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UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestação de Recursos Florestais e Faunísticos

Licenciatura em Direito 2° ano 1° semestre

Cadeira: Direito Penal

Trabalho individual

Tema: Aplicação da lei penal quanto as pessoas

Discente:

Leonel Eurico Afonso Pessulo

Docente:

Soares Nicachapa

Lichinga, Abril 2024


UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestação de Recursos Florestais e Faunísticos

Licenciatura em Direito 2° ano 1° semestre

Cadeira: Direito Penal

Trabalho individual

Tema: Aplicação da lei penal quanto as pessoas

Discente:

Leonel Eurico Afonso Pessulo

Docente:

Soares Nicachapa

Lichinga, Abril 2024


índice
1 Introdução...........................................................................................................................4

1.1 OBJETIVO GERAL....................................................................................................4

1.1.1 OBJETIVO ESPECIFICO...................................................................................4

1.1.2 Estrutura...............................................................................................................4

1.1.3 Metodologia.........................................................................................................5

1.1.4 Aplicação da Lei quanto às Pessoas.....................................................................5

1.1.5 excepções processuais ou adjectivas....................................................................6

1.1.6 Imunidades penais ou materiais...........................................................................6

1.1.7 Imunidades Processuais ou Formais....................................................................7

1.1.8 Excepções Substantivas Político-constitucionais.................................................7

2 Das Excepções dos Juízes...................................................................................................9

2.1 Excepções Diplomáticas..............................................................................................9

2.1.1 Conclusão...........................................................................................................11

2.1.2 Referencias.........................................................................................................12
1 Introdução
No presente trabalho da cadeira do direito penal, pretendo esmiuçar de forma exaustiva, o
tema inerente a aplicação da lei pena quanto as pessoas, pretendo debruçar a teoria por trás
das imunidades no ordenamento jurídico moçambicano, através das ilações que se vem
desencadeando ao logo do tempo no que concerne, as excepções na aplicação da lei penal a
figura do presidente da república, os deputados, juízes e os diplomatas.

1.1 OBJETIVO GERAL


 Compreende de forma exaustiva a aplicação da lei penal quanto as pessoas

1.1.1 OBJETIVO ESPECIFICO


 Apresentar o conceito de imunidade;
 Descrever os motivos por de trás das excepções da aplicação da lei penal quanto as
pessoas ;
 Diferenciar espécies de imunidades.

1.1.2 Estrutura
O trabalho está estruturado em títulos e subtítulos para melhor percepção do mesmo.

1.1.3 Metodologia
Para alcance dos objectivos propostos ao tema aplicação da lei penal quanto as pessoas, o
recorri a pesquisa bibliográficas, e o uso de websites para complementar algumas
informações contidas no trabalho.

4
1.1.4 Aplicação da Lei quanto às Pessoas
Preliminares
Abordamos anteriormente que a lei é geral e abstracta, no que concerne que e aplica para
todos, a lei penal em particular possui limites diante de princípios advindos da própria
Constituição, ou seja, quanto a aplicação da lei penal, no que concerne a algumas
pessoas que desempenham algumas funções de soberania, sucede que a nossa a constituição
da república diz que todo “Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos
mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da cor, raça, sexo
(profissão ou opção política).1

Através desse artigo levanta-nos algumas ilações, se a lei e aplicada para todos de forma igual
e sem excepção, porque haveria excepções no que concerne a responsabilidade penal para
certas figuras? Nesta senda, a resposta seria não, uma vez que aprendemos que os princípios
constitucionais são susceptíveis de aplicação excepcionais por serem vagos e abstractos.

E não obstante, a resposta é dada também, pela célebre doutrinária, Teresa Pizarro Beleza 2 ao
afirmar que estas eventuais excepções são feitas pela própria Constituição e portanto não se
levantará o problema de inconstitucionalidade. A mesma pergunta é respondida por Eduardo
3
Correia e segundo este “há todavia excepções, umas vezes impostas para garantir a
dignidade e independência de certas pessoas e funções ,outras por razões diplomáticas ou de
direito internacional.

Na verdade, o sistema jurídico-penal concedeu imunidades ou excepções a determinadas


funções públicas, justamente para viabilizar o seu exercício. Em que pesem as discussões a
respeito do tema, a imunidade penal não é vista como privilégio, mas um mecanismo jurídico
para assegurar as garantias e os direitos fundamentais estipulados na Constituição, bem
como respeitar o exercício da soberania dos demais Estados.
Vamos de seguida analisar cada uma das excepções que a Constituição consagra nos
seus articulados, concretamente as excepções substantivas político-constitucionais, as

1
Crf. Principio da igualdade e da universalidade no abrido do artigo 35 da CRM

2
Crf. BELEZA. Tereza Pizarro, Direito penal. Vol 1. 2 ed. Lisboa. P; 506

3
Crf. CORREIA. Eduardo.DIreito criminal. Vol 1. Almedina p.189 190

5
1.1.5 Excepções processuais ou adjectivas
e as excepções diplomáticas, mas antes vamos perceber o sentido das imunidades.
Imunidades Jurídicas Imunidades jurídicas são situações nas quais o ordenamento jurídico
protege pessoas que estão em determinadas situações. Essas pessoas deixam de estar
vinculadas a obrigações de alcance geral.

1.1.6 Imunidades penais ou materiais


As imunidades penais ou materiais são espécies de imunidades jurídicas, que que deixam
determinadas categorias de pessoas fora do alcance da lei penal. Essa imunidade pode ser
total, que exclui a pessoa, de forma absoluta, do alcance do Direito Penal, como é o caso dos
diplomatas; ou parcial, que a exclui apenas de uma ou algumas normas do ordenamento
jurídico-penal, como é o caso dos parlamentares.

1.1.7 Imunidades Processuais ou Formais


Imunidades processuais ou formais dizem respeito apenas a normas de Direito Processual
Penal, aplicadas de forma diversa a determinas categorias de pessoas. Exemplo disso é o foro
perrogativa de função, segundo o qual diversos agentes políticos devem ser julgados em
juízos diversos dos previstos para as pessoas comuns.

Não se pode confundir essa imunidade com apenal, pois, além de dizerem respeito a normas
de natureza diversa, nem sempre o agente que conta com uma imunidade terá outra. O
prefeito, por exemplo, deve julgado ser julgado no Tribunal de Justiça de seu Estado
(imunidade processual), mas deve obedecer integralmente às normas de Direito Penal.

1.1.8 Excepções Substantivas Político-constitucionais


Dentro destas excepções encontramos as da figura do Presidente da República, dos
Parlamentares ou Deputados da Assembleia da República e dos Juízes Das excepções do
Presidente da República. Na República de Moçambique “o Presidente da República é o Chefe
do Estado, simboliza unidade nacional, representa a Nação no plano interno e internacional e
zela pelo funcionamento correcto dos órgãos do Estado.4 Quanto a esta figura do Presidente

4
Crf. n°1 do artigo 146

6
da República, relativamente ao Direito Penal, a nossa Constituição estabelece que por
crimes praticados no exercício das suas funções, este responde perante o Tribunal Supremo.

Entende-se aqui que a aplicação da lei penal a esta figura é diferente em relação as demais
pessoas, pois para a figura do Presidente da República o julgamento será por conta do
Tribunal Supremo, mas para os demais nos Tribunais Comuns isso quando os crimes forem
cometidos no exercício das suas funções.

Por outro lado, segundo o nº 3 do artigo 153 da Constituição, “cabe a Assembleia da


República requerer ao Procurador-Geral da República o exercício da acção penal contra o
Presidente da República, por proposta de pelo menos um terço e aprovado por maioria de
dois terços dos Deputados da Assembleia da República”. 5 Fica aqui claro que o processo de
responsabilização do Presidente da República não cabe ao Ministério Público como guardião
da legalidade, mas sim da Assembleia da República. Um outro dado importante da
responsabilização do Presidente da República é em relação aos crimes praticados fora do
exercício das suas funções.6

Nesta situação a Constituição consagra que“ Pelos crimes praticados fora do exercício das
suas funções, o Presidente da República responde perante os tribunais comuns, no termo do
mandato. Estas são as especialidades da responsabilidade criminal da figura do Presidente da
República,

ou seja, a especialidade da aplicação da lei penal quanto à pessoa do Presidente da República.


Das Excepções Parlamentares As imunidades parlamentares compõem a prerrogativa que
assegura aos deputados a mais ampla liberdade de palavra, no exercício de suas funções, e os
protege contra abusos e violações por parte dos outros poderes constitucionais, ou seja, “para
que o Poder Legislativo, em sua totalidade, e seus membros, individualmente, possam actuar
com liberdade e independência, Constituição outorga algumas prerrogativas e, entre elas, as
imunidades.

5
Crf. n° 3 do artigo 153 da CRM
6
Nos termos do artigo 4 n°1 alinea b) cabe ao minesterio publico zelar pela observância da legalidade e
fiscalizar o cumprimento das leis ordenarias e normas legais

7
De acordo com a nossa lei fundamental “os Deputados da Assembleia da República não
podem ser processados judicialmente, detidos ou julgados pelas opiniões ou votos emitidos
no exercício da sua função de Deputado. 7

Entende-se aqui como por exemplo que um deputado que interpele outro de uma maneira
insultuosa em princípio não pode ser objecto de um processo por injúria e poderia se isso
acontecesse no meio da rua, sem estar numa sessão da Assembleia da República
outro lado, a Constituição estabelece que “Nenhum Deputado pode ser detido ou preso, salvo
em caso de flagrante delito, ou submetido a julgamento sem consentimento da Assembleia da
República (Isto quer dizer, por exemplo que, que se um Deputado à Assembleia da República
fosse encontrado a praticar um crime de homicídio voluntário, ele poderia ser imediatamente
preso, sem ser necessário pedir autorização à Assembleia da República Há aqui que ressalvar
que a imunidade dos Deputados é levantada quando este cometa um ilícito criminal de
injúria, difamação ou calúnia

2 Das Excepções dos Juízes


Em relação aos juízes há uma disposição especial quanto à sua responsabilidade. O artigo 217
refere que no exercício das suas funções, os juízes são independentes e apenas devem
obediência à lei, os mesmos tem igualmente as garantias de imparcialidade e
irresponsabilidade.
Porém há situações em que os juízes podem ser responsabilizados criminalmente no exercício
das suas funções “É o caso por exemplo por exemplo do crime de prevaricação. Quando um
juiz, digamos, de má fé, condena, ele pode ser objecto de processo-crime de prevaricação,
nos termos do Código Penal.

2.1 Excepções Diplomáticas


De acordo com Eduardo Correia8, as excepções diplomáticas podem se enquadrar no
princípio da extra-territorialidade, assim:
a) É costume e prática internacional que os chefes de Estado estrangeiros, quando não
Viagem incógnita, e pratiquem factos criminais, não possam ser punidos, devendo apenas
ser convidados a retirarem-se ou serem expulsos, pedindo-se depois reparações por via
Diplomática;

7
Crf n° 1 do artigo 175 da CRM
8
Crf. CORREIA. Eduardo.DIreito criminal. Vol 1. Almedina p.189 190

8
b) É costume retirar o “grément” aos diplomatas que praticarem delitos no país, fazendo-se
assim sair do território e permitindo que os respectivos países os julguem;
c) O mesmo, em regra, se aplica aos agentes internacionais equiparados aos agentes
diplomáticos, ao pessoal oficial das missões diplomáticas, bem como à família destes e em
certa medida aos cônsules.São sujeitos das excepções diplomáticas:

a) Agentes diplomáticos (embaixador, secretários da embaixada, pessoal técnico das


Representações);
b) Componentes da família dos agentes diplomáticos;
c) Funcionários das organizações internacionais (ONU entre outras) e;
d) Chefe de Estado que visita Moçambique.

Essas pessoas escapam à consequência jurídica, que é a punição. Tratar-se-ia, dessa forma, de
Causa de isenção de pena? Não, pois a não aplicação da sanção decorre da exclusão da
jurisdição penal. Os representantes diplomáticos não se sujeitam à jurisdição criminal do país
onde estão acreditados porque suas condutas permanecem sob a eficácia da lei penal do
Estado a que pertencem. 9

A discutida imunidade estende-se aos funcionários do corpo diplomático, acontecendo o


mesmo com os componentes da família do representante. Não se estende, porém, aos
cônsules, já que possuem funções meramente administrativas. E tão pouco aos diplomatas.
Dessa forma, os lugares em que exercem os serviços da embaixada são invioláveis. Não no
sentido da extraterritorialidade (não em razão da embaixada ser considerada território
estrangeiro), mas em função da imunidade dos representantes.

Assim, cometida uma infracção nesses locais por pessoa que não goza da imunidade, o facto
fica sujeito à jurisdição territorial. Os delitos cometidos nas representações diplomáticas
serão alcançados pela lei moçambicana se praticados por pessoas que não gozem da
imunidade. 10
De acordo com a teoria da extra-territorialidade absoluta, a sede da embaixada é considerada
território estrangeiro. Nos termos da teoria da territorialidade relativa, a embaixada é

9
Crf. BELEZA. Tereza Pizarro, Direito penal. Vol 1. 2 ed. Lisboa. P; 506

10
Crf. CORREIA. Eduardo.DIreito criminal. Vol 1. Almedina p.189 190

9
considerada parte do território do país do sujeito activo do delito. Hoje, entretanto, para o
Direito Penal, essas doutrinas se encontram superadas. A sede da representação não é
considerada extensão do território estrangeiro.

10
2.1.1 Conclusão
Chegando ao fim do trabalho, apraz-me concluir que Na verdade, o sistema jurídico-penal
concedeu imunidades ou excepções a determinadas funções públicas, justamente para
viabilizar o seu exercício. Em que pesem as discussões a respeito do tema, a imunidade penal
não é vista como privilégio, mas um mecanismo jurídico para assegurar as garantias e os
direitos fundamentais estipulados na Constituição, bem como respeitar o exercício da
soberania dos demais Estados.

11
2.1.2 Referencias

BELEZA, Teresa Pizarro, Direito Penal. Vo l. 2Edª, Coimbra Editora ,Lisboa;

CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, vol.1. 1ªed. Almedina;

Legislação

Constituição da república de Moçambique de 2004

12

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