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Para aprofundamento nos tipos de sistemas estruturantes do processo penal.

Durante toda a história da justiça penal houve três tipos de sistemas processuais que vigoraram: o
sistema inquisitório, o acusatório e o misto. O sistema inquisitório é considerado pela doutrina o
mais injusto, e não poderia ser diferente. Em tal sistema, as figuras do juiz e do acusador
confundem-se e não há limites para os métodos utilizados para a obtenção da rainha das provas: a
confissão. Frederico Marques o descreve muito bem: “impregnado de autoritarismo, o sistema
inquisitivo, na fase histórica em que foi aplicado, constituiu instrumento de iniquidade e injustiças.
Nele não se respeitavam os direitos do acusado, seu status dignitatis e sua incolumidade física.
Empregando a tortura, para obter a confissão do réu (que era a rainha das provas); desconhecendo
os direitos mais elementares do acusado, para poder defender-se, o sistema inquisitivo, marcado pela
violência e pelo arbítrio, constitui, na história da Justiça Penal, uma fase triste, negra e ignominiosa
lembrança”. No processo inquisitivo, além da confusão entre investigador, acusador e julgador, o juiz
poderia ex officio prover todo o impulso processual, inclusive produzir provas. Não se falava em
contraditório. O procedimento era secreto e escrito e vigia a regra do cárcere preventivo e da
incomunicabilidade do acusado. O sistema acusatório vigorou durante quase toda a Antiguidade
grega e romana, bem como na Idade Média nos domínios do direito Germano e sem solução de
continuidade, no direito Inglês, como nos informa Frederico Marques. Começou a entrar em declínio
no século XIII, quando o sistema inquisitório passou a ganhar espaço, somente retornando na
modernidade. Tem como características a separação entre os órgãos de acusação, defesa e
julgamento; há a adopção do princípio da publicidade no procedimento investigatório, o procedimento
é oral e tem carácter contraditório, vige a igualdade entre juiz, defesa e acusação e a liberdade do
réu é a regra até sentença condenatória irrevogável. O sistema acusatório acabou por adotar o
princípio da acusação penal ex officio, entretanto, o órgão responsável pela acusação não é o juiz, e
nunca o Judiciário. Actualmente, esse órgão é o Ministério Público, criado originariamente na França e
exportado para outras nações. Por sistema misto alguns definem o que possui configurações tanto do
inquisitório quanto do acusatório, em especial, permite a consideração de provas realizadas sem o
contraditório, bem como a participação do juiz na sua produção.

O estudante de Direito da FGRENM, depois de transitar para o 4.º ano, depara-se com o horário
aonde aparece a cadeira de Direito Processual Penal. Está curioso em saber o que trata a cadeira, a
sua natureza jurídica, as fontes em que pode encontrar as normas jurídicas que a disciplinam e a sua
relação com o Direito Constitucional Penal. No final da aula o discente deve satisfazer estas
curiosidades.
Artigo 3.º, n.o 2 do C.P.P., princípio da acusação ou da investigação.

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