogados, são pessoas colectivas cridas por iniciativa privada, e,


por isso, constituídas nos termos e formas previstas na lei das sociedades e
associações de advogados e composta por sócios, que conjugam esforços e recursos
no exercício societário da profissão da advocacia, com vista a repartição dos lucros
decorrentes da sua actividade. 24 Em função ao desenvolvimento do exercício
societário da profissão de advocacia, acaba trazendo novos fenómenos na ordem
jurídica angolana, introduzidos pela Lei nº 16/16 de 30 de Outubro 25 , como já
referido, que é a Lei das sociedades e Associações de Advogados.

23
Cfr. Hortênsio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue, trabalho de éctica e deontologia profissional, de
conclusão de estágio.
24
Cfr: SANTOS, Ramiro dos, Tributação da sociedade de Advogados, Incentivos Fiscais e Investimento
Privado, 1ª Edição, 2018, Editora WA-Editora, pág. 26
25
Ibidem.
13 | P á g i n a

3. Actos próprios do Advogado


3.1. Razões de exclusão

A complexidade do trabalho jurídico, acompanha a desenvoltura de qualquer


sociedade. Para a o alcance dos objectivos determinados de forma expressa pela
natureza da profissão, muito se tem verificado em outras entidades colectivas ou
então pessoas singulares, a prática de actos que são a luz da lei e ao abrigo da
protecção dos interesses do próprio cidadão, constantemente violados (praticados) de
forma ilegal por parte de muitos cidadãos e a empresas.

Do entendimento que se tira da lei nº 8/17 de 13 de Março – Lei da Advocacia, art.º


4.º, de modo geral, a actividade profissional da advocacia compreende:

a) O exercício regular do mandato e do patrocínio judiciário;26


b) A prestação de assistência judiciaria sob todas as formas permitidas, às
entidades públicas ou privadas que a solicitarem;27
c) A representação e a defesa, perante qualquer entidade pública ou
privada, dos interesses do seu constituinte.28

26
Os mandatos forenses, têm natureza própria, e não pode ser praticado por qualquer pessoa(salvo melhor
entendimento), tendo em atenção aos dispositivos legais já citados, combinados com o artigo 32.º e seguintes,
do Código de processo civil, e o 29.º da Constituição da República de Angola, determinando deste modo, para
situações relacionados ao tribunal existir a obrigatoriedade da parte interessada, a constituição por mandato
(procuração forense) com a excepção com o previsto na lei assistência judiciaria26 advogado e/ou advogado
estagiário, devidamente legalizado para o representar em juízo ou fora dele.

27
É um dever que apenas recai de forma especial aos advogados, tendo em conta que, os actos próprios dos
advogados, foram totalmente especificados de modos a se evitar pessoas que não dominam de forma profunda
os conteúdos jurídicos, ou até, aqueles que nem formação para o efeito possuem, pratiquem actos inerentes à
Advocacia e/ou ponham em causa direitos dos cidadãos que recorrem a estes serviços.

28
sendo uma faculdade exclusiva dos advogados, apenas estes profissionais devem garantir uma defesa
condigna dos direitos de qualquer cidadão, seje qualquer que seja a sua natureza.
14 | P á g i n a

Muitos são os problemas que as classes da ordem dos advogados se têm debatido,
com relação a procuradoria ilícita bem como ao exercício ilegal da profissão. Destas
nuances acima expostos, afiguram-se inúmeros factores que combinaram para a razão
da exclusão de outros profissionais efectuarem trabalhos de procuradoria forense
como de Advogados se tratassem. Na nossa humilde opinião, os principais factores
resultam essencialmente do seguinte:

1. Delimitação própria relacionado aos profissionais autorizadas a praticar actos


de advogados, determinados pela forma de quem e como deve se inscrever à
ordem para obtenção da cédula de advogado estagiário e a posterior, a cédula
definitiva. Para o efeito, segundo o regulamento da OAA29, determina no seu
nº 2 do artigo 3º, a advocacia pode ser exercida em todo o território nacional,
em qualquer jurisdição, autoridade pública ou privada (…).
2. Existência de uma ordem Profissional e concomitantemente um representante
legal e legitimado por meio de um direito sufrago pelos seus associados
(Bastonário) de todos os que tenham estudado direito e que de algum modo
encontram-se no pleno exercício da advocacia.
3. Ser acima de tudo, uma classe que vela pelo direito e ajuda na administração
da justiça, bem como a de defender os direitos dos seus constituintes e
cidadãos no geral, impondo-se em função das demais prerrogativas previstas
na CRA, emancipando os direitos e liberdades fundamentais, procurando junto
das demais entidades público privadas e efectivação do Estado Democrático e
de Direito.

Ainda dentro do amago do mesmo regulamento, de forma expressa estão também


determinadas as restrições à inscrição para advogados, a qual damos por reproduzido
em parte30:

29
Cfr. Regulamento de acesso à advocacia, IIº SÉRIE Nº 30 DE 7 DE MARÇO DE 2019
15 | P á g i n a

Art. 4º (restrições à inscrição)

1. Não podem inscrever-se na ordem dos advogados de angola, como advogados


e advogados estagiário:
a) Os que não possuem idoneidade moral para o exercício da profissão, e em
especial, os que tenham sido condenados por qualquer crime gravemente
desonroso;
b) Os que não estejam no pleno gozo de seus direitos cíveis;
c) Os declarados incapazes de administrar as pessoas e bens por sentença
transitada em julgado:
d) Os que estejam em situação de incompatibilidades ou inibição do exercício
da Advocacia e dos Estatutos da Ordem dos Advogados de Angola
e) (..:)31

4. Ética e Deontologia Profissional do Advogado (contexto


angolano)
4.1. Generalidades e sua Aplicabilidade

Os países em franco crescimento e desenvolvimento, têm assumido com certas


restrições contextuais diversas lutas para poderem implementar reformas que
infelizmente estão a quem do perspectivado Dr. O trabalho aqui referido exige mais
do que a capacidade técnica, bom senso de compreender comportamentos humanos,
que não tenham apenas no lucro como fim último da profissão, mas também, a de por
obrigação moral e profissional, cumprir com regulamentos e leis que orientam o
exercício de qualquer profissão num sentido valorativo. Os juristas, devem, pois, ser
técnicos capazes de conciliar o conhecimento técnico das normas legais com uma

31
Dada a imensa matéria relacionado ao artigo, sugerimos ao caro leitor a consulta do documento oficial para
efeitos de melhor compreensão.
16 | P á g i n a

actuação pautada nos valores morais, visando ao mesmo tempo proteger o homem e
construir o cidadão,32 «…no advogado, a rectidão de consciência é mil vezes mais
importante do que o tesouro dos conhecimentos. Primeiro, ser bom; depois, ser
firme; por último, ser prudente; a ilustração vem em quarto lugar; a perícia no fim
de tudo».33

A ética no contexto devidamente enquadrado da profissão, é de origem grega. A


palavra "ética" vem do grego ethos e significa carácter, disposição, costume, hábito,
sendo sinónima de "moral", do latim mos, mores (que serviu de tradução para o termo
grego mais antigo, significando também costume, hábito) 34 . A ética aplicada de
forma geral na advocacia, a mesma está directamente ligada com a razão de ser de
alguns limites no plano valorativo e moral do exercício da profissão, nas palavras de
António Arnaut, “a exigência de conduta privada irrepreensível radica, assim, na
própria natureza da advocacia.

Advogado exerce uma função de interesse público, não pode ser respeitado e impor-
se quando a sua vida pessoal merece censura ética, não se consubstanciando na sua
pessoa um pólo de autoridade moral”, e noutro prisma, Rafael José Mendes, reforça
que, à mulher de César não basta ser séria, mas também tem de parecer ser, o
advogado enquanto “órgão auxiliar” da realização da justiça, não deve ter um escopo
deveras antagónico à sua função social, tendo para isso que contribuir com o
necessário decoro ligado à profissão, quer no exercício da profissão quer na sua vida
particular, na medida em que tal não adentre o direito à reserva da vida privada e do
livre desenvolvimento da personalidade35.

32
Cfr. Hortênsio Elias Tancredo da Cruz Sanumbutue, trabalho de ética e deontologia profissional de conclusão
de estágio.
33
Do mesmo autor.
34
Cfr. https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica- acedida: 5 de Novembro de 2020, 18H:07
35
Cfr. Rafael José Ferreira Mendes, os deveres deontológicos dos advogados, O cumprimento dos deveres
comunitariamente impostos en face do Crime de Branqueamento de Capitais, dissertação de mestrado em
direito: especialidade em ciência jurídica forenses, universidade de Coimbra, Janeiro de 2017, Pág. 9 disponível
em: https://eg.uc.pt/bitstream/10316/84236/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Completa.pdf
17 | P á g i n a

A ética não está desassociada a Deontologia profissional. A deontologia é uma


palavra que advém do grego “déon, deóntos” o dever, ou seja, que pode ser
considerada como teoria do dever no que respeita à moral, conjunto de deveres que
impõe a certos profissionais (no nosso caso, os advogados) o cumprimento da sua
função36. Dito de outro modo, as regras deontológicas servem para garantir, mediante
livre aceitação pelos membros da Ordem dos advogados de Angola, o cumprimento
perfeito por cada Advogado inscrito, de uma missão reconhecida como essencial à
sociedade. 37 A Deontologia neste sentido, é o conjunto das regras ético-jurídicas
pelas quais o advogado deve pautar o seu comportamento profissional e cívico,
inculcando a ideia de essencialidade das normas deontológicas na formação do
advogado e na dignificação da classe. O prestígio da Ordem é alicerçado no prestígio
dos seus membros. E a falta cometida por um atinge-os a todos38.

Relacionado a sua previsão normativa e legal, o código de ética e deontologia


profissional da ordem dos advogados de Angola, estabelece as directrizes retiradas
em termos gerais do seu Estatuto, que define à deontologia a ser cumprido no
exercício da advocacia39.

36
Cfr. Dicionário Integral de Língua Portuguesa, editor texto editores, Lda. 3ª edição, 2010, Pág. 472
37
Cfr. O Preâmbulo do código de Ética e Deontologia profissional da Ordem dos Advogados de Angola,
aprovada em Assembleia Geral, nos dias 20 e 21 de Novembro de 2003.
38
Cfr. Rafael José Ferreira Mendes, os deveres deontológicos dos advogados, O cumprimento dos deveres
comunitariamente impostos en face do Crime de Branqueamento de Capitais, dissertação de mestrado em
direito: especialidade em ciência jurídica forenses, universidade de Coimbra, Janeiro de 2017, Pág. 13
disponível em:
https://eg.uc.pt/bitstream/10316/84236/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Completa.pdf
39
Cfr. Estatuto da Ordem dos Advogados CAPÍTULO V DEONTOLOGIA PROFISSIONAL. artigo 60º
(Independência e isenção): 1. O advogado deve, no exercício da profissão e fora dela, considerar-se um
servidor da justiça e do direito e, como tal, mostrar-se digno da honra e das responsabilidades que lhe são
inerentes. 2. No exercício da profissão, o advogado manterá sempre e em quaisquer circunstâncias a maior
independência e isenção, não se servindo do mandato para prosseguir objectivos que não sejam meramente
profissionais. 3. O advogado cumprirá pontual e escrupulosamente os deveres consignados neste Estatuto e
todos aqueles que a Lei, usos, costumes e tradições lhe imponham para com outros advogados, a magistratura,
os clientes e quaisquer entidades públicas e privadas.
18 | P á g i n a

No cumprimento de qualquer mandato judicial, ou quer seja também nos actos de


exercício da profissão para resolução de assuntos de modo extrajudiciais, o Advogado
obedece a determinados deveres que no plano ético e deontológico, configuram o
barómetro entre os direitos do constituinte/consulente com as obrigações que àquele
dispõe face ao trabalho que vai desenvolver. Segundo o E.O.A.A, no plano
deontológico, os advogados no exercício das suas funções, estão obrigados a pautar
pelo seguinte:

a) Deveres dos advogados para com a comunidade40


b) Deveres do Advogado para com a ordem dos Advogados41.

40
Artigo 62º do estatuto da O.A.A- Constituem deveres do Advogado para com a comunidade: a) Pugnar pela
boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento das instituições jurídicas;
b) Não advogar contra lei expressa, não usar de meios ou expedientes ilegais, nem promover diligências
reconhecidamente dilatórias, inúteis ou prejudicais para a correcta aplicação da lei ou a descoberta da
verdade; c) Recusar o patrocínio a questões que considere manifestamente injustas; d) Colaborar no acesso
ao direito e aceitar nomeações oficiosas nas condições fixadas na lei e pela Ordem; e) Protestar contra as
violações dos direitos humanos e combater as arbitrariedades de que tiver conhecimento no exercício da
profissão; f) Não solicitar nem angariar clientes por si nem por interposta pessoa; g) Não aceitar mandato ou
prestação de serviços profissionais que, em qualquer circunstância, não resulte de escolha directa e livre pelo
mandante ou interessado.
41
1. Constituem deveres do Advogado para com a Ordem dos Advogados: a) Não prejudicar os fins e prestigio
da Ordem; b) Colaborar na prossecução das atribuições da Ordem, exercer os cargos para que tenha sido
eleito ou nomeado e desempenhar os mandatos que lhe foram confiados; c) Observar os costumes e praxes
profissionais; d) Declarar ao requerer a inscrição, para efeito de verificação de incompatibilidade, qualquer
cargo ou actividade profissional que exerça; e) Suspender imediatamente o exercício da profissão e requerer,
no prazo máximo de 30 dias, a suspensão da inscrição na Ordem quando ocorra incompatibilidade
superveniente; f) Pagar pontualmente as quotas e outros encargos devidos à Ordem, estabelecidos nestes
Estatutos e nos Regulamentos, suspendendo-se o direito de votar e de ser eleito para os órgãos da Ordem dos
Advogados e o exercício da profissão se houver atraso superior a 3 meses; g) Dirigir com empenhamento o
estágio dos advogados estagiários e elaborar a respectiva informação final; h) Participar à Ordem dos
Advogados qualquer caso de exercício ilegal da profissão de que tome conhecimento; i) Comunicar, no prazo
de 30 dias, qualquer mudança de escritório; j) Comparecer, pontualmente, sempre que notificado pela OAA,
para responder em processos disciplinares, constituindo a não comparência injustificada falta disciplinar; k)
Responder, pontualmente, às solicitações de informações e convocatórias do Conselho Nacional e do conselho
provincial da OAA
2. O não pagamento ou atraso no pagamento das quotas devidas à Ordem dos Advogados - e caso o atraso se
prolongue até 3 meses - é passível de pagamento de uma multa, cujo valor etermos devem ser fixados pelo
19 | P á g i n a

c) Segredo profissional42;
d) Deveres do advogado para com o cliente;43
e) Recusa do patrocínio44
f) Deveres recíproco dos advogados;45
g) Deveres para com os julgadores;46
h) Dever geral de urbanidade; 47

No exercício da advocacia, muitos são os problemas éticos e deontológicos


vivenciados pelos profissionais. Os mesmos em certa medida, são criados em
determinadas circunstâncias de modo intencional e outras vezes, talvez por mero
desconhecimento das normas que definem os limites da liberdade do exercício da
profissão em relação aos direitos dos consulentes, a titulo de exemplo, citamos os
problemas que surgem a partir do não cumprimento do previsto no artigo 54.º do
E.O.A.A48 combinado com o artigo 21º do C.E.D.P49 que trata a problemática da

Conselho Nacional. Sem prejuizo do disposto no parágrafo anterior, caso o incumprimento se mantenha até
seis meses, deve suspender-se imediata e preventivamente do exercício da profissão o advogado e ser-lhe
instaurado um processo disciplinar em que a sanção a aplicar será a da alínea d) e seguintes do artigo 86º
dos Estatutos.
42
Ibidem, artigo 65.º
43
Ibidem, artigo 67.º
44
Ibidem, artigo 69.º
45
Ibidem, artigo 70.º
46
Ibidem, artigo 71.º
47
Ibidem, artigo 73.º
48
("Quota Litis" e Divisão de honorários) É proibido ao advogado: a) Exigir, a título de honorários, uma parte
do objecto da divida ou de outra pretensão; b) Repartir honorários, excepto com colegas que tenham prestado
colaboração; c) Estabelecer que o pagamento de honorários fique exclusivamente dependente dos resultados
da demanda ou negócio.
49
(“Quota litis”)1. A “quota litis”, em sentido estrito, é proibida e não integra o conceito de honorários
profissionais. 2. Entende-se por “quota litis” em sentido estrito o acordo entre o advogado e o seu cliente,
anterior à conclusão do assunto a tratar, em virtude do qual o cliente se compromete a pagar ao advogado,
unicamente, uma percentagem do resultado do assunto, independentemente de consistir numa soma em
dinheiro, num outro qualquer benefício, ou no valor que o cliente consiga com o assunto. 3. Não constitui
“quota litis” o acordo que tenha por objecto fixar honorários alternativos segundo o resultado do assunto,
sempre que se contemple o pagamento efectivo de alguma quantia que cubra os custos mínimos da prestação
20 | P á g i n a

“quota litis”, que de um modo prático e real, ainda vão se verificando nas relações
entre advogados e consulentes 50 . De um lado este problema está devidamente
relacionado com as situações financeiras que muitos cidadãos encontram para pagar
os serviços jurídicos, e por outro, porque do lado do profissional forense, exista um
provável interesse em manter as relações profissionais com o necessitado observáveis
no plano do imaterialismo. Esta proibição é evidente e aceitável, mas que quando, a
sua aplicabilidade ou até fiscalização está aquém do desejado e acaba sendo uma
tendência mundial, e que tem sido a da admissibilidade de algumas das suas
modalidades por influência das grandes S.A, que envolvidas em avultados contractos,
procuram fixar os seus honorários em percentagens do valor total da transacção,
situação que demonstra bem a vocação mercantil daquelas. Na nossa realidade os
honorários, são fixados obedecendo a critérios definidos no C.E.D. P51. É cada vez

do serviço jurídico acordado, para a hipótese se o resultado ser adverso e essa quantia seja tal que, em face
das circunstâncias e do montante, não se possa razoavelmente presumir que se tratou de uma mera simulação.
4. O pagamento dos serviços profissionais pode também ser feito pela percepção de um montante fixo
periódico, ou calculado à hora, sempre quer isso represente uma adequada, justa e digna compensação pelos
serviços prestados.
50
Prognóstico baseado no empirismo, pois porque, não foi possível obter informações relacionado ao assunto
na ordem.
51
Artigo 19º (Honorários)
1. O Advogado tem o direito de receber uma retribuição ou honorários pela sua actuação profissional, assim
como ser reintegrado de gastos que com a causa tenha efectuado. O montante e o regime do pagamento dos
honorários é livremente estabelecido entre o cliente e o advogado, mas sempre com respeito pelas regras
estabelecidas no Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola.
2. Na falta de um regime expresso entre cliente e Advogado, os honorários são ajustados de acordo com as
normas estabelecidas pela Ordem dos Advogados de Angola e os usos e costumes da profissão, estes sempre
de carácter supletivo.
3. Para efeito de preservação da dignidade do Advogado, os honorários devem ser percebidos pelo advogado
que tenha a direcção efectiva do assunto.
4. A repartição ou distribuição de honorários entre advogados deve ocorrer quando: a) b) Respeite a uma
colaboração jurídica; exista entre os advogados o exercício em colectivo de acordo com qualquer das formas
de associação admitidas pelo estatuto da Ordem dos Advogados de Angola; c) Se trate de uma compensação
a um colega que se tenha afastado do escritório colectivo;
1. Está igualmente vedado ao advogado dividir os seus honorários com pessoas alheias à profissão, salvo se
resultar de acordos de colaboração com profissionais de outras áreas, celebrados com base em normas
aprovadas pela Ordem dos Advogados de Angola.
21 | P á g i n a

mais frequente no tráfego jurídico na convenção da chamada sucess fee 52 ,


correspondente a uma remuneração adicional pelo desempenho exitoso do caso, com
contornos muitas vezes complexos.
Para além da problemática já mencionada, observa-se na nossa realidade, certos
desentendimentos/litígios 53 entre advogados e consulentes, resultantes do não
pagamento/cumprimento por parte do cliente, com os pagamentos dos honorários.
Estes litígios, motivados pela incapacidade do próprio consulente em honrar com os
pagamentos, tudo porque, no momento da resolução do problema, o mesmo não
disponha de condições para o efeito, é o resultado da vertente humana e de
solidariedade do advogado devidamente sensibilizado, aceita ao prestar o auxílio ao
cidadão, mas que infelizmente, recaem nestes problemas.54
A deontologia, para além do legalmente previsto ligada a classe, e estes para com os
seus destinatários ou clientes, o mesmo também clarifica e faz vincar os respeito pelos
colegas da mesma profissão. Aqui faz-se a menção dos “Deveres Recíprocos dos
Advogados”55, previsto no CEDP. Os deveres recíprocos entre os advogados, não só

52
Success fee se refere a uma espécie de taxa de sucesso. Na realidade, é como se fosse um honorário ou
percentual que é cobrado sobre um determinado desempenho.
53
Constatação prática.
54
A reflexão aqui referida, é uma realidade muito praticada, mas que infelizmente não se tem debatido com
maior preponderância. Com a recente crie financeira que se instalou no país, os cidadãos de modo geral,
perderam a capacidade de compra, diminuindo assim o poder financeiro e de arcar com os encargos dos
causídicos. Um exemplo claro, podemos encontrar a afluência dos cidadãos incapazes de arcar com custos de
advogados a recorrerem constantemente à Ordem dos Advogados para fins e acompanhamento e patrocínio
judiciário. Com estes elementos, conseguimos vislumbrar o quão complexo se tornou o trabalho da O.A.A, na
ajuda que tem prestado aos cidadãos, promovendo assim a eficácia e aplicabilidade do artigo 29-º da C.R.A.
55
Cfr. Artigo 13º (Deveres recíprocos dos Advogados)
1. Os Advogados devem, nas suas relações, manter recíproca lealdade, respeito e companheirismo. 2. Os
advogados com maior antiguidade profissional, desde que solicitados, devem de forma desinteressada prestar
apoio, orientando, guiando e aconselhando os mais recentemente admitidos na profissão. Estes, por sua vez
têm o direito de pedir conselho e orientação à medida que necessitem, para o cabal cumprimento dos seus
deveres. 3. Nas suas relações os Advogados não se devem pronunciar sobre questões que saibam terem sido
confiadas a outro ou a outros Advogados, salvo na presença deste ou destes, ou com o seu acordo. 4. Os
Advogados devem actuar com a maior lealdade, não procurando obter vantagens ilegítimas ou indevidas para
os seus constituintes ou clientes; 5. Os Advogados não devem contactar nem manter relações, mesmo por
escrito, com a parte contrária representada por advogado, salvo se previamente autorizado por este; 6. Não
22 | P á g i n a

facilita a comunicação entre os mesmos, bem como, também acelera o tratamento dos
assuntos relacionados com os seus clientes de forma amigável e extrajudicial, fazendo
com que, os trabalhos desenvolvidos por estes, tornem a prática jurídica numa
“maquina” de resultados positivos e eficazes que elevam a auto-estima do cidadão,
causando conforto e sensação de realização da justiça social, sem muitas vezes, a
presença dos tribunais. Numa vertente mais realística, compreendemos e assim
devemos ser concretos, que em muitos casos as relações entre os profissionais
(advogados) não tem sido das melhores possíveis por razões óbvias, entre elas citam-
se os problemas de foro pessoal e concomitante do foro profissional. Problemas que
até certo ponto são compreensíveis tendo em atenção a própria natureza humana em
conjunto com a finalidade da própria profissão.

4.2. Regime de Responsabilização do Advogado por Violação de


Regras Deontológicas.

Depois da incursão à ética e deontologia no seu modo geral, desde as definições, bem
como o alcance normativo e estatutário na realidade angolana, faremos daqui em
diante, breves notas relacionadas ao regime de responsabilização segundo o E.O.A.A.

devem os Advogados invocar publicamente, em especial perante tribunais, quaisquer negociações


transaccionais malogradas, quer verbais quer escritas, em que tenham intervindo como Advogados; 7. Os
Advogados não devem assinar pareceres, peças processuais ou outros escritos profissionais que não tenham
feito ou em que não tenham colaborado. 8. O Advogado que pretenda propor uma acção, em nome próprio ou
de um cliente, contra outro Advogado em virtude de actuação profissional deste, deve comunicar previamente
a sua intenção ao Conselho Provincial respectivo, a fim de que este, se considerar oportuno, possa exercer
mediação. 9. O Advogado deve realizar todos os seus esforços no sentido de evitar acções de violência da
classe contra outros Advogados defensores de interesses opostos. 10. Nas suas intervenções e manifestações,
o Advogado não deve, mesmo com o seu cliente, fazer comentários que possam desprestigiar o advogado da
parte contrária. 11. O advogado deve, na medida do razoável, procurar soluções extrajudiciais para as
reclamações de honorários, próprias ou de colegas. Para o efeito pode recorrer à mediação do Conselho
Provincial respectivo. A impugnação de honorários feita de forma fraudulenta ou maliciosa, bem como
qualquer comentário no mesmo sentido relativamente a honorários ou condições económicas de outro colega,
configura infracção disciplinar. 12. As reuniões entre Advogados, com ou sem participação dos respectivos
clientes, devem realizar-se em lugares que não concedam a nenhum dos advogados posição privilegiada.
23 | P á g i n a

O trabalho desenvolvido pelos profissionais do direito, com maior realce aos


advogados, impõe uma observância de normas jurídicas que conformam as actuações
de acordo com os limites éticos, deontológicos e legais previstos na ordem jurídica
angolana. A responsabilização jurídica que nos referimos, obriga antes de mais o
cumprimento escrupuloso delas, e por outro a responsabilização, punição, e de um
modo geral, desincentiva a prática de actos que violem direitos de outrem, ou então
que violem deveres do advogado56 para com a OAA.

Segundo Ana Celeste Carvalho57, a essencialidade da missão do advogado, enquanto


interveniente essencial na administração da justiça, que lhe atribui um conjunto de
prerrogativas e garantias decorrentes da independência e isenção que lhe são
indispensáveis no exercício da função, implica necessariamente consequências
desfavoráveis sobre o mesmo, em decorrência de actos e condutas suas, contra legem,
protagonizadas por causa e no exercício da profissão.

Os actos dos advogados, por violação de deveres deontológicos, podem gerar


responsabilidades no plano do estatuto infracção disciplinar e criminal, caso haja
danos e no cível, desde que de um modo geral, sejam preenchidos os requisitos em
função da sua natureza.

Tudo quanto for praticado pelo advogado, se não estiver conforme o plano
deontológico geral, o mesmo incorrerá à um processo disciplinar, com base as normas
da OAA, isto é, LA 58 , LSAA 59 Estatuto da OAA, art. 74-º e 75-º códigos,
regulamento disciplinar da OAA e deliberações dos conselhos.

Por toda e qualquer infracção cometida por um advogado, o mesmo estará sujeito a
jurisdição disciplinar da OAA, conforme prevê o EOAA60, esse regime disciplinar, é

56
Cfr. Artigo 63-º da EOAA
57
In Responsabilidade Civil por Erro judiciário, Coimbra, Almedina, 2012, pág. 29, citado por Hortêncio
Sanumbutue, Trabalho de final de curso, OAA, pág. 28
58
Cfr. Lei nº 8/17 de 13 de Março, art.º. 15-º
59
Cfr. Lei nº 16/16 de 30 de Setembro
60
Cfr. Art. 74-º- e sgts
24 | P á g i n a

de competência exclusiva dos órgãos da EOAA. As infracções disciplinares, podem


emergir de uma acção ou omissão, resultando neste caso em violação de forma dolosa
ou culposa dos seus devres. Estruturando-se no dolo do tipo, no conhecimento e
vontade de realização do tipo objectivo de ilícito, o desvalor jurídico do tipo
subjectivo levará à punição por facto doloso quando o agente revela no facto uma
posição ou uma atitude de contrariedade ou indiferença perante o dever ser jurídico
penal. Este entendimento, resultará das situações mais gravosas. Deste modo, desde
que estejam preenchidos os requisitos, a responsabilização passa a ser executado no
foro criminal.

As competências disciplinares são exercidas pelos conselhos províncias 61 (como


órgãos deliberativos), e exceptuam-se os membros de realce como o Bastonário da
OAA, membros do conselho nacional e dos conselhos provinciais, ao quais incumbe
o conselho nacional, tratar directamente as matérias disciplinares62.

Todos actos praticados por qualquer advogado e que constituem ilícitos, podem ser
informados por pessoas devidamente identificados ou então, de forma oficiosa pelo
conselho da respectiva província ou região. Deste modo, o processo disciplinar é
instaurado por decisão do Presidente do Conselho Nacional ou por deliberação deste
ou do conselho provincial conforme acima afirmado. Entre as várias pessoas/sujeitos,
que podem fazer qualquer participação à OAA sobre actos praticados que sejam
susceptíveis de se configuram infracção disciplinar constam também os tribunais ou
outras entidades 63. Ora, o advogado, tendo em conta a sua prestimosa actividade,
desenvolve várias tarefas e em vários lugares, em cada zona de actuação existirão
pessoas respondem por elas e assim, à estas também recaem a incumbência de
efectuarem participação à OAA de qualquer situação que seja nos termos do EOAA
considerada uma infracção disciplinar. Dito de outro modo, se a actuação violar
deveres processuais, como a proibição estatutária do não recurso a manobras

61
Cfr. Art. 76-º do EOAA E art. 15.º do Regulamento disciplinar da OAA
62
Cfr. Art.77-º do EOAA
63
Cfr. Art. 79-º do EOAA
25 | P á g i n a

dilatórias ou ilegais, há possibilidade do próprio Tribunal oficiar a Ordem para que


esta aplique ao advogado, as sanções decorrentes da eventual litigância de má-fé64

De acordo os factos, actos e tipos de infracções que podem ser cometidos, os


advogados poderão incorrer as seguintes penas disciplinares:65

a) Advertência;
b) Censura;
c) Multa de valor correspondente a até cem vezes o valor da cota mensal;
d) Suspensão de dois a seis meses;
e) Suspensão por mais de seis meses até dois anos;
f) Suspensão por mais de dois anos até oito anos;
g) Proibição definitiva do exercício da advocacia.

As responsabilidades dos actos praticados por um advogado, também podem ter


qualificação diferente em relação a sua responsabilização, ou seja, a responsabilidade
disciplinar, é independente da responsabilidade criminal 66 . Isto quer dizer que o
profissional forense pode para além das responsabilidades disciplinares a nível da
OAA, é passível a responsabilização criminal. E esta última, é de responsabilidade
de outros órgãos competentes atendendo a sua natureza.

Para além do tracto disciplinar que esta norma tem em relação aos actos e infracções
praticados pelos advogados no exercício das suas funções, estas normas buscam criar
no Advogado a atitude e postura mais responsável em relação aos seus trabalhos,
causando assim, um impacto positivo na sociedade e elevando cada vez o bom nome
da instituição que serve como o único garante da defesa dos direitos e interesses de
todo e qualquer cidadão. A aplicabilidade de qualquer pena disciplinar, é procedido

64
Conforme dispõem os art. 62.º b) do EOA e 459.º do CPC. Como afirma Grandão Ramos, um exemplo
frequente de arguição de pretensões ilegais é o pedido de condenação da contraparte no pagamento de
honorários de advogado, sem previsão contratual e fora dos casos previstos para litigância de má-fé e no regime
das Custas Judiciais, cfr. ob. cit. pág. 242.
65
Cfr. Artigo 86-º EOAA
66
Cfr. Artigo 80-º EOAA
26 | P á g i n a

de um processo disciplinar, processo este que é regulado nos termos do Regulamento


Disciplinar da OAA (RDOAA), aprovado nos termos dos artg.ºs 33 n.º 1 al. e) e 91.º
do Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pelo Decreto n.º 28/96, de 13 de
Setembro, do conselho provincial.
27 | P á g i n a

Conclusões

Diante das investigações feitas nestas reflexões em torno O PLANO


DEONTOLÓGICO DO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA EM ANGOLA,
chegamos nas seguintes conclusões:

1. O exercício da profissão de Advogado em Angola, foi devidamente


reestruturado em função da emancipação do Estado de Direito e democrático,
com a alteração constitucional de 1991 e 1992, que a tornou numa profissão
de exercício liberal, sem o excessivo controlo do poder executivo.
2. Com a consolidação do Estado Democrático e de Direito com Constituição da
República de Angola de 201067, valorizou de forma mais profunda a profissão
de Advogados, concedendo deste modo garantias próprias dos Advogados
estendendo à sua protecção e concedendo mais dignidade.
3. As responsabilidades recorrentes da prática da advocacia, devem em todo
momento serem observados no exercício das actividades da profissão e no
âmbito da no da Lei da advocacia, urge a inadiável necessidade do se aumentar
a fiscalização dos actos praticas (por eventuais advogados) que não possuam
a autorização expressa pela lei, bem como, às empresas que de algum modo
dentro das consultorias praticas, envolvam de forma indirecta, actos próprios
dos advogados. Para além da configuração e fiscalização, deverá também
serem procedidas as devidas responsabilidades criminais aos que exercem
ilegalmente a profissão.
4. O exercício da profissão obedece ao previsto nos normativos que norteiam o
seu âmbito e finalidade.
5. O plano deontológico da advocacia, oferece variadas ferramentas para o seu
controlo, aplicação e responsabilização dos advogados que incorrem em actos
que não dignificam a OAA, bem como, a aqueles que lesem direitos dos
consulentes/clientes.

67
Cfr. Artigo 193º e 194º
28 | P á g i n a

6. No exercício da profissão, devem acima de tudo serem observados os


pressupostos legais da mesma, pois porque, desta forma, evidencia-se o alto
grau de fiscalização que deverá ser efectuada pela OAA, junto dos outros
organismos estatais que possam auxiliar o controlo e a punição das pessoas
que exercem de forma ilegal a profissão.
7. O regime disciplinar é exclusivo da OAA, sendo que, toda e qualquer infracção
cometida fora do âmbito do exercício da profissão e/ou que se consubstanciem
em actos criminosos, são tratados ou resolvidos nos órgãos competentes.
8. Em tudo se prevêem o cumprimento dos instrumentos, somos a sugerir o
seguinte; os actos humanos estão em constante mutação. E por isso, as normas
jurídicas devem seguir a evolução do pensamento humano e transformação
social. E nestas transformações, deve-se estender mais às relações
profissionais dos advogados voltadas num cumprimento dos normativos
deontológicos. Esta perspectivas, mais do que previsão legal, à ordem deverá
enveredar formações contínuas de refrescamento sobre as normas
deontológicas da profissão. Pois Entendemos que, é no refrescamento dos
conteúdos deontológicos, onde se poderá encontrar soluções ideais para que
sejam ultrapassados quaisquer problemas que podem surgir no exercício da
profissão dos seus associados. Mais do que um exercício profícuo da profissão,
espera-se que a classe continue mantendo a tradição do rigor e competência
dos seus membros, tal como temos afirmado insensatamente “a ordem dos
Advogados de Angola é a única ordem que tradicionalmente tem e mantem a
sua própria ordem”. Estes objectivos e finalidades, serão constantemente
atingidos com a prática reiterada do plano deontológico que norteia a nossa
profissão.
29 | P á g i n a

Referências Bibliográficas

Dicionário Integral de Língua Portuguesa, Texto Editora, Lda. -Angola

ARAÚJO, Raul e Elisa R. Nunes, Constituição Anotada, tomo I.


ARAÚJO, Raúl, Elisa Rangel Nunes e Marcy Lopes, Constituição da República de Angola Anotada, Tomo
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3951 na sua dissertação de conclusão de estágio.

MOCO, Marcolino, Cultura Tradicional BantU, Luanda, 1993, Estudos jurídicos Vol. I, Luanda, Caxinde
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CANOTILHO, J.J Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª Edição, editora Almedina.

SANTOS, Ramiro dos, Tributação da sociedade de Advogados, Incentivos Fiscais e Investimento


Privado, 1ª Edição, 2018, Editora WA-Editora.

MENDES, Rafael José Ferreira, os deveres deontológicos dos advogados, O cumprimento dos deveres
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MATEUS, Carlos
http://www.verbojuridico.net/ficheiros/forenses/advogados/carlosmateus_deontologiaprofissional_v201
9.pdf – Acesso, aos 24-10-2020

Leis:

Constituição da República de Angola (2010)

Lei constitucional,

Lei da Advocacia nº 8/17, de 13 de Março

Lei Da Advocacia. - Revoga a Lei 1/95 de 6 de Janeiro (Revogada)


Lei das sociedades das sociedades e Associações de Advogados Nº 16/16, de 30 de
Setembro
Lei das revistas buscas e apreensões, nº 02/14 de 10 de Fevereiro
30 | P á g i n a

Decreto – Lei 15/1995 de 10 Novembro


Decreto 28/96, de 13 de Novembro – Estatuto da OAA
Decreto 56/05, de 13 de Abril – Alterações ao Estatuto da OAA
Código de Ética e Deontologia Profissional – Assembleia Geral – 20 e 21 de
Novembro de 2003
Código de Processo Civil

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