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Objectivos da aula:
Discente conheça o conceito do Direito Processual Penal de modo a distingui-lo
de outras disciplinas jurídicas.
Conheça o âmbito, a natureza e o objecto do Direito Processual Penal.
Direito de Processual Penal como densificação (conformação) das normas
constitucionais.
Tal como o Direito Penal, também o Direito Processual Penal constitui uma parte
do direito público; não só porque, como em todo o direito processual, nele intervém
sempre o Estado no exercício de uma das suas funções, a função jurisdicional, mas
sobretudo porque a perseguição e condenação dos criminosos é, matéria exclusiva da
colectividade estatal (Estado). Há uma relação entre o Estado e o indivíduo, e posição
deste na comunidade (posição situacional).
Fontes de direito são modos prescritos para a sua manifestação. Mais aonde
podemos encontrar matéria que fala do processo penal?
Fontes imediatas
Fontes legislativas e internacionais
Nas fontes imediatas (formais) temos desde logo o (1) “Direito Constitucional do
Processo Penal”. A Constituição da República de Moçambique é instrumento por
excelência e de hierarquia superior do Direito do Processo Penal (ler os artigos 43, 56,
57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71.).
O Conselho Constitucional tem nos brindado com vários acórdãos que declaram
várias normas do ancien CPP inconstitucionais, com força obrigatória, e como tais,
inaplicáveis.
Outras fontes
Há despachos, circulares e ofícios que dão linhas de orientação (TS e
Procuradoria-Geral da República).
O costume (só serve quando para contextualizar certos procedimentos, dar exemplo
de assinar as actas, a indumentária, a configuração do tribunal).
Dispõe para o futuro, artigo 12.º do CC e artigos 3.º e 9.º da Lei n. o 25/2019, de
26 de Dezembro - e que aprova o C.P.P. É assim porque o princípio da legalidade só
tem incidência substantiva e não processual. Posição criticada por Dias. Lembrar o
direito transitório, artigo 6.º da Lei n.o 25/2019, de 26 de Dezembro.
Âmbito Material.
Âmbito pessoal.
Vg. Artigos 154 (actual 153); 174 (actual 173); 176, n.º 2 (actual 175, n. o 2); 211
(actual 210) do texto constitucional moçambicano.
Analogia.
1
Este assume, em conformidade, a ideia-mestra segundo a qual o processo penal tem por fim a
realização de justiça no caso, por meios processualmente admissíveis e por forma a assegurar a paz
jurídica dos cidadãos.
Outros defendem que não é aplicável em respeito ao princípio da legalidade. Não
se esquecer que o processo tem o seu próprio fim2.
Aula 3
Objectivos da aula:
Discente conheça os princípios que enformam o Direito Processual Penal.
2
Op cit.
Princípios Gerais do Direito – Preceitos gerais e abstractos de direito que
decorrem do próprio fundamento da legislação positiva, constituindo os pressupostos
lógicos necessários das normas legislativas. (Importância: é o nosso farol para
interpretação e integração de lacunas, cfr artigo 12 do novel C.P.P).
Exemplos: 170; 171, n.o 2; 177, n.os 2 e 3; 179, n.o 3 e 223 do CP.
Da Acusação
3
Este assume, em conformidade, a ideia-mestra segundo a qual o processo penal tem por fim a
realização de justiça no caso, por meios processualmente admissíveis e por forma a assegurar a paz
jurídica dos cidadãos.
Para que isto seja assim, torna-se necessário que a entidade julgadora não possa
ter também funções de investigação e da acusação da infracção, por conseguinte:
- O Ministério Público investiga e acusa (artigos 307.º a 331.º do novel C.P.P);
- O Juiz de instrução aceita a acusação ou não ou ainda abre audiência preliminar
ou debate preliminar. Por fim, pronuncia ou não pronuncia (19.º; 332.º a 356.º
do novel C.P.P).
- O juiz de julgamento julga, aprecia a conduta do arguido (artigos 357.º a 450.º
do novel C.P.P).
Ao lado desta distinção entre entidade julgadora e entidade acusadora há que
estipular e postular um princípio de igualdade de “armas” entre a acusação e defesa.
Ambos devem ter mesmos direitos e os mesmos poderes.
Mas o Ministério Público tem mais poderes, tem uma máquina investigatória ao
seu dispor. Esta igualdade de direitos só será relevante nas fases seguintes à instrução,
na fase de audiência preliminar (quando houver) e na fase de julgamento. Nesta fase o
Ministério Público e o arguido têm os mesmos direitos, está assegurado pelo princípio
do acusatório (artigos 358.º, n.o 3; 360.º, n.o 2; 372.º, 375.º, n.o 1; 388.º, n.o 5; 390.º,
n.o 2; 393.º, n.o 4; 394.º; 395.º; 405.º; 466.º, n. os 3, 4 e 5; 467.º; 468.º e 471.º do
C.P.P).
Se ambos têm os mesmos direitos e os mesmos poderes, então ambos
participam na realização do direito, na administração da justiça. É uma chamada
participação constitutiva dos sujeitos processuais afectados na decisão do caso em
apreço, ambos contribuem na definição do direito ao caso:
- O Ministério Público acusando, imputando ao arguido à prática de determinados
factos;
- O arguido defendendo-se, se o quiser fazer, impugnando, contestando, trazendo
justificações para a sua prática.
Key words: Investigar e instruir. Diferenças.
Artigos 65, n.º 2 da CRM e 96.º; 97.º; 98.º; 100.º; 365.º do novel C.P.P.
Aula 5
Objectivos da aula:
Discente conheça os principais modelos ou sistemas vigentes do processo
penal.
Estrutura do processo penal moçambicano.
Metodologia: expositiva e interactiva. Relacionamento, através de exemplos, com o
dia a dia do discente.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
1. Modelos ou sistemas vigentes do processo penal.
SGA.
Na senda dos sujeitos processuais a que ver como estes estão configurados quanto a
sua actuação.
Não é dever do M.oP.o obter condenações (não tem interesse próprio). O mesmo
pode se dizer do arguido não tem dever de defesa, mas sim, direito de defesa.
Atenção: estamos a falar de crimes públicos. E não semi-públicos ou particulares.
O M.oP.o não tem qualquer poder de parte, como no processo civil. A partir do
momento que o feito é metido em tribunal a acusação não pode ser retirada (princípio
da imutabilidade). Para além de que o tribunal não está vinculado ao pedido do M. oP.o
(é livre), não existe o princípio do pedido (não condenar para além do pedido ou do que
é pedido).
Durante toda a história da justiça penal houve três tipos de sistemas processuais
que vigoraram: o sistema inquisitório, o acusatório e o misto. O sistema inquisitório
é considerado pela doutrina o mais injusto, e não poderia ser diferente. Em tal sistema,
as figuras do juiz e do acusador confundem-se e não há limites para os métodos
utilizados para a obtenção da rainha das provas: a confissão. Frederico Marques o
descreve muito bem: “impregnado de autoritarismo, o sistema inquisitivo, na fase
histórica em que foi aplicado, constituiu instrumento de iniquidade e injustiças. Nele
não se respeitavam os direitos do acusado, seu status dignitatis e sua incolumidade
física. Empregando a tortura, para obter a confissão do réu (que era a rainha das
provas); desconhecendo os direitos mais elementares do acusado, para poder
defender-se, o sistema inquisitivo, marcado pela violência e pelo arbítrio, constitui, na
história da Justiça Penal, uma fase triste, negra e ignominiosa lembrança”. No processo
inquisitivo, além da confusão entre investigador, acusador e julgador, o juiz poderia ex
officio prover todo o impulso processual, inclusive produzir provas. Não se falava em
contraditório. O procedimento era secreto e escrito e vigia a regra do cárcere
preventivo e da incomunicabilidade do acusado. O sistema acusatório vigorou durante
quase toda a Antiguidade grega e romana, bem como na Idade Média nos domínios do
direito Germano e sem solução de continuidade, no direito Inglês, como nos informa
Frederico Marques. Começou a entrar em declínio no século XIII, quando o sistema
inquisitório passou a ganhar espaço, somente retornando na modernidade. Tem como
características a separação entre os órgãos de acusação, defesa e julgamento; há a
adopção do princípio da publicidade no procedimento investigatório, o procedimento é
oral e tem carácter contraditório, vige a igualdade entre juiz, defesa e acusação e a
liberdade do réu é a regra até sentença condenatória irrevogável. O sistema acusatório
acabou por adoptar o princípio da acusação penal ex officio, entretanto, o órgão
responsável pela acusação não é o juiz, e nunca o Judiciário. Actualmente, esse órgão é
o Ministério Público, criado originariamente na França e exportado para outras nações.
Por sistema misto alguns definem o que possui configurações tanto do inquisitório
quanto do acusatório, em especial, permite a consideração de provas realizadas sem o
contraditório, bem como a participação do juiz na sua produção.
Continuando com o tema dos sujeitos processuais temos (artigos 15.º a 51.º):
SGA
Objectivos da aula:
Discente conheça os principais sujeitos do processo penal.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
3. Sujeitos processuais
Nas aulas anteriores dissemos que em processo penal vigora o princípio da
oficialidade. Ou seja, a tarefa de receber denúncias, investigar factos criminosos,
persegui-los e julgá-los é da exclusiva competência do Estado.
Para que o processo penal possa ser posto em actividade exige-se a actuação de
indivíduos e entidades [garantia institucional].
Para nós tem interesse didáctico (sistematização do nosso estudo). Tem a ver
com a posição jurídica. Eg. Para ser chamado de marido é porque há obrigações e
direitos.
4. Os tribunais penais
SGA
O discente ouve, várias vezes, da existência de tribunais. Mas não sabe distinguir se
existem diferentes tribunais, como estão organizados e como se apura as suas
competências. No final, o discente deve ser capaz de conhecer as características dos
tribunais, qual é a sua função? O que distingue juizes de procuradores?
a) o Tribunal Supremo;
b) o Tribunal Administrativo;
c) os tribunais judiciais.
Espécies de competências.
Territorial (artigo 23.º do CPP, locus deliti, excepções 24.º, 25.º e 26.º
e 35 da LOJ):
Locus delicti;
Doutrina da execução;
4
Define-se conexão como a relação que intercede entre vários processos pendentes
que se encontrem na mesma fase, ou se vão instaurar, relação essa que poderá levar à
unificação ou apensação dos vários processos, sem que seja de atender às normas
sobre a competência material ou territorial ?[22]. Nunca há conexão em relação a
processos que se encontrem em fases distintas: se um se encontra na fase de instrução
e outro na fase de acusação, não é possível haver conexão; se um se encontra na fase
de instrução e outro em fase de julgamento, também não; se um se encontra na fase
de julgamento e outro na fase de recurso, também não. Portanto, só não se atende à
competência material ou territorial do Tribunal. Para haver conexão (arts. 28.º segs.
CPP), torna-se necessário:
Funcional:
Graus (recursos)
Tem que haver dois ou mais processos distintos, quer sejam distintos sobre o
ponto de vista formal, quer mesmo quanto ao objecto específico ?[23].
O Ministério Público
SGA
O discente ouve, várias vezes, da existência do M. oP.o. Mas nunca viu o edíficio aonde
funciona. No final, deverá ser capaz de distiguir se existem diferenças entre o M. oP.o e
os tribunais e a procuradoria da república, como está organizado e como se apura as
suas competências. O que distingue juizes de procuradores?
Artigo 235
Ao M.oP.o compete representar o Estado junto dos tribunais e defender os interesses
que a lei determina, controlar a legalidade, os prazos das detenções, dirigir a instrução
preparatória dos processo-crime, exercer a acção penal e assegurar a defesa jurídica
dos menores, ausentes e incapazes.
O Ministério Público não poderá ser visto como uma verdadeira parte em sentido
formal, isto é, ele não tem como finalidade pura e exclusiva obter a condenação do
arguido na medida em que5[17] toda a sua actuação é conduzida sob critérios de estrita
objectividade. O Ministério Público não poderá ser uma verdadeira parte em processo
penal, só o seria se ele pudesse dispor do processo e sempre pretendesse o custo obter
uma condenação.
5[17]
Art. 53.º in fine CPP
Entre o Ministério Público e o Tribunal há uma separação funcional e
institucional. No entanto, estão estritamente correlacionadas.
Para aprofundamentos ler a Lei n.º 4/2017, de 18 de Janeiro, altera a Lei n.º
22/2007, de 1 de Agosto, Lei Orgânica do Ministério Público e que aprova o Estatuto
dos Magistrados do Ministério Público e revoga as Leis n.º s 22/2007, de 1 de Agosto;
8/2009, de 11 de Março e 14/2012, de 8 de Fevereiro.
6[24]
Poder executivo, judicial, legislativo.
Outras instituições auxiliares.
SGA
O discente ouve, várias vezes, do SERNIC. Mas não sabe se há diferença com a Polícia
da República de Moçambique (PRM). No final, o discente deve ser capaz de conhecer as
características do SERNIC. O que lhe distingue da PRM e qual é a sua função?
Quanto aos órgãos de polícia criminal (artigo 61.º e ss do CPP) têm por
função coadjuvar as autoridades judiciárias com vista à realização das finalidades do
processo.
Artigo 253
Para aprofundar ver a Lei n.o 16/2013, de 12 de Agosto – Aprova a Lei da Polícia
de Moçambique e revoga as Leis n. os 5/88, de 27 de Agosto e 19/92, de 31 de
Dezembro.
7. Defensor do arguido.
Por sua vez, assume a qualidade de arguido aquele contra quem for deduzida
acusação ou requerida audiência preliminar num processo penal (artigo 65.º, n. o 2 do
C.P.P). Portanto, só depois de reunidos elementos fortes de indiciação é que alguém
(incluindo pessoas colectivas) adquire a qualidade de arguido (artigo 158.º do C.P.P). E
esta qualidade conserva-se durante todo o decurso do processo. Ou seja, já não há
diferenciação de suspeito, arguido, réu e condenado (artigo 65.º, n. o 4 do C.P.P).
iv. For levantado auto de notícia que dê uma pessoa como agente de um
crime e aquele lhe for comunicado (artigos 109.º, 122.º, 123.º e 124.º, 286.º, 442.º).
Prazos: 5 dias, 8 dias e 30 dias (artigos 325.º, n. o 2; 330.º, n.o 3; 333.º, n.o 1 do
C.P.P).
A evitar:
De tal sorte que não se confunde com o suspeito (65.º, n. o 1). Porque as
garantias de ser arguido são maiores do que o suspeito; este pode requerer que seja
constituído em arguido (artigo 67.º, n.o 2 do CPP).
Aula 9
Objectivos da aula:
Discente conheça quando é que alguém é considerado de arguido.
Quais as garantias do arguido.
Atitudes do juiz, depois de lhe ser presente o arguido.
Quais as finalidades das medidas coactivas.
Quando é que existe a prisão preventiva.
Material didáctico: CRM, CPP, CP, Manuais de Processo Penal, Lei n.º 24/2007, de 20
de Agosto.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
9. Prisão preventiva e outras medidas privativas da liberdade.
Conceito e constituição do arguido (revisão e aprofundamento).
Arguido é uma qualidade que se adquire ao longo do processo. Com a dedução
da acusação ou com o requerimento da abertura da audiência preliminar, artigo 65.º,
n.o 2 do C.P.P. E conserva-se durante todo o decurso dos autos, n. o 4 do citado artigo.
Evitar:
Dizer que o Processo Penal e Código Penal são Magnas cartas de protecção de
delinquentes ou criminosos.
Confundir a constituição em arguido com o início do processo penal. Basta ter
conhecimento do crime deve inicial a investigação (instrução preparatória), mesmo
contra desconhecidos. É que primeiro deve ser comprovada a existência do crime e não
como se faz erroneamente. Até recusa investigar, porque não temos arguido preso.
7
Artigo 66.o, n.o 2 do CPP comunicação oral ou por escrito de que deve
considerar-se como arguido, enunciando-se-lhe os direitos e deveres.
Consequência, inexistência das declarações.
De tal sorte que não se confunde com o suspeito (65.º, n. o 1 e 67.º, n.o 2 do
C.P.P). Porque as garantias de ser arguido são maiores do que o suspeito; este pode
requerer que seja constituído em arguido.
Do arguido também se distingue conceitualmente o réu (no antigo CPP): é
arguido, mas pronunciado (foi solenemente chamado à responsabilidade perante a
comunidade jurídica através da acusação aceite ou recebida pelo juiz. Tal diferenciação
porém tem apenas efeitos formais e académicos. Não é de lei. Visto que em termos de
substância nada se altera quanto as garantias processuais. Ambos são sujeitos
processuais. Agora a qualidade de arguido mantém-se, artigo 65.º, n. o 4 do C.P.P.
Diferente do condenado e absolvido (sentença transitada em julgado).
Há um velho adágio “diz-me como tratas o arguido, dir-te-ei o processo penal
que tens e o Estado que o instituiu.”
Porque alguns chegam a dizer que o Estado defende mais os delinquentes do
que os ofendidos (percepção). Linchamentos.
Há situações em que é mero objecto do processo. Visando, com ele, a obtenção
de confissão.
Ser sujeito é participar conscientemente na declaração do direito no caso
concreto.
É verdade que o arguido pode ser sujeito de medidas coactivas, ou servir de
meio de prova. Mas, tem de ser com base na sua livre expressão de personalidade
(sem extorsão, nem auto incriminação – artigo 174.º, n. o 1 do C.P.P).
SGA
O discente ouve, várias vezes, da defesa no processo penal. Mas não sabe se há
diferença com o mandatário judicial (advogado). Se no processo penal há procuração
forense. No final, o discente deve ser capaz de conhecer as características do direito a
defesa no processo penal e como se manifesta. O que lhe distingue o advogado cível e
qual é a sua função?
2.1. Função jurídica e em processo penal
Protecção;
Favorecimento processual;
Sigilo.
2.2. Admissibilidade e obrigatoriedade da defesa.
SGA
8[18]
Poderá existir ou não.
Deixa-se ao particular que tome a iniciativa de dar conhecimento, e depois ele
próprio, se quiser, que deduza acusação.
O lesado sofre danos indirectamente com o crime: ele não é a vítima directa do
crime.
Mas uma vez que o ofendido é ao mesmo tempo lesado, quando o ofendido se
constitui assistente tem igualmente legitimidade para formular um pedido de
indemnização civil.
Quanto a este pedido, estabelece a lei que, ele é deduzido obrigatoriamente no
processo penal, a não ser que a lei, em casos tipificados, permita que seja o Tribunal
civil (artigo 80.º CPP, excepção do artigo 82.º CPP).
É-lhe comunicado esses direitos quando, num processo penal o Ministério Público
ou o juiz se aperceber que há alguém que foi afectado pela prática do crime, isto é, que
sofreu danos ocasionados pelo crime, deve notificá-lo e informá-lo de que tem um
direito a ser indemnizado pelos prejuízos sofridos (artigo 84.º CPP) – dever de
informação.
O arguido pode contestar o pedido de indemnização. Daqui, não decorre
nenhuma consequência, na medida em que a falta de contestação não implica a
condenação no pedido de indemnização.
Isto quer dizer que o lesado deve fornecer ao Ministério Público os elementos de
facto que fundamentam o seu pedido antes do termo da instrução, isto é, antes do
Ministério Público formular a acusação.
Se o assistente não deduzir acusação então deve, nesses cinco dias, formular o
pedido de indemnização, sob pena de o mesmo depois não ser conhecido.
O artigo 85.º do CPP, refere-se ao pedido de indemnização feito pelo lesado, que
intervém no processo através de advogado.
Quando à data do despacho de pronúncia ou da data do julgamento ainda não
são conhecidos os danos, então poder-se-á deixar a formulação do pedido para uma
execução de sentença.
*** * ***
Aula 10
Objectivos da aula:
Atitudes do juiz, depois de lhe ser presente o arguido.
Quais as finalidades das medidas coactivas.
Quando é que existe a prisão preventiva.
Material didáctico: CRM, CPP, CP, Manuais de Processo Penal, Lei n.º 24/2007, de 20
de Agosto.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
Artigo 55
3. Nenhum cidadão pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo
crime, nem ser punido com pena não prevista na lei ou com pena mais grave do que
a estabelecida na lei no momento da prática da infracção criminal.
Artigo 60
1. Ninguém pode ser condenado por acto não qualificado como crime no
momento da sua prática.
Artigo 61
Artigo 64
(Prisão preventiva)
1. A prisão preventiva só é permitida nos casos previstos na lei, que fixa os respectivos
prazos.
2. O cidadão sob prisão preventiva deve ser apresentado no prazo fixado na lei à
decisão de autoridade judicial, que é a única competente para decidir sobre a validação
e a manutenção da prisão.
Artigo 65
Artigo 66
(Habeas corpus)
2. A providência de habeas corpus é interposta perante o tribunal, que sobre ela decide
no prazo máximo de oito dias.
A prisão preventivai não é uma condenação antecipada, mas sim, uma medida
cautelar. E o que pretende acautelar ou prevenir? Visa, dentre outras, por um lado,
assegurar a aplicação da lei penal (evitar que, diante da possível fuga do suspeito, pelo
temor da condenação, venha a ser frustrada a futura execução da sanção punitiva), e
por outro, a garantia da ordem pública (exemplaridade, no sentido de imediata reacção
ao delito, que tem como efeito satisfazer o premente sentimento de justiça da
sociedade em geral).
Em flagrante delito, artigos 232.º, n.o 1; 299.º e 298.º do CPP; 67.º do C.P.
Itinerário:
Aula 10
Objectivos da aula:
Discente conheça as formas de processo penal.
Critérios de determinação de formas de processo penal.
Material didáctico: CRM, CPP, CP, Manuais de Processo Penal, Lei n.º 24/2007, de 20
de Agosto.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
Aula 11
Objectivos da aula:
Conhecer como inicia a acção penal.
Conhecer os elementos que devem constar no auto.
Material didáctico: CRM, CPP, CP, Manuais de Processo Penal, Lei n.º 24/2007, de 20
de Agosto.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
Resposta de base.
O M.ºP.º exerce a acção penal oficialmente (para tal, e por exemplo, recebe
todos os jornais gratuitamente) ou mediante denúncia [artigos 52.º; 59.º, n. o 2 al a);
284.º do C.P.P].
Nota:
É obrigatória a denúncia pelas autoridades policiais, sempre que tiverem
conhecimento de um crime e aos funcionários públicos quanto às infracções por eles
presenciadas (artigo 285.º do C.P.P).
Ver a lei substantiva. Pois, se a lei fizer depender a participação a certas
pessoas, só e somente estas podem participar (semi-públicos e particulares).
Aula 12
Objectivos da aula:
Conhecer como se obtêm as provas indiciárias e quais são.
Conhecer como se faz a respectiva recolha.
Conhecer como se procede a investigação de um facto criminoso.
Conhecer os meios para a obtenção de provas em processo penal.
Conhecer as provas admitidas em processo penal.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
Instrução preparatória
O juiz só intervém para evitar excessos (juiz da paz), garantir que direitos
fundamentais não sejam grosseiramente violados. Eg Direito a liberdade e dignidade
humana, inviolabilidade do domicílio, das comunicações e da vida privada, artigos 313.º
e 314.º do C.P.P.
Ora, a instrução inicial do processo penal só pode ser eficaz se for cercada de
certos cuidados, o principal dos quais é o segredo das investigações. Principalmente aos
suspeitos. Dar a conhecer a estes todas as diligências praticadas, seria fornecer-lhes os
meios de, com facilidade, despistarem as mais hábeis investigações; admiti-los a
participarem e intervir na produção de provas, quer requerendo diligências, quer
mesmo só assistindo e fiscalizando as que o instrutor entendesse praticar, seria as mais
das vezes frustrar o êxito dessas diligências. Resumindo: não há contraditório na
instrução preparatória in Boletim do Ministério da Ivstiça, Instrução contraditória,
conceito e função, pag. 12.
Definem-se meios de prova como os meios materiais de que se lança mão para
a demonstração da veracidade de determinado facto. O fim da prova é a
demonstração da verdade em relação a existência de um facto ou coisa, no sentido
mais amplo.
Assim, e com relação aos meios de prova utilizados para reproduzi-la, a prova
pode ser pessoal ou real, conforme os meios usados sejam respectivamente pessoas
ou coisas. A prova é pessoal quando resulta da actividade de uma pessoa, como são
os depoimentos das testemunhas. A prova é real quando emana da observação ou da
própria existência nos autos da coisa em si, como é o caso dos documentos ou dos
instrumentos utilizados na prática do delito.
Prova pode ser entendida, no âmbito do processo penal, sob três significados
distintos:
Objecto da prova (artigo 155.º do C.P.P) são "os factos que devem ser
provados; em princípio são todos os factos juridicamente relevantes no processo ". Ou,
no dizer de FREDERICO MARQUES, " a coisa, facto, acontecimento ou circunstância que
deva ser demonstrada no processo". Trata-se, portanto, de tudo o que possa, de
alguma maneira, influenciar na reconstituição do facto delituoso e na demonstração de
circunstâncias pessoais do agente. CAVALEIRO DE FERREIRA faz menção à natureza
diversa dos factos probandos, bem como a alguns critérios em referência aos quais se
pode estabelecer uma classificação:
a) Quanto à sua relevância, podem ser principais e acessórios, desde que sejam
propriamente condicionantes da decisão a ser proferida ou se refiram simplesmente à
eficácia probatória dos meios de prova (por exemplo, a idoneidade dos peritos, a falta
de impedimento de uma testemunha);
Artigo 56 da CRM
(Princípios gerais)
4. As restrições legais dos direitos e das liberdades devem revestir carácter geral e
abstracto e não podem ter efeito retroactivo.
Artigo 65 da CRM
(Princípios do processo criminal)
1. O direito à defesa e a julgamento em processo criminal é inviolável e é garantido a
todo o arguido.
2. As audiências de julgamento em processo criminal são públicas, salvo quando a
salvaguarda da intimidade pessoal, familiar, social ou da moral, ou ponderosas razões
de segurança da audiência ou de ordem pública aconselharem a exclusão ou restrição
de publicidade.
3. São nulas todas as provas obtidas mediante tortura, coacção, ofensa da integridade
física ou moral da pessoa, abusiva intromissão na sua vida privada e familiar, no
domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações.
4. Nenhuma causa pode ser retirada ao tribunal cuja competência se encontra
estabelecida em lei anterior, salvo nos casos especialmente previstos na lei.
Artigo 68 da CRM
2. A entrada no domicílio dos cidadãos contra a sua vontade só pode ser ordenada pela
autoridade judicial competente, nos casos e segundo as formas especialmente previstas
na lei.
3. Ninguém deve entrar durante a noite no domicílio de qualquer pessoa sem o seu
consentimento.
Artigo 71 da CRM
(Utilização da informática)
4. Todas as pessoas têm o direito de aceder aos dados coligidos que lhes digam
respeito e de obter a respectiva rectificação.
Eg As escutas não são meios de provas, mas sim meios de obtenção da prova.
Enquadrando-se, as buscas e apreensões, nos meios de obtenção de provas.
A prova testemunhal.
Ver os artigos 199.º a 205.º do CPP. É assente que não há livre convicção, artigo
204.º diferente 157.º e 400.º do CPP.
Notas importantes:
Aula 16
Objectivos da aula:
Conhecer como se deduz uma acusação.
Conhecer qual é o posicionamento do M.ºP.º depois de encerrada a instrução
dos autos.
Conhecer os elementos que devem constar no despacho de acusação ou de
abstenção.
Material didáctico: CRM, CPP, CP, Manuais de Processo Penal, Lei n.º 24/2007, de 20
de Agosto.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
Abstenção de acusação
Artigos 324.º a 322.º do CPP.
Arquivamento em caso de dispensa da pena
Aula 17
Objectivos da aula:
Conhecer qual é o posicionamento do juiz de instrução criminal depois do
recebimento da acusação deduzida pelo M.oP.o.
Conhecer como se deduz uma pronúncia ou de não pronúncia.
Conhecer os elementos que devem constar no despacho de pronúncia e
não pronúncia.
Material didáctico: CRM, CPP, CP, Manuais de Processo Penal, Lei n.º 24/2007, de 20
de Agosto.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
17. Posição do juiz face a acusação (novo CPP) com reforço do papel
do Juiz de Instrução Criminal
Ordenar diligências complementares (audiência preliminar e debate
preliminar).
Despacho de pronúncia ou não pronúncia.
Com ele aparecem duas novas fases processuais, embora interligadas: audiência
preliminar e debate preliminar.
Nota importante: essa fase só e somente existe na forma comum e é de
carácter facultativo, cfr artigos 2.º, n.o 3 e 332.º, n.o 2, ambos do C.P.P.
Hipóteses:
É análise à acusação deduzida pelo M.oP.o?
É um pré-julgamento do feito?
É meio de defesa do arguido?
É recurso judicial do assistente ou quem tem poderes como tal?
Pelo fim – função – a audiência preliminar tem por finalidade obter uma decisão
de submissão ou não da causa a julgamento, através da comprovação da decisão de
deduzir acusação ou arquivar os autos, artigo 332.º, n. o 1 do C.P.P. Perguntaremos: é
um recurso do arguido ou assistente; ou ainda, uma fiscalização dos actos do M. oP.o
(artigo 325.º do C.P.P)?
ii. Indicar actos a praticar pelo juiz de instrução criminal e os factos que se
pretende provar.
9
Com finalidade de se dar maior celeridade aos processos-crime deixou, pela
Lei n.º 9/92, de 6 de Maio, de ser obrigatória, em processo de querela, a
realização da instrução contraditória. Só tendo lugar somente quando
requerida pelo M.ºP.º para esclarecer e completar a prova indiciária da
acusação, ou pelo arguido, para sugerir diligências destinadas a ilidir ou
enfraquecer aquela prova e a preparar a sua defesa; o Juiz poderá
oficiosamente ordenar a abertura da instrução contraditória sempre que julgue
necessário realizar diligências complementares de prova, antes de receber ou
rejeitar a acusação.
artigo 349.º, n.os 2 e 3 do C.P.P. Dada a liberdade concedida o juiz pode
aleatoriamente, voltar a audiência preliminar.
Ou dada a complexidade das questões a resolver ordena que os autos lhe sejam
conclusos a fim de proferir o despacho, no prazo de 10 (dez) dias, de pronúncia ou não
pronúncia, marcando a data para a sua leitura, artigo 353.º, n. o 2 do C.P.P.
Noção e finalidade
“Stricto sensu”, a pronúncia é despacho subsequente à acusação do M.ºP.º, em
que o Juiz – apreciado e classificado o processo e conhecidas as várias questões prévias
– descreve de forma precisa, todos os factos indiciariamente arrolados e
potencialmente operantes para a decisão de mérito da causa. Justifica-se que assim
seja pela gravidade e vexame que sempre implica sujeitar alguém a um julgamento
criminal, por isso, a intervenção judicial garante ao arguido que tal só sucederá quando
houver um motivo sério para tal. Para além da função da garantia, é pelo despacho de
pronúncia que se determina os precisos termos da acusação, do objecto do processo, e,
consequentemente, é ele que delimita os poderes cognitivos e decisórios do Tribunal 10.
Do julgamento
Terminada essa fase os autos são remetidos ao tribunal competente para efeitos
de julgamento, artigo 356.º, n.o 1 do C.P.P.
10
Quer dizer o poder de cognição do Tribunal na sentença não pode estender-se
a factos que não constem da acusação e da pronúncia. [cfr artigos 384.º, n. o
4; 403.º; 404.º; 413.º, n.o 1 al c) do CP], obedecendo a necessidade de
assegurar a defesa do arguido, que não é justo seja colhido de surpresa no
julgamento por uma acusação que não esperava, por factos com que não contava
o que, por isso, não pode contestar a tempo. Princípio da vinculação
temática.
Rejeitando a acusação por ser manifestamente infundada (artigo 357.º,
n.os 2 e 3 do C.P.P).
Aula 18
Objectivos da aula:
Conhecer os princípios que orientam a audiência de produção de provas.
11
Não há recurso, cfr artigo 452.o, n.o 1 al g) do C.P.P.
Material didáctico: CRM, CPP, CP, Manuais de Processo Penal, Lei n.º 24/2007, de 20
de Agosto.
Clássicos jurídicos, Jorge de Figueiredo Dias, Direito Processual Penal, 1.a edição,
Reimpressão 1974, Coimbra Editora, 2004.
Princípio do contraditório.
Dever de o juiz, perante qualquer assunto que tenha que discutir, ouvir as várias
razões da acusação e da defesa. Artigos 368.º, al f); 372.º; e 385.º, n. o 2 do CPP.
Princípio da concentração.
Princípio da imediação.
Princípio da oralidade.
Princípio da publicidade.
Implica que à audiência possa assistir qualquer cidadão e que sejam admissíveis
relatos públicos da mesma. É meio de eliminar quaisquer desconfianças sobre a
independência e imparcialidade com que é administrada a justiça penal. Artigos 65, n.º
2 da CRM; 96.º; 97.º; 98.º; 365.º e 407.º do CPP.
Deliberação e sentença
Recurso penal